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10 abril 2018

Governo e o valor das empresas

Sendo o governo o grande financiador de longo prazo, capaz de alocar recursos a juros subsidiados, a simples informação de um empréstimo é capaz de mudar o valor da empresa, conforme demonstrado por Fioresi e Galdi:

Grande parte do financiamento de longo prazo no Brasil é realizado por intermédio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Comparado às outras alternativas do mercado este crédito é mais barato por ser subsidiado pelo governo. A presente pesquisa teve como intuito investigar se a captação de recursos com custo de capital subsidiado por meio de linhas de financiamento diferenciadas ofertadas pelo BNDES exerce influência no valor da empresa. O estudo foi desenvolvido com a utilização da metodologia estudo de eventos, que calcula os retornos anormais ocorridos ao redor de um determinado evento. A amostra deste estudo considera empresas listadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA) que contrataram crédito junto ao BNDES de 2002 a 2015. Para o cálculo do retorno anormal foram usados dois modelos de estimação dos retornos anormais: o Modelo CAPM e o Modelo de Mercado. Os resultados indicam que a média dos retornos anormais das empresas que contrataram crédito junto ao BNDES é significativamente diferente de zero em torno da data do anúncio da contratação podendo-se concluir que a captação de recursos com custo subsidiado possui conteúdo informacional suficiente para influenciar o valor da empresa, confirmando a teoria do tradeoff das fontes de capital e a hipótese desta pesquisa.

Auditores nos Fundos de Pensão

Demorou, mas entrou em vigor, finalmente, a obrigatoriedade de todos os fundos de pensão fechados dos setores público e privado contratarem serviços de auditoria independentes, com profissionais certificados e registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para fiscalizar suas contas. O objetivo é evitar operações irregulares, fraudes ou investimentos de alto risco, como vinha ocorrendo em fundos de empresas estatais, que tiveram um rombo de R$ 42 bilhões. Tais medidas moralizadoras já haviam sido aprovadas em 2017 pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), mas só passaram a vigorar na terça-feira passada, com sua publicação no Diário Oficial da União.

O CNPC também determinou que, a partir do fim de 2018, os 17 maiores fundos de pensão do País – grupo que inclui, entre outros, a Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás), Valia (Vale) e Postalis (Correios) – terão de criar um comitê de auditoria estatutário, composto de três a cinco membros, de acordo com o que dispõe a legislação.


A presença da auditoria não impede eventuais problemas nos fundos, conforme reconhece o texto:

Pode-se alegar que, mesmo antes das novas normas, algumas entidades fechadas de previdência complementar já tinham como praxe contar com auditoria. Se isso é verdade, o fato é que tais serviços não impediram verdadeiros escândalos financeiros, como ocorreu no caso notório do Postalis, do qual foram desviados cerca de R$ 500 milhões.


Dois problemas parecem que não serão alcançados pela medida: (1) a falta de profissionalismo na gestão financeira, já que eles foram enganados facilmente por gestores externos; e (2) a influência política nas decisões dos fundos.

Transparência no BNDES

O BNDES anunciou a criação de um blockchain para "combater" a corrupção.

Trata-se, na verdade, de um token, uma representação de quantidade (no caso, de reais). Arantes Júnior afirma que a ideia é "'tokenizar' o real, é transparência". "É tornar possível que qualquer pessoa, qualquer cidadão possa acompanhar o caminho do recurso liberado do BNDES até sua aplicação. Quando você faz uma transferência bancária, não é visível para as pessoas. Quando você manda um cripto-ativo, um token, as pessoas estão vendo ele circular, para onde ele está indo. Nas condições atuais, no final das contas, o fornecedor vai resgatar reais. Na verdade, para esse token que está circulando na rede, tem um real guardado no banco, sob a gestão do banco, que é equivalente àquele real que está fluindo na rede”, diz. “Quando se fala em moeda, se pensa em bitcoin, mas é muito diferente. O objetivo é o máximo possível de transparência na aplicação do recurso."

O texto informa que os testes não começaram. Realmente, é difícil acreditar que uma instituição, mantida com dinheiro dos contribuintes e envolvida em diversos escândalos (vide cartoon), queira ser mais transparente. No passado, o BNDES recusou a forneceu ao TCU algo simples, como a evidenciação dos empréstimos públicos para as empresas e as condições. Uma cultura empresarial não muda tão facilmente.

09 abril 2018

Fim do Multi - II

Em meados do ano passado postamos aqui sobre o fim do Programa Multi. Agora foi marcada a última defesa, da discente Charline Pires. A defesa será realizada no dia 13, sexta, as 9:30, no Auditorio Azul do prédio da Face, Campus Darcy Ribeiro, UnB.

O título do trabalho é o seguinte: "Critérios de reconhecimento, mensuração e evidenciação de heritage assets: um estudo comparativo em museus australianos, ingleses e neozelandeses utilizando abordagem da teoria institucional".

A Banca examinadora: Prof.ª Dr.ª Andréa de Oliveira Gonçalves (membro interno não vinculado – PPGCont/UnB); Prof. Dr. Ernani Ott (membro externo não vinculado – UNISINOS); Prof.ª Dr.ª Ilse Maria Beuren (membro externo não vinculado – UFSC); Prof. Dr. Paulo Roberto Nóbrega Cavalcante (suplente –UnB/UFPB/UFRN).

Irá presidir os trabalhos, mas não fará parte da comissão examinadora, o orientador, Prof. Jorge Niyama.

(Fotografia: a primeira defesa de tese, com Eliseu Martins, Dionísio, Adilson, eu, Otávio, Ilse e Katsumi)

Terremoto e preferência pelo risco

Uma pesquisa realizada no Japão (via aqui) mostrou que um desastre natural, no caso o terremoto no leste do Japão em 2011, mudou a preferência pelo risco das pessoas. Usando os dados de preferências de risco, antes e após o evento, os autores mostraram que os homens tornaram-se mais tolerantes ao risco após o terremoto. E que esta mudança são persistentes, ou seja, cinco anos após o evento, a mudança ainda é percebida. Uma observação importante é que não encontraram o padrão para as mulheres.