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25 maio 2023

Empresas de petróleo, métricas ambientais e propriedade


As empresas nacionais de petróleo e gás possuem uma pontuação pior em termos de métricas ambientais, sociais e de governança do que seus pares independentes, de acordo com uma análise da Universidade de Columbia. As NOCs estão menos expostas à pressão dos acionistas e do público para melhorar sua governança e seus impactos climáticos. Porém, à medida que mais bancos multinacionais adotam seus próprios padrões de ESG, as pontuações mais baixas de ESG prejudicarão o crédito das NOCs e aumentarão seu custo de capital.

Produtividade e Reuniões

 

A empresa Microsoft fornece uma ampla gama de produtos, do Teams ao Powerpoint. Nesta posição, a empresa pode obter informações valiosas dos clientes, especialmente como gastamos nosso tempo. O gráfico acima mostra que boa parte dele é destinado ao Teams (Meeting e Chat) e Email. Ou seja, são produtos relacionados com a interação entre os colegas de trabalho. 

A classificação é obviamente questionável. Dividir os produtos em dois grupos, de comunicação e de criação, pode ser injusto com quem responde aos e-mails. O problema é que muitas pessoas usam o tempo fora do trabalho para responder aos e-mails. 

Inflação na América Latina

 

Pela situação atual, dificilmente a Argentina deixará de ser classificada como uma economia hiperinflacionária. Para ter esta "honra" o país deve ticar uma série de quesitos. Mas o principal deles - e mais objetivo - e apresentar uma inflação acumulada em três anos de 100%. Em abril de 2023 a Argentina atingiu este patamar, mas para uma inflação anual. 

Logo a seguir a Colômbia. Mas 12,8% ao ano de inflação significa um pouco mais de 40% em três anos, ainda distante do parâmetro. Olha quem aparece no final da fila: o Brasil, com 4,2% ao ano, chegará a 13% em três anos. Bem distante de uma hiperinflação.

Quando isto ocorre, as empresas devem preparar suas demonstrações conforme as normas específicas para economia hiperinflacionária. Apesar de estarmos distantes da hiperinflação, o fato de algumas empresas brasileiras fazerem transação com as empresas argentinas, torna necessário o uso da norma específica para esta situação. 

Era do formador de opinião

Talvez Ben Schott tenha tido um sexto sentido de que Martha Stewart estava prestes a nos dar "o serviço do século" em sua capa de maiô da Sports Illustrated, ou talvez ele tenha tido sorte. Mas, de qualquer forma, sua coluna visualmente encantadora de hoje analisa as empresas que capitalizam ao dizer o que é bom e o que é ruim - algo que Martha vem fazendo há algum tempo. Desde que a Revolução Industrial (lá está ela de novo!) deu origem a pilhas intermináveis de coisas, os seres humanos sempre desejaram - se não precisaram - de uma ajuda para determinar qual escova de cabelo, capacete de bicicleta ou forquilha comprar e qual deixar de lado. Antes do início da Era das Listas, a sociedade era orientada por órgãos que definiam tendências, como o Guia Michelin, o US News & World Report e o Prêmio Nobel da Paz.


Agora, tudo isso mudou, argumenta Ben. Hoje em dia, qualquer pessoa com um smartphone pode ser um formador de opinião. Os guardiões do establishment estão desaparecendo à medida que mais e mais pessoas recorrem ao TikTok para descobrir se aquele vestido da Skims vale os US$ 78 ou se a cópia da Amazon é boa. Ben prevê que a IA pode acabar ainda mais com os antigos criadores de tendências, gerando recomendações personalizadas que levam em conta todos os seus detalhes pessoais. Mas, sinceramente, o fato de um robô sugerir produtos com base em uma "constelação de pontos de dados", como diz Ben, parece um pouco assustador. A tecnologia é imperfeita - e já estamos vendo maneiras pelas quais a IA pode dar errado. Por esse motivo, celebridades queridas como o namorado Stanley Tucci e a mãe Martha provavelmente sobreviverão à revolução da IA, e talvez até prosperem por causa dela.

Jessica Karl, da newsletter da Bloomberg

24 maio 2023

Dúvidas sobre a autenticidade do quadro de Rubens na Galeria Nacional de Londres

 


A Galeria Nacional de Londres está enfrentando questionamentos sobre uma de suas pinturas. A obra em questão é intitulada "Sansão e Dalila" (foto acima) e supostamente atribuída a Peter Paul Rubens, datando de 1609. O quadro foi adquirido em um leilão da Christie's em 1980, pelo valor de 2,5 milhões de libras, um recorde na época, embora agora seja considerado um valor modesto para esse tipo de pintura.

Há anos surgem dúvidas quanto à autenticidade do quadro. Euphrosyne Doxiadis, em um artigo, mostrou tem expressado desconfiança em relação à qualidade da obra desde 1986, mas ela não é a única a suspeitar de sua autenticidade.

É sabido que Rubens pintou um quadro com o mesmo tema, que permaneceu no salão do prefeito de Antuérpia até 1640. No entanto, foram feitas duas cópias da pintura no local onde a obra original estava exposta, e essas cópias incluíam o quadro original. Posteriormente, o quadro original desapareceu e reapareceu apenas em 1929, quando foi adquirido por um alemão. Alega-se que o quadro tenha permanecido na casa real de Liechtenstein por dois séculos, mas as evidências são frágeis.

As dúvidas sobre a qualidade e autenticidade do quadro persistiram ao longo do tempo. Em 2021, uma empresa de Zurique utilizou técnicas de Inteligência Artificial para comparar o quadro com outras obras autênticas de Rubens, concluindo que havia uma probabilidade de 92% de que o quadro não fosse autêntico.

O artigo de Doxiadis apresenta outras evidências que apoiam sua tese. Esse tema adquire um interesse contábil, uma vez que o blog aborda questões relacionadas à contabilidade, por algumas razões relevantes. Duas delas merecem destaque. 

Primeiramente, o quadro faz parte do acervo do museu e, portanto, deve ser registrado como um ativo. A existência de uma alta probabilidade de que o quadro não seja de Rubens, certamente, diminui seu valor. Isso resulta em um problema de avaliação, no qual um valor menor para a obra deveria ser considerado. Mesmo o valor de aquisição de 2,5 milhões de libras pode ser considerado elevado. Se uma pintura não original tem um valor estimado em 10 mil libras, esse valor deveria ser registrado como o montante do ativo. O reconhecimento de uma perda significativa, mesmo para um museu renomado, é necessário.

O segundo aspecto relevante é que a Galeria Nacional é uma organização do terceiro setor, que recebe financiamento público proveniente dos impostos dos contribuintes. Manter o quadro como se fosse de Rubens, apesar das evidências em contrário, demonstra uma possível má-fé em relação àqueles que financiam a instituição.

(Interessante que o quadro não aparece na relação constante da Wikipedia como sendo de Rubens. E nem nas obras de destaque do museu)

10 anos do ORCID

A entidade sem fins lucrativos ORCID divulgou seu balanço de 10 anos. Um documento bem produzido, com muita informação visual. Veja por exemplo o mapa a seguir:

Visualmente sabemos que a Argentina, a Islândia e a Rússia não fazem parte do sistema de identificação de pesquisadores. A seguir, a evolução do resultado, também de forma gráfica:
E a composição das despesas:
O relatório não traz os números contábeis em formato de balanço ou outro tipo de demonstração contábil, nem relatório do auditor ou notas explicativas. Mas é bastante agradável de ler.


Bancos seriam a solução para a questão climática


Olhando as notícias dos últimos meses, parece que a crise climática terá sua solução através das instituições financeiras. É o velho ditado: mire a parte do corpo humano que mais provoca dor, o bolso.

Este também parece ser o pensamento de Masatsugu Asakawa, presidente do Banco Asiático do Desenvolvimento. O executivo defende que os bancos multilaterais de desenvolvimento podem ajudar a mudar a mentalidade atual e fazer muito para combater o aquecimento global.

Estes bancos podem fornecer o financiamento para o progresso climático. Para isto propõe colocar a questão do clima do topo da agenda. Mas não somente isto. Há outras atitudes, como o mecanismo de transição energética, visando aposentar as usinas de carvão.

Mas é necessário ver se as palavras não são somente discurso vazio. Os bancos de desenvolvimento são, neste sentido, uma boa fonte de financiamento, já que o resultado positivo não é o seu foco.