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20 novembro 2023

Capital Físico e capital monetário

comentamos no blog sobre a distinção entre o capital físico e capital monetário. Isso faz parte da Estrutura Conceitual e tem sido objeto de estudo por alguns na contabilidade. 

No passado, quando existia uma inflação enorme no Brasil, alguns chegaram a defender a substituição da unidade monetária, como unidade de mensuração contábil, por uma unidade física equivalente. Bom, isso não frutificou, mas quando olhamos as duas tabelas que apresentamos a seguir é possível notar uma grande razão para isso. 

Vamos começar com uma atualização de uma tabela que já postamos aqui no blog:

Dois computadores, separados por um período de 36 anos, e suas diferenças. Começa pelo preço, mas temos também as configurações técnicas. Usar a unidade física em computador é bem complicado pela evolução tecnológica existente. Mas um período de tempo de 36 anos é muito grande. Seria fácil de induzir o incauto. Vamos em outro exemplo:

Dois celulares, separados por cerca nove anos. O preço está a cotação para o mercado internacional, já que os impostos no Brasil tornam o comparativo complicado. 

Invasão holandesa no Brasil e o resultado sustentável

A ideia de resultado sustentável é bastante coerente e relevante. Usualmente é importante saber se o desempenho de uma empresa irá persistir no tempo. Ou seja, se é possível assumir que para o futuro a empresa continuará mantendo a sua atual trajetória. Uma forma de obter este tipo de análise é eliminando do resultado da empresa tudo aquilo que não repetirá no futuro. Se a empresa obteve um lucro enorme com a venda de um prédio, o resultado da venda não deveria constar da análise que fazemos, sendo necessário retirar esse valor. Se a empresa teve um grave prejuízo por conta de um desastre ambiental, podemos assumir que esse resultado não irá repetir no futuro. 


O conceito do resultado sustentável surgiu claramente quando eu li o capítulo 10, Governos da Holanda, do livro História da Riqueza no Brasil, de Jorge Caldeira. Vou fazer um breve resumo do capítulo do texto que trata da invasão holandesa no Brasil, entre 1630 a 1654. Antes disso, em 1624, uma esquadra dos Países Baixos invadiu e saqueou Salvador. Depois, invadiram Pernambuco e arredores, o que incluía Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. 

Maurício de Nassau

A aventura dos holandeses foi realizada por uma empresa, a Companhia das Índias Ocidentais ou VOC. A VOC foi a primeira empresa de capital aberto do mundo. Isso significa dizer que seu resultado era divulgado para os acionistas. Ela foi fundada um pouco antes da invasão e seu modo de atuação era a pirataria e saque. Bom, oficialmente era o comércio, que incluía o açúcar, tabaco, especiarias, escravos e outros produtos. Mas o grande impulsionador das atividades da empresa foi a captura de um navio chamado Santa Catarina. 

Caldeira mostra que quando os holandeses chegaram no Nordeste, o saque foi a primeira atividade. Isso gerou receita para a empresa. Mas é uma receita não sustentável. É principio do saque a tomada da riqueza à força, deixando o antigo proprietário sem seu ativo. O problema é que os holandeses venceram a primeira batalha, ao dominar o Nordeste, mas sem permitir que isso gerasse um resultado sustentável. Nas palavras de Caldeira:

A vitória significava não apenas o fim das oportunidades fortuitas como a necessidade de reiniciar a produção que havia sido desarticulada. 

Ou seja, para manter a extração de riqueza no Brasil, os holandeses deveriam fazer investimentos na produção de açúcar. Isso exige dinheiro e pessoas para produzir. A invasão derrubou a produção de açúcar, pois já existia, no Brasil, uma cadeia produtiva articulada e com um agravante em relação aos portugueses: eles precisaram montar um exército regular para defensa do novo território. Caldeira mostra que ao longo da história brasileira, os portugueses extraíram muito, em todos os sentidos, e investiram pouco na terra. Já os holandeses, diante da ameaça de perderem novamente sua conquista, tinham que manter uma segurança aqui. 


Em outras palavras, a história dos holandeses do Brasil é uma história explicada pela contabilidade. De um lado, os holandeses, que inicialmente saquearam o Nordeste e para gerar receita futura precisavam investir, o que significa que precisavam de capital. Ao mesmo tempo, também tinha despesas enormes com a manutenção da nova terra. De outro lado, os portugueses, que durante sua gestão não fizeram grandes investimentos - os engenhos eram investimentos privados e a defesa da terra era fruto das pessoas do local e um pouco do exército lusitano. Ou seja, enquanto a DRE dos holandeses apresentou um resultado inicial extremamente positivo, oriundo dos saques, esse desempenho não era sustentável. Já a DRE dos portugueses sempre foi lucrativa, com baixo investimento do governo lusitano. 

Sabemos como a história terminou.  

Convergência Setor Público e IFRS

 

Um resumo das normas do IPSAS para o setor público e o alinhamento com as IFRS. A norma IFRS que exige pouca mudança é a exceção. Corresponde a parte de cima do gráfico.  O comparativo final, na página 3 do documento, não leva em consideração a estrutura conceitual, que não é considerada uma norma contábil. 

18 novembro 2023

KPMG é multada por conta da Petrobras

Na última terça-feira (14), o órgão de supervisão de auditores nos Estados Unidos (PCAOB, na sigla em inglês) anunciou que impôs uma multa de U$ 40 mil (cerca de R$ 193.952,00 na cotação atual) à KPMG Brasil por violação das regras e padrões do conselho relativos às comunicações com comitês de auditoria dos clientes.

De acordo com documento divulgado pelo PCAOB, é citado como exemplo que a companhia teria falhado com o comitê de auditoria da Petrobras (PETR3;PETR4).

Neste caso, a auditoria não teria admitido nem negado as conclusões, mas concordou com a sanção e em adotar as medidas corretivas estabelecidas.

“O Conselho está impondo essas sanções com base em suas conclusões de que a empresa não fez certas comunicações exigidas ao comitê de auditoria de seu cliente de auditoria do emissor, Petróleo Brasileiro S.A. (“Petrobras”), em violação à AS 1301, Comunicações com Auditoria Comitês”, diz trecho do documento.

Ainda no documento, o PCAOB também afirmou que a KPMG Brasil não informou à auditoria da Petrobras o nome do comitê, localização e responsabilidades planejadas pela KPMG Assurance, uma outra empresa de contabilidade pública independente que executou procedimentos de auditoria.

Fonte: aqui

Imagem como são taxadas as propriedades

Para cada propriedade a seguir, de diferentes países, há uma forma de impor os tributos. Você seria capaz de descobrir o "fato gerador". 

Inglaterra


Vietnam
França

Brasil (esse é muito estranho, pois não sabia desse imposto. Talvez seja algo de antigamente)

O objetivo é tentar descobrir qual o fato gerador e como as pessoas reagem aos incentivos. No primeiro caso, o imposto recaía sobre janelas. O segundo, sobre fachadas. O terceiro, sobre pisos, exceto telhados. E o quarto, sobre construção de templo, quando terminado. 

Fonte: aqui, via Marginal Revolution. Veja o texto de um comentário:

This is a possible indication of a tax on completed churches that was levied in some colonial areas, such as Brazil. The tax was based on the completion of the church structure, and it was a way of extracting revenue from the religious orders. To avoid the tax, some churches left their towers or façades incomplete, creating a contrast between the ornate and the plain parts of the building.


Lições de um professor de Contabilidade


Joe Hoyle tem um blog onde conta suas aventuras em ensinar contabilidade. Tem dicas interessantes, baseado na sua experiência de estar em sala de aula desde agosto de 1971 (não digitei errado!). Já escreveu livros de contabilidade e recebeu diversas homenagens. Ele escreveu um livro que está disponível de maneira gratuita na rede. O resumo é esse:

Transformative Education presents a comprehensive approach to college teaching that stresses both the presentation of topical coverage AND the development of critical thinking skills. The book focuses on several key points in the learning process such as student preparation for class, student engagement during class, and student review and organization of the material after class. The book discusses the urgent need for more and better high-quality college education, a goal that can be achieved by a methodical approach to gradual teaching improvement.

O livro pode ser baixado em PDF aqui. Gratuito. Ele ensina desde 1971. 

17 novembro 2023

O Lado tangível do problema ambiental: Pepsi processada por poluir um rio

PepsiCo foi processada pelo estado de Nova York por poluição plástica ao longo do rio Buffalo que supostamente está contaminando a água e prejudicando a vida selvagem.

De acordo com o processo, A PepsiCo é o maior contribuinte identificável para o problema.

O porta-voz da PepsiCo disse à BBC que foi "transparente em sua jornada para reduzir o uso de plástico".

Na semana passada, Coca-Cola, Danone e Nestlé foram acusados de fazer alegações enganosas sobre suas garrafas de plástico.

A PepsiCo, fabricante de Pepsi, Doritos e outros lanches, é a segunda maior empresa de alimentos do mundo, depois de líder do setor Nestlé.

A gigante americana é a mais recente grande corporação a enfrentar uma ação judicial das autoridades locais sobre seu impacto no meio ambiente.

A denúncia de Nova York diz que a Pepsi violou as leis estaduais ao não avisar o público sobre os riscos das embalagens plásticas e promover declarações enganosas sobre seu esforço para combater a poluição.

"Nenhuma empresa é grande demais para garantir que seus produtos não danifiquem nosso meio ambiente e saúde pública", disse a procuradora-geral Letitia James.

De acordo com o processo, a PepsiCo fabrica, produz e empacota pelo menos 85 marcas diferentes de bebidas e 25 marcas de salgadinhos que vêm predominantemente em recipientes de plástico descartáveis.

Quando o escritório de James conduziu uma pesquisa com todos os tipos de resíduos coletados em 13 locais ao longo do rio Buffalo no ano passado, descobriu que a embalagem plástica de uso único da PepsiCo era a mais significativa.

"Das 1.916 peças de lixo plástico coletadas com uma marca identificável, mais de 17% foram produzidas pela PepsiCo", afirmou o documento.


Outras marcas identificáveis incluem McDonald's e a fabricante de doces Hershey's.

O processo disse que microplásticos foram detectados no suprimento de água potável da cidade de Buffalo, o que "pode causar uma ampla gama de efeitos adversos à saúde, da disfunção reprodutiva à inflamação do intestino e dos efeitos neurotóxicos ". Pepsi disse em comunicado que era" sério sobre redução de plástico e reciclagem eficaz ".

Acrescentou que essa era uma "questão complexa" que exigia o envolvimento de "empresas, municípios, provedores de redução de resíduos, líderes comunitários e consumidores".

O senador do estado de Nova York, Andrew Gounardes, disse à BBC que a Pepsi deveria projetar seus pacotes e produtos de uma maneira que não fosse prejudicial à saúde humana.

"Com base nas alegações apresentadas ontem no processo do procurador-geral, a PepsiCo tem se anunciado como uma empresa muito consciente do meio ambiente.... E, no entanto, a realidade é que, segundo o procurador-geral, eles não estão diminuindo, mas aumentando o uso de plásticos ", disse ele.

"Mas a empresa tem uma responsabilidade se for ator neste mercado. Eles precisam garantir que seus produtos não causem danos às pessoas." 

Fonte: BBC, Tradução Vivaldi