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04 maio 2023

Imposto de Renda e o bem estar do profissional contábil

Muitos contadores sacrificam seu bem-estar pessoal para atender às demandas de seus clientes durante o período de declaração do imposto de renda. O texto a seguir é de uma pesquisa da QuickBooks, mas acredito ser plenamente válida para o Brasil, neste mês do imposto de renda. 

Nos meses que antecedem o final de cada ano fiscal, as pequenas empresas contam mais do que nunca com seus contadores.


De acordo com uma nova pesquisa da Intuit QuickBooks, essa dependência pode tornar o período em torno do início do novo ano fiscal um período trabalhoso e avassalador para muitos contadores que tentam manter seus clientes felizes, preparados e com baixo nível de estresse.

A pesquisa revela que 30% dos proprietários de pequenas empresas acham a preparação para o início do novo ano fiscal o período mais estressante e de alta pressão do ano, ficando em segundo lugar o período movimentado de Natal. Felizmente para os proprietários de pequenas empresas, mais de três quartos dos contadores afirmam estar preparados para trabalhar horas extras para ajudar a reduzir a carga de seus clientes durante este período.

Em média, os contadores afirmam trabalhar quatro horas a mais do que o normal a cada semana, por um período de cinco semanas, a fim de se prepararem para o novo ano fiscal, totalizando quase um dia (20 horas) em horas extras por contador.

Embora seja importante que as pequenas empresas saibam onde procurar ajuda, muitos contadores fazem sacrifícios pessoais para acomodar a demanda extra. A pesquisa da QuickBooks entre contadores sugere que quase dois terços sacrificam ter um bom equilíbrio entre vida profissional e pessoal e quase metade sacrifica ter uma boa noite de sono.

Foto: Deniz Altindas

COSO e o risco ESG

O COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission) lançou recentemente um guia para ajudar empresas a incorporar fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) em seus controles internos, o que pode ajudar os contadores a lidar com essas questões. O guia fornece orientações sobre como os controles internos podem ser usados para lidar com as questões ESG e fornece uma estrutura para que os auditores possam avaliar a eficácia desses controles. O guia também destaca a importância da liderança da empresa em apoiar a integração dos fatores ESG em seus processos de controle interno. O objetivo final é ajudar as empresas a gerenciar melhor os riscos associados às questões ESG e melhorar sua transparência e responsabilidade.



Fonte: Accounting Today

Foto: Robert Lukeman

Rir é o melhor remédio

 

Livre arbítrio na academia

03 maio 2023

Amazon: de uma livraria a uma gigante de publicidade

Eu conheci a Amazon como uma livraria há bastante tempo. Com o passar dos anos, a empresa diversificou seus negócios e hoje grande parte da sua receita não vem mais dos livros. Agora, a empresa de varejo online obtém a maior parte da sua receita com o plano de assinatura Prime, a computação na nuvem (AWS) e a venda de publicidade.


A Amazon vende publicidade? Sim, é verdade. E essa fonte de receita da empresa americana é bastante estranha, pois não é fácil imaginar a Amazon como uma plataforma publicitária. No entanto, os números contábeis da empresa mostram que, em 2022, ela obteve receita de 38 bilhões de dólares com publicidade. Para fins de comparação, o YouTube teve receita de 30 bilhões.

Apesar disso, a Amazon ainda está atrás do Google e da Meta (que inclui Facebook e Instagram) em termos de publicidade na internet. Na própria Amazon, ela só perde para os serviços web da AWS, que tiveram uma receita de 80 bilhões de dólares.

O fato da receita proveniente de publicidade ser muito atraente se deve, em parte, à provável alta rentabilidade desta área de negócios. No entanto, a Amazon não disponibiliza esses números.

Leia mais aqui 

(Um parênteses gráfico aqui. O número de crianças batizadas com o nome Alexa desabou nos últimos anos. Realmente, ter este nome é gozação certa. É a "Ana Júlia" dos americanos)



Uso da tecnologia em sala de aula há cem anos

O assunto parece estar sempre em discussão: como a tecnologia ajuda ou atrapalha a educação. Há cem anos, já existiam salas de aula com máquinas de escrever e até mesmo rádio. Esse tipo de tecnologia mudou a forma da educação, afetando tanto os professores quanto os alunos.

A utilização da tecnologia na educação não é algo recente. A aprendizagem com a tecnologia permite mais oportunidades para o ensino. Eu encontrei no Daily Jstor um estudo de caso do uso da tecnologia na área de música. A empresa Victrola usou o trabalho da educadora Frances E. Clark na aula de música.


Clark era do meio-oeste rural dos Estados Unidos e começou no ensino com aulas de canto, quando ainda era adolescente. Depois de casar, ter dois filhos e ficar viúva, ensinou música em escolas públicas e em aulas particulares. Mesmo com dificuldades, Clark se mantinha atualizada sobre a educação musical e adotava novos métodos. Em 1911, a Victor Corporation contratou Clark para chefiar a divisão de educação. Clark desejava enfatizar a "boa música" e a Victor expandir o mercado de registros sonoros de óperas e músicas clássicas.

Naquele momento, os educadores não acreditavam que a música gravada pudesse ser usada na educação musical. Existia dúvida sobre a qualidade dos produtos lançados pelas gravadoras e a possível ameaça ao emprego dos músicos profissionais.

Clark virou essa lógica de cabeça para baixo, sugerindo que registros de alta qualidade ofereciam às crianças a chance de ouvir "música real", em oposição aos esforços vacilantes de seus colegas de classe. Ela introduziu a "apreciação musical" nas escolas primárias, liderando a criação de um livro para ajudar os professores a planejar lições em torno de vários registros da Victor.

Em tempos de celular e chatgpt, a história parece repetir. 

FTX: soberba, incompetência e ganância

O relatório do administrador do processo de falência da FTX, uma empresa de criptomoedas, aponta que a companhia faliu devido à "soberba, incompetência e ganância" de seus fundadores. O relatório (vide aqui) afirma que os fundadores gastaram dinheiro exorbitante em atividades como aquisições de times esportivos e eventos luxuosos. Além disso, a empresa não conseguiu gerar receita suficiente para sustentar suas despesas, ou seja, não obteve lucro. Além disso, os gestores supostamente tentaram esconder informações financeiras da empresa e apresentar dados falsos aos investidores.


O relatório tem 39 páginas e foi apresentado no mês passado no tribunal de falências de Delaware. Os credores afirmaram que a empresa não tinha controles contábeis e financeiros básicos, e os gestores impediam a "dissidência". Esses mesmos gestores usavam de forma indevida os fundos da empresa e dos clientes, mentiam sobre os negócios e, finalmente, causaram o colapso do grupo.

Dos gestores, Sam Bankman-Fried (foto) declarou inocência. O julgamento deverá ocorrer em outubro. Gary Wang e Caroline Ellison estão cooperando com a justiça e se declararam culpados.

Na verdade, provavelmente a grande maioria das falências tem sua origem na soberba, incompetência e ganância. 

Efeito de desastres naturais na aversão ao risco

Usualmente, as pessoas são avessas ao risco em decisões financeiras. Mas quando um grande desastre natural ocorre, será que esse comportamento é afetado? Foi realizada uma pesquisa com sobreviventes do tsunami de 2004 no Oceano Índico. Nesse tipo de pesquisa, opções de escolha de fluxos de caixa imaginários são dadas ao entrevistado e eles devem escolher entre "mais vale um pássaro na mão do que dois voando" (abaixo). Cinco anos após o desastre, as pessoas fizeram sua escolha, e foi comparada com outras pessoas que não estiveram expostas ao desastre natural.


A pesquisa descobriu que um desastre natural afeta a aversão ou propensão ao risco das pessoas. Mas um aspecto interessante é que esse efeito não é permanente. Pelo contrário, ele tem uma duração relativamente curta. Na pesquisa realizada, um ano depois já não existem diferenças na disposição de assumir riscos entre os grupos estudados. Mas logo após o desastre natural ocorreu uma mudança com relação ao risco dos sobreviventes. Algo como uma "síndrome de super-herói" contaminou esse grupo de pessoas, fazendo com que assumissem um risco financeiro maior. No curto prazo, é verdade.

Essa pesquisa talvez seja um contraponto interessante para aqueles que consideram que eventos como desastres naturais terão efeitos de longo prazo sobre as pessoas. Parece não ser verdadeiro, e isso está coerente com pesquisas realizadas, por exemplo, para saber se fatos de elevado impacto na vida das pessoas - como a morte de um parente próximo ou ganhar na loteria esportiva - continuarão tendo influência por muitos anos. Tudo leva a crer que não. Da mesma forma, a atitude das pessoas pode sofrer mudanças no curto prazo, mas isso não irá perdurar.