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20 março 2023

Educação Financeira e Poupança para aposentadoria

Afinal, a educação financeira afeta as decisões financeiras das pessoas? O debate continua, agora olhando a influência na poupança para a aposentadoria: 

Since individuals are increasingly required to manage their own retirement portfolios, policy levers that increase retirement planning and saving have become increasingly important. We use variation in timing and presence of state-required personal finance coursework in high schools to estimate the effect of the financial education coursework on the likelihood of holding and amount in retirement accounts in adulthood (ages 25–40). Our results show no definitive increases in account ownership, non-retirement investment accounts, or homeownership. Since prior work finds required high school financial education improves credit and debt outcomes, we recommend that states and educators prioritize content that is more immediately relevant for 18-year-olds, such as budgeting, long-term debt, and credit.

Does financial education affect retirement savings? - Melody Harvey & Carly Urban - Journal of the Economics of Ageing, February 2023 

19 março 2023

Livro: Adeus, Senhor Portugal

 Há alguns anos, Jacob Soll lançava um livro chamado The Reckoning: Financial Accountability and the Rise and Fall of Nations. O autor mostrava que ferramentas como auditoria e as partidas dobradas permitiram construir impérios poderosos; e como a ausência desses instrumentos foram responsáveis pela queda de nações. O livro é muito forte em associar o destino das nações a boa ou má gestão das contas públicas. 

Existe um pouco desta noção na obra “Adeus, senhor Portugal”, de Rafael Criello e Thales Zamberlan Pereira. Suas quase quatrocentas páginas estão divididas em nove capítulos, com três partes principais e narra a história da independência brasileira. Na primeira parte, com quatro capítulos, é a descrição do processo de independência. O foco são os anos de 1822. A segunda parte recua no tempo, trazendo a história da fuga do rei João VI de Portugal. E a terceira parte é a consolidação do país, que levou a saída do rei Pedro I do país. 


Os autores mostram que a fuga de João VI significou a presença da corte no Rio de Janeiro. Com o tempo, a estrutura administrativa foi duplicada e isto significou um custo para os contribuintes. Era necessário sustentar a corte no Rio de Janeiro, a estrutura remanescente de Lisboa e a administração da província. Além disto, havia os encargos trazidos com a guerra contra a França e a redução da receita de alguns produtos que eram exportados pelo país. 

Há um ponto importante na obra que é o papel central do legislativo. Isto inclui os heróis da independência, Lino Coutinho e Cipriano Barata, mas não Pedro. Este papel fica muito claro ao longo da obra, mas o epílogo mostra isto de forma bem clara. A comemoração dos duzentos anos de independência brasileira também é festejar os representantes do legislativo. 

Em 1822 havia uma discussão nas Cortes Constitucionais, em Lisboa, que tinha por finalidade restabelecer os portos portugueses como parada obrigatória das cargas destinadas aos portos portugueses. Isto era uma regressão para o Brasil, pois reduziria os negócios na colônia. Do lado da despesa, o reino português apresentou um aumento substancial nos gastos, inclusive militares. Entre 1802 e 1812, as despesas militares saíram de 60% do gasto total para 78% e mantiveram elevados a partir de então. Isto só irá realmente diminuir no final dos anos de 20, do século XIX, quando o legislativo recusa a aumentar as fontes de receitas do governo, batendo de frente com o caudilho Pedro. 

O texto também segue a tendência de Jorge Caldeira e outros historiadores recentes que mostraram que existia um grande dinamismo das relações econômicas na colônia, que não dependia somente da exportação e importação. O perdulário João VI gostava de dar títulos e festas, mas isto aumentava os gastos: as despesas com a Casa Real chegaram a 29% das despesas do Estado na América portuguesa. Neste momento, os gastos militares representavam 45% . 

Um aspecto típico da época é que as finanças estatais eram tratadas como assunto secreto. Parte da história ainda está sendo reconstituída, como um quebra-cabeça, a partir de alguns documentos existentes. Assim, há lacunas e uma delas é a razão pela qual o Brasil tornou-se independente e manteve sua coesão. Uma das possíveis explicações é a universidade. Ao contrário das colônias espanholas, Portugal manteve o ensino superior centralizado, especialmente na Universidade de Coimba. As elites administrativas das diferentes partes do Brasil eram formadas em direito, em um mesmo local. Esta união pode, ironicamente, ter ajudado na homogeneidade ideológica das elites, que por sua vez explicaria o Brasil unido após a independência. 

As finanças públicas também será a principal explicação para a derrocada de Pedro. Ao insistir em manter uma guerra na província da Cisplatina, atual Uruguai, Pedro necessitava de recursos. A constituição que ele mesmo aprovara indicava que o aumento de gastos deveria ser feito pelo legislativo. Nos primeiros anos do seu governo, o país tinha obtido um grande empréstimo internacional e, por este motivo, Pedro não precisava do legislativo. Quando o dinheiro acabou, o imperador tentou usar o Banco do Brasil, através da emissão de moeda. Isto gerou inflação e descontentamento popular. O legislativo percebeu que a única maneira de manter sua vantagem na briga política era manter o governo insolvente. Em um determinado momento, o legislativo aprovou até o fechamento da instituição financeira, o que cortaria esta fonte de recurso do imperador. 

Eis um dado impressionante: entre o ano fiscal de 1830-1 e 1831-2 os gastos militares reduziram em 35% por conta da decisão parlamentar. Durante o reinado de Pedro, os recursos para a área militar era abundante e o parlamento teve o mérito de colocar as coisas no seu devido lugar. 

Enfim, a leitura de Adeus, senhor Portugal muda nossa percepção do que ocorreu ao longo da nossa história, destacando a relevância das contas públicas e do poder legislativo. 

18 março 2023

Tendências das teses no Brasil

Eis o resumo:

O presente estudo buscou identificar as abordagens paradigmáticas, teóricas e os procedimentos metodológicos de maior predominância nas teses dos Programas de Pós-Graduação (PPGs) em Contabilidade do Brasil. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, documental e de abordagem qualitativa, por meio da análise de 461 estudos de doutoramento. Nesses, identificou-se que o paradigma funcionalista – aquele que busca compreender a sociedade de uma forma pragmática e objetivista – ainda domina o posicionamento dos pesquisadores contábeis no país e, no caso dos procedimentos metodológicos, as pesquisas descritivas, documentais e com abordagens quantitativas prevalecem em cena. Nos suportes teóricos, o estudo mostrou que se destaca nessa área a utilização dos pressupostos de uma teoria (majoritariamente Teoria da Agência) e a ausência de lentes teóricas em um terço dos trabalhos analisados. Tal cenário ressalta uma tendência monoparadigmática e pouca diversidade teórica nas pesquisas de maior impacto da Ciência Contábil. Como contribuição, o estudo esclarece os posicionamentos individuais dos pesquisadores da área, discute como está a produção científica nos trabalhos de maior impacto da área e traça novos caminhos de análise para a evolução da Ciência Contábil.

Interessante a tabela a seguir:

Há uma predominância do gênero feminino entre orientadores, mas a diferença entre os doutorandos é menor. Isto significa que a diferença de gênero pode reduzir nos próximos anos. Esta tabela é somente para os orientadores que realmente conduziram uma orientação com sucesso no período da pesquisa e, para os professores do Programa Multi, não foram consideradas as orientações entre 2007 a 2015. Os programas do Sul tem uma grande formação de doutoras. 


Há uma prevalência pela abordagem quantitativa (painel B)


16 março 2023

Custo para ter uma aposentadoria confortável

Usando o custo de vida de cada país, uma pesquisa calculou como seria o custo de vida, em US$, para viver entre 61 anos - idade da aposentadoria - e uma expectativa de vida de 76,15 anos. A pior opção, em termos de custo, seria Cingapura (1.118 mil) e a melhor economia o Paquistão (158 mil dólares). 

Se o seu sonho é viver na Europa, a Macedônia seria uma boa opção: 229 mil. Mas talvez a Suíça seja um pouco cara: 831 mil. Portugal, o destino de muitos brasileiros aposentados, exigiria 414 mil. Na América Latina temos opções mais interessantes: Chile, por exemplo, exigiria 283 mil, versus 271 mil no Brasil. 



Os valores foram obtidos aqui

Este executivo parece não ter sorte: Arthur Andersen, Lehman Brothers e SVB

 

Eis o currículo de Joseph Gentile, CEO da SVB. Seria bom observar qual o seu próximo emprego. 

Via aqui

PwC irá usar inteligência artificial na área jurídica

A empresa de auditoria PwC anunciou uma parceria com a startup IA Harvey para prestação de serviços na área do direito. Os funcionários da PwC terão "acesso exclusivo" na plataforma. Segundo o comunicado da empresa (via aqui), a inteligência artificial não será usada para fornecer consultoria jurídica para os clientes e não substituirá seus advogados. 

A tecnologia da IA Harvey é a mesma usada pelo ChatGPT; ou seja, usa linguagem natural, aprendizado de máquina e análise de dados para ajudar nos trabalhos jurídicos. 

Harvey ajudará a gerar insights e recomendações com base em grandes volumes de dados, fornecendo informações mais ricas que permitirão aos profissionais da PwC identificar soluções mais rapidamente. Todas as saídas serão supervisionadas e revisadas pelos profissionais da PwC.

Este acesso ocorrerá em mais de 100 países para mais de 4 mil funcionários jurídicos.