THE NEW YORK TIMES - O processo começou como tantos outros: um homem chamado Roberto Mata acusou a companhia aérea Avianca, dizendo que se machucou quando um carrinho de metal atingiu seu joelho durante um voo para o Aeroporto Internacional de Nova York.
Quando a Avianca pediu a um juiz federal de Manhattan que rejeitasse o caso, os advogados de Mata se opuseram veementemente, apresentando um documento de 10 páginas que citava mais de seis decisões judiciais relevantes. Houve Martinez vs. Delta Air Lines, Zicherman vs Korean Air Lines e, é claro, Varghese vs China Southern Airlines, com sua erudita discussão sobre a lei federal e “o efeito pedágio da suspensão automática em um estatuto de limitações”.
Havia apenas um problema: ninguém – nem os advogados da companhia aérea, nem mesmo o próprio juiz – conseguiu encontrar as decisões ou citações resumidas no documento. O ChatGPT havia inventado tudo.
O advogado que escreveu a petição, Steven Schwartz, da firma Levidow, Levidow e Oberman, colocou-se à disposição do tribunal na quinta-feira, dizendo em uma declaração juramentada que havia usado o programa de inteligência artificial (IA) para fazer sua pesquisa jurídica – “uma fonte que se revelou não confiável”.
Schwartz, que advogou em Nova York por três décadas, disse ao juiz Kevin Castel que não tinha intenção de enganar o tribunal ou a companhia aérea. Também disse que nunca havia usado o ChatGPT e “portanto, desconhecia a possibilidade de que seu conteúdo pudesse ser falso”. Para o juiz, Schwartz disse que havia até pedido ao programa para verificar se os casos eram reais. E o ChatGPT tinha dito que sim.
O juiz Castel disse em uma ordem que havia sido “presenteado com uma circunstância sem precedentes”, um documento legal repleto de “decisões judiciais falsas, com citações falsas e citações internas falsas”. Ele ordenou uma audiência para 8 de junho para discutir sanções ao advogado.
À medida que a inteligência artificial varre o mundo online, ela evoca visões distópicas de computadores substituindo não apenas a interação humana, mas também o trabalho humano. O medo tem sido ainda maior para aqueles que trabalham com o conhecimento. (...)
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