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07 outubro 2024

Caroline Ellison, da FTX, é condenada a dois anos de prisão

A fraude da FTX tornou-se bastante conhecida por envolver política, tecnologia e contabilidade. A empresa foi criada para atuar no mercado de criptomoedas, mas acabou sendo um fiasco. A principal figura da empresa, Sam Bankman-Fried, era o queridinho da mídia e de alguns políticos democratas. Filho de professores universitários, Sam foi apontado como o grande responsável pelo escândalo.

Agora, a principal testemunha de acusação, Caroline Ellison, ex-executiva da empresa e também ex-namorada de Sam, foi condenada a dois anos de prisão. Apesar de colaborar com a justiça, o juiz entendeu que ela também deveria cumprir uma pena de prisão.

04 outubro 2024

Vorfreude

A palavra alemã refere-se ao prazer da antecipação. Vor quer dizer antes e freude é felicidade. Ou seja, é o prazer que temos antes de algo ocorrer. Não é algo novo, mas em Dinheiro Feliz já tem uma dica sobre como usar isso em nosso favor. Veja a figura:

A compra de uma passagem para férias na praia traz felicidade a partir do momento que clicamos confirmar no site da empresa aérea. A figura está na chuva, mas sonha com o sol da praia. 

Uma consequência do Vorfreude é que pode reduzir nossas memórias negativas. Mas é importante lembrar que Vorfreude não se aplica somente a grandes eventos, mas também a festas, encontros com os amigos, a possibilidade de deliciar com uma nova iguaria, o próximo jogo de futebol, a próxima postagem do blog (não resisti), entre outras coisas.


Responsabilidade limitada, má conduta profissional e transparência


A profissão contábil é regulada pelos próprios profissionais. Será que isso é o mais adequado e consegue evitar que pessoas ruins estejam na profissão. As pesquisas em outras áreas sugere  que não. O exemplo pode ser obtido aqui.

Eis a tradução do resumo do artigo:

A teoria existente sugere que os profissionais são ineficazes em regular o trabalho de seus colegas, especialmente quando se trata de disciplinar má conduta, devido às normas profissionais de coleguismo. Em resposta, medidas de transparência foram implementadas ao longo dos anos para aumentar a responsabilidade em relação a públicos externos importantes, como o público em geral, e garantir que os profissionais responsabilizem seus pares culpados por má conduta. Poucos estudos, no entanto, investigaram suficientemente como os profissionais disciplinam a má conduta de colegas diante de medidas de transparência. Obtivemos acesso às deliberações internas de um conselho médico estadual sobre como disciplinar médicos culpados de prescrição excessiva de opioides, colocando a saúde pública em risco. Descobrimos que, mesmo nos casos mais graves, o conselho predominantemente evitou implementar ações disciplinares rigorosas, apesar das amplas medidas de transparência. Nossos dados nos permitiram teorizar o que chamamos de "responsabilidade limitada", que se refere a indivíduos encarregados de responsabilizar atores culpados por sua má conduta, instituindo apenas uma disciplina limitada. Encontramos quatro mecanismos que restringiram o exercício da responsabilização: assimetrias de informação entre órgãos reguladores, ineficiências burocráticas do aparato disciplinar, crenças profissionais compartilhadas entre os tomadores de decisão e emoções interpessoais entre os tomadores de decisão e os profissionais culpados, que são responsáveis por disciplinar. Descobrimos que esses mecanismos operam nos níveis de campo, ocupacional, organizacional e interpessoal, respectivamente. Utilizando um contexto de estudo altamente relevante, nossos achados sugerem que, quando a má conduta profissional é disciplinada por membros da mesma ocupação, a responsabilidade limitada é o resultado mais provável, mesmo com amplas medidas de transparência em vigor.

BDO e famosos

A empresa de contabilidade BDO perdeu clientes famosos como os rappers Jay-Z e Megan Thee Stallion após uma funcionária ter sido acusada de furtar dinheiro das contas dos clientes.

Fontes próximas disseram que Jay-Z e Megan Thee Stallion estavam entre as estrelas que romperam relações com as operações da BDO em Miami, que gerem finanças pessoais e empresariais, desde o pagamento de contas até a declaração de impostos em nome dos ricos e famosos.

A saída de Jay-Z ocorreu devido à postura da BDO na denúncia feita em 2022, quando a funcionária Vanessa Rodriguez foi acusada de usar cartões de crédito e contas bancárias pertencentes ao também rapper Fat Joe, a sua mulher e os seus negócios para sacar milhares de dólares em dinheiro e pagar mensalidades escolares.

Em setembro de 2022, Fat Joe processou a firma, a funcionária e o sócio responsável pela conta. No processo, os sócios da BDO informaram que não conseguiram identificar inconsistências na sua folha financeira, segundo pessoas com conhecimento do caso.

Fat Joe afirmou que a gestão da BDO sobre as finanças era tão caótica que seus pagamentos de hipoteca estavam frequentemente atrasados, era impossível reconciliar diferentes contas e parecia que suas contas de cartão de crédito às vezes eram pagas com contas pertencentes a outros clientes famosos, incluindo jogadores da MLB (Major League Baseball, a liga profissional de beisebol nos EUA).

No mês passado, Vanessa Rodriguez foi indiciada em Miami por quatro crimes de fraude, acusada de gastar em cartões de crédito que lhe não pertenciam. Mais detalhes das acusações e os nomes de duas supostas vítimas foram mantidos em sigilo.

A funcionária da BDO não apresentou uma defesa formal, mas disse ao Financial Times que planeava declarar-se inocente e que as acusações feitas contra ela no processo de 2022 também eram falsas. Vanessa recusou-se a fazer mais comentários. 

No processo, a BDO negava as alegações de Fat Joe, que foi resolvido em termos não divulgados no início deste ano. No entanto, as preocupações detalhadas no processo tiveram repercussões mais amplas dentro da firma de contabilidade.

A saída de vários clientes de alto perfil lançou uma sombra sobre a aquisição da Morrison, Brown, Argiz & Farra pela BDO em janeiro de 2021, que era a maior firma de contabilidade da Flórida e tinha Fat Joe, Jay-Z e outros como clientes há cerca de uma década.

Funcionários de Jay-Z, cujo nome verdadeiro é Shawn Carter, ficaram irritados com a forma como a BDO respondeu às acusações de furto de Fat Joe, que é cliente da empresa de entretenimento de Jay-Z, Roc Nation. Estes sentiram que a firma de contabilidade adotou uma postura muito defensiva e não forneceu rapidamente a Fat Joe acesso total à sua folha financeira, de acordo com fontes próximas do assunto e com o processo de 2022.

Essa situação levou à saída de Jay-Z como cliente da BDO em 2023, poucos meses após a saída de Fat Joe.


Ao mesmo tempo, preocupações sobre o passado de Vanessa Rodriguez também contribuíram para que outra estrela da Roc Nation, a rapper Megan Thee Stallion, se separasse da BDO. Esta rapper deixou de ser cliente em 2022. Porta-vozes de Jay-Z e das outras estrelas recusaram-se a comentar.

A BDO disse que a firma “não comenta sobre litígios pendentes ou assuntos relacionados a clientes atuais ou antigos”.

Fonte: aqui

03 outubro 2024

Americanas: quem irá responder por isso?

Do texto do Infomoney

O terceiro elemento destacado pelo relatório era a relação de executivos da Americanas com funcionários de bancos sobre as cartas pedidas por auditorias para confirmação de operações. A empresa solicitava ocultação de certas operações, como o risco sacado, com a concordância dos bancos.

Isso parece ser muito grave e compromete a posição dos financiadores. 

Terceiro setor e custo-efetividade da doação

Um texto do Our World in Data discute a eficácia de custo em doações para caridade, mostrando que a diferença entre as instituições mais e menos eficazes pode ser enorme, chegando a uma variação de até 100 vezes. Utilizando dados e exemplos, o texto destaca a importância de escolher uma instituição de caridade onde cada unidade monetária de doação faz mais diferença. Fiquei contente por mencionarem o GiveWell, uma entidade que avalia para otimizar os resultados das doações.

Um detalhe apenas: nem sempre uma doação "salva" uma vida, mas pode melhorar significativamente a qualidade de vida. Além disso, vale lembrar o texto de Scott Alexander sobre gastar dinheiro no capitalismo.

Ameaça do Relatório de sustentabilidade para profissão contábil

De James Petersen:

As lições da história repousam sobre a quantidade e a escala de décadas de reivindicações baseadas em auditorias de demonstrações financeiras supostamente deficientes e na incapacidade das empresas e seus auditores de atenderem ao "gap de expectativas" do público investidor. Uma amostra apenas deste século já é assustadora o suficiente: Enron, WorldCom, Adelphia, Parmalat, Carillion, Wirecard... e a lista continua.

Da mesma forma, é inevitável que um número maior que zero de relatórios de Sustentabilidade e suas respectivas opiniões de garantia apresentem problemas, e alguns causarão consequências prejudiciais de magnitude dramaticamente grande. Quando isso acontecer, especialmente aqueles que atingem um público nos mercados de capitais que alegarão confiança nos relatórios, os clamores por responsabilidade ecoarão o já familiar apelo – “Onde estavam os auditores?”

Embora a maior parte dos relatórios de Sustentabilidade e garantias não causem problemas, as exceções já são visíveis. Uma lista que só crescerá em extensão e escala já chamou a atenção hostil e as sanções de reguladores e litigantes, mesmo antes da chegada das opiniões de garantia"

O primeiro exemplo citado por ele:

Em 28 de março de 2023, a SEC anunciou um acordo com a mineradora brasileira Vale S.A., pelo qual a empresa pagaria US$ 55,9 milhões para encerrar alegações de divulgações falsas e enganosas sobre a segurança de suas barragens de rejeitos tóxicos antes do colapso da barragem de Brumadinho em janeiro de 2019, que resultou na morte de 270 pessoas.

E ele continua, depois de entregar outros exemplos:

Os provedores de serviços na área de Sustentabilidade enfrentarão um ambiente de risco dramaticamente diferente à medida que seus compromissos evoluírem de consultoria e aconselhamento sobre os processos, sistemas e controles de seus clientes para registro e relatório, para opiniões reais sobre o conteúdo oferecido aos investidores.

O autor não concorda que os relatórios são de baixo risco, baseado na experiência de litígios quando se usa linguagem questionáveis, como opinião "limitada".