16 fevereiro 2015
Liquid Paper
Uma das maiores fraudes de fundos de pensão no país foi montada até com a falsificação de documentos de forma grosseira. Relatórios da Securities and Exchange Comission (SEC, a xerife do mercado financeiro americano) obtidos pelo GLOBO mostram que ao menos seis papéis de instituições financeiras na carteira do Postalis (fundo de pensão dos Correios) tiveram o valor adulterado com tinta corretora ou com um simples “corta e cola” nos processos digitalizados. A fraude, feita entre 2006 e 2009, detalhada nos relatórios da SEC, chega a US$ 24 milhões (R$ 68 milhões). Os responsáveis são sócios da Atlântica Asset Managment, gestora contratada pelo Postalis para investir o dinheiro dos carteiros em títulos da dívida brasileira no exterior.(...)
O uso do líquido corretor escolar só foi possível porque o sistema financeiro americano não é tão eficiente quanto o brasileiro: até grandes operações são fechadas e liquidadas por fax. À Justiça da Flórida, a SEC explicou o artifício criado pela Atlântica e detalhou as ações do responsável pela empresa, Fabrízio Neves, e de seu parceiro José Luna. Os papéis eram vendidos para a LatAm, outra empresa controlada pelos dois, remarcados (às vezes em mais de 60%) e revendidos a empresas em paraísos fiscais. Entre elas, a offshore Spectra, que tinha como beneficiário Alexej Predtechensky (conhecido como Russo), então presidente do Postalis. A fraude ocorria no trajeto dos papéis.
Fonte: O Globo
O uso do líquido corretor escolar só foi possível porque o sistema financeiro americano não é tão eficiente quanto o brasileiro: até grandes operações são fechadas e liquidadas por fax. À Justiça da Flórida, a SEC explicou o artifício criado pela Atlântica e detalhou as ações do responsável pela empresa, Fabrízio Neves, e de seu parceiro José Luna. Os papéis eram vendidos para a LatAm, outra empresa controlada pelos dois, remarcados (às vezes em mais de 60%) e revendidos a empresas em paraísos fiscais. Entre elas, a offshore Spectra, que tinha como beneficiário Alexej Predtechensky (conhecido como Russo), então presidente do Postalis. A fraude ocorria no trajeto dos papéis.
Fonte: O Globo
15 fevereiro 2015
Não entenderam nada...
Um texto do Brasil Econômico provoca uma grande confusão:
Em depoimento prestado hoje (13) à Justiça Federal em Curitiba, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa (1), considerou o prejuízo de R$ 88,6 bilhões, estimado com as perdas por corrupção na Petrobras (2), como um "equívoco gigantesco" (3). Nos esclarecimentos prestados ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-diretor afirmou que o pagamento de propina ocorria apenas (4) nos contratos das empreiteiras que faziam parte do cartel nos contratos com a estatal.
(...) O levantamento sobre o prejuízo foi feito por consultorias independentes e indicou que a Petrobras teria acumulado prejuízo de R$ 88,6 bilhões com os casos de corrupção (5). No entanto, o valor foi desprezado, porque a metodologia foi considerada inadequada. Após a divulgação do número, a ex-presidenta da estatal Graça Foster renunciou ao cargo.
(1) É bom lembrar que Costa foi uma indicação política. E que era diretor de abastecimento da empresa. Não era a área dele, portanto.
(2) Este é o ponto central da crítica desta postagem. Este valor é a diferença entre o valor justo e o valor contábil. Isto inclui também, mas não somente, o custo da corrupção. Assim, o valor não é "perda por corrupção".
(3) Não é um erro. Erro foi o entendimento errado de Costa.
(4) O fato de outros contratos não serem de conhecimento de Costa não significa que não estejam sujeitos aos problemas de corrupção. Num ambiente onde os diretores praticavam corrupção é bem provável de alguns subordinados também atuassem neste sentido.
(5) O jornalista também erra aqui.
Em depoimento prestado hoje (13) à Justiça Federal em Curitiba, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa (1), considerou o prejuízo de R$ 88,6 bilhões, estimado com as perdas por corrupção na Petrobras (2), como um "equívoco gigantesco" (3). Nos esclarecimentos prestados ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-diretor afirmou que o pagamento de propina ocorria apenas (4) nos contratos das empreiteiras que faziam parte do cartel nos contratos com a estatal.
(...) O levantamento sobre o prejuízo foi feito por consultorias independentes e indicou que a Petrobras teria acumulado prejuízo de R$ 88,6 bilhões com os casos de corrupção (5). No entanto, o valor foi desprezado, porque a metodologia foi considerada inadequada. Após a divulgação do número, a ex-presidenta da estatal Graça Foster renunciou ao cargo.
(1) É bom lembrar que Costa foi uma indicação política. E que era diretor de abastecimento da empresa. Não era a área dele, portanto.
(2) Este é o ponto central da crítica desta postagem. Este valor é a diferença entre o valor justo e o valor contábil. Isto inclui também, mas não somente, o custo da corrupção. Assim, o valor não é "perda por corrupção".
(3) Não é um erro. Erro foi o entendimento errado de Costa.
(4) O fato de outros contratos não serem de conhecimento de Costa não significa que não estejam sujeitos aos problemas de corrupção. Num ambiente onde os diretores praticavam corrupção é bem provável de alguns subordinados também atuassem neste sentido.
(5) O jornalista também erra aqui.
14 fevereiro 2015
Fato da Semana (Semana 7 de 2015)
Fato da Semana: CathyEngelbert será a nova CEO da Deloitte
Fato da Semana: Em
geral a substituição de um executivo de uma big four não é objeto de atenção da
mídia. Mas o anúncio que esta contadora irá assumir o comando da Deloitte, uma
das quatro grandes empresas de auditoria, foi notícia. Pela primeira vez uma
mulher assume o comando de uma Big Four. Esta é a notícia. Anteriormente outras
mulheres passaram a ter papel de destaque. Mas o cargo de auditor é muito
exigente em termos de horário e carga de trabalho, o que afasta as mulheres que
também optam pela maternidade, como é o caso da Engelbert.
Qual a relevância disto? Não deixa de ser um bom
exemplo. Mas o fato de somente agora uma mulher também é significativo da
discriminação da mulher na auditoria.
Positivo ou Negativo – Positivo. (E as mulheres aparentemente
são mais honestas, o que é bom para o setor)
Desdobramentos
– A curto e médio prazo nenhum. Mas que tal chamar Engelbert para um encontro
das mulheres contabilistas?
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