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15 julho 2024

Os 100 melhores livros do século


O New York Times publicou uma lista com os 100 melhores livros do século. Para compilar essa seleção, 523 pessoas foram convidadas a enviar uma relação com seus 10 livros preferidos, publicados a partir de 1º de janeiro de 2000. Após enviar suas listas, os participantes podiam ainda escolher o melhor livro entre duas sugestões apresentadas. Os dados dessas sugestões, juntamente com os totais de votos dos livros favoritos, foram agregados para criar a lista dos 100 melhores livros.

Não foi definido um critério específico para "melhor", permitindo que a escolha variasse desde o livro preferido de alguém até uma obra que se acreditava que duraria por muitos anos. Para serem considerados, os livros precisavam ter sido lançados em inglês nos Estados Unidos.

Os 20 primeiros foram (fonte: aqui):

1. "A Amiga Genial", de Elena Ferrante;
2. "The Warmth of Other Suns", de Isabel Wilkerson;
3. "Wolf Hall", de Hilary Mantel;
4. "O mundo conhecido", de Edward P. Jones;
5. "As Correções"; de Jonathan Franzen;
6. "2666", de Roberto Bolaño;
7. "The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade", de Colson Whitehead
8. "Austerlitz", de W. G. Sebald;
9. "Não Me Abandone Jamais", de Kazuo Ishiguro;
10. "Gilead", de Marilynne Robinson;
11. "A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao", de Junot Díaz;
12. "O Ano do Pensamento Mágico", de Joan Didion;
13. "A Estrada", de Cormac McCarthy;
14. "Esboço", de Rachel Cusk;
15. "Pachinko", de Min Jin Lee;
16. "As Incríveis Aventuras de Kavalier e Clay", de Michael Chabon;
17. "O Vendido", de Paul Beatty
18. "Lincoln No Limbo", de George Saunders;
19. "Say Nothing"; de Patrick Radden Keefe;
20. "Erasure", de Percival Everett

Fiquei feliz em ver "Pachinko" ali, dentre os primeiros, pois li e achei incrível, tornando-se um dos meus favoritos também. Uma obra que está na minha lista de leituras futuras e que parece ser incrível é “Não Me Abandone Jamais”, do Kazuo Ishiguro.

Em 1ª posição veio "A Amiga Genial", da Elena Ferrante, de quem já falamos nesta postagem peculiar. Elena Ferrante é um pseudônimo misterioso; ninguém sabe quem ela realmente é. Em nossa postagem, destacamos um jornalista que acredita que Elena seja, na verdade, Anita Raja, com base nos pagamentos efetuados pela editora na época em que a obra foi publicada.

No site é possível ver em quem alguns autores ou “celebridades” votaram. Segundo Stephen King, por exemplo, o melhor livro é “Reparação”, de Ian McEwan. Para Min Jin Lee, em 1º lugar vem “Toda Luz Que Não Podemos Ver”, do Anthony Doerr, que inclusive ganhou o prêmio de melhor livro de Ficção no Pulitzer de 2015 e é, realmente, sensacional, também nos meus top 5, ali juntinho de Pachinko. Achei curioso o James Patterson ter colocado "Harry Potter" entre os seus dez mais e me pergunto se a obra teria aparecido mais vezes caso a votação permanecesse anônima. 

Os 100 "melhores" do século são claramente enviesados, por, dentre outros, considerarem a opinião de quem o jornal escolheu, em relação a livros publicados nos Estados Unidos, com considerável verba publicitária para conseguir se destacar meio a tantas opções. Mas não deixa de ser uma publicação curiosa e interessante!

Em alguns livros deixamos o link afiliado da Amazon, pelo qual ganhamos uma pequena porcentagem.

14 julho 2024

A Linha Tênue entre Gerenciamento de Resultados e Fraudes Corporativas

Fonte da imagem: aqui


Um artigo bem interessante publicado na última edição da Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC):

Resumo

Objetivo: Investigar se em períodos anteriores a fraudes corporativas ocorre aumento no volume de gerenciamento de resultados.

Método: Foram analisadas três diferentes amostras: Amostra 1, contendo todas as empresas não financeiras listadas no Brasil, Bolsa, Balcão (B3); Amostra 2, contendo companhias condenadas por fraude; e Amostra 3, com pareamento entre companhias fraudulentas e não fraudulentas. Para a Amostra 1, foi realizada a regressão Logit para dados em painel; para a 2, foi realizada uma análise descritiva por quartis; e para a 3, foram realizados Z score de Altman, teste U de Mann-Whitney e análise gráfica.

Resultados: De modo geral, demonstram que as empresas que se envolveram em fraudes gerenciam mais do que aquelas que não se envolveram, porém não foi possível identificar o período exatamente anterior ao cometimento da fraude.

Contribuições: A pesquisa apresenta contribuições para organizações e seus respectivos gatekeepers. Podem ser citadas como inovações da pesquisa desenvolvida em relação aos estudos predecessores: (i) propostas diferentes variáveis e modelagens; (ii) pioneirismo no contexto nacional; (iii) promoção de reflexões sobre o impacto da concorrência entre informações fidedignas e qualidade dos lucros.
Palavras-chave: Gerencimamento de Resultados, Fraudes Corporativas, Demonstrações Financeiras

Monize Ramos do Nascimento
Universidade de Brasília

Rodrigo de Souza Gonçalves
Universidade de Brasília

Rir é o melhor remédio





Adaptado de @leslie_bern, compartilhado pelo professor doutor e super blogueiro, Sandro, a quem agradecemos.




 



08 julho 2024

IA e o Ambiente: efeito sobre Google

O mais recente do Google relatório de impacto ambiental mostra quem está contribuindo para a empresa não atingir a meta de emissões líquidas zero de carbono até 2030: a Inteligência Artificial. As emissões de carbono da empresa tiveram um aumento anual de 13% em relação a 2022 e 49% quando comparado com 2019. 


Há uma estimativa que uma pesquisa no ChatGPT seja equivalente, em termos de uso de energia, a dez pesquisas no Google. 

Frase



Mas eu diria com toda a honestidade que está aquém de 100%

(Tim Cook, chefão da Apple, quando perguntado sobre sua confiança de que o sistema de inteligência artificial da Apple Intelligence não vai alucinar)

História da nota de rodapé

Achei o texto a seguir bem interessante. No final retorno com meus comentários:

Notas de Rodapé da História

A adição de notas de rodapé aos textos por historiadores começou muito antes de seu suposto inventor, Leopold von Ranke, começar a usá-las (mal, como se descobriu). 


"A história da nota de rodapé pode parecer um tópico apocalipticamente trivial", escreve o historiador Anthony Grafton. "As notas de rodapé parecem estar entre as características mais incolores e desinteressantes da prática histórica." No entanto, Grafton — que também escreveu "The Footnote: A Curious History" (1999) — argumenta que elas são, na verdade, bastante importantes. "Uma vez que o historiador escreve com notas de rodapé, a narrativa histórica torna-se uma prática distintamente moderna", explica Grafton. A história deixa de ser uma questão de boato, opinião não fundamentada ou capricho.

"O texto persuade, a nota prova", afirma ele. As notas de rodapé desempenham dupla função, pois também "persuadem além de provar" e abrem o trabalho para uma multiplicidade de vozes.

Leopold von Ranke (1795–1886), o fundador da história baseada em fontes, é geralmente creditado com a "invenção" da nota de rodapé acadêmica na tradição europeia. Grafton descreve a teoria de von Ranke como mais aguçada do que sua prática: suas notas de rodapé eram muito desleixadas para servirem de modelo para os acadêmicos de hoje. Mas várias formas de notas de rodapé foram usadas muito antes de von Ranke. As fontes eram de vital importância tanto para advogados romanos quanto para teólogos cristãos na Antiguidade tardia e no início da Idade Média, enquanto se esforçavam para sustentar seus próprios argumentos com o peso e a gravidade dos outros. Como Grafton escreve em um segundo artigo sobre essa história de nomear suas fontes, "a nota de rodapé moderna — com seus detalhes bibliográficos completos, discussão de textos e fontes variantes, e local separado na página [...] parece ter chegado à sua forma definitiva no final do século XVII."

O extremamente influente "Dicionário Histórico e Crítico" (1697) de Pierre Bayle é a obra a citar aqui. O Dicionário "consistia em grande parte de notas de rodapé (e até mesmo notas de rodapé das notas de rodapé)". Dentro de algumas décadas, acadêmicos que emulavam Bayle "produziam notas de rodapé aos montes — e satiristas zombavam deles por fazerem isso."

Grafton tem um candidato para a nota de rodapé mais longa conhecida: ela tem 165 páginas e é encontrada na "History of Northumberland" de John Hodgson, de 1840. O prêmio para as notas de rodapé mais irônicas vai para Edward Gibbon, que joga sério no texto de "The History of the Decline and Fall of the Roman Empire" (publicado entre 1776 e 1789) e depois adiciona a ironia nas notas de rodapé, minando de forma lúdica a seriedade do esforço acima. Para os historiadores, as notas de rodapé "equivalem a uma biografia intelectual staccato e parcial." As "notas de rodapé do historiador oferecem uma narrativa sobre o historiador que escreveu o texto." Elas nos contam o que eles consultaram e como interpretaram essas fontes. Afinal, esses historiadores estão nos pedindo para confiar que eles fizeram o trabalho, o que é típico de muita leitura. "As notas de rodapé nos dão razões para acreditar que seus autores fizeram o melhor para descobrir a verdade sobre eventos passados e países distantes." Elas são, em suma, as credenciais do historiador, suas bona fides (Latim para "em boa fé").

Acima de tudo, escreve Grafton, as notas de rodapé "democratizam a escrita acadêmica" tanto ao trazer outras vozes para a conversa quanto ao incluir o leitor. Isso torna cada leitor parte do argumento e, pelo menos em teoria, um verificador de fatos. Poucos leitores vão se aprofundar nas notas, mas as notas devem, mesmo assim, fornecer suporte para pontos controversos e fatos questionáveis. (Certamente este leitor encontrou muitos tópicos para escrever aqui no JSTOR Daily nas notas de rodapé ou notas finais de livros e artigos. Bancos de dados acadêmicos modernos como o JSTOR tornam a verificação das notas muito mais fácil do que costumava ser.)

Não são apenas os historiadores, é claro. Biógrafos e escritores de ciência, se sabem o que é bom para eles, também devem compartilhar/revelar sua pesquisa. Alguns autores populares evitam citar fontes, enquanto editores comerciais tendem a pensar que a infraestrutura da erudição — notas/bibliografias/índices — não é particularmente vendável. No entanto, a nota de rodapé, muitas vezes como uma nota final, está hoje viva e bem no mundo acadêmico. Enquanto isso, a publicação virtual permite que as citações sejam vinculadas diretamente à fonte — afinal, você pode ter seu bolo e comê-lo também. 

Meus comentários:

As notas de rodapé é uma forma de indicar a fonte, sem interromper a leitura. Nos livros de divulgação científica, as notas indicam, para o leitor mais interessado no assunto que está sendo discutido, a fonte mais relevante ou uma sugestão de leitura indicada pelo autor. Geralmente são colocadas no final do livro, com uma indicação discreta de um número. O livro A Máquina do Caos, por exemplo, tem mais de 500 páginas, sendo 10% delas de nota de rodapé. Como leitor gosto desta forma de apresentar, no final, de maneira que somente os itens que interessam serão lidos ou consultados.

Mas a partir da leitura do texto acima fiquei curioso sobre algo que chega perto das notas de rodapé: as notas explicativas. Elas possuem a mesma função e geralmente estão vinculadas as principais contas das demonstrações contábeis, notadamente o Balanço e a DRE. Mas quando surgiu as notas explicativas? O dicionário de Chatfield e Vangermeersch, The History of Accounting, não traz nenhuma pista, apesar de citar o termo 15 vezes.

Há um documento da AIA, de 1932, que afirmava: 

Os principais objetivos que este Comitê [AIA] acha que a NYSE deveria... fazer o seu melhor para alcançar gradualmente [incluem]... não tentar restringir o direito das corporações de selecionar métodos contábeis detalhados considerados por elas como os mais adequados às necessidades de seus negócios; mas... pedir a cada corporação listada que faça com que uma declaração dos métodos de contabilidade e relatório por ela empregados seja formulada com detalhes suficientes para servir como guia para seu departamento contábil; fazer com que tal declaração seja adotada por seu conselho, de modo a ser vinculante para seus oficiais contábeis; e fornecer tal declaração à Bolsa e torná-la disponível para qualquer acionista mediante solicitação e pagamento, se desejado, de uma taxa razoável.

A SEC, uma década depois, em 1941 (documento ASR 21), indicava:

Se qualquer mudança significativa no princípio ou prática contábil ... tiver sido feita, uma declaração a respeito deverá ser fornecida em uma nota à demonstração apropriada, e se a mudança ou ajuste afetar substancialmente a comparação adequada com o período fiscal anterior, a explicação necessária deverá ser dada.

Uma defesa mais apaixonada está na obra de Bullock, de 1956

Uma nota de rodapé é uma divulgação pela administração de informações pertinentes que não é viável ou costumeiro incorporar nas próprias demonstrações... Do ponto de vista da administração, uma nota de rodapé pode ser uma solução pela qual mudanças indesejadas na demonstração proposta podem ser evitadas. Do ponto de vista do auditor, uma nota de rodapé pode ser uma solução pela qual a empresa faz uma divulgação suficiente para que a necessidade de fazer uma ressalva em seu relatório seja evitada. [1]

Isto tudo não esclarece o surgimento das notas explicativas. Eu creio que seu surgimento pode ter ocorrido antes do século XIX, quando muitos conceitos que conhecemos hoje apareceram nas informações divulgadas ao público. Mas realmente não sei precisar este ponto. [2]

[1] (Uma nota de rodapé aqui: a fonte das preciosidades históricas que citei é o livro de Chambers, An Accounting Thesaurus 500 Years of Accounting)

[2] (Outra nota de rodapé aqui: este pode ser um tema para uma próxima postagem)

Rir é o melhor remédio

Estudando as duas da manhã