Em um artigo no *American Economic Journal: Economic Policy*, os autores Mateus Dias e Luiz Felipe Fontes descobriram que, embora a reforma da saúde comunitária possa reduzir as internações psiquiátricas, ela também pode levar a um aumento nos crimes violentos. Os pesquisadores analisaram uma grande reforma de saúde mental no Brasil que reorientou o atendimento público de saúde mental para centros de saúde mental, substituindo a internação hospitalar.
Antes da reforma do sistema de saúde no Brasil em 2002, os cuidados de saúde mental eram prestados quase exclusivamente em hospitais, onde os pacientes recebiam atendimento de internação. Contudo, esse cenário institucionalizado às vezes levava ao tratamento desumano dos doentes mentais. (...)
A reforma foi implementada gradualmente nos municípios brasileiros, introduzindo centros de saúde mental para oferecer procedimentos psicossociais e ambulatoriais, como terapias de conversa, terapias ocupacionais e consultas médicas.
(...) as reformas aumentaram o acesso e a utilização dos cuidados comunitários de saúde mental. Em particular, os centros observaram aumentos imediatos e significativos na densidade de profissionais de saúde mental e no número de visitas ambulatoriais para saúde mental, além de um aumento nos medicamentos distribuídos no atendimento ambulatorial para tratar transtornos psiquiátricos.
Ao mesmo tempo, as reformas reduziram as internações hospitalares devido a doenças mentais. Essa redução foi concentrada em hospitalizações de longa permanência, principalmente entre indivíduos com esquizofrenia.
No entanto, os autores também encontraram evidências de que as taxas de homicídio aumentaram nos municípios reformados, em paralelo com a redução das internações hospitalares. (...)
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