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17 outubro 2024

Cota Trans no vestibular da UnB

Da Istoé Dinheiro:

A Universidade de Brasília (UnB) aprovou, nesta quinta-feira (17), uma resolução que autoriza a implementação de cotas para ingresso de pessoas trans nos mais de 130 cursos de graduação da instituição. A medida, aprovada por unanimidade pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da universidade, destina 2% das vagas para pessoas autodeclaradas trans, o que abrange travestis, mulheres trans, homens trans, transmasculinos e pessoas não-binárias, em todas as modalidades de seleção para ingresso na instituição.

“Este é um momento histórico para a nossa universidade e para o Distrito Federal. A UnB, na sua tradição, tendo sido pioneira na aprovação das cotas para pessoas negras, ainda em 2003 e, depois, na aprovação das cotas étnico-raciais na pós-graduação, em 2020, agora avança com as cotas trans na graduação”, celebrou o vice-reitor Enrique Huelva, que presidiu a reunião de aprovação da nova resolução.

Um pouco da história da revisão por pares nos periódicos e o papel do custo

A Royal Society, uma entidade científica do Reino Unido, tornou públicos cerca de 1.600 relatórios produzidos entre 1949 e 1954, incluindo algumas avaliações de artigos que foram publicados. A entidade teve no Philosophical Transactions o primeiro periódico a implementar a revisão por pares.

Na época, o processo era mais informal, e o estilo de análise dos artigos submetidos para publicação em periódicos, como conhecemos hoje, só foi estabelecido anos depois, na década de 1970. Em alguns dos relatórios, há menções sobre férias e outras atividades pessoais. No entanto, já na década de 1950, a Royal Society começou a solicitar aos revisores que respondessem a um questionário padronizado, que incluía a questão-chave: a Royal Society deveria publicar o texto? Com isso, as respostas tornaram-se mais breves. Um exemplo curioso foi a revisão da química Dorothy Hodgkin (foto), que escreveu menos de 50 palavras após ler e revisar o texto completo sobre a estrutura do DNA, de autoria de Francis Crick e James Watson, em 1953, publicado nos Proceedings of the Royal Society em abril de 1954. Apesar da brevidade, o comentário de Hodgkin foi valioso, ao sugerir eliminar os reflexos das fotografias.

Há outros casos interessantes. Em 1950, um artigo escrito por James Oldroyd foi revisado por Harold Jeffreys, que comentou: “Conhecendo o autor, confio que a análise está correta.” Já em 1900, o físico Bidwell escreveu sobre um artigo de Edridge-Green: “Eu estava preparado para descobrir que seu novo artigo era um lixo; e acabou sendo um lixo de tal natureza que nenhuma pessoa competente poderia ter qualquer outra opinião sobre ele.”

Em 1951, o renomado Alan Turing propôs “novos métodos de modelagem matemática para o campo biológico, incluindo o uso de computadores”. No entanto, a revisão foi negativa, com um dos revisores sugerindo que Turing reescrevesse todo o texto, exceto a parte matemática. O outro parecerista, por sua vez, elogiou o trabalho.

Agora, uma parte que interessa diretamente aos contadores: a revisão por pares surgiu também por uma questão de custo. No final do século XIX, os revisores eram incentivados a avaliar o texto sob a perspectiva do custo crescente da impressão. Assim, a Royal Society passou a questionar se algumas partes dos artigos ou ilustrações não seriam redundantes.


Rir é o melhor remédio

Para os fãs do Excel
 

16 outubro 2024

Aproveite o melhor da internet com um leitor de RSS

É incrível descobrir que uma pessoa que você admira tem algo em comum com você. Lendo o texto de hoje de Cory Doctorow, senti exatamente isso. Basicamente, Doctorow apresentou uma solução simples para reduzir a quantidade de "besteiras" na internet. Enquanto acessar as páginas que você gosta significa que seus gostos serão rastreados por cookies, ou que você terá que diferenciar entre conteúdo sério e propaganda, cadastrar o seu e-mail para receber notícias também é um problema. As plataformas de mailing monitoram sua atividade de leitura – sabem se você abriu a mensagem, quanto leu e ainda coletam informações privadas do seu navegador, incluindo sua localização.

É verdade que a solução proposta não contempla todas as postagens de redes sociais, mas funciona para as publicações do Instagram ou de canais no YouTube. A cura para muitos dos males da internet está no RSS. É uma forma seletiva, invisível e automática de acessar o que há de melhor na rede. Em vez de abrir todo dia a página do Conselho Federal de Contabilidade, por exemplo, basta acessar seu RSS e usar um leitor de RSS para monitorar o site. Com isso, você pode acompanhar o que acontece em centenas de sites em um único lugar. Se o seu interesse é específico, como ler sobre contabilidade, o leitor de RSS permite que você descubra novos endereços por nome ou tema – tudo no mesmo lugar, com a mesma fonte, sem pop-ups ou propagandas, e sem que o site vasculhe sua vida, localização ou histórico.

Dependendo de como você organiza seus feeds, é possível acessar milhares de notícias por dia. Eu, por exemplo, verifico rapidamente os principais textos que cadastrei no meu leitor de RSS diariamente. Posso dividir minhas fontes em grandes temas, como Humor, Contabilidade, Notícias, Artigos e outros. Para os artigos que considero interessantes, mas não tenho tempo para ler no momento, basta salvar o feed para o futuro. Como sou otimista em relação à minha capacidade de leitura e produção de textos para o blog, já acumulei mais de 400 itens salvos no meu leitor. Recebo diariamente entre mil e duas mil postagens de diferentes endereços, então o filtro do leitor é bem útil.

Quando estou com pouco tempo e quero ler sobre um assunto específico, como "contabilidade", posso usar a ferramenta de pesquisa do leitor. Outro aspecto positivo, destacado por Cory Doctorow em seu texto, é que o leitor de RSS compartilha o conteúdo com você em ordem cronológica inversa, sem qualquer algoritmo ditando o que você deve ou não deve ler. E nisso você pode se deparar com surpresas, como ler sobre uma tribo indígena da Amazônia que está usando a internet para assistir pornografia.

Se você prefere usar o celular, a maioria dos leitores de RSS estão disponíveis como aplicativos, que podem sincronizar suas leituras no celular com as do computador.

O RSS basicamente funciona como as redes sociais deveriam funcionar. Usar RSS é uma chance de visitar um futuro utópico em que as plataformas não têm poder, e todo o poder está nas mãos dos editores, que decidem o que publicar, e dos leitores, que têm total controle sobre o que leem e como, sem vazar nenhuma informação pessoal apenas pelo simples ato de leitura.

E aqui está a melhor parte: cada vez que você usa o RSS, você traz esse mundo mais para perto de se realizar! O problema de ação coletiva que afeta os editores, amigos, políticos e empresas de quem você se importa é causado pelo fato de que todo mundo que eles querem alcançar está em uma plataforma, então, se eles saírem da plataforma, perderão essa comunidade. Mas quanto mais pessoas usarem o RSS para segui-los, menos eles dependerão da plataforma.

(...) Usar RSS para seguir o que é importante para você terá um impacto imediato e profundamente benéfico em sua vida digital – e moverá apreciavelmente, irreversivelmente, toda a internet em direção a um estado melhor.

Carona nos gastos públicos

Que o efeito carona nos gastos públicos existe, já era conhecido. Um caso típico é quando uma pessoa se beneficia dos serviços ofertados pelo governo enquanto outra paga os impostos. Um artigo recente mostra esse efeito entre nações. Existe o "free-riding" (carona) nos gastos de defesa entre os países da OTAN? Eis o resumo:


As preocupações com o "free riding" na OTAN são amplamente difundidas. Uma abordagem intuitiva para analisar o "free riding" é tratá-lo como um padrão sistemático de interdependência espacial entre os aliados: como os gastos com defesa de um membro da OTAN reagem a mudanças nos gastos militares de outros aliados? Embora trabalhos recentes tenham encontrado evidências estatisticamente significativas de "free riding" (interdependência espacial negativa nos resultados), esses estudos apresentam limitações importantes. Primeiro, essa pesquisa não leva em consideração de forma adequada a dependência temporal. Segundo, ela não quantifica o efeito de interesse. Considerar diretamente a dependência temporal oferece uma perspectiva significativamente distinta sobre as dinâmicas dentro da aliança, demonstrando que o efeito espaciotemporal do "free riding" é, de fato, mais substancial do que seu efeito de curto prazo, desafiando as inferências dos modelos espaciais estáticos. Discutimos as implicações práticas e teóricas relevantes.

A spatiotemporal analysis of NATO member states' defense spending: How much do allies actually free ride? Ringailė Kuokštytė & Vytautas Kuokštis - Political Science Research and Methods, forthcoming, via aqui

Em defesa do dinheiro físico

A Noruega é uma das economias mais digitalizadas do mundo, mas o governo está agora tentando reverter esse processo. Apenas 3% dos noruegueses usaram dinheiro físico, de acordo com uma pesquisa recente do Banco Central, o Norges Bank, e muitos estabelecimentos não o aceitam como forma de pagamento.

No entanto, o governo e o Banco Central da Noruega estão buscando desacelerar essa tendência. A partir de outubro, uma nova mudança na lei passou a reforçar os direitos de quem deseja pagar com dinheiro, incluindo a aplicação de multas para os estabelecimentos que se recusarem a aceitá-lo. Estima-se que 600 mil pessoas, ou 10% da população, enfrentam algum tipo de dificuldade em utilizar pagamentos digitais, sendo assim excluídas da economia. O dinheiro é uma forma de pagamento inclusiva e democrática, fácil de usar em transações, especialmente para idosos, que podem ter dificuldade em lembrar códigos ou confiar no processo de pagamento digital.

Para os comerciantes, o formato digital geralmente tem um custo menor, uma vez que as taxas cobradas, quando existem, são reduzidas. No entanto, há também riscos associados ao uso exclusivo de pagamentos digitais, como apagões na internet, falhas nos sistemas bancários, ataques cibernéticos, interrupções na rede elétrica ou erros nos sistemas dos bancos. Um recente caso de indisponibilidade do sistema Pix no Brasil demonstrou que esses problemas são reais. Além disso, o incidente envolvendo a CrowdStrike em julho ilustra a vulnerabilidade dos sistemas digitais. Essas falhas estão sendo relatadas em países desenvolvidos também. No setor, isso é chamado de "resiliência". O dinheiro, por sua vez, não depende de energia ou de sistemas eletrônicos, sendo uma alternativa segura diante de um ataque cibernético ou de uma falha tecnológica.

As medidas adotadas pela Noruega estão sendo implementadas também em outros países, que buscam proteger o direito das pessoas de usarem dinheiro como forma de pagamento. O Banco Central da Suécia, um país onde o uso de moeda digital é muito difundido, comentou sobre a importância do dinheiro físico:

"O dinheiro é essencial para consumidores excluídos digital e financeiramente. Além disso, é o único instrumento de pagamento que pode ser usado independentemente da eletricidade e das telecomunicações, sendo, portanto, crucial para a preparação de emergência da Suécia. Não há motivo ou tempo para esperar por uma nova revisão, como sugere a consulta. Existe um risco considerável de que o dinheiro seja ainda mais marginalizado e, em um futuro próximo, não possa mais ser usado para compras essenciais. O Riksbank, portanto, propõe emendas legislativas sobre a possibilidade de pagar em dinheiro por bens essenciais e a obrigatoriedade de os bancos aceitarem depósitos em dinheiro dos consumidores."


Baseado no texto do Naked Capitalism

15 outubro 2024

Adoção da IA

Eis o trecho do resumo:

 Este artigo relata os resultados da primeira pesquisa nacionalmente representativa dos EUA sobre a adoção de IA generativa no trabalho e em casa. Em agosto de 2024, 39% da população dos EUA, com idades entre 18 e 64 anos, utilizou IA generativa. Mais de 24% dos trabalhadores a utilizaram pelo menos uma vez na semana anterior à pesquisa, e quase um em cada nove a usou diariamente no trabalho. Dados históricos sobre o uso e o lançamento de produtos para o mercado de massa sugerem que a adoção de IA generativa nos EUA foi mais rápida do que a adoção do computador pessoal e da internet. A IA generativa é uma tecnologia de uso geral, no sentido de que é utilizada em uma ampla gama de ocupações e tarefas, tanto no trabalho quanto em casa.

E um dos gráficos do artigo:

 

Certamente o comparativo com outras tecnologias recentes mostra o impacto da IA:

 

O ponto azul é a adoção da IA.