11 abril 2024
Recuo da SEC nas regras climáticas
A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos emitiu normas exigindo que as empresas divulguem seus riscos climáticos. Mas as críticos dos estados governados pelos republicanos e grupos de pressão das empresas mudaram um pouco o espírito ambiental da agência.
E diante das críticas, a SEC decidiu suspender no dia 4 de abril. O motivo foi o risco legal, conforme o site DealBook.
Mais de 30 partes estão contestando as novas regras, que exigem maior transparência sobre os riscos climáticos enfrentados pelas empresas. (...) um grupo de procuradores-gerais estaduais republicanos processou a agência, argumentando que ela havia extrapolado sua autoridade e que as empresas já divulgavam dados suficientes sobre os riscos climáticos aos investidores.
A S.E.C. diz que não está recuando. "Ao emitir uma suspensão, a comissão não está se afastando de sua visão de que as regras finais são consistentes com a lei aplicável e dentro da autoridade de longa data da comissão", escreveu a agência em sua ordem. Ela acrescentou que "continuará defendendo vigorosamente a validade das regras finais no tribunal".
Enquanto isso, as empresas já enfrentam exigências mais rigorosas de divulgação climática na União Europeia e na Califórnia. Exigências semelhantes estão pendentes em Nova York e Illinois.
Crise na aposentadoria
Larry Fink é uma das pessoas mais influentes no mundo dos negócios. Como chefe da empresa de gestão de investimento BlackRock, Fink foi um dos primeiros defensores da abordagem ESG. Na sua recente carta aos investidores, Fink chamou a atenção para um novo tema: a crise global da aposentadoria.
Para Fink, a aposentadoria precisa mudar, já que muitos países chegarão a um ponto crítico de envelhecimento nas próximas duas décadas. E as pessoas não estão economizando o suficiente para quando parar de trabalhar.
Depois de comandar investimentos verdes, Fink parece estar mais realista agora. Para ele a transição para economia verde era inevitável, mas parou de usar o termo ESG por questão política.
Fonte: newsletter NYT
09 abril 2024
Ainda PwC Austrália
No ano passado, a imprensa australiana descobriu que a PwC foi contratada para ajudar o governo do país a elaborar uma reforma tributária. O problema é que a PwC resolveu aproveitar a situação e começou a vender consultoria sobre o assunto, inclusive instruindo clientes sobre brechas potenciais na lei, até mesmo para empresas internacionais.
O caso do vazamento ainda está sob investigação. No início de abril, um grupo bipartidário de senadores divulgou que a PwC Internacional está recusando-se a divulgar informações sobre os aspectos internacionais do escândalo. Haveria "seis parceiros sujos" que se beneficiaram da informação. Os senadores divulgaram um relatório onde há conclusões condenatórias para a PwC da Austrália e a PwC Internacional. Segundo a newsletter da AFR:
Sobre a PwC Austrália: O comitê disse que a empresa forneceu informações “no melhor dos casos, vagas” sobre quais parceiros atuais e anteriores eram “responsáveis pelo mau uso de informações confidenciais do governo”. A empresa também falhou em fornecer evidências suficientes para provar que havia reformado sua “estrutura, práticas e cultura” após o escândalo dos vazamentos de impostos.
Sobre a PwC Internacional: “[A PwC Internacional] continua a usar o privilégio legal profissional como razão para não fornecer o relatório Linklaters ao comitê. Neste aspecto, o comitê lembra a PwC [Internacional] que a PwC [Austrália] consistentemente se escondeu atrás da aplicação incorreta de milhares de reivindicações de privilégio legal profissional para impedir que a ATO acessasse evidências potencialmente incriminadoras.”
O relatório concluiu: “A falha da PwC em ser completamente aberta e honesta conforme as recomendações do comitê em seu primeiro relatório reflete a falha da PwC em mudar genuinamente. O comitê não vê como a PwC pode recuperar [sua] reputação enquanto continua a encobrir porque os dois são incompatíveis. De fato, a encoberta agrava o crime.”
Imagem: ChatGPT
Tudo, menos fluxo de caixa
Sobre a rede social de Trump:
(...) E talvez ele terá uma questão de exame final — na verdade, uma questão de quiz da primeira semana — como: "Donald Trump tem uma empresa de capital aberto com o símbolo de ação DJT (suas iniciais), ele possui mais da metade das ações, seu modelo de negócio é 'lutar contra as grandes empresas de tecnologia ... que ele acredita que conspiram para restringir o debate na América e censurar vozes que contradizem sua ideologia woke', e no último ano teve um prejuízo líquido de $58,2 milhões em uma receita de $4,1 milhões. Quanto vale essa empresa?" E se você escrever "bem, a Meta Platforms Inc. negocia por cerca de 9,3 vezes as receitas, então talvez $40 milhões?" você vai errar.
(...) Mas parece — como uma questão empírica, mas também apenas intuitivamente — que muitas pessoas gostariam de comprar ações de um token eletrônico chamado "DJT" que representa sua afeição por Donald Trump, que os marca como membros de um clube de apoio a Donald Trump, e que na verdade enriquece o próprio Trump e o apoia em seus empreendimentos. E assim, eles poderiam pagar dinheiro por esse token. E os fluxos de caixa simplesmente não entram nisso em absoluto.
Fonte: Bloomberg. Imagem ChatGPT
Análise Multivariada e Contabilidade
A Análise Multivariada (AMV) representa uma extensão dos métodos estatísticos univariados e bivariados, permitindo investigar simultaneamente a relação entre múltiplas variáveis. Trata-se de um conjunto de técnicas muito usada em quase todos os campos científicos, especialmente quando existem eventos que são influenciados por várias variáveis conectadas.
Sua importância decorre da capacidade de controlar o efeito de múltiplas variáveis ao mesmo tempo, permitindo uma compreensão mais precisa dos dados. Por isso, pode ser útil para identificar padrões, tendências e associações que não conseguimos usando as variáveis de forma separada ou através da mera observação dos dados. Uma potencial aplicação é no processo preditivo.
Para a contabilidade, a AMV pode ser uma ferramenta muito útil para diferentes aplicações em diferentes campos da contabilidade. Usando as técnicas, podemos ter instrumentos poderosos para analisar a saúde financeira de uma empresa através do estudo integrado de índices. Outro campo onde a AMV pode ser usada é na detecção de fraudes, analisando padrões e ajudando a identificar transações que desviam do padrão usual. Na análise de risco, podemos verificar o impacto de fatos no risco. Na contabilidade gerencial, as técnicas podem ser úteis em diferentes situações.
Um levantamento que fiz em mais de 30 obras que abordam o tema, sob diferentes perspectivas, permitiu listar as cinco técnicas mais populares de AMV. Na ordem:
1. Regressão – esta é uma técnica presente em qualquer obra sobre o assunto. Em muitos cursos, os professores dedicam um grande foco de atenção a este assunto, e realmente seu conhecimento é importante para um profissional contábil que deseja ter uma visão mais sofisticada de diversos temas. Um exemplo onde a regressão pode ser usada na contabilidade é na contabilidade de custos, onde o custo de uma empresa pode ser dividido em uma parcela fixa, que seria a constante do resultado obtido na regressão, uma parcela que varia conforme o volume de atividade da empresa, o chamado custo variável por atividade, além do custo por lote de produção, custo decorrente da diversidade do produto, custo de parada, entre outros.
2. Regressão Logística – esta poderia ser usada quando trabalhamos com as chances de ocorrência de um evento onde o resultado esperado é do tipo categórico. Um exemplo é estimar a chance de falência de uma empresa a partir dos índices de análise, como liquidez ou endividamento. A logística pode criar uma expressão onde os índices são usados, sendo possível tomar uma decisão baseada na probabilidade. Este é um método um pouco mais sofisticado, mas tem se tornado popular com os softwares estatísticos e a atratividade em termos de restrição de uso.
3. Análise de Cluster ou de Agrupamento – a ideia da análise é verificar se um conjunto de elementos pode ser dividido em grupos em razão de sua semelhança. Estamos classificando um conjunto de hospitais com base na sua receita, tipo de atendimento, taxa de leitos, entre outras medidas. A análise de cluster agrupa os hospitais de maneira mais precisa, onde os hospitais com características semelhantes estarão no mesmo grupo. Essa é uma técnica que pode ser usada quando não sabemos muito sobre o objeto de estudo, facilitando as comparações e análises que possam ser feitas.
4. Análise Discriminante – A análise discriminante é uma velha conhecida na literatura contábil na construção de índices de solvência. Os índices de Altman e de Kanitz foram construídos com base nessa técnica. Veja, a análise é muito parecida com a logística: queremos distinguir dois ou mais grupos (solvente e insolvente, por exemplo) com base em características (os índices de balanço). Confesso que fiquei surpreso ao verificar que a análise ainda é estudada na literatura de AMV, pois achava que a mesma já tinha sido substituída pela logística.
5. Análise de Componentes Principais – Essa técnica procura reduzir um grande conjunto de dados em algumas poucas informações. Se fiz um questionário com 30 perguntas e não sei como analisar, a PCA, como é chamada, pode ser útil ao reduzir em um menor número de componentes. Se o analista der sorte, dos 30 itens talvez somente dois ou três realmente importam. E isso ajuda muito no processo de análise e compreensão do que está ocorrendo. Há uma grande controvérsia na literatura sobre a diferença da PCA com a análise fatorial, que também é bastante estudada.
Além destas técnicas, outras aparecem na literatura e podem ser úteis para o contador: análise de variância, análise fatorial (exploratória e confirmatória), correlação canônica, equação estrutural, escalonamento multidimensional, correspondência, árvore de decisão, entre outras. Boa diversão.
(Imagem criada pelo Chatgpt a partir do texto acima)