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10 janeiro 2024

Fora do radar

Os cientistas Victor Maus e Tim Werner analisaram imagens de satélite de quase 120.000 quilômetros quadrados e descobriram que mais da metade das minas que eles detectaram estavam operando fora do radar, sem nenhuma informação de produção listada no banco de dados comercial mais popular. Algumas são ilegais, outras abandonadas e outras simplesmente não são registradas. O resultado é que "sabemos surpreendentemente pouco sobre o que está acontecendo no setor globalmente e como a mineração afeta o meio ambiente e as comunidades próximas às minas", escrevem eles.


(Da Newsletter da Nature)
O artigo original pode ser encontrado aqui


08 janeiro 2024

Prostituição e Contabilidade

De um periódico de contabilidade, a relação entre prostituição e contabilidade na Itália do século XIX: 

Este artigo explora o papel que o sistema de controle - entendido como um conjunto de mecanismos financeiros e não financeiros - introduzido pelo Decreto Ministerial de 15 de fevereiro de 1860, desempenhou na promoção da tolerância ética à prostituição no Reino da Itália.

Projeto / metodologia / abordagem

Um método qualitativo de pesquisa foi adotado. Especificamente, este estudo baseia-se na literatura sobre comportamentos contábeis e desviantes e nas teorias de legitimação de Suchman (1995) para interpretar evidências empíricas coletadas de fontes primárias de arquivo, bem como de fontes secundárias.

Constatações

O artigo destaca como os mecanismos contábeis introduzidos pela lei foram moldados para limitar as sérias conseqüências da prostituição do ponto de vista da saúde pública e para demonstrar que o Estado não lucrou com a prostituição nem usou dinheiro público para financiar. Isso deveria ter estimulado a tolerância ética da própria lei e, consequentemente, da prostituição que era regulamentada.

Originalidade / valor

Este artigo abre uma nova via de pesquisa no campo da história da contabilidade, explorando a conexão entre contabilidade e prostituição. Além disso, diferentemente da literatura existente sobre contabilidade e comportamentos desviantes, este estudo investiga o papel desempenhado pelos mecanismos contábeis para promover a tolerância ética, em vez de ativar os processos de normalização.

(Tradução do resumo via Vivaldi)

A lei italiana trata inclusive da distribuição do lucro: 

Os lucros resultantes da administração do bordel eram compartilhados a cada quinze dias entre o diretor do bordel e as prostitutas, embora a lei estabelecesse que o primeiro tinha direito a uma parcela maior (art. 57). 

Lembrando que a lei surgiu e permitiu a arrecadação de tributos. Mais adiante:

Todos os bordéis foram obrigados a manter um registro de inventário dos objetos pessoais das prostitutas, embora o conteúdo e a estrutura não tenham sido prescritos por lei. Esse tipo de registro foi introduzido por lei porque toda prostituta, uma vez que começou a se prostituir, era obrigada a entregar seus pertences pessoais ao diretor que os armazenava e os segurava. Esses itens incluíam qualquer coisa que a prostituta pudesse ter comprado com seu dinheiro pessoal durante sua estadia no bordel e tudo foi registrado no registro de inventário, que teve que ser verificado e certificado pelo Escritório de Saúde. Esse registro foi particularmente importante, uma vez que a Diretora do bordel foi obrigada a devolver todos os pertences pessoais à prostituta após sua saída do bordel.

A legislação era contábil já que: 


Embora as contas trimestrais tenham fornecido um resumo das principais receitas e custos incorridos durante o período de referência, não permitiu uma análise detalhada dos principais custos, que eram vitais para entender a justificativa para cada custo. Por esse motivo, a lei também determinava que esses custos devessem ser registrados trimestralmente e detalhadamente em um registro específico (Registro 7), no qual todos os custos detalhados relacionados à prostituição eram classificados de acordo com sua natureza.

Fonte: Accounting to promote ethical tolerance: the case of the Italian prostitution model (1860). Marco Gatti, Simone Poli. Accounting, Auditing & Accountability Journal. ISSN: 0951-3574. Article publication date: 4 August 2023

Eleições


O ano de 2024 promete muitas eleições. Segundo The Economist serão 70 países que irão escolher representantes para 4 bilhões de pessoas. Só na Índia são 900 milhões de eleitores registrados. 

O gráfico acima mostra o progresso da democracia ao longo do tempo. Muito embora este seja um conceito "relativo", a evolução mundial traz otimismo. 

Nos próximos dias teremos eleições em Taiwan. Em março, na Rússia, onde Putin será o vencedor. Em qualquer dos pleitos, a questão da IA estará presente. 

Queda da X

 

A mudança no preço da ação do Twitter, atual X. A empresa deve ter perdido cerca de 70% do seu valor desde que Elon Musk comprou suas ações. Naturalmente que os valores após esta aquisição são estimativas dos analistas. Musk pagou 44 bilhões em outubro de 2022. 

Apesar de ter perdido receita (algo em torno de 50%), a X cortou 80% dos empregados. 

03 janeiro 2024

Custos no Setor Público

Eis o resumo do artigo

O artigo tem como objetivo investigar a utilidade da informação de custos no governo federal brasileiro, mediante observação e análise empírica da percepção dos gestores públicos, principais usuários da informação. Os dados coletados junto a gestores de distintas entidades do Governo Federal foram tratados mediante metodologia Multicriteria Decision Aid (MCDA), a fim de evidenciar a percepção dos entrevistados sobre propósitos, condições e mecanismos de acesso da informação. Os resultados demonstraram amplo reconhecimento dos gestores sobre a utilidade da informação, desencadeando a discussão de que a vasta normatização, a busca por melhorias nos padrões contábeis e os avanços tecnológicos não são suficientes para que práticas inovadoras de gestão de custos sejam bem-sucedidas nas organizações públicas. As reflexões indicam a necessidade de alinhamento entre informações geradas pelo sistema de custos e seus usuários, ou seja, entre contadores de custos e gestores de custos, para que a institucionalização do sistema não se traduza em mero formalismo da burocracia do setor público.

(é pena que as figuras não tenham uma qualidade melhor)

Concentração na Netflix

 

O analista Ben Thompson identifica um paradoxo na mídia: nesta era de cauda longa, todas as plataformas, inclusive a Netflix, estão repletas de conteúdo de nicho aleatório, grande parte dele lixo. E, no entanto, a grande maioria do público ainda consome basicamente o mesmo material: "Os efeitos de rede e os algoritmos .... elevam o que é bom à estratosfera." Isso é menos verdadeiro em mídias emergentes e fragmentadas, como boletins informativos e áudio, mas as leis de poder ainda governam a Internet.

(Do boletim Semafor, Ben Smith, 18 dez)