Eis um trecho pequeno da notícia:
A varejista Americanas disse na terça-feira (16) que uma investigação de um comitê independente encontrou uma fraude contábil responsável por inconsistências no balanço patrimonial que levaram a um pedido de recuperação judicial da empresa em janeiro de 2023.
A Polícia Federal está conduzindo uma investigação sobre uma suposta fraude contábil de 25,3 bilhões de reais na Americanas, uma das maiores varejistas online e físicas do Brasil.
“As evidências apresentadas pelo comitê confirmam a existência de fraude contábil, caracterizada, principalmente, por lançamentos indevidos na conta Fornecedores, por meio de contratos fictícios de VPC (verbas de propaganda cooperada) e por operações financeiras conhecidas como ‘risco sacado’, dentre outras operações fraudulentas e incorretamente refletidas no balanço da companhia”, disse a Americanas em um documento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite de terça-feira.
Veja que este é um lado da notícia. Nos últimos dias, estamos assistindo a uma série de textos sobre a investigação interna e externa do que ocorreu com as Americanas. Como sempre, temos a tendência de procurar uma resposta simplória para questões complexas. Parece que, desta vez, o roteiro é o seguinte: alguns poucos executivos da empresa foram responsáveis pelos problemas da empresa. Veja que negritei a palavra "poucos", pois é muito importante.
Entretanto, existia uma cultura na empresa, derivada de seus controladores, que forçava o atingimento de metas. Também enfrentamos um cenário onde a concorrência estava cada vez mais acirrada, e a Americanas parecia não acompanhar. Há ainda a questão de um comitê de auditoria e um conselho de administração que não perceberam o que estava ocorrendo, uma empresa de auditoria que aprovava os números sem problemas, um mercado que deveria estar atento às informações, um regulador que não tem recursos para fazer uma varredura nas divulgações e uma imprensa que muitas vezes parece um reprodutor de dados repassados pelo RI da empresa. E, no final, a culpa recai sobre dois ou três executivos, que provavelmente sim, são culpados, mas não os únicos culpados.
A versão atual é de uma investigação interna e externa. Mas podemos acreditar nela?
Imagem criada Genigpt