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13 novembro 2023

Brisa de Contraposição

O título dessa postagem refere-se a algo que ocorreu com o autor durante o IX Congresso da UnB. Poderia estar no Rir é o melhor remédio. 


Tudo começou com um convite para ser debatedor de um projeto do consórcio doutoral sobre a Petrobras. O aluno da UFRJ, Ednei Pereira, apresentou um texto com a questão de despolitização e financeirização da empresa. Para apresentar minhas considerações sobre o trabalho, decidi escrever meu parecer, para sua leitura no momento do debate. O meu texto tinha cerca de mil palavras, sendo um parecer relativamente curto. Entre minhas considerações, eu indiquei que o texto necessitava de atentar para uma possível neutralidade do pesquisador. Nas minhas palavras:

Minha impressão é que para você cumprir sua finalidade de maneira adequada será necessário analisar o outro lado, usando também autores que não seguem sua cartilha, mas que permite sustentar suas afirmações. É necessário olhar para àqueles que lhe são contrário.


O trecho acima já era no final do parecer. Estava lendo quando deparei com algo estranho. Estava escrito no meu parecer o seguinte: 

Mas permita que uma brisa de contraposição esteja disponível para a pesquisa. 

Antes de ler esta frase eu parei e tentei lembrar de onde tinha surgido a "brisa de contraposição". E não consegui. Anunciei para as pessoas presentes na sala que iria ler algo que eu não sabia de onde tinha tirado e fiz a leitura. 

Encerrado o debate eu fiquei pensando como surgiu as palavras "brisa de contraposição". Para quem eu relatei o ocorrido surgiram especulação sobre o que fumei (não fumo), que remédio tomei (não), se o efeito do café tinha acabado (é possível), se foi o ChatGPT (não usei o chat), entre outras possibilidades. 

Foto: Kyle Glenn

Tecnologia e Emprego

 (...) novas tecnologia não necessariamente destroem empregos, mesmo nas indústrias mais diretamente afetadas. O podcast Planet Money calculou que entre 1980 (aproximadamente quando as planilhas digitais começaram a ser usadas comercialmente) e 2015, a profissão contábil nos Estados Unidos perdeu 400 mil empregos e ganhou 600 mil. Os empregos perdidos eram frequentemente de contabilistas, cuja função era fazer cálculos com calculadoras. Os empregos ganhos eram para contadores mais criativos, ousamos dizer. 


Mais adiante, um estudo sobre o Chatgpt:

Brynjolfsson e seus colegas descobriram que os chatbots ajudavam - os trabalhadores resolviam muito mais os problemas de seus clientes e o faziam 14% mais rapidamente. E os chatbots não eram tendenciosos: os melhores e mais experientes agentes não experimentavam nenhum benefício com o chatbot, enquanto os trabalhadores menos experientes e qualificados resolviam 35% mais consultas por hora. Esses trabalhadores inexperientes também aprenderam e melhoraram mais rapidamente do que aqueles sem acesso ao chatbot. 

Outro estudo, realizado pelos economistas Shakked Noy e Whitney Zhang, deu às pessoas tarefas de escrita. Metade deles teve acesso ao ChatGPT, metade não. Mais uma vez, foram as pessoas menos qualificadas que desfrutaram dos maiores benefícios. 

De Tim Harford

Rir é o melhor remédio

Sim, mas... Academia de ginástica. 
 

12 novembro 2023

Influenciadores financeiros

"Finfluenciadores" ou apenas influenciadores financeiros, para explicar o que o termo realmente significa, foram a desgraça da minha existência. Eu mesmo consumi esse conteúdo há anos - para ver o que as outras pessoas fazem, como administram seu dinheiro, como ganham dinheiro, etc. Mas, à medida que os anos avançam, tornei-me cada vez mais desconfiado e, como resultado, antipatia, dos finfluenciadores. 


Minha razão número um para não gostar de muitos finfluenciadores é o fato de que eles não são de fato consultores financeiros. São pessoas que prestam consultoria financeira, sem nenhuma certificação para fazê-lo. Aqui é importante distinguir entre certos tipos de finfluenciadores. Há pessoas que ficaram ricas e simplesmente conversam com você sobre o que fizeram; eles não fazem recomendações, não vendem produtos, cursos ou o que você tem. Eles apenas falam com você através de sua experiência e advertem que essa é apenas a experiência deles. Essas pessoas estão bem. É o resto que é o problema. Pessoas que falam com você através de sua experiência e a vendem como se fosse evangelho, a única maneira de fazer isso e tentam vendê-lo em um produto ou serviço, que eles definitivamente foram patrocinados, ou pior, um de seus próprios cursos, são apenas, na minha humilde opinião, a escória da terra. Eles estão aproveitando sua influência para ganhar mais dinheiro com você. Eles não estão aqui para educar, estão aqui para alavancar. Eu já vi isso antes, com os finfluenciadores não fazendo a devida diligência quando se trata de promover produtos e serviços (crypto, FTX) que mais tarde entraram em colapso e perderam milhares de dólares, se não mais. O que me leva a uma segunda preocupação.

A segunda questão-chave que tenho com os finfluenciadores e muitos outros influenciadores online é que é muito difícil dizer o que é real. Por mais ruim que pareça, não há incentivo real para que qualquer tipo de influenciador online seja honesto. Porque a honestidade não paga as contas. Deixando de lado a falta de due diligence e patrocínios não divulgados, eles poderiam estar mentindo. E a única coisa importante sobre os finfluenciadores é a riqueza deles. Duas maneiras de mentir sobre a riqueza: 1) mentir sobre o quanto realmente possuem e 2) mentir sobre como realmente ganharam dinheiro. Nada é mais fácil do que fingir sua vida online. (...) O que faz as pessoas acreditarem que você é rico e bem-sucedido? Bem, carros chiques, casas grandes, propriedades de investimento, férias de luxo e itens de designer. Isso também é conhecido como riqueza conspícua. Mas essas coisas podem ser alugadas ou apenas totalmente falsificadas. Existem aeroportos que possuem uma réplica de um avião particular no chão, apenas para influenciadores tirarem fotos mostrando que são tão ricos que podem comprar seus próprios aviões. É ridículo, mas eficaz. Porque de quem você prefere "conselhos financeiros": alguém com um avião particular ou alguém que não pode comprar um carro? Agora, o segundo ponto: supondo que o finfluencer seja realmente rico (onde está a prova)?!), eles são honestos sobre como conseguiram seu dinheiro? Mais uma vez, é difícil saber disso. (...) Há muitas pessoas ricas no mundo, mas, na minha humilde opinião, se o seu dinheiro vem de atividades ilegais ou moralmente duvidosas, não posso dizer que acho você inspirador. Mas nem um único finfluencer admitirá ter obtido dinheiro através de maneiras pelas quais eles poderiam comprometer seus seguidores.

Minha terceira disputa com os finfluenciadores: supondo que (alguns) finfluenciadores não estejam de fato mentindo e que sejam boas pessoas - isso significa que seus conselhos têm algum fundamento real? Não. O problema com as pessoas é que somos contadores de histórias. Gostamos de uma boa história, realmente gostamos. E as melhores histórias são histórias de desenvolvimento heroico. O oprimido que o torna grande. E para garantir que a história funcione, e você acabe sendo o herói, a situação em si deve ser descrita como prejudicial, com todas as consequências positivas em relação direta e inatas ao herói. Mas isso é uma mentira que dizemos a nós mesmos, para contar aos outros. (...)

Leia o texto completo aqui

Levando em consideração o intangível

We treat expenditures that create intangible assets as investments and instead of expensing them, we add them back to earnings when measuring the return on equity of firms while constructing the profitability factor in the Fama and French (2015) five factor model. The profitability factor we construct has significant alpha relative to many extant multi-factor asset-pricing models, including the standard Fama-French five factor model. When the profitability factor in the Fama and French (2015) five factor model is replaced with our intangibles adjusted profitability factor, the model performs better in explaining the cross section of stock returns, and several anomalies documented in the literature. Portfolios that exploit price momentum, earnings momentum, and operating leverage no longer have significant alphas. The improvement is consistent with the dividend discount model for equity valuation. Adjusted earnings constructed by treating expenditures that create intangible assets as investments help forecast the cross section of future cash dividends and operating cash flows on stocks better, especially at longer horizons. Adopting our adjustment when constructing the monthly rebalanced profitability factor in the Hou et al. (2015) four factor model improves its performance as well. Our intangible adjusted profitability factor has smaller left tail risk and co-tail risk with the market when compared to the standard profitability factor.

Fonte: aqui

Cheiro dos livros antigos

Qual a razão para os livros antigos terem um cheiro tão bom? Eis a resposta técnica:

Um perfume de amêndoa vem benzaldeído no papel. Vanilina, o principal composto da baunilha, é responsável por uma fragrância doce de baunilha. Etilbenzeno, usado em tintas e tintas, tem um cheiro de plástico doce. Hexanol de 2-etil, encontrado em solventes e aromas, cheira levemente floral.


Os livros modernos já usam produtos químicos e não produzem a mesma sensação. Há até um termo para isso, na língua inglesa: biblichor, que combina o termo livro (biblio, em grego) e odor. É derivado do termo que trata o cheiro da chuva, quando cai em solo seco: petrichor

Decisões Coletivas nem sempre são boas decisões

Muitas vezes ouvimos que uma decisão foi resultado de um trabalho em equipe. Fazemos então a associação entre qualidade e o fato de ter existido uma comissão encarregada de estudar um assunto e tomar uma decisão sobre o mesmo. No entanto, nem sempre decisões coletivas são boas decisões. Há uma pequena história sobre esse fato que ilustra bem o assunto: diz-se que o camelo é um cavalo projetado por uma equipe.

Basicamente, o camelo é fácil de montar, tem grande autonomia, baixa manutenção, pode caminhar em todo tipo de terreno, grande capacidade e bom consumo energético. Mas não é o cavalo. Isso se assemelha ao controle remoto com 50 botões ou ao teste de recuperabilidade. Aqui você pode assistir um pequeno vídeo, do filme "Pentagon Wars", sobre a criação de um veículo de combate que foi desenhado por uma equipe.


Os problemas das decisões coletivas podem surgir porque ninguém em um grupo tem a coragem de dizer que a ideia discutida talvez não seja uma boa ideia. Uma situação é quando pensamos que a ideia é uma grande bobagem, mas pensamos que somente nós discordamos do fato.

O problema pode também ocorrer quando muitas decisões individuais, quando tomadas em conjunto, resultam em um resultado final muito aquém do ideal ou do que o grupo deseja. Isso recebe a denominação de "tirania das pequenas decisões". Suponha que você decida fazer uma reforma na casa e, para cada cômodo, é tomada uma decisão sobre a cor da pintura das paredes. O filho deseja um azul em seu quarto, a cozinha é pintada de verde, a sala de branco e assim por diante. O conjunto final é um desastre, devido às decisões individuais.

Outra explicação para o problema das decisões coletivas não serem adequadas é o chamado efeito de adesão (bandwagon effect). Esse efeito explica o fato de seguirmos o que a maioria deseja.



Muitas normas contábeis são decididas de maneira "coletiva", e o resultado final pode não ser adequado. A aprovação de um relatório na estrutura de governança também pode ser fruto desse tipo de decisão. Essa é uma explicação para buscar o compromisso de tornar a gestão de uma empresa mais aberta, incluindo pessoas diversas.