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03 julho 2023

Custo econômico da violência

 No índice Global da Paz, o Brasil ocupa a 132ª posição entre 163 países ao redor do mundo, o que coloca o país em uma posição desfavorável. Se considerarmos um termômetro para avaliar a situação, estaríamos em um patamar baixo, ao lado de nações como Venezuela, Colômbia, México e Estados Unidos, mas distantes de países como Argentina, Chile e Uruguai. Essa realidade me parece bastante preocupante.

No entanto, uma estimativa interessante apresentada pelo documento é o custo econômico da violência. Esse cálculo abrange tanto os custos diretos quanto os indiretos da violência, incluindo um multiplicador econômico aplicado aos custos diretos. É importante mencionar que o custo econômico da violência leva em conta apenas os custos diretos e indiretos. A partir desse cálculo, são determinados os resultados per capita e a porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) afetados pela violência.

Embora essas informações sejam um tanto limitadas, podemos observar que o maior impacto econômico da violência ocorreu, em 2022, em países como Ucrânia, Afeganistão, Sudão, Coreia do Norte e Somália, com porcentagens do PIB variando de 35% a 63%. No caso do Brasil, o documento estima que o impacto econômico da violência seja de 11%, o que nos coloca na 29ª posição em relação a outros países. Nesse ranking, estamos logo após Rússia, Palestina, Arábia Saudita, Bahrein e Mauritânia, que ocupam as posições de 24º a 28º. Em termos per capita, o impacto da violência é de 2.150 dólares no Brasil.



02 julho 2023

Doação para o Museu Nacional


O Museu Nacional da Dinamarca doou a sua mais excepcional Capa de Penas brasileira do século XVII para o novo Museu Nacional, a fim de ajudar na reconstrução do patrimônio do museu, após a destruição de toda a sua coleção etnográfica de 20 milhões de artefatos insubstituíveis em um incêndio em 2018. Curiosamente, as icônicas capas de penas de ibis escarlate não estavam entre elas, pois todos os poucos exemplares sobreviventes conhecidos estavam em museus europeus.

Feita com penas de ibis escarlate e arara em uma rede de algodão tecida, a capa remonta ao início dos anos 1600 e foi criada pelo povo Tupinambá do Brasil. Os Tupinambá foram os primeiros povos indígenas que os portugueses encontraram quando chegaram ao Brasil em 1500. Os cronistas europeus registram que os Tupinambá eram adeptos das penas e as utilizavam em joias, faixas, bandanas, mantos e até mesmo como agulhas de tatuagem, todas feitas com penas de aves locais. As capas escarlates de ibis, utilizadas em rituais e cerimônias importantes, eram reverenciadas por sua beleza e significado religioso. (...)

Sabe-se que apenas 11 capas de penas Tupinambá sobreviveram, sendo que várias delas também pertencem ao Museu Nacional da Dinamarca. A capa recém-doada é a melhor preservada de todas elas.

Fonte: aqui

Fiquei pensando em como a capa seria contabilizada pelo Museu Nacional. É uma doação, mas cujo valor monetário é muito difícil de ser estimado. 

ChatGPT combate chamadas de telemarketing indesejadas

O Jolly Roger é um serviço telefônico que usa inteligência artificial (IA) para combater as chamadas de telemarketing indesejadas. Ele cria personagens fictícios e tagarelas que mantêm os golpistas ocupados ao telefone, desperdiçando seu tempo. Esse serviço é uma maneira de revidar contra as chamadas automáticas que se tornaram cada vez mais frequentes.


O Jolly Roger utiliza o ChatGPT e um software de modulação de voz para criar e ler roteiros para os operadores de telemarketing. Os personagens digitais, como Whitey Whitebeard e Salty Sally, são criados para enganar e entreter os golpistas. Desde a introdução do ChatGPT, o tempo médio de conversa com os operadores chegou a até 30 minutos, proporcionando grande satisfação aos usuários.

Para ter acesso ao serviço, os usuários pagam uma assinatura anual de US$ 24,99 e têm acesso a um sistema telefônico baseado em nuvem. Além disso, existem aplicativos que permitem visualizar, ouvir e compartilhar as chamadas gravadas entre o bot e o operador de telemarketing frustrado. Os usuários também podem criar seus próprios personagens irritantes.

Fonte: Business Insider. Foto: Petr Macháček

Rir é o melhor remédio

 

Calvi. Junho acabou

01 julho 2023

Decisão humana ou IA?

Para Daniel Kahneman, psicológo ganhador do Prêmio Nobel de Economia, não tem como o ser humano competir com a inteligência artificial (AI) quando o assunto é tomada de decisão. (...)

“Imagine uma situação de tomada de decisão: tem um ser humano com intuição e julgamento de um lado e tem o algoritmo do outro. E se eles não concordam? Quem tem a palavra final? É natural a gente dizer que é o ser humano, mas a decisão será ruim. Em última análise, é melhor optar pela decisão do robô”, afirmou durante sua apresentação na Febraban Tech 2023, nesta quinta-feira (29).

“A exceção é quando o humano tem uma informação que a máquina não possui. Aí, naturalmente, a decisão do ser humano será melhor”, acrescenta.

Na visão dele, pelo fato de o ser humano ser suscetível a vieses e ruídos, as nossas avaliações são prejudicadas por julgamentos e intuições.

O viés está associado à pré-conceitos, atalhos do cérebro e vícios das decisões intuitivas, como a discriminação de grupos ou o excesso de otimismo em momentos de bull market (mercado em alta). O viés prejudica o julgamento racional. Kahneman possui um livro que discute extensamente sobre o tema: “Rápido e Devagar”, publicado há dez anos.

O ruído, por sua vez, está associado à inconsistência e imprevisibilidade de um erro. Sobre este tema, Kahneman publicou o livro “Ruído: uma falha no julgamento humano”, em parceria com Olivirer Sibony, professor de estratégia na HEC Paris, e Cass Sustein, professor de direito em Harvard.

Um exemplo já conhecido é o da balança: se uma balança, ao pesar uma pessoa, sempre adiciona 5kg ao peso real do indivíduo, ela é enviesada; porém, se toda vez que alguém sobe na balança, ela apresenta variações de valores aleatórios, para cima ou para baixo, sem tendência definida, ela é um caso de ruído, conforme as teorias de Kahnemann.

Em seu livro, o escritor explica que há ruídos em vários momentos do nosso dia a dia, como médicos dando diagnósticos diferentes para o mesmo problema, analistas financeiros com opiniões opostas sobre o mesmo caso, entre outros.

Ainda, se uma balança sempre aumenta o peso real de quem sobe nela com valores diferentes, é enviesada e ruidosa. Ele afirma que viés e ruído combinados prejudicam muito o julgamento de situações — e ambos os fenômenos fazem parte do ser humano. Por isso, ele tem uma avaliação mais pessimista sobre a performance do ser humano na comparação com a inteligência artificial.

O tema é um dos assuntos do ano de 2023, depois da liberação do ChatGPT, da OpenAI, ao público no início do ano. A democratização em acesso foi o pontapé para uma série de discussões, além de um forte impulso para a corrida da AI generativa, com o Google e o lançamento do Bard, chatbot concorrente.

Kahneman acredita a interação com a inteligência artificial é um caminho sem volta e cada vez mais será aplicada em diferentes situações e para diversos usos, incluindo predições de problemas.

“Quando consideramos o diagnóstico de pacientes: o diagnóstico da inteligência artificial vai ser mais acurado que o do médico. A IA tem a capacidade de aprender de várias experiências com as quais tem interações, enquanto o ser humano aprende a partir da própria intuição e experiências que vive, tem sua própria perspectiva”.

Apesar disso, ele listou alguns tópicos que o ser humano ainda vai ter poder de decisão maior que o da IA pelo menos na próxima década:

 Grandes investimentos;

Tratamentos de saúde;

Guerras (se vai acontecer ou não).

Tem solução?

Diante da velocidade que a IA está sendo desenvolvida e de sua capacidade, há um problema, segundo Kahneman: “como melhoramos o nosso poder de julgamento? Urgentemente precisamos melhorar nossa avaliação, o padrão tá alto com a IA”, diz.



“A solução é padronizar processos. Não é legal dizer isso, mas para melhorar o julgamento humano precisamos fazer algo mais perto do que o algoritmo faz do que seguir nossa intuição. Especialistas cometem erros. A IA vai ser melhor do que o melhor expert humano, vai jogar xadrez melhor que o campeão mundial. Acreditamos em mais experts do que realmente existem”, afirma Kanehmann. E continua: “as pessoas podem acreditar na intuição e faz parte da nossa vida, por exemplo, quando você ouve o tom de voz consegue interpretar a pessoa. Mas em muitos casos não dá pra acreditar na intuição”.

Ele diz que um exemplo onde o julgamento humano é muito presente e gera muitos erros é na hora de contratar um novo funcionário. “Muito comum nas decisões de contratações. As pessoas têm intuições fortes sobre os candidatos, que costumam ser inacuradas debilitando a contratação”.

Na visão dele, embora o caminho seja árduo, uma evolução são as empresas. “Companhias como bancos, clínicas, seguradoras, são um caminho. Empresas aprendem melhor que o ser humano porque possuem procedimentos que evitam vieses e ruídos. E precisamos dessa evolução enquanto há tempo”, afirma.

Fonte: aqui

Bancas: passado saudoso

Sempre tive uma conexão sentimental profunda com as bancas de revistas. Desde os meus primeiros anos, havia uma banca na minha cidadezinha onde eu adquiria com entusiasmo a revista Placar, coleções da Abril, a revista Recreio e outras publicações. Ao me mudar para Brasília, já adulto, mantive o hábito de comprar jornais, livros e revistas na banca mais próxima de casa. 

Hoje em dia, entretanto, as bancas de revistas se transformaram e vendem uma infinidade de coisas, com as revistas se tornando apenas uma presença ocasional. 

Recentemente, duas notícias do mundo editorial trouxeram à tona essa nostalgia. A primeira delas foi o anúncio da revista National Geographic, agora pertencente à Disney, de que encerrará suas vendas em bancas a partir de 2023, resultando em uma série de demissões em sua equipe. São 135 anos de uma revista que cativou gerações, trazendo para o nosso alcance histórias inesquecíveis, como a icônica capa da menina afegã e as comoventes narrativas de "As Pontes de Madison".


A National Geographic sempre foi sinônimo de qualidade, tanto em seus textos cativantes quanto em suas fotografias deslumbrantes. Porém, sabemos que a qualidade tem seu preço, e foi exatamente isso que levou a revista a tomar essa difícil decisão. Ao invés de manter uma equipe fixa, optaram por contratar freelancers, resultando em textos mais rasos e baratos, projetados para gerar curtidas rápidas nas redes sociais. 

Em termos históricos, a perda do Wiener Zeitung é talvez maior. Esse jornal, pertencente ao governo austríaco, mesmo sendo independente, sofreu um duro golpe quando uma nova lei eliminou a exigência de publicação dos registros comerciais das empresas em sua edição impressa. Esse acontecimento resultou em uma drástica redução na receita e, consequentemente, na equipe editorial. De 63 pessoas, restaram apenas 20. Agora, o jornal passará a operar predominantemente online, com uma edição mensal impressa. É o fim de uma era para um jornal que já completou impressionantes 320 anos de história.



Política de Imigração e Taxa de Crescimento Populacional do Canadá

Esta semana tivemos a divulgação dos dados do censo demográfico do país. Em agosto de 2021 o IBGE tinha feito uma estimativa de 213 milhões de habitantes. Mas o censo indicou dez milhões a menos - uma cidade de São Paulo: 203 milhões. A taxa de crescimento da população foi de 0,52%, bem abaixo da média mundial ou do Canadá. 

Por sinal, o Canadá possui uma elevada taxa de crescimento populacional: 3,5%. Segundo estimativas, sua população chegou a 40 milhões de pessoas. Apesar desse número, o país ainda não é densamente povoado, pois o território canadense é um dos maiores do mundo.


A razão desse crescimento demográfico é a política de imigração do país. Além de estabelecer metas rígidas para a imigração, o Canadá está incentivando agressivamente a vinda de mais pessoas, especialmente imigrantes "brilhantes". Uma das ideias recentes é atrair pessoas que trabalham nos Estados Unidos com vistos H1B, ou seja, vistos qualificados. Em outras palavras, o Canadá está importando imigrantes de outros países.

(Gráfico com a taxa de crescimento da população do Canadá - em vermelho - e dos Estados Unidos)

Mais uma curiosidade: hoje é o dia do Canadá