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21 dezembro 2023

Rir é o melhor remédio


 Comida fotogênica

Importância da Aula de Comércio

Eis o resumo: 

A determinação do Marquês de Pombal foi imprescindível para a inauguração da Aula do Comércio, em 1759, constituindo esta um marco na História da Contabilidade Portuguesa devido ao seu pioneirismo no ensino do método digráfico em Portugal. Em virtude da sua importância, o estudo deste estabelecimento de ensino público é o objectivo deste trabalho, mais concretamente a dissecação das razões e objectivos da sua criação, interligando estes com o ambiente sócio-económico da época de forma a tornar mais compreensível o contexto histórico que levou à sua fundação, bem como o aprofundamento de questões como as suas regras de funcionamento, os primeiros lentes, as disciplinas ali leccionadas ou a sua importância no desenvolvimento da Contabilidade em território português. Quanto a este último aspecto, iremos concluir que a Aula contribuiu para um melhor emprego da partida dobrada e para a sua divulgação em Portugal, sendo igualmente determinante para o surgimento de uma classe de contabilistas portugueses devidamente habilitados, acabando, desta forma, com o atraso existente em matéria de conhecimentos e técnicas comerciais. 


Tudo leva a crer que Pombal conhecia as partidas dobradas. Mas já comentamos aqui do atraso de Portugal, onde o método apareceu somente 450 anos depois de seu aparecimento na Itália. Para as colônias, o atraso foi ainda maior, já que era proibida a imprensa e as escolas superiores. 


Também é interessante notar que a adoção das partidas dobradas só ocorreu após a morte de João V, em 1750. E deixou um governo com sérios problemas financeiros, mesmo com a riqueza brasileira. O texto fala em

uma máquina administrativa totalmente inoperante; fraudes, usos e especulações de toda a espécie nas organizações dependentes do Estado; a estagnação da indústria em Portugal; e a decadência do comércio que, na sua maioria, estava em poder de mercadores estrangeiros (GOMES, 1999a, p. 550)

Eis outro trecho interessante do texto: 


A afluência de matrículas foi progredindo até ao 5.º curso. Assim, enquanto no 2.º curso se matricularam 163 discípulos, no 5.º, iniciado em Abril de 1777, matricularam-se 307. A partir desta data o número de alunos matriculados começou a decair ligeiramente, até às Invasões Francesas, em 1807, durante as quais se verificou uma forte redução na frequência do curso, o que se justifica pelo receio por parte dos naturais das províncias de se deslocarem à capital e pela ausência de alunos brasileiros. Como exemplo podemos apontar o número de alunos que frequentavam a Aula em 1809: 74 aulistas.

Não fica claro se esta ausência ocorria já antes da invasão francesa. Mas é preciso destacar que ocorreu uma transferência da Aula para o Brasil. 

Temos uma carência de estudos históricos de contabilidade no Brasil. Uma das questões pendentes é o uso das partidas dobradas no país na época da colônia. Aqui uma pista: 

Para além destes exemplos, Oliveira (2009) acrescenta outro: a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Esta utilizava, desde o ano da sua criação – 1756 –, o método das partidas dobradas. Contudo, o mesmo autor também salienta o facto de o primeiro guarda-livros da Companhia, João Hecquenberg, pertencer a uma família alemã e de ter sido enviado para o Brasil para ter formação contabilística com o guarda-livros da Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão, que já conhecia e utilizava a método digráfico. De acrescentar, que este também não era português mas sim francês. 

Pode ser que a Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão seja pioneira. Em resumo:

Antes de finalizar temos de referir que tudo foi feito pelo Marquês de Pombal e pelo Rei D. José para defender a Aula do Comércio e os seus alunos. Nesta perspectiva, foram concedidas diversas regalias aos aulistas como a obrigação da contratação de pessoas formadas na Aula do Comércio para determinados cargos públicos; o estabelecimento dos ordenados dos Guarda-Livros diplomados; etc. Contudo, e a partir do momento em que as ideias mercantilistas deram lugar ao liberalismo, assistiu-se à lenta decadência desta escola até à sua extinção em 1844, altura que é integrada no Liceu Nacional de Lisboa. 

O artigo foi publicado há mais de 10 anos e traz bons ensinamentos: 

Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337 FURB, v. 7, n. 2, p. 97-113, abr./jun., 2011

Método da Carga e Descarga

Da Revista de Contabilidade da UFBA

O  método  da  carga  e  descarga,  que  predominou  no  período  estudado,  consistia  no lançamento das operações da entidade, carregando-a quando esta contraía alguma obrigação e descarregando-a quando  esta obrigação cessava.  Para  a sua realização recorria  ao sistema de débitos e créditos, de forma similar ao método das partidas dobradas, com o diferencial de que não incorporava os conceitos de ativos e passivos, além de não levar em consideração as contas relativas ao imobilizado, ao capital e amortizações. A contabilização pelo método da carga e descarga estava mais voltado a prestação de contas por parte da  administração,  fazendo com que  seja  considerado,  por  alguns  autores,  como  um  sistema  mais  jurídico  do  que  contábil (Carvalho, Cochicho, Rodrigues & Paixão, 2016; Borreguero, 2011).

As instituições católicas não eram obrigadas, tanto pelo Estado como pelas autoridades eclesiásticas,  a  adotar  nenhum  método  de  contabilização  específico,  de  modo  que  cada instituição era livre para adotar o método que considerasse mais apropriado a sua realidade. A contabilização pelo método da carga e descarga continuou a ser adotada por ser mais simples e,  por  conseguinte,  exigir  menos  conhecimento  por  parte  dos  escrituradores,  ao  passo  que atendia o interesse destas instituições que utilizavam a contabilidade para prestação de contas e controle interno de suas atividades (Gracia, 2013). 

(Vinícius da Costa Nagib de Carvalho, C., & Bonfim, M. P. (2023). A CONTABILIDADE NAS INSTITUIÇÕES CATÓLICAS NOS SÉCULOS XVII E XVIII. Revista De Contabilidade Da UFBA, 17(1), e2319.)

Não conhecia. Talvez o fato de ser mais jurídico do que contábil. Mas há um quadro revelador no texto: 

A quantidade de instituições religiosas não é grande, mas as partidas dobradas não estão presentes em Portugal e colônicas. Apesar das instituições religiosas serem "transnacionais", prevalecia a realidade local, como o artigo destaca. No período analisado, partidas dobradas não era um método "conhecido" em Portugal e colônias. Somente em meados dos anos 1700 é que passa a ser algo divulgado para a elite da Academia de Comércio. Isso já foi bem comentado aqui no blog. 

20 dezembro 2023

Rir é o melhor remédio

O que eu penso e o que eu digo ...
 

Partidas dobradas no Brasil

Do artigo Alterações das práticas contabilísticas na casa da moeda de Lisboa, de Rita Martins de Sousa 

A partir de 1761 e até 1773, registam-se alterações que procuram utilizar, mas com dificuldades, o método mercantil. Será apenas a partir de 1773, e decorrente de uma legislação específica, que o método das partidas dobradas se aplica à organização que produzia moeda no reino. A introdução deste método contabilístico terá sido ligeiramente anterior em instituições régias existentes no Brasil. A Capitania da Bahia introduziu as normas da contabilidade pública em 1765, enquanto na Capitania do Rio de Janeiro e na Tesouraria Geral da mesma cidade, o método terá sido implementado a partir de 1 de Janeiro de 1768. 

Assim, apesar de 1761 marcar a aplicação do método mercantil à esfera pública através da sua introdução no Erário Régio, a simultaneidade na sua utilização não ocorreu. Apenas o estudo de outras instituições públicas portuguesas permitirá periodizar e confrontar de modo mais alargado as diversas práticas contabilísticas.


Apesar do método "mercantil", leia-se partidas dobradas, ter aparecido em torno de 1300, somente mais de quatrocentos anos depois é que Portugal, e suas colônicas, passam a utilizar a técnica. O texto comenta sobre o uso no Erário. Há aqui uma citação de que o método já era adotado no Brasil, na contabilidade pública. E a citação é: 

Instrocções para a escripturação dos livros de Thezouraria desta Capitania. Methodo que se deve seguir na excripturação das contas da Fazenda Real desta Capitania do Rio de Janeiro, e na arrecadação da Thezouraria Geral estabelecida na mesma cidade do Rio de Janeiro, 1767, códice 10 632.

Veja que se trata de uma norma, mas há uma diferença entre uma norma e seu uso. A citação usada foi: 

Mendonça, Marcos Carneiro de (1968). O Erário Régio no Brasil. Rio de Janeiro. 

A conferir. A pesquisa citada anteriormente coloca o setor público como pioneiro nas partidas dobradas. 

Gênero e Nobel


No ano de 2023 nós tivemos quatro ganhadoras mulheres no Nobel. Ainda é minoria, foram sete homens, mas três delas venceram em campos dominados por homens: Claudia Goldin em Ciências Econômicas, Katalin Karikó em Medicina e Anne L'Huillier em Física. Goldin foi a terceira mulher a ganhar o Prêmio Sveriges Riksbank e venceu sozinha.

Ao todo foram 905 premiados, sendo 65 mulheres ou 7%. A discriminação ocorre em todos os campos, conforme o gráfico acima. A boa notícia é que a discriminação está reduzindo com o passar do tempo, conforme mostra o gráfico abaixo:



Quando a tecnologia não é boa ...

A Volkswagen está reintroduzindo botões físicos devido à insatisfação de clientes, críticos e especialistas. Os controles de toque, especialmente nos modelos Mk8 Golf e ID.4, são criticados por sua falta de confiabilidade e iluminação, afetando a experiência do usuário. Os sistemas nos carros são comparados desfavoravelmente aos dispositivos Apple e Android em termos de velocidade e eficiência. No VW ID.4 há problemas significativos, como dificuldade em encontrar opções no rádio via satélite e problemas no controle do sistema climático. As decisões de design e engenharia que resultaram em um hardware e software aparentemente inutilizáveis, sugerindo uma falta de preocupação com a funcionalidade do produto.

Parece moderno, mas é irritante.