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02 abril 2025

Burocracia no setor público atrapalha os desfavorecidos

De certa forma esperado

Em um artigo publicado na American Economic Review, os autores Mark Shepard e Myles Wagner descobriram que até mesmo pequenos obstáculos burocráticos podem representar grandes barreiras para grupos em situação de desvantagem.


“Grande parte do sistema de saúde americano é extremamente complicado, e isso inclui o processo de se inscrever em um seguro de saúde”, disse Wagner à AEA em uma entrevista. “A motivação para este artigo foi entender o quão sério é o problema da burocracia na hora de impedir que pessoas obtenham o seguro para o qual são completamente elegíveis.”

Os pesquisadores encontraram um cenário ideal para estudar esse problema em um programa de seguro de saúde de Massachusetts anterior ao ACA (Affordable Care Act), chamado Commonwealth Care. Antes de 2010, o programa inscrevia automaticamente candidatos de baixa renda que tinham sido aprovados para cobertura, mas que ainda não haviam escolhido ativamente um plano de saúde. Após 2010, a política de inscrição automática foi suspensa; os candidatos passaram a ter que preencher e devolver um formulário enviado por correio.

Essa mudança aparentemente trivial teve consequências drásticas: a adesão caiu 33%. Um terço dos elegíveis para receber seguro de saúde gratuito não completou a papelada necessária para se inscrever.

“O efeito é realmente grande”, observou Wagner. “Outros estudos que tentaram incentivar a adesão ao seguro de saúde enviando lembretes ou informações adicionais pelo correio obtiveram efeitos muito menores, em uma ordem de grandeza inferior.”

Os pesquisadores analisaram quem eram os “inscritos passivos” e descobriram que eles eram, de forma desproporcional, mais jovens, mais saudáveis e do sexo masculino. Também tendiam a vir de bairros desfavorecidos e comunidades próximas a hospitais de assistência pública que oferecem cuidados de caridade.

Clube do Livro: Ronald H Coase

Há três anos, nasceu uma parceria entre três professores da UnB com um propósito simples e inspirador: ler, apresentar e discutir juntos uma grande obra. Assim surgiu o Clube do Livro, que agora inicia seu terceiro ano de atividades.


Na primeira edição, exploramos a análise histórica de Jacob Soll. No segundo ano, nos debruçamos sobre trechos do livro de Teoria de William Scott. Agora, mergulharemos em um clássico que dialoga com a economia e o direito: A Firma, o Mercado e o Direito, de Ronald Coase — uma coletânea com os principais artigos de um dos pensadores mais influentes do século XX, publicada no Brasil pelas editoras Gen e Forense.

A partir de hoje, nosso pequeno grupo de professores e alunos dará início aos encontros de 2025. Se você tem interesse no tema, é bem-vindo para participar! Basta clicar [aqui] para acessar o Microsoft Teams a partir das 17h30.

No encontro de hoje, será apresentado o primeiro capítulo do livro. O evento tem duração de apenas uma hora, e não é necessário ter lido o texto previamente. 

Momento delicado para as Big Four e Consultorias nos governos da AUKUS

Da newsletter do Financial Review de 2 de abril: 


No orçamento federal da semana passada, o governo trabalhista australiano prometeu cortar mais 720 milhões de dólares em gastos com consultorias e prestadores de serviço em 2028-29, elevando a redução total desde a última eleição para 4,7 bilhões de dólares.

Nos EUA, grandes firmas de consultoria ofereceram reduzir contratos governamentais, limitar aumentos de preços e adotar taxas baseadas em desempenho, após terem sido alvo do governo de Donald Trump, segundo o Financial Times.

Empresas como Deloitte e Accenture já perderam contratos públicos, e espera-se que outras sejam excluídas nos próximos meses.

Somando-se aos planos do governo britânico de cortar 5,8 bilhões de dólares em gastos com consultorias, há um consenso no âmbito do AUKUS [Austrália, Reino Unido e Estados Unidos] de que essas firmas vêm drenando seus principais clientes há anos.

Essa visão é compartilhada pela ex-consultora da Bain e agora estilista Kiane von Mueffling, que afirma sentir-se como se estivesse “doando sangue” toda vez que ia trabalhar na consultoria. Hoje, ela criou a camiseta branca perfeita.

Os ventos contrários que atingem o setor levaram a EY a iniciar uma ampla reestruturação de seus negócios. Três “áreas” globais serão dissolvidas, e 18 divisões regionais serão fundidas em 10.

A divisão de serviços financeiros também perderá sua relativa autonomia e passará a se reportar a uma parceria regional. Como de costume, cortes de empregos são prováveis.

Seguradoras tiveram o quinto ano consecutivo com perdas acima de 100 bi


Desastres impulsionados pelas mudanças climáticas estão elevando os pagamentos feitos por seguradoras: no ano passado, foi o quinto ano consecutivo com perdas superiores a US$100 bilhões. Isso significa prêmios mais altos para os segurados — ou a ausência total de seguro. Trata-se de uma “crise crescente enfrentada pela indústria”, escreve o climatologista Scott St. George, que trabalha com modelagem de riscos em uma corretora de seguros global. Programas patrocinados pela indústria que pagam para que as pessoas protejam suas casas contra intempéries estão ajudando, mas “ainda tratam o sintoma, não a causa”, argumenta St. George. “Adaptação sem mitigação não é suficiente. No fim das contas, precisamos atingir a neutralidade de carbono.”
 

Leia mais aqui. Foto aqui

Gênero e pesquisa científica


A desigualdade de gênero nas publicações científicas está diminuindo — mas lentamente. Com a ajuda de um software de inteligência artificial que previu o gênero dos autores com base em seus nomes e localização — uma medida imperfeita, é verdade — pesquisadores analisaram o gênero de cerca de 1,5 milhão de autores de estudos. Segundo o modelo, a diferença é mais acentuada nas ciências físicas: mulheres representaram mais da metade dos autores de estudos em medicina reprodutiva em 2024, por exemplo, mas apenas 15% em física clássica. A localização também exerce influência: no Canadá, nos Estados Unidos e na França, mais de um terço dos autores eram mulheres. No Japão, esse número cai para 16%. Outras pesquisas mostraram que a desigualdade de gênero nas publicações quase desaparece quando se consideram fatores como pausas na carreira para ter filhos e a distribuição desigual de tarefas administrativas acadêmicas.

Um texto mais detalhado pode ser encontrado aqui

01 abril 2025

Quando o Prestígio Vale Mais que a Ética

O artigo "Plagiarist USC celebrity doctor: What's he been up to lately?" começa sugerindo que poderia ser uma brincadeira de primeiro de abril. No entanto, o leitor logo percebe que há referências sérias, indicando que, infelizmente, não se trata de uma piada. David Agus, oncologista da Universidade do Sul da Califórnia (USC), está envolvido em um escândalo de plágio. Desde 2023, sabe-se que ele publicou um livro contendo trechos retirados de um blog de safári sul-africano.


O mais surpreendente é que a USC não tomou nenhuma medida para punir o pesquisador. Apesar das acusações, a mídia continua a dar destaque a Agus. A revista de ex-alunos de Princeton mencionou o pesquisador em setembro de 2024. Um mês depois, foi a vez da prestigiada Time Magazine citar seu nome ao abordar a necessidade de investimentos em tecnologias médicas.

Tudo indica que as violações éticas cometidas por Agus não foram tratadas com a seriedade devida, nem pela universidade, nem pela imprensa.

Primeiro de Abril - 3

 Já que estamos falando no dia da mentira, o site da Forbes aponta as principais mentiras no currículo de um candidato. Eis a lista:

1. Experiência profissional inflada: Cargos e responsabilidades exageradas (ou até inventados) estão no topo da lista das inconsistências mais detectadas;
2. Habilidades técnicas superestimadas: Muitos profissionais alegam domínio em ferramentas e conhecimentos que, na prática, não possuem;
3. Falsa proficiência em idiomas: Declarar fluência sem comprovação pode ser facilmente desmascarado em testes ou entrevistas;
4. Histórico educacional adulterado: Diplomas inexistentes ou cursos não concluídos são rapidamente identificados em checagens acadêmicas;
5. Motivos nebulosos para desligamentos: Na tentativa de evitar questionamentos, profissionais escondem a verdadeira razão de uma saída, o que pode gerar desconfiança e ser um alerta para recrutadores.