Translate

09 dezembro 2024

Mais dois países entram no clube das economias hiperinflacionárias

Da newsletter da EY: 


A Nigéria e o Egipto têm agora uma taxa de inflação acumulada de três anos superior a 100%. 

Os dados publicados pelos governos da Nigéria e do Egipto indicam que a taxa de inflação acumulada a três anos de cada país excedeu 100% em 31 de Agosto e 30 de Setembro, respectivamente.

A ASC 830, Foreign Currency Matters [norma do Fasb sobre o assunto], exige que uma entidade estrangeira em uma economia altamente inflacionária remensure suas demonstrações financeiras usando a moeda de relatório de sua controladora a partir do início do período de relatório, incluindo períodos de relatório intermediários, após o período em que a economia se torna altamente inflacionária. Uma economia é considerada altamente inflacionária quando tem uma taxa de inflação acumulada de aproximadamente 100% ou mais durante um período de três anos. (...)

A publicação mais recente publicada pelo Grupo de Trabalho de Práticas Internacionais (IPTF) após a sua reunião de maio de 2024 inclui dados para países que se previa atingirem taxas de inflação cumulativas a três anos superiores a 100% no ano em curso ou que deveriam ser monitorizados de outra forma. Espera-se que a IPTF emita uma publicação atualizada em dezembro. 

Foto: aqui

Complexidades das normas ambientais preocupa

As regulamentações de ESG (Ambiental, Social e Governança) estão evoluindo rapidamente no mundo todo, exigindo maior responsabilidade das empresas para monitorar e reportar seus impactos ambientais.  Eis aqui um exemplo de como haverá uma necessidade de harmonização nas normas que estão sendo emitidas nesse momento pelos reguladores:

No Reino Unido, a declaração das emissões de escopo 1 e 2 é obrigatória, enquanto o escopo 3, que abrange emissões indiretas na cadeia de suprimentos, é voluntário. Isso é um diferente na União Europeia (UE), da qual o Reino Unido fazia parte até recentemente, onde as regras são mais rígidas, como a CSRD (Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa), a CSDDD (Diretiva de Devida Diligência em Sustentabilidade Corporativa) e a EUDR (Regulamento Europeu de Desmatamento), que entrará em vigor em 2025. 

A EUDR exige que empresas europeias garantam que suas cadeias de suprimentos sejam livres de desmatamento e que os produtos estejam em conformidade com as legislações locais, abrangendo matérias-primas como café, cacau, óleo de palma e produtos derivados. A não conformidade pode resultar em multas de até 4% do faturamento e confisco de produtos.

Para atender a essas exigências, as empresas precisam realizar auditorias internas rigorosas e adotar softwares avançados de gestão de dados e análise de riscos. Contadores desempenham um papel central no cumprimento das normas, e plataformas automatizadas de ESG serão essenciais, especialmente diante da escassez de profissionais qualificados, um desafio crescente no Reino Unido.

Queijo Minas é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade


Desde a última quarta-feira, o queijo Minas artesanal foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O produto é fabricado desde o século XVIII, mas somente em 2002 o processo de produção artesanal foi reconhecido no Brasil pelo Iepha como patrimônio imaterial brasileiro.

A diferença entre o queijo Minas e outros queijos artesanais brasileiros está na adição de um fermento natural, que confere ao produto seu aroma, sabor, odor e textura característicos.

Com o reconhecimento do queijo, o Brasil agora conta com sete patrimônios culturais imateriais reconhecidos internacionalmente: além do queijo, a arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (desde 2003), o Samba de Roda do Recôncavo Baiano (desde 2005), o Frevo (desde 2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (desde 2013), a Roda de Capoeira (desde 2014) e o Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão (desde 2019).

Como filho de um ex-fabricante de queijo, considero a notícia interessante. No entanto, confesso que desconheço os benefícios práticos de tal título, além de despertar uma curiosidade natural.

08 dezembro 2024

Conflito de Interesse no Itaú

O sábado de manhã surpreendeu o mercado financeiro e a comunidade contábil com a notícia de uma denúncia contra o ex-diretor financeiro do Itaú, Alexsandro Broedel. Para o Itaú, a questão envolve um possível conflito de interesse na atuação de Broedel, uma vez que ele autorizou a contratação do professor Eliseu Martins. Até aqui, nada de extraordinário, considerando que Eliseu, um dos maiores nomes da contabilidade brasileira, possui um currículo que justifica qualquer contrato. No entanto, o Itaú alega que Eliseu Martins tem uma relação societária com Broedel, o que violaria as normas internas do banco. Assim, surge a acusação de conflito de interesse.

Broedel deixou o Itaú em junho e irá assumir uma posição no Grupo Santander, na Espanha. A investigação teria começado após fornecedores denunciarem o ex-diretor. O Itaú comunicou os fatos à CVM e ao Banco Central, solicitando uma apuração, e contactou a sua empresa de auditoria para analisar os potenciais impactos nos resultados. Como os valores envolvidos são relativamente pequenos diante do tamanho da instituição, uma eventual republicação das demonstrações financeiras foi descartada.

De um lado, temos uma das maiores instituições financeiras do país, com presença em 21 países, 55 milhões de clientes, e operações em banco de varejo, corporativo, seguros e outros serviços. Do outro, dois profissionais de destaque na área contábil. Eliseu Martins dispensa apresentações: autor de livros, artigos e professor renomado, é considerado um dos principais nomes da contabilidade brasileira, ao lado de Sérgio de Iudícibus. Ambos foram fundamentais para a excelência da Universidade de São Paulo na área contábil. Eliseu já ocupou cargos importantes como diretor do Banco Central e da CVM. Por sua vez, Broedel construiu uma carreira notável, com doutorado pela USP e atuação na Fundação IFRS, além de sua posição de destaque no Itaú até recentemente.

Nos próximos dias, podemos esperar uma guerra de versões e acusações. Após a divulgação da denúncia pela imprensa, Broedel e Eliseu emitiram notas sobre o caso. A denúncia pode, inclusive, afetar a possibilidade de Broedel assumir o cargo no Santander, na Espanha.

Uma das críticas a Broedel é que, enquanto atuava como executivo do Itaú, ele teria emitido pareceres contábeis para outras empresas. Essa questão deve gerar um debate extenso, já que o banco possui um amplo leque de operações, o que pode gerar sobreposição entre seus negócios e os pareceres realizados por Broedel. Isso, de fato, pode configurar um conflito de interesse incomum para um executivo.

Por outro lado, a defesa dos denunciados argumenta que Eliseu prestava serviços ao Itaú há décadas e que os pagamentos estavam, aparentemente, de acordo com as normas da instituição. A alegação de que Broedel teria uma sociedade com Eliseu pode ser facilmente confirmada ou descartada com base nos registros documentais preenchidos por Broedel no passado. Outra acusação é de que o banco contratou 40 pareceres, recebeu 36 e encontrou apenas 20 deles. Eliseu Martins alega que alguns pareceres foram entregues de forma oral. Este ponto será analisado pela justiça, que deverá decidir sua validade. Embora a justificativa de Eliseu pareça plausível, ela pode não ser considerada adequada legalmente.

Há algo peculiar na postura do Itaú. Sabe-se que os valores envolvidos são pouco materiais, mas divulgar o caso pode comprometer a credibilidade da governança da instituição. O esperado seria que a entidade conduzisse uma investigação interna, adotasse as medidas cabíveis e mantivesse a situação sob discrição. Contudo, em vez disso, o banco protocolou uma ação na justiça e comunicou o caso aos reguladores, gerando maior repercussão.

Em meio a essa controvérsia, o caso levanta questões importantes sobre governança corporativa, ética profissional e os limites das relações entre executivos e fornecedores. Independentemente do desfecho, ele serve como um alerta para a necessidade de maior transparência e rigor nos processos internos das organizações, especialmente em grandes instituições financeiras como o Itaú. Cabe agora à justiça e aos órgãos reguladores conduzirem uma investigação imparcial, garantindo que os fatos sejam devidamente esclarecidos e que eventuais responsabilidades sejam atribuídas de forma justa e adequada.

02 dezembro 2024

Quem é o Dono de uma Conta em Rede Social?

Afinal, quem é o dono de uma conta em uma rede social? A resposta a essa questão determinará onde o ativo deverá ser registrado: nas demonstrações financeiras da pessoa que criou a conta ou nas da empresa proprietária da rede social.


O debate surgiu no contexto da falência de Alex Jones, uma figura controversa nos Estados Unidos, conhecido como apresentador de rádio, cineasta e criador do site Infowars. Ele ganhou destaque como uma voz proeminente no mundo das teorias da conspiração, promovendo ideias polarizadoras e sem base factual. Em outras palavras, Jones se tornou um grande disseminador de desinformação, embora com uma audiência significativa.

Em um dos casos mais polêmicos, Jones afirmou que o massacre em uma escola ocorrido em 2012 seria uma farsa para promover o controle de armas. No incidente, 20 crianças e 6 adultos foram mortos. As famílias das vítimas processaram Jones e venceram uma ação judicial, resultando em uma indenização de US$ 1,5 bilhão. Incapaz de pagar o montante, Jones declarou falência, e seus bens foram leiloados, incluindo o Infowars. O The Onion, um site de humor baseado em notícias do mundo real, decidiu adquirir o Infowars, com planos de transformá-lo em uma paródia.

Jones não aprovou a transação e entrou com uma ação para bloquear a venda. Para que a venda fosse concretizada, o X (antigo Twitter) precisaria transferir os usuários associados ao Infowars — ou seja, os seguidores de Jones — para o novo proprietário.

Em um caso semelhante, uma decisão judicial determinou que a massa falida era proprietária de uma conta no X, e não o executivo que a administrava enquanto trabalhava para a empresa. A X argumenta que as contas não pertencem aos usuários e, portanto, não podem ser vendidas.

Fonte: Newsletter NYTimes

Consequências indiretas do PIX


Eis o resumo: 

 Neste artigo, utilizamos um instrumento e dados bancários a nível individual no Brasil para examinar os efeitos de uma nova tecnologia de pagamento, o Pix, na utilização de outras tecnologias de pagamento e seu impacto no setor bancário. Encontramos evidências de que o Pix aumenta o uso das quatro tecnologias de pagamento mais comuns no Brasil entre indivíduos e empresas. Além disso, nossas evidências empíricas sugerem que o Pix contribui para o aumento no número de contas bancárias, seu uso e o acesso ao crédito, beneficiando diferentes tipos de bancos. Os resultados indicam que a implementação de novas tecnologias de pagamento traz vantagens não apenas para empresas e indivíduos, mas também para a indústria bancária e de pagamentos em geral.

O trabalho comnpleto pode ser acessado aqui

Perdão para o filho

É uma tradição dos Estados Unidos que tem sido adotada por outros países. Algumas semanas antes de deixar o cargo, o chefe da nação perdoa pessoas que foram condenadas. Nos Estados Unidos há o caso famoso do presidente Ford perdoando o criminoso Nixon. Agora o atual presidente assinou o perdão do seu filho, Hunter Biden, que tinha sido condenado por evasão fiscal e porte ilegal de armas. Anteriormente, Biden afirmou que não iria interferir em nome do seu filho. 


Caso não fosse perdoado, Hunter poderia ter uma pena que chegaria a 25 anos de prisão. No caso da fraude fiscal, o próprio Hunter declarou culpado. Na sua declaração ao fisco, Hunter colocou que visitas a clubes de strip e outros itens como despesas dedutíveis.