Uma entidade do terceiro setor vive de doações e, eventualmente, de receitas oriundas de seu patrimônio, construído no passado. Acompanhar a variação das receitas de doações é acompanhar a saúde financeira da entidade. O caso da Universidade de Harvard é um exemplo interessante.
No passado, Harvard acreditou estar em sintonia com os novos tempos e nomeou, como reitora, uma pesquisadora polêmica. Claudine Gay fez algumas declarações consideradas antissemitas, o que desagradou a muitos dos ricos doadores simpatizantes de Israel. Além de ser pressionada por sua postura política, suas atitudes levaram à análise minuciosa de sua obra acadêmica, revelando sérios problemas de plágio.
No início deste ano, após afastar diversos doadores e gerar bastante polêmica, Claudine Gay renunciou ao cargo. Seu sucessor, Alan Garber, está tentando reaproximar a universidade desses doadores, combatendo o antissemitismo e o viés anti-Israel.
Os efeitos dos últimos meses de turbulência ficaram claros nas demonstrações contábeis. No exercício encerrado em 30 de junho, as receitas de doações caíram 14%, totalizando US$ 1,18 bilhão. A queda foi mais acentuada nos valores com algum tipo de restrição e menor liquidez, enquanto as doações de uso corrente aumentaram.
Apesar disso, muitos doadores já afirmaram que não farão mais contribuições para a universidade devido às atitudes antissemitas. Mesmo com essa diminuição, Harvard ainda é uma das universidades mais ricas do mundo. Seu fundo de investimento está avaliado em US$ 53,2 bilhões, com um retorno de 9,6% no último exercício. No entanto, o crescimento das despesas tem superado o aumento da receita.
Baseado: DealBook Newsletter de 18 de outubro