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22 junho 2010

Negócio Futebol

A Copa é jogada no final da temporada europeia. Nos clubes, os atletas atuam no limite da capacidade humana, o máximo de tempo possível e exigido por clubes, patrocinadores e TVs. Ao fim da temporada, estão esgotados ou machucados. O interesse dos clubes limita cada vez mais o treinamento das seleções a raras semanas ou a um dia antes de jogos de torneios preparatórios. As seleções, pois, mal existem como equipes entrosadas.

Os principais jogadores do mundo atuam em times europeus. As transferências de atletas são tão antigas como a primeira Copa. Mas começaram a se tornar rotina nos anos 1980. Passaram ao estágio de livre comércio em 1995. O negócio agora em parte regride a algo parecido ao estabelecimento de feitorias coloniais. Em vez de pagar caro por jogadores prontos e famosos, clubes europeus adquirem atletas juvenis e infantis. Ou criam centros de recrutamento e treino de crianças em países das Américas e da África.

A seleção brasileira de 1982 foi a primeira a contar com jogadores "estrangeiros", que jogavam no exterior: 3 de 22. A de 1990 inaugurou a maioria de "estrangeiros": 12 de 22, como a de 1994. Nas de 2006, 20 de 23 eram estrangeiros. Como o time desta Copa de 2010.

Desde 2002, o Brasil "vende" em média cerca de 800 jogadores por ano. Quase 60% da exportação destina-se à Europa. Na Inglaterra, 59% dos jogadores são estrangeiros. Em Portugal, 54%. Na Alemanha, 52%. Itália, 40%. Espanha, 37% (dados de 2008, do Professional Football Players Observatory).

A internacionalização dos times europeus foi impulsionada por uma decisão da Corte de Justiça Europeia, de 1995, liberando os times de cotas para jogadores estrangeiros e dando cabo de contratos que contrariavam a lei europeia de livre fluxo de trabalhadores. Pelo mundo, seguiram-se medidas que abririam o mercado de atletas e os libertariam da propriedade dos clubes.

A mundialização deveu-se ainda ao crescimento do negócio europeu do futebol, favorecido em especial pela alta da renda publicitária. Oligopólios transnacionais pagam cada vez mais para aparecer em transmissões planetárias.

Cada vez mais cedo, atletas submetem-se a rotinas de treinamento e práticas de otimização de resultados muito similares. Fazem-no em campos europeus, segundo técnicas e tradições esportivas do continente, ou lá adaptadas. Antes da "mundialização", os atletas diferenciavam sua maneira de jogar graças à heterogeneidade cultural no modo de encarar o jogo.


A economia do futebol chato - Folha de São Paulo - 20 jun 2010 - VINICIUS TORRES FREIRE

21 junho 2010

Rir é o melhor remédio

Dica de Rafael Maia (grato)


Teste #299

Os três países abaixo possuem maior percentagem de internautas usando redes sociais. Você seria capaz de colocá-los na ordem?

Brasil
Espanha
Italia

Resposta Anterior: 1958. Fonte: Pelé, o rei da propaganda. O Globo, 18 de junho de 2010

Despesa e Desempenho

Nesta época da Copa do Mundo, estou lendo o agradável livro Soccernomics, de Simon Kuper e Stefan Szymanski (R$29 na Livraria Cultura). O texto trata de futebol, com uma visão de negócio. Assim, páginas são dedicadas a análise alguns erros cometidos na gestão dos clubes de futebol, por exemplo, com alguns conselhos interessantes (compre jogar com vinte e poucos anos, evite que um novo treinador gaste dinheiro com transferências inúteis, jogadores velhos são super avaliados, evite comprar centroavantes que são caros, ajude a adaptação dos jogadores, entre outros) e estatísticas.

O gráfico a seguir foi obtido com os dados do livro, na sua página 49. Mostra a posição média de um clube inglês, na liga inglesa, em relação aos gastos com salários. Aqui, ao contrário do livro, preferi usar os dados brutos.




O clube que mais gasta com salários, entre 1998 a 2007, o Chelsea, ocupou uma posição média na liga do terceiro lugar. O segundo clube com maiores gastos, o Manchester, obteve uma posição média de segundo lugar no período. Ou seja, o Manchester gastou melhor no período. Mas quando todos os 58 clubes são plotados no gráfico percebe-se uma relação forte entre gastos e posição na tabela. Em termos estatísticos, isto significa uma correlação de -0,89.

A lição é: se quiser ter um bom desempenho é necessário gastar dinheiro.

20 junho 2010

Rir é o melhor remédio

Vuvuzela: a razão da expulsão de Zidane (no link, gif animado)



Mais sobre vuvuzela, aqui e aqui

Sobre as Demonstrações do Iasb


O Brasil quer ter uma posição ativa e relevante dentro do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), mas as empresas, entidades e o governo do país não doaram nem ao menos um centavo para custear as atividades do órgão durante o ano passado.

O curioso é que a ausência de contribuições ocorre justamente agora, quando as companhias brasileiras passam a adotar obrigatoriamente as normas internacionais de contabilidade, conhecidas como IFRS.

Fontes de financiamento estáveis, diversificadas e regulares são consideradas fundamentais para uma entidade como o Iasb, para que ela se mantenha independente de pressões políticas e econômicas e possa definir as regras contábeis com base em uma análise técnica.

Em 2008, a única empresa brasileira que fez uma doação foi a Brasil Telecom, no valor de 7,5 mil libras. Em 2007, Bradesco, Itaú, BrT, Vale, Petrobras e Bovespa contribuíram, ao todo, com 133 mil libras para a fundação responsável pelo Iasb, que tem sede em Londres, e é chamada de Iasc Foundation.

O relatório anual dessa fundação, que inclui seu resultado financeiro, foi divulgado ontem pela entidade. Ao todo, a Iasc Foundation recebeu contribuições no valor de 16,6 milhões libras em 2009, uma alta de 30% sobre o volume recebido um ano antes. Somadas as receitas com publicações, o faturamento total da entidade foi de 22,6 milhões de libras no ano passado, com crescimento de 14% sobre 2008.

Após despesas com salários dos funcionários, gastos com reuniões e viagens e custos de publicações, a Iasc Foundation fechou o exercício passado com um prejuízo operacional de 307 mil libras. Considerando também o resultado obtido com a marcação a mercado de suas aplicações financeiras, a fundação encerrou 2009 com lucro líquido de 647 mil libras.

Em 2008, apesar de o resultado operacional ter sido melhor, positivo em 528 mil libras, a Iasc Foundation tinha registrado prejuízo de 1,7 milhão de libras, por conta de perdas com aplicações financeiras.

Os maiores doadores de 2009, como de costume, foram as quatro grandes firmas de auditoria - PricewaterhouseCoopers, Deloitte, Ernst & Young e KPMG -, que entregaram US$ 2 milhões cada uma para a fundação.

Considerando os países isoladamente, o que engloba doações de governos, entidades do setor e empresas, os Estados Unidos aparecem como o maior contribuinte individual para a Iasc Foundation, apesar de o país não adotar o IFRS nos seus balanços.

Entre os maiores doadores dos EUA aparecem os bancos Citi, J.P. Morgan, Bank of America, Goldman Sachs e Morgan Stanley, e também a ExxonMobil e a Pfizer.

O Iasb foi procurado, por meio de sua assessoria de imprensa, para comentar o resultado anual da Iasc Foundation e também ausência de doações de empresas brasileiras, mas não respondeu.

O Brasil possui hoje oito brasileiros na Iasc Foundation, sendo que o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan é um dos seus 22 curadores. São eles que indicam os 15 membros do Iasb, entre os quais está atualmente um brasileiro, Amaro Gomes, ex-funcionário do Banco Central do Brasil.

Na visão do professor da Fipecafi Nelson Carvalho, que já ocupou uma das cadeiras do Iasb, a participação do Brasil dentro do órgão vem crescendo desde 1996. "Uma prova desse reconhecimento é o memorando de entendimentos assinado em janeiro", disse ele, referindo-se ao documento firmado pelo Iasb, pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

No Brasil, o órgão responsável pela emissão de normas contábeis usadas pelas companhias abertas, que é o CPC, também não tem fonte de receita fixa. Atualmente, o Comitê usa a estrutura disponibilizada pelo CFC para realizar as suas reuniões e atividades. A entidade de classe tem como receita as anuidades pagas pelos contadores.


Brasil adota IFRS, mas não paga conselho que emite as normas
Fernando Torres, de São Paulo - Valor Econômico - 18/06/2010

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19 junho 2010