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09 outubro 2024

Climate Scanner

O Climate Scanner é uma ferramenta que permitirá a órgãos de controle internacionais fazerem o monitoramento e a avaliação de políticas públicas sobre mudanças climáticas em diferentes regiões do mundo. O projeto foi desenvolvido pela Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai, que reúne 195 órgãos de controle do mundo e é presidida atualmente pelo Brasil, via Tribunal de Contas da União), com apoio do Pnud e de outros parceiros multilaterais. A iniciativa recebeu um aporte financeiro de US$ 1 milhão do BNDES.

“A ideia da plataforma, ao fornecer informações, é permitir que grandes instituições multilaterais direcionem seus esforços com mais precisão”, disse Dantas, sobre as iniciativas de enfrentamento à crise climática.

A ferramenta permite que 19 Instituições Superiores de Controle (ISCs) em diferentes países do mundo avaliem as ações governamentais de combate à mudança climática. A metodologia é organizada sobre três eixos: governança, financiamento climático e políticas públicas. O projeto, lançado em novembro passado em Dubai, durante a COP28, terá os primeiros resultados apresentados durante a COP29, que acontece em novembro deste ano, no Azerbaijão.


O texto é da Istoé Dinheiro. Há uma página no site do TCU sobre a ferramenta.  A metodologia, em inglês, pode ser encontrada aqui

Estratégia de investimento por geração

Este gráfico (via aqui) ilustra como cada geração utiliza diferentes estratégias de investimento:

- Comprar e manter: Compram ações e mantêm a longo prazo.
- Investimento em crescimento: Focam em empresas com crescimento acima da média.
- Investimento em ações fracionadas: Compram partes de ações caras.
- Negociação de curto prazo: Compram e vendem rapidamente.
- Indexação direta: Compram ações de um índice diretamente.
- Investimento socialmente responsável: Focam em critérios éticos.
- Robo-consultores: Usam serviços automatizados.
- Investimento temático: Investem em tendências específicas.


 

Falta de rigor em pesquisa científica


Parece piada, mas não é. Um artigo científico sobre a importância do rigor científico foi publicado na Nature Human Behavior. O artigo defendia o rigor científico, o que incluía o registro prévio da pesquisa - para evitar manipulação dos resultados, o uso de grandes amostras e a transparência metodológica. 

Depois de sua publicação, o texto foi retirado por críticas relacionadas com a falta de rigor científico do artigo. Os autores admitiram os erros e irão submeter uma nova versão revisada.

Private Equity e empresas de contabilidade

Da Forbes:

A profissão contábil, uma das mais confiáveis, está atraída pelos fundos de private equity, pois estes oferecem benefícios de liquidez evidentes e promessas de crescimento a longo prazo. O setor de contabilidade fragmentado, com seus fundadores envelhecendo e abundante fluxo de caixa, representa um alvo atraente. No entanto, alguns temem que a vasta propriedade de PE possa gerar conflitos de interesse, minando a independência que os CPAs devem manter ao auditar empresas públicas.

(...) O número de Contadores Públicos Certificados (CPAs) disponíveis está diminuindo, à medida que a geração Baby Boomer (e em breve a geração X também) se aposenta. Segundo o relatório 2023 Trends da American Institute of Certified Public Accountants, 65.305 diplomas de bacharelado e mestrado foram concedidos em contabilidade no ano letivo de 2021-2022, uma queda de 18% em comparação com seis anos antes. No mesmo período, o número de candidatos que passaram nos quatro exames necessários para obter a licença de CPA caiu ainda mais drasticamente — apenas 18.847 completaram com sucesso o teste em 2022, uma queda de 32% desde 2016.

(...) A tecnologia, particularmente a inteligência artificial, pode fornecer algum alívio, lidando com tarefas repetitivas que novos contadores anteriormente fariam, como entrada de dados e revisões financeiras rotineiras. Isso libera a equipe para trabalhos mais interessantes, incluindo serviços de consultoria empresarial de rápido crescimento. Mas adotar novas tecnologias custa dinheiro. (...)


Até agora, o private equity não conseguiu entrar nas “Big 4”, das maiores empresas do país. Em 2022, a Ernst & Young rejeitou uma proposta da TPG que envolveria a separação da empresa, com o investimento de PE indo apenas para o lado não relacionado à auditoria.

Leia mais em: https://forbes.com.br/forbes-money/2024/09/por-que-o-private-equity-esta-correndo-para-comprar-empresas-de-contabilidade/

08 outubro 2024

Coincidências e Conexões: o Nobel de Hinton


Ontem, comecei a ler o livro de Anil Ananthaswamy, Why Machines Learn: The Elegant Math Behind Modern AI, uma recomendação que veio do Marginal Revolution. Foi só o começo, mas hoje de manhã, fui surpreendido com a notícia do Prêmio Nobel de Física para Geoffrey Hinton. Mais tarde, ao voltar ao livro, uma coincidência inesperada: uma citação de Hinton chamando-o de "Uma Obra-Prima". A conexão entre o livro e o Nobel me fez enxergar o quanto essa leitura está em sintonia com os grandes avanços da IA.

Por sinal, Hinton é citado mais de cem vezes no livro.

Ordem Alfabética afeta as notas dos alunos

Eis um extrato:

Uma análise feita por pesquisadores da Universidade de Michigan de mais de 30 milhões de registros de notas da U-M revela que alunos com sobrenomes classificados alfabeticamente mais para o final recebem notas mais baixas. Isso ocorre devido a vieses de correção sequencial e à ordem padrão de submissão dos alunos no Canvas — o sistema de gerenciamento de aprendizado mais utilizado — que se baseia na ordem alfabética dos sobrenomes. . . .  


Wang disse que alunos com sobrenomes que começam com A, B, C, D ou E receberam uma nota 0,3 ponto mais alta de um total de 100 possíveis, em comparação com quando foram avaliados aleatoriamente. Da mesma forma, alunos com sobrenomes mais próximos ao final do alfabeto receberam 0,3 ponto a menos — criando uma diferença de 0,6 ponto.  

(...) um pequeno grupo de corretores (cerca de 5%) que avalia de Z a A, a diferença de nota se inverte, como esperado: alunos com sobrenomes entre A e E são mais prejudicados, enquanto os com sobrenomes entre W e Z recebem notas mais altas em relação ao que receberiam se fossem avaliados aleatoriamente. . . 

Já se sabia da existência de um efeito ordem alfabética. E o número de casos da amostra impressiona. 

Matrimônio por rapto

Parte de um trecho bastante interessante:

Primeiro, com a ajuda de um tradutor local que me deu acesso às comunidades Nuer e Anuak, no oeste da Etiópia, perto da fronteira com o Sudão do Sul, pude entrevistar líderes comunitários, homens e mulheres casados por rapto, e também familiares de mulheres que estavam raptadas no momento da entrevista. Essas entrevistas nos permitiram caracterizar bem essa prática. A primeira surpresa foi descobrir que o raptor e a raptada geralmente já são um casal, a raptada está de acordo, e participa ativamente no rapto. 

Qual é, então, o propósito do rapto? Vamos primeiro contextualizar. Nessas comunidades, quando ocorre um casamento, a família do noivo deve pagar à família da noiva cerca de 15 vacas, o que é proibitivo para muitas famílias. Embora o valor do pagamento não dependa muito das características pessoais do noivo, da noiva ou de suas famílias, há uma característica específica que influencia o preço: a castidade da noiva. Nessas comunidades, o sexo pré-marital é muito estigmatizado, e mulheres que o praticaram têm dificuldades para se casar com outro parceiro, e quando se casam, suas famílias recebem um pagamento menor. Esse estigma do sexo pré-marital é o que motiva o rapto, que começa com a mulher passando a noite na casa da família do noivo. O primeiro passo da família do noivo após o rapto é avisar ao "Kebele" (uma espécie de prefeitura local) que a parceira de seu filho passou a noite em sua casa. Comunicar esse fato à prefeitura tem um duplo objetivo. Primeiro, anuncia à comunidade que a noiva do seu filho já não é virgem, diminuindo o poder de negociação da família da noiva nas negociações matrimoniais. Segundo, o Kebele atua como mediador nas negociações matrimoniais que se seguem ao rapto para evitar conflitos violentos entre as famílias. Embora a decisão final seja dos pais da noiva, na maioria das vezes o rapto termina em casamento formal, aceito a contragosto pelos pais da noiva, que normalmente aceitam uma redução de aproximadamente 30% no pagamento pelo casamento de sua filha. 

A tabela acima mostra que nos períodos de seca, indicando que o rapto é feito para reduzir o pagamento que deveria ser feito.

Nos comentários, o autor esclarece a razão de usar o termo rapto no texto. E conclui que, felizmente, o cenário está mudando.