O almoço com Armínio Fraga foi combinado numa troca de e-mails. "A regra do jogo é o entrevistado escolher o lugar, e o jornal paga a conta", dizia a mensagem que propôs o encontro. "Frequento quatro ou cinco restaurantes aqui na área", devolveu ele, minutos depois. "Se escolher um, os outros me envenenam."
Agora, o repórter passa batido na frente de vários restaurantes bacanas da avenida Ataulfo de Paiva, no bairro carioca do Leblon, e entra num prédio comercial, onde fica a Gávea Investimentos, a maior gestora independente de recursos do país, com uma carteira de R$ 15 bilhões. No sétimo andar, a recepcionista dá as boas-vindas e leva o visitante para uma sala de reuniões. Vamos comer no escritório, mesmo.
Armínio aparece pontualmente às 13h e constata que a fotógrafa do Valor já havia montado suas câmeras e luzes ali mesmo. "Preparei a mesa numa sala lá de cima. A vista é outra coisa. Esta cidade é muito bonita." Todos sobem uma escada interna para conferir o que o oitavo andar tem a oferecer. À frente, Armínio segue falando. "Não saio muito no almoço. É ótimo comer fora, mas não dá para conversar direito. Fica todo mundo olhando."
Ele trabalha numa área compartilhada com colegas - por isso a mesa está posta numa sala para encontros privados. A vista é bonita como prometido, com montanhas ao fundo, mas conclui-se que a luz da sala de reuniões anterior era melhor. "Vamos para lá", diz Armínio. "Cada um leva o seu", propõe, agarrando pratos e talheres, sob protestos de auxiliares do escritório.
Já sentado à mesa, Armínio abre uma tupperware. "É um salpicão leve, tudo orgânico", explica, apresentando uma salada com repolho e cenoura trazida de sua casa, que fica a cinco quadras dali. Ele apanha as embalagens plásticas dos sanduíches, ainda com etiquetas com preço do Talho Capixaba, uma delicatessen vizinha. "São feitos com o famoso pão completo." Integrais, sem adição de açúcar, com grãos de linhaça. Temos duas opções de recheio: queijo com salmão e queijo minas com presunto. Armínio se estica e apanha uma Coca-Cola num frigobar atrás dele. "O que vocês tomam?" A fotógrafa vai de água mineral, e o repórter, de Coca Zero.
A imagem bem americana de Armínio almoçando um sanduíche com salada no escritório, vestindo calça de sarja e camisa branca com uma camiseta por baixo, leva à questão sobre sua real identidade, entre as cidadanias do Brasil e dos Estados Unidos. O pai de Armínio, Sylvio, foi um renomado dermatologista que fez residência na Filadélfia. Lá, ele se apaixonou por Margaret, uma descendente de irlandeses que vive no Rio desde 1956, mas, apesar da distância, não deixou de ser uma radical democrata, partido de esquerda nos padrões americanos. Armínio e suas três irmãs nasceram no Brasil.
Eu me humilhei muito jogando futebol e me humilho todas as semana jogando golfe. E no mercado também, né? O mercado é cruel
"Fomos criados falando português em casa. Aprendi inglês depois", diz. "Claro que crescemos com os valores dos dois, tem muita coisa americana, muita coisa brasileira. Mas, apesar de admirador dos Estados Unidos, sempre me senti mais brasileiro."
E carioca. Até sair do país para fazer doutorado na Universidade Princeton, Armínio viveu uma vida típica de classe média no Jardim Botânico, um bairro da zona sul, e estudou no colégio jesuíta Santo Inácio, um dos mais tradicionais do Rio.
Uns dez anos atrás, a revista americana "Newsweek" o definiu como "o "nerd" que salvou o Brasil" na crise cambial de 1999, mas ele não se reconhece no rótulo. Embora estudioso, diz que teve outros interesses, como jogar futebol. Não escapava de fazer provas finais em disciplinas pelas quais tinha menos interesse, como história e português, e se saía melhor em ciências exatas, já se direcionando para a medicina.
Esse parecia o caminho natural para quem veio de uma família de médicos, começando com o avô, que saiu da pobreza no interior da Bahia para estudar medicina e, mais tarde, tornar-se um dos primeiros bolsistas da Fundação Rockefeller, nos Estados Unidos. Quando prestou vestibular, Armínio questionou sua vocação para a profissão, ao ver o pai dedicar dias e noites ao trabalho, e por eliminação foi fazer economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio. "Acabei dando sorte e me encantando pela área", diz hoje da escolha.
Depois de viver três períodos nos Estados Unidos, o último deles trabalhando no legendário fundo de hedge de George Soros, Armínio e sua mulher, Lucyna, decidiram que era hora de voltar para o Brasil, no fim do ano escolar americano, em junho de 1999. Os filhos adolescentes estavam num momento crítico de definir a nacionalidade. Chamado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para assumir o Banco Central, ele antecipou o regresso ao país em seis meses e comprou uma casa no Leblon, onde mora até hoje. A sua filha, Mariana, hoje vive nos Estados Unidos. O filho, Sylvio, mora no Rio e joga golfe com o pai.
Armínio faz parte do conselho de desenvolvimento econômico que assessora o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Uns tempos atrás, alguém jogou no ar a ideia de fazê-lo o candidado do PSDB a prefeito ou a governador. Armínio abre a lata de Coca-Cola. "Não sou político, não tenho vocação. Mas pretendo continuar a participar do debate nacional, principalmente econômico." Isso inclui a troca de ideias com Aécio Neves, o mais provável candidato a presidente pelo PSDB nas eleições de 2014. "Tenho tido algumas conversas com ele, não muitas, mas boas. E volta e meia outros políticos me procuram." O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que ensaia uma candidatura pelo PSB, seria um deles? "Ainda não tive a chance de falar com ele. Mas amigos em comum já comentaram que, eventualmente, seria muito interessante bater um papo. Certamente teria o maior prazer."
Em 2010, Armínio e o sócio, seu primo Luiz Fraga, venderam o controle da Gávea Investimentos para o JP Morgan, e o contrato estabeleceu que eles permanecerão no comando do negócio por pelo menos cinco anos. Em uma entrevista ao Valor, Armínio disse que queria se tornar um "cochairman" junto a Luiz, ou copresidente do conselho, para a Gávea deixar de ser "a gestora do Armínio". Com 55 anos, ainda parece cedo para se aposentar - o que ele pensa para o futuro? Armínio faz um longo silêncio. E diz: "A resposta é rápida, só demorei porque você me pegou de boca cheia. Eu me vejo dedicando menos tempo ao dia a dia. São dias longos, com jornadas de 12 a 14 horas e, como nosso fundo multimercado é global, com frequência acordo no meio da noite. Mas não há pressa."
Na troca de e-mails que combinou o almoço, Armínio topou adiantar um pouco do que estava lendo e pensando. Entre os vários tópicos encaminhados de véspera, estava o nome de Isaiah Berlin. Uma rápida pesquisa no Google esclarece que é um pensador liberal russo-britânico.
"Eu me vejo como uma pessoa da linha liberal, com coração, movida pelas carências do Brasil em que me criei e vivo até hoje. E o Berlin é um filósofo que fala muito em pluralismo. Acredito muito nisso. Ninguém pode dizer o que é importante para os outros." Não é um liberalismo selvagem, esclarece. "Nunca fui defensor de um Estado minimalista. Sinto falta de um Estado com "E" maiúsculo. Acredito em igualdade e numa rede de proteção social."
Um dos temas que estão na cabeça de Armínio é a "reestatização do Estado", na linha do artigo "O Capitalismo Depois da Crise", de autoria do professor Luigi Zingales, da Universidade de Chicago. A tese central é que a economia americana, apesar de ser o país do mundo mais aberto ao princípio de liberdade econômica, entrou na crise porque foi capturada por grupos de interesse que são fortes em Washington. "Esse é o modelo que Zingales chama de pró-business. O Estado tende a ser mais capturado, tende a pensar menos no bem comum", afirma Armínio. "O mercado resolve bem muitas coisas, de forma mais imparcial, desde que seja genuinamente competitivo."
O sanduíche já começa a sumir na mão de Armínio, o que revela a desvantagem de almoçar um lanche rápido em vez de uma demorada refeição completa. O tema corta repentinamente da filosofia para a economia no governo Dilma Rousseff.
"Com toda essa crise de infraestrutura, o governo está claramente repensando a sua trajetória. É digno de elogio. Muita gente não muda de opinião na vida." Como exemplo, cita os aeroportos, que primeiro mudaram de um esquema de concessão para um modelo mais estatal com a Infraero, e depois da Infraero de volta para a concessão. "Não tem sido suficiente todo o esforço do BNDES. As empresas tomam dinheiro do BNDES com frequência para projetos que não necessariamente não teriam acontecido de um jeito ou de outro. Para ir além de uma taxa de investimento de 18% do Produto Interno Bruto (PIB), é preciso trabalhar as condições que fazem o investimento acontecer". O quê? "Segurança e clareza nas regras. E regras um pouco melhores."
Com quase uma hora de almoço, a conversa entra na macroeconomia do governo Dilma. "O governo vem trabalhando com o pé no acelerador na área fiscal, monetária e creditícia. Isso nos trouxe à inflação alta. Há sempre uma certa tendência de atribuir a inflação alta a um dado preço ou outro, mas o fato é que há uma alta mais generalizada de preços. Seria preciso segurar as três frentes. Segurar o fiscal, dar liberdade para o Banco Central trabalhar a política de juros sem grandes constrangimentos e tomar cuidado do lado do crédito."
Os pratos já estão vazios. A questão é se a inflação alta não seria causada pela falta de uma atitude mais firme do Banco Central presidido por Alexandre Tombini, que muitos no mercado financeiro veem como mais preocupado com o crescimento econômico do que com a inflação. "Houve, sim, uma demora [em agir]. Conheço muito bem o Tombini, um profissional de mão cheia, muito equilibrado. Então tenho que atribuir ao ambiente [de falta de liberdade para o Banco Central agir] pelo menos parte dessa situação que temos hoje de inflação bastante alta. Essa inflação, sem as intervenções pontuais que o governo tem promovido, provavelmente está mais próxima de 8%. O Banco Central, em tese, deveria desconsiderar essas intervenções. Então, com uma inflação próxima de 8% e a economia em pleno emprego, os juros em 7,5% ao ano parecem bem baixos. Normalmente não entro nesse detalhe sobre política monetária. Mas é o que penso", diz o economista.
Para Armínio, o momento exige "sangue frio". "Quem está lá, em Brasília, sentindo as pressões sociais, tende a focar no curtíssimo prazo", afirma. "É uma certa ilusão porque, se a inflação está mais alta, lá na frente a coisa vai ficar mais cara. Melhor encarar logo isso, resolver de uma vez. Torço para que isso ocorra."
Mas o quadro econômico não seria confuso, com pleno emprego e inflação alta, mas também baixo crescimento? "Para o país crescer, é preciso que haja demanda, mas é preciso que haja oferta. A oferta em geral responde mais devagar", afirma Armínio, referindo-se à capacidade da economia para produzir bens e serviços. "Não é uma proposta razoável do ponto de vista macroeconômico ficar esperando a oferta reagir em vez de fazer um ajuste na demanda. É preciso ajustar a demanda ao longo do caminho, sob pena de a inflação ficar alta e a economia se reindexar."
Armínio concorda que as condições internacionais excepcionais impõem certos desafios à administração macroeconômica, sobretudo à política cambial. "O ministro [da Fazenda, Guido] Mantega, foi feliz ao trazer o assunto da "guerra cambial" à tona", afirma Armínio, enquanto cata algumas migalhas de pão no prato. "Fica difícil dar uma resposta a isso. Acho que deveria insistir em uma certa ortodoxia para que o juro possa continuar baixo e cair mais. É verdade que o juro caiu bastante, mas o juro de curto prazo caiu mais do que deveria. O juro mais longo caiu, mas caiu na mesma magnitude dos juros de outros países."
Quer dizer que, para ele, todo esse movimento de queda nos juros reais de equilíbrio não é para valer? A taxa Selic aos menores patamares da história tornou-se uma das marcas do governo Dilma Rousseff.
"Não acredito na queda estrutural de juros. Aliás, toda vez que ouço a palavra "estrutural", eu começo a me coçar. Não tem nada muito estrutural", diz Armínio.
"Há uma trajetória de queda do juro real que começou lá atrás. O Brasil chegou a ter juro real de 20% quando tinha câmbio fixo. Depois caiu para 10%, para 6%, e vinha caindo. Mas há um longo caminho a percorrer. Se o juro com prazo de dez anos está em 3% ou 4% no Brasil e em 1% negativo nos Estados Unidos, a diferença é menor do que parece. Há espaço para cair mais. Essa tendência não é dada pela natureza e não vai acontecer independentemente do que for feito na política macro. Vai continuar se mantivermos certa disciplina", completa.
Armínio também anda preocupado com a política econômica - monetária e fiscal - dos Estados Unidos, Europa e Japão. Ele afirma que os Bancos Centrais estão sob pressão. "É o que no Brasil conhecemos muito bem. Quando o problema é de demanda fraca, a vida é boa, o Banco Central baixa os juros. Se a demanda está aquecida demais e provocando mais inflação, aumenta os juros e reequilibra as coisas. Mas se acontecerem problemas de outra natureza, como crises de balanço de pagamentos, bancárias, geopolíticas, guerras, a coisa pode mudar. O Banco Central pode se ver diante de um dilema. A inflação pode não estar cedendo por falta de confiança no padrão monetário ou choque de oferta, e aí virá o teste, se isso acontecer. Ninguém sabe. O que sabemos, entre aspas, é que "coisas acontecem"."
E o Brasil estaria preparado para um risco como esse? "Não existe nada de muito complicado no curto prazo, salvo essa tensão com relação à inflação, mas é preciso certo cuidado", afirma Armínio. "Temos uma relação dívida líquida e PIB relativamente baixa, mas no conceito de dívida bruta o Brasil é um dos maiores do mundo emergente. Essa política de usar o balanço do governo para expandir muitos programas, para o governo ser uma espécie de intermediário financeiro, é também uma receita de médio prazo perigosa." Ele defende uma política fiscal anticíclica, mas com uma meta de superávit primário em 3% do Produto Interno Bruto (PIB), que seria superada nos anos bons e ficaria menor nos anos ruins. Na política atual, 3% do PIB é um teto, se muito.
Armínio observa que sobraram sanduíches na mesa. "Não sei se vocês perceberam, mas eu comi os meus", diz. "Vou distribuir para alguém, a não ser que vocês queiram levar." Visto de perto, Armínio é simples e informal. No Banco Central, preferia dispensar os garçons e se servir sozinho. "É um pouco a minha criação. Meu pai sempre foi assim", explica. "Ninguém é melhor do que ninguém por ter alguma coisa. Fui criado fazendo esporte e, no esporte, a gente aprende muito. Eu me humilhei muito jogando futebol e me humilho todas as semana jogando golfe. E no mercado também, né? O mercado é cruel."
Quando deixou o mercado financeiro para assumir o Banco Central, cargo em que ficou até 2002, Armínio foi chamado por um senador de "gênio do mal", e sindicalistas fizeram protestos, comparando-o a uma raposa tomando conta do galinheiro. Ele é o homem que derrubou a Tailândia na crise asiática, de 1997, quando trabalhava para Soros, segundo relato do jornalista britânico Sebastian Mallaby no livro "More Money Than God: Hedge Funds and the Making of a New Elite", publicado em 2010.
Foi uma combinação de sagacidade e disciplina nos estudos. Armínio, conta o livro, ouviu numa apresentação do então segundo homem do Fundo Monetário Internacional (FMI), Stanley Fisher, que depois da crise no México a região que inspirava cuidado era a Ásia. Esse comentário, disse Fraga mais tarde, "pôs uma coisinha na minha cabeça". Depois, ele leu um estudo do Federal Reserve, chamado "Twin Crises", sobre como uma crise cambial em países como a Tailândia poderia interagir com uma crise bancária. Até hoje Armínio levanta muito cedo, por volta das 6 da manhã, para ler. Só sai para a Gávea às 9 h. "É a hora mais produtiva do meu dia." O Soros Fund ganhou cerca de US$ 750 milhões com a queda da moeda da Tailândia, o baht. Armínio diz que aprendeu lições que ajudaram muito no BC.
"Ninguém consegue acertar tudo", diz Armínio, sobre atuar no mercado financeiro. "Você vive num ambiente de grande incerteza, tem que administrar o risco, o erro, a psicologia do erro. A minha vida eu passo me humilhando, errando todos os dias."
É a deixa para uma pergunta sobre o investimento da Gávea na companhia aérea BRA, um péssimo negócio - a empresa entrou em recuperação judicial pouco depois. "Aquele caso foi muito duro. Mais para os meus colegas, porque tenho experiência com os altos e baixos da exposição pública", afirma. Armínio pondera que aquele era um fundo de US$ 220 milhões que tomou a má decisão de investir US$ 10 milhões na BRA, mas que também acertou na mosca em colocar US$ 30 milhões no McDonald"s da América Latina, uma aposta que se multiplicou por dez. "O mercado exige uma boa média. E também jogar bem na defesa, não tomar muitos gols. Se tomar cinco gols logo no primeiro tempo, você está fora do jogo."
O almoço dura quase duas horas, e Armínio pega uma água com gás no refrigerador, sem demonstrar nenhuma pressa de sair dali. Sobra tempo para caminhar por temas mais amenos, como a participação dele no programa "Casseta&Planeta" alguns anos atrás. Ele fez o papel de um taxista que foi reconhecido por um passageiro interpretado por Marcelo Madureira. "O Marcelo é meu amigo. A ideia foi dele. Eu fui, contrariando a opinião de um ou de outro que consultei", relata. "Qual é o problema? Passei uma manhã agradabilíssima no Recreio dos Bandeirantes, nos estúdios."
No finalzinho da conversa, já em pé, Armínio cita um texto acadêmico dos economistas Charles Jones e Paul Romer sobre o que faz uma economia crescer e se desenvolver. Além de capital físico, as ideias, instituições, população e capital humano. E discute as vantagens da abertura da economia, que, para ele, traria ganhos até mesmo se feita de forma unilateral.
Armínio nota que o sanduíche de presunto era meio caro, mas em seguida observa que se tratava de um "jamón" ibérico. "O combinado foi o jornal pagar a conta", diz o repórter, de forma protocolar. "Você tem grana?", pergunta Armínio, entrando no jogo. Diante da resposta afirmativa, faz umas contas rápidas em voz alta. "Dá 75 pratas." A conta fica em R$ 74, por falta de troco.
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