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20 fevereiro 2024

Desafios da análise das informações contábeis em um mundo de influenciadores

Lendo Nate Silver sobre o processo eleitoral e o efeito do poder na popularidade dos eleitores, a análise de Silver mostra que os titulares, aqueles que estão no poder, não possuem tanta vantagem assim. Os exemplos recentes em democracias pelo mundo mostram que os eleitores preferiram a oposição, independentemente da linha política. Para Silver, as pessoas estão chateadas e isso está refletindo não somente nas eleições presidenciais, mas também nas votações para representantes do legislativo.


Este não é um blog de política, mas há uma tentativa de analisar os dados por parte de Silver que chega à mídia e aos algoritmos. A cobertura da mídia tem sido negativa e talvez isso explique a falta de popularidade dos governantes. Mesmo que os grandes grupos corporativos da imprensa sejam favoráveis ao governo, o poder talvez não esteja tão centralizado assim. A era da mídia social significa que qualquer pessoa pode produzir e divulgar, de forma simples e barata, notícias. E a lógica da mídia social não é a notícia favorável ou não a um determinado candidato, como foi no passado com os grupos jornalísticos. O que conta agora são os números de curtidas, de comentários ou divulgação. Assim, mesmo que o objetivo seja promover boas notícias, se um artigo sobre o aumento da criminalidade está sendo muito curtido, este será o grande destaque.


Nesse sentido, os casos negativos tendem a ter melhor repercussão. Hans Rosling, em Factfulness, mostra que os fatos são diferentes das opiniões e que a “realidade” que lemos nas principais notícias da mídia é muito pior do que a verdadeira realidade. O livro mostra as razões das notícias negativas terem tanta repercussão. A oposição sabe disso e procura valorizar o lado negativo da situação atual para obter o poder.

À medida que os algoritmos estão mais eficientes, as notícias negativas tendem a prevalecer. Agora imagine esse panorama para as empresas. As notícias de um lucro ou melhoria de desempenho pode ser eclipsadas em opiniões sobre um possível escândalo. Um analista, sabendo que notícia negativa vende, irá enfatizar os “problemas” existentes, deixando de destacar os aspectos positivos. Ainda não temos isso muito claro, mas provavelmente já existe. 


A análise crítica das demonstrações contábeis enfrenta desafios semelhantes aos discutidos por Nate Silver. Os analistas financeiros podem ser afetados por viéses e distorções na apresentação dos dados contábeis. Embora as demonstrações forneçam uma visão falsamente objetiva da saúde financeira de uma empresa, os números podem esconder escolhas de contabilidade criativas, omissões deliberadas e influências externas. A crescente importância das mídias sociais na disseminação de informações ressalta ainda mais a necessidade de uma análise crítica e cuidadosa da qualidade da informação que lemos, para evitar decisões baseadas em dados distorcidos ou incompletos. 

Foto: Maddi Bazzocco

A PwC está agindo para evitar que o escândalo australiano chegue aos outros reguladores

Da newsletter de Francine McKenna (traduzido via DeepL):

Já se passou mais de um ano desde que a Australian Financial Review (AFR) divulgou a história do escândalo de vazamentos de impostos do governo da PwC Austrália, mas a história está ficando maior, e não desaparecendo. A PwC, no entanto, está fazendo todo o possível para garantir que os grandes nomes dos EUA e do Reino Unido - de parceiros e empresas clientes - não cheguem às manchetes fora da Austrália.

As táticas da empresa lembram a abordagem adotada por todos os envolvidos para abafar o impacto do escândalo de roubo de dados confidenciais da KPMG-PCAOB em 2017-2019 e para desviar a atenção do papel dos auditores em não alertar os investidores durante a Grande Crise Financeira. É também um manual de comunicação de crise para aqueles que lidam com preocupações contínuas relacionadas a todas as falências de bancos auditadas pela KPMG em março passado. (...) 

Um cache de e-mails descoberto pelo AFR mostrou que a PwC havia rapidamente montado uma equipe internacional de combate, o "Projeto América do Norte", para comercializar as informações para multinacionais interessadas em evitar os novos impostos australianos. Em maio de 2023, Tadros, do AFR, estava escrevendo sobre como a PwC Austrália havia cobrado US$ 2,5 milhões em honorários em 2016 para aconselhar 14 clientes sobre como contornar as novas leis de evasão fiscal de multinacionais com base na inteligência compartilhada pelo sócio tributário Collins.

Em julho de 2023, alguns nomes de clientes haviam vazado. Chenoweth, do AFR, relatou que o Uber e o Facebook haviam estabelecido novas estruturas empresariais com o objetivo de contornar a lei de evasão fiscal multinacional da Austrália com base na consultoria da PwC, poucos dias antes de a legislação entrar em vigor em janeiro de 2016.

(...) A constatação de que a questão dos vazamentos de impostos se limita principalmente aos sócios australianos é fundamental para a empresa (PwC), pois sua liderança sênior quer evitar a intervenção de qualquer órgão regulador dos EUA.


No entanto, a PwC continua a resistir a divulgar os relatórios de investigação reais, apenas seu próprio resumo higienizado. Em 9 de fevereiro de 2024, Tadros, do AFR, escreveu: "O processo de reforma da PwC Austrália está sendo prejudicado pela recusa de sua liderança global em identificar os chamados 'seis sujos' parceiros internacionais punidos pelo escândalo de vazamentos de impostos, disse um comitê do Senado à empresa".

Por que a PwC Global está se recusando a citar os nomes dos sócios fora da Austrália que, em suas palavras, "...deveriam ter levantado dúvidas sobre a confidencialidade das informações"?  

Lembre-se de que foi relatado mais de uma vez que o presidente da PwC Global, Bob Moritz, entrou em cena e está liderando os esforços de gerenciamento da crise. Moritz deixará o cargo em junho e o recém-eleito Presidente Global, Mohamed Kande, terá que carregar a bandeira depois disso. 

A PwC protegeu os clientes em todos os momentos, dizendo que eles não sabiam que as informações confidenciais eram a fonte da consultoria da PwC. Supostamente, a PwC também está preocupada com a ira dos órgãos reguladores dos EUA e do Reino Unido, como a SEC, a PCAOB e a FRC.

Eu duvido disso.

Fonte da imagem: aqui

Clima ou sustentabilidade: Austrália desvia do IFRS S1 e S2

Quando há diferença nas palavras:

O governo australiano propôs um projeto de lei que substitui todas as menções de "sustentabilidade" por "clima" no equivalente australiano do IFRS S1, limitando seu escopo às divulgações financeiras relacionadas ao clima. Além disso, propõe diluir o IFRS S2 para instituições financeiras, exigindo apenas consideração da aplicabilidade das divulgações relacionadas às suas emissões financiadas. 



O Instituto Australiano de Finanças Sustentáveis (ASFI) defende o total alinhamento com os padrões do ISSB para garantir interoperabilidade global e racionalização dos requisitos de relatórios, considerando o desvio da AASB como desnecessário. Os Princípios para Investimento Responsável (PRI) recomendam a adoção da IFRS S1 e S2 como linha de base para garantir comparabilidade e interoperabilidade dos dados, permitindo modificações apenas se contribuírem para divulgações aprimoradas e não prejudicarem o padrão global estabelecido pelo ISSB. O Grupo de Investidores em Mudanças Climáticas (IGCC) alerta contra a remoção ou reestruturação de partes dos padrões, destacando o risco de comprometer a integridade da linha de base e adicionar complexidade para repórteres e usuários em todos os mercados.

Foto: Photoholgic

Rir é o melhor remédio


 Liderança ruim e decisão ruim

19 fevereiro 2024

Valor justo e filosofia

Objetivo: Realizar uma incursão nas inter-relações da filosofia da True and Fair View, sob uma perspectiva lato sensu, e a contabilidade do Valor Justo (Fair Value Accounting), sob uma perspectiva stricto sensu, ao defender as relações teleológicas e axiológicas existentes entre seus conceitos e a práxis contábil.

Método: Nessa perspectiva, mediante análise de discurso dos pressupostos filosóficos da Doutrina da Essência de Hegel e da Natureza da Percepção de Merleau-Ponty, foi desenvolvido um ensaio teórico de caráter crítico- argumentativo acerca dessas inter-relações.

Resultados: Com vistas em contribuir para o debate, os argumentos defendidos culminam na proposição de um Diagrama de Percepção Relacional entre TFV, FVA e a práxis contábil.

Contribuições: Os conceitos de verdade, justiça e fidelidade permeiam a teoria da contabilidade e a prática da profissão contábil desde seus primórdios. Para além do debate teórico, sua operacionalização tem conferido um papel importante à contabilidade, o de interpretar e julgar os dados da avaliação e incorporá-los nas demonstrações contábeis. Dessa forma, instiga-se o pesquisador a interpretar a essência subjacente à doutrina dos conceitos contábeis para se ampliar as percepções inerentes às formas com as quais eles se materializam na práxis.

Link para o artigo pode ser encontrado aqui. Artigo de autoria de Sérgio de Iudícibus, Vladimir Regis Oliveira, Jorge Katsumi Niyama e Ilse M Beuren. 

Emergência e transparência

Usando a perspectiva de paradoxo organizacional, o estudo discute como um contexto de emergência nacional modifica a propensão à transparência das dispensas de licitações em prefeituras. A análise empírica indica as tensões à transparência do processo de compras no poder público e que a literatura de controle público deve considerar, de forma diferenciada, os contextos de emergência e de normalidade. Situações emergenciais, em que recursos orçamentários são aplicados a contratações emergenciais em regime de urgência, requerem maior transparência e controle, para reduzir o risco de mau uso do recurso. Paradoxalmente, observam-se redução da transparência e maior fragilização do controle social. Os níveis de transparência de governos locais, sob uma mesma legislação, oscilam de acordo com o apoio político e entendimento de autoridades em diferentes legislaturas e mandatos e entre períodos de emergência ou normalidade. É desejável que entidades de controle e sociedade civil estejam atentas aos eventuais retrocessos nas práticas de transparência em períodos de emergência, mesmo para as prefeituras que são exemplos de transparência em períodos de normalidade. Foi realizada análise de conteúdo de 1.528 dispensas de licitações de 32 municípios paulistas de pequeno porte nos anos de 2019 e 2020. O nível de transparência das licitações foi comparado antes e no 1º ano de pandemia. Em seguida, foram realizadas entrevistas com servidores públicos com experiência nas práticas de transparência nesses municípios, assim como com jornalistas e líderes de organizações não governamentais (ONGs), para validar as reflexões sobre a transparência do processo de contratação durante a pandemia. Situações de emergência podem alterar as práticas associadas à transparência fiscal em governos locais quando autoridades nacionais flexibilizam as regras de contratação. O estudo mostra que a emergência da pandemia da covid-19 gerou redução da transparência na contratação de insumos em alguns municípios, sobretudo nos contratos de insumos e serviços para combater a crise da pandemia.

Aqui o link para o artigo completo

Erro de digitação


Uma versão inicial do comunicado de imprensa do quarto trimestre afirmava que a Lyft estava preparada para aumentar sua margem de EBITDA ajustado — uma medida de lucratividade amplamente observada — em 5%, sugerindo uma virada impressionante na sorte da empresa. O único problema é que o número de 5% foi um erro de digitação: o valor real deveria ter sido apenas um décimo disso (0,5%) — um erro que implicava centenas de milhões de dólares adicionais em lucros (ajustados) para o próximo ano.

Dentro de uma hora, os executivos da Lyft explicaram as expectativas mais moderadas aos analistas em uma teleconferência de resultados, com a empresa subsequentemente emitindo um comunicado de imprensa corrigido. Embora a Lyft tenha desde então reduzido seus ganhos, no momento da escrita, as ações ainda estão em alta de 30% no dia. De fato, o erro obscurece o que, de outra forma, foi uma atualização sólida da Lyft após um ano difícil.

Em abril passado, a Lyft demitiu mais de 1.000 funcionários — uma das várias medidas implementadas para reduzir custos enquanto a empresa tenta se juntar ao maior concorrente Uber em se tornar consistentemente lucrativa. Como tantos de seus pares, a Lyft também enfrenta batalhas contínuas com seus motoristas, com mais de 100.000 trabalhadores da Uber, Lyft e Deliveroo programados para entrar em greve hoje devido a disputas sobre pagamento e condições de trabalho.