O surgimento do ChatGPT também trouxe consigo profecias apocalípticas sobre o fim do mundo, além de previsões variadas sobre a transformação radical do mundo em que vivemos. Alguns textos conseguem abordar o cenário atual sem mergulhar em previsões sombrias. Recentemente, li um artigo no blog "Economics From the Top Dow" que argumenta que a inteligência artificial não resultará no fim da raça humana. O ponto central é que os seres humanos dominam o mundo não apenas por sua "inteligência", mas também pela capacidade de sustentação e reprodução. Embora a máquina que criamos possa superar a "inteligência" consciente, ainda não consegue sobreviver e se reproduzir como nós.
Para atingir o nível humano, a máquina teria que desenvolver vida autosustentável. Entretanto, isso só seria possível criando uma célula artificial que evoluiria ao longo de bilhões de anos, com resultados questionáveis. Em outras palavras, a IA precisaria ter um corpo. O autor do blog destaca que mente e corpo não podem ser separados.
O risco está na forma como utilizamos e controlamos os recursos da IA. Nesse sentido, o autor defende que as ferramentas sejam abertas, permitindo que qualquer pessoa tenha acesso aos códigos usados para criá-las. No caso do ChatGPT, os primeiros modelos eram abertos e os códigos estavam disponíveis. No entanto, a partir da versão 3, o modelo tornou-se proprietário, ou seja, a empresa proprietária do Chat, a OpenAI, é considerada "aberta" apenas de nome.
Outro ponto interessante abordado no texto é o risco da IA substituir empregos na economia, levando a uma grande parcela da população desempregada. O blog "Economics From the Top Dow" lembra que o sistema não pode funcionar com uma grande massa de desempregados estruturais, pois isso acarretaria perda de receita das empresas, uma vez que o sistema depende de um público consumidor. Isso não significa que não haverá alterações na estrutura de empregos, com algumas profissões desaparecendo ou perdendo importância, enquanto outras se tornam mais relevantes.
Ao final do texto, é ressaltado que a regulamentação da IA só será benéfica para os grandes players, pois a captura do órgão regulador favorecerá as empresas mais fortes e garantirá a "certificação" de sua tecnologia. Em suma, o verdadeiro risco da IA está relacionado às escolhas que fazemos em relação a ela.
Foto: Michael Dziedzic