Translate

11 fevereiro 2024

Rir é o melhor remédio

Redução de custo e demissão
 

O Impacto da Expansão da Oferta no Mercado: Lições do Setor de Entrega de Restaurantes

O que acontece com o mercado quando se expande a oferta, mas não a demanda? Imagine que você tenha um número de contadores e um número de empresas que precisam contratar esses contadores. Agora, imagine que, de repente, haja um aumento substancial de contadores. É como se uma cidade que tinha um certo número de contadores, de repente, tivesse sua primeira turma formada pela faculdade local.

Essa é uma situação investigada por Oren Reshef, que analisou uma situação ocorrida na prática, no mercado de entrega de restaurantes. O pesquisador usou os dados do Yelp, uma empresa de entrega de comida, ao longo de um período de dois anos. O papel da empresa Yelp é servir de intermediário entre os restaurantes e os clientes, o que inclui informações sobre a qualidade do serviço. Em 2018, o Yelp expandiu significativamente o número de restaurantes em sua base, passando de 60 mil para 80 mil, sem mudar substancialmente o número de usuários. A empresa obteve essa expansão através de um acordo com um serviço de entrega, e o crescimento no número de restaurantes aconteceu de maneira muito rápida.


Com os dados do aplicativo, seria possível analisar se este aumento prejudicou os restaurantes no aplicativo, já que agora há mais oferta de estabelecimentos, mas o número de clientes permaneceu o mesmo. No caso específico do Yelp, parece que o efeito dependeu da qualidade do restaurante. Os restaurantes de baixa qualidade tiveram perda de receita, enquanto os de alta qualidade ganharam. O pesquisador até comparou as cidades que tiveram um grande aumento de restaurantes com cidades onde o efeito foi praticamente nulo.


Uma consequência da maior concorrência foi que os restaurantes buscaram aumentar a qualidade do serviço e do produto. Isso se refletiu nas classificações dadas pelos usuários. Um ponto importante nessa discussão sobre a expansão que ocorreu é a qualidade.

A pesquisa estava focada em restaurantes. No entanto, podemos começar a questionar se a expansão no número de profissionais contábeis, que ocorreu nas últimas décadas, não beneficiou os de melhor qualidade. Se isso ocorreu, o lamento sobre a expansão pode ser o lamento daqueles que oferecem serviços de baixa qualidade.

10 fevereiro 2024

Algumas considerações sobre Chat

O ano de 2023 marca, efetivamente, o surgimento do grandes modelos de geradores de textos (LLMs). Ok, o ChatGPT foi divulgado em novembro de 2022, mas foi em 2023 que o mundo começou a discutir e usar a inteligência artificial de maneira mais corriqueira. Apesar de existirem diversos produtos no mercado, o GPT é a palavra que pensamos quando falamos em inteligência artificial. O gráfico abaixo mostra a razão:


Nas visitas feitas nos sites, o GPT possui 60% do total entre setembro de 2022 a agosto de 2023. Depois dele, o character.ai e o QuillBot. A soma dos três corresponde a 80% das visitas. Na lista, há também uma comunidade com modelos de IA gratuitos e com código aberto. 

Naturalmente que ainda há problemas de qualidade. Veja uma resposta que obtive no character.ai:

Há um Brazilian Institute of Accounting (nome antigo do Ibracon). 

Aproveitando, aqui um site que mostra como um economista pode usar a IA. Sejam bem-vindos ao presente. 

09 fevereiro 2024

Rir é o melhor remédio

Pagamento adiantado (um bom exemplo para "receita antecipada")
 

Capitalismo e Caridade

Scott Alexander, no astralcodexten.com, apresenta algumas reflexões interessantes sobre capitalismo e caridade. É um texto comparativo entre os dois para tentar chegar a resposta de qual é o melhor. Parece algo estranho a comparação, mas não tanto quando lemos o texto. Vou tentar resumir os argumentos dele a seguir.


Inicialmente parece inegável que os países que ficaram ricos, assim o fizeram a partir do capitalismo. Isto inclui, por exemplo, os Estados Unidos, a Alemanha e, mais recentemente, a Coreia e Japão. Aqueles que tentaram outro caminho aparentemente fracassaram, como é o caso notório da extinta União Soviética. Se existem pessoas boas no mundo e estas querem ajudar os outros, talvez seja interessante deixar de lado a caridade, pura e simples, e passar a “doar para o capitalismo”. 

Algumas opções que podem incluir a doação para capitalismo: gastar o dinheiro com algo desejável e com empresas eficientes ou doe para instituições que busquem promover o capitalismo de alguma forma. 


A partir desta ideia, Alexander comparar gastar dinheiro com Instacart – uma espécie de Uber de compras, versus uma instituição de caridade que promove água potável para população carente. Esta instituição de caridade é uma escolha do GiveWell, o que significa, em outras palavras, que é algo sério. Se você tivesse um milhão para gastar para fazer o bem, qual seria a melhor opção? O senso comum escolheria a entidade do terceiro setor. Mas Alexander mostra que “doar” para o capitalismo pode criar empregos, promove uma empresa que tem uma continuidade clara, há efeitos de segunda ordem (o salário do empregado da Instacart gera outros benefícios indiretos), há um retorno do investimento, entre outros aspectos. 

Portanto, diante dessas considerações, a abordagem proposta por Scott Alexander nos leva a repensar a tradicional dicotomia entre caridade e capitalismo. A sugestão de investir no capitalismo como uma forma de impacto social, ao criar empregos, gerar benefícios indiretos e promover a continuidade de empresas eficientes, oferece uma perspectiva intrigante.


Entretanto, a carência de entidades do terceiro setor que promovam o capitalismo de maneira séria apresenta um desafio significativo. Nesse contexto, surge a indagação sobre a possibilidade de entidades como o sistema CFC desempenharem esse papel crucial. Seria o momento de repensar o papel das organizações não governamentais e filantrópicas, buscando formas inovadoras de promover sua contribuição para a vida das pessoas. 

Foto: aqui, aqui e aqui

Evidenciação contábil na literatura

The mapping of the academic production network is important for representing scientific activity in an area of knowledge. The objective of this study was to map the scientific collaboration networks regarding accounting disclosure and the underlying theories. The bibliometric method of exploratory nature was used with the use of the network analysis techniques of authorship in documents extracted from Elsevier's Scopus base in the period from 1968 to 2019. The sample was composed of 486 documents, the analysis being aided by the Vosviewer software. The results indicate that the groups with the most significant links in the authorship networks were represented by the authors Qingliang Tang (Western Sydney University), Lúcia Lima Rodrigues (University of Minho) and Dennis M. Patten (Illinois State University) besides their respective co-authors. The most widely endorsed theories were: the Legitimacy Theory, the Institutional Theory, the Agency Theory and the Stakeholders Theory. In the analysis of the proximity between fields of investigation, three clusters were identified, one relating to corporate governance and social responsibility, another linked to the disclosure of carbon and climate change, and a third that constituted a discussion link between mandatory and voluntary disclosure. The evidence points to the existence of international research groups with a certain cohesion of relations between countries and researchers in the global north. The implications of the results point to the need to strengthen the ties of researchers and institutions inside and outside the country in this field of investigation, especially when considering the country as strategic in relation to the challenges of the climate and environmental crisis.

Fonte: aqui. Trabalho da Luciana Sardeiro e Bilhim. O levantamento é muito abrangente e deveria servir de base para qualquer discussão sobre o assunto a partir de agora. Veja que as conclusões foge do tradicional Verecchia. 

08 fevereiro 2024

Nudge e Gerenciamento de resultado

Eis o resumo: 

Esta pesquisa teve por objetivo verificar os efeitos da utilização dos nudges na redução do gerenciamento de resultados. O estudo se classificou como um experimento do tipo entre sujeitos (between-subject). A amostra foi composta por 40 contadores. Para a análise e interpretação dos dados, utilizou-se de estatísticas descritivas, análise de variância, modelo de equações estruturais e testes de médias. Os resultados evidenciaram três achados principais, demonstrando suporte para as hipóteses desenvolvidas. Primeiro, o nível de gerenciamento de resultados dos profissionais contábeis é menor na presença do que na ausência de nudges; segundo, o nível de gerenciamento de resultados dos profissionais contábeis é menor na presença do que na ausência de nudge injuntivo emitido pelo líder; e terceiro, que não existe diferença no nível de gerenciamento de resultados dos profissionais contábeis quando o nudge descritivo é emitido pelo líder, em comparação à ausência de nudge.

Pesquisa de C. S. Moreira; R. G. de Sousa; O. S. Martins; A. B. de Aguiar / Rev. Cont. Org. (2023), v. 17: e214068. Instigante, principalmente que o uso do nudge tem sido criticado por ser uma ferramenta de manipulação. E gerenciamento de resultado vai na mesma linha.