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14 junho 2024

Acionistas dizeram sim para Musk

Os acionistas da Tesla votaram para conceder ao CEO Elon Musk um pacote de ações no valor de cerca de US $ 56 bilhões, relata a BBC, e para transferir a sede da empresa para o Texas, onde os tribunais são menos propensos a interferir. O acordo estabelece um recorde mundial e representa um enorme ganho financeiro para um homem que já está entre os mais ricos do mundo.


O valor do pacote salarial muda com o preço das ações, mas é mais do que a empresa obteve no lucro líquido em toda a sua existência, cerca de três vezes o lucro bruto da empresa em 2023 e mais do que todo o valor de mercado da General Motors. Como um CEO pode conceder a si mesmo um bônus? É simples: ele controla o conselho e muitos acionistas são fãs da Elon que não são particularmente racionais sobre isso. Musk ameaçou ir embora. 

A mudança para o Texas é porque Delaware, onde a Tesla está atualmente sediada, já havia bloqueado o acordo. 

Fonte: aqui

Paradoxo de Jevons e a questão ambiental

Tim Harford lembra do Paradoxo de Jevons na discussão sobre a questão ambiental. Trata-se de uma proposição de William Stanley Jevons, de 1865. Jevons observou que, ao contrário da intuição, o aumento da eficiência no uso de um recurso não leva necessariamente à redução no consumo desse recurso. Em vez disso, pode até aumentar o consumo total. Por exemplo, a melhoria na eficiência do uso de carvão durante a Revolução Industrial levou a um aumento na demanda por carvão, não a uma diminuição.

Antigamente, quando queríamos nos comunicar com as pessoas, usávamos a carta. Para os mais novos, a carta era escrita em um pedaço de papel e, muitas vezes, íamos aos correios, colocávamos dentro de um envelope, e os correios encarregavam-se de levar ao destino. Poderia levar dias ou meses. Hoje, quando queremos fazer a mesma coisa, usamos o e-mail ou uma mensagem de telefone. Pelo paradoxo, aumentou a eficiência do recurso, mas provavelmente agora devo ter mensagens no meu celular e minha caixa de e-mails tem centenas delas por responder.


O fato de Jevons ter proposto sua ideia em 1865 e hoje, em 2024, estarmos falando sobre ela é um sinal de que deve ter um certo sentido. E parece que efetivamente funciona. E aqui voltamos para a questão ambiental. Tim Harford, um conhecido colunista do Financial Times, lembra que uma das esperanças para resolver o problema do ambiente é melhorar a eficiência energética. Ou seja, tornando os automóveis mais eficientes no consumo de combustível, ganhando qualidade nos aparelhos domésticos, entre outros. O que seria uma solução, na verdade, tornou-se um problema. É o efeito rebote: um bem se torna mais eficiente e barato, seu uso tende a aumentar porque as pessoas o consideram mais acessível e útil, levando a um consumo geral maior.


Conforme lembra Harford, o paradoxo é importante para lembrar que não devemos necessariamente esperar um milagre da tecnologia para resolver o problema ambiental. Mas há esperança, já que vários casos passados mostram que a eficiência energética realmente diminuiu o consumo de energia.

Um fato que devemos lembrar é nunca esperar resolver um problema somente com uma solução. Não podemos descartar, conforme lembra o colunista, que juntamente com o milagre da eficiência, tenhamos, por exemplo, uma política que institua um imposto sobre o carbono.

Maratonar

A ascensão da Netflix e de outros canais de streaming levou à criação do verbo "maratonar". Isso significa passar horas diante de uma tela assistindo a um programa favorito. Ao contrário da televisão tradicional, que liberava as ficções em conta-gotas, os streamings muitas vezes entregam o produto de uma vez só. E as pessoas querem assistir aos episódios logo, para comentar com amigos e ver as reações na rede.

Há uma frase de um gestor da Netflix que resume um pouco isso: "o maior inimigo da empresa é o sono". Temos aqui a tradução, em outras palavras, do significado de maratonar. Mas será isso um problema?

Li recentemente um texto sobre o assunto no excelente The Conversation. E o autor, um historiador, lembra que a maratona não é algo novo. Trata-se de uma tradução de um desejo humano muito antigo de estar imerso em uma história. As narrativas orais estiveram muito presentes na evolução humana. O livro "Odisseia", atribuído a Homero, está baseado nessas narrativas, mas a tradição deve ser bem mais antiga.

A evolução tecnológica muda um pouco esse cenário. E falo aqui do livro, não da televisão. O livro traz a possibilidade de registrar de maneira mais precisa as narrativas e, a grande mudança, permite que muitas pessoas possam ter acesso a elas. A imprensa de Gutemberg trouxe leitores ávidos em todo o mundo, que devoravam os romances em público ou à luz de velas.

Já comentei aqui sobre o livro "O Infinito em um Junco", que traz, de maneira maravilhosa, a transformação da linguagem oral na escrita. Também nunca é demais lembrar que a revolução da contabilidade das partidas dobradas foi muito acelerada graças a um livro. E que Portugal, e o Brasil por consequência, ficou atrasado economicamente pelo fato de alguém ter escolhido o capítulo errado para verter na nossa língua.

O livro trouxe então uma efetiva maratona, que era muito inclusiva, já que as mulheres, veja que horror, adquiriram gosto em ler na cama, rindo alto de uma narrativa, emocionando-se com outras, adquirindo hábitos ofensivos. E muitas obras, como "Memórias de um Sargento de Milícias", foram lançadas em capítulos, a conta-gotas, nos jornais da época.

Mesmo com esta longa descrição, ainda assim, quando pensamos em maratonar, estamos associando à Netflix. Talvez a existência de um grande conteúdo, a concorrência entre os canais e a acessibilidade tornem o termo mais apropriado para ser usado nos nossos dias.

Voltando ao texto do The Conversation, o autor pergunta, no final, qual a razão de gostarmos tanto da maratona. Há razões químicas (liberação de dopamina, que está associada ao prazer e vício), emocionais (queremos saber como acaba) e, isto não é explorado no texto, queremos estar prontos para compartilhar a experiência com os amigos.

Há uma mudança sutil em relação ao passado. Nas palavras do texto:

"Hoje em dia, maratonar frequentemente vem acompanhado de sentimentos de culpa e improdutividade, refletindo uma mudança nos valores sociais em relação ao tempo de lazer. Em certos momentos do passado, o envolvimento prolongado com histórias seria visto por alguns grupos como uma atividade cultural valiosa, contribuindo para o enriquecimento pessoal e interação social."

Fechando,

"Talvez, ao reconhecer este precedente histórico, possamos apreciar nosso amor pela maratona e não nos sentir tão mal com isso."


13 junho 2024

Frase


 

Assim como a habilidade de criar modelos simples mas evocativos é a assinatura do grande cientista, a superelaboração e a superparametrização são frequentemente o marco da mediocridade. (Box, 1976)

Rir é o melhor remédio

 

Cultura tóxica

Avaliação de marca

Para quem acredita: 

A Apple se tornou a primeira empresa a ultrapassar US$ 1 trilhão em valor de marca, um salto de 15% em relação ao ano passado, enquanto o valor da Nvidia quase triplicou, mostrou nesta quarta-feira um ranking global da BrandZ, da Kantar. 

A fabricante do iPhone manteve em 2024 o título de marca mais valiosa do mundo pelo terceiro ano consecutivo, seguida pela Alphabet, com US$ 753 bilhões, e pela Microsoft, com US$ 713 bilhões, disse a Kantar. 

“A Apple tem sido consistentemente capaz de fornecer produtos, serviços e mensagens que ressoam de perto com os consumidores, criando uma forte base de fãs para a marca”, disse o analista da Counterpoint, Varun Mishra.

Com uma capitalização de mercado de US$ 3,18 trilhões, a Apple está à frente da Nvidia com US$ 2,97 trilhões.

Na esteira de uma onda de entusiasmo com IA e um boom na demanda por chips, a Nvidia entrou pela primeira vez na lista da Kantar das dez marcas mais valiosas do mundo. 

A Kantar informou que sua pesquisa abrangeu mais de 4,3 milhões de entrevistas com consumidores em 532 categorias, além de 21.000 marcas diferentes em 54 mercados.

Apesar de contar com uma metodologia, a grande base desse tipo de mensuração é baseada no valor de mercado. Sem isso, não há esse tipo de listagem. As dificuldades de mensurar marca ainda persiste.

Letra do nome e vida

Eis que interessante:


Pode parecer exagerado, mas os pesquisadores psicológicos afirmam ter encontrado evidências de que seu nome pode determinar a direção de sua vida.

Em um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology, pesquisadores da Universidade de Utah analisaram (...) um conceito de longa data postulando que seu nome tem uma influência estranha sobre sua carreira e vida.

Embora possa soar como o tipo de pseudociência woo-woo empregada por disciplinas como astrologia e numerologia, há evidências anedóticas abundantes sugerindo alguma legitimidade para a teoria além da mera coincidência. Tomemos, por exemplo, o corredor de longa distância Usain Bolt, que é considerado o homem mais rápido vivo, ou Doug Bowser, o presidente da Nintendo of America.

Os autores do artigo Promothesh Chatterjee, Himanshu Mishra e Arul Mishra analisaram o Twitter, o Google News, o Google Books e o enorme banco de dados Common Crawl para tentar descobrir se a teoria tem algum mérito “no mundo real”. Usando dados sobre mais de 3.400 pessoas, os pesquisadores descobriram que, ao limitar as buscas a consultas de uma única palavra – como nomes de cidades como “Chicago” ou nomes de profissões como “médico” – a tendência para pessoas cujo seus primeiros nomes corresponde à primeira letra de sua cidade e / ou profissão escolhida parecia ocorrer muito mais comum para que fosse puramente coincidência.

Curiosamente, a tendência parece diminuir um pouco à medida que o acesso ao ensino superior aumentou, o que, de acordo com o trio de Utah, sugere que as pessoas que não foram para a faculdade podem ser mais influenciadas pelo determinismo nominativo do que aquelas que fizeram o ensino superior. (...)

A  revista The Economist já chamava atenção para este ponto sobre líderes políticos e líderes empresariais. Em termos práticos, muitas das nossas decisões são baseadas na ordem alfabética. Assim, quando procuramos um conjunto de contadores, é muito comum o resultado estar em ordem alfabética.