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13 março 2023

Teóricos ou Gurus: quem está certo (ou errado) em finanças pessoais

No final do ano passado, o professor James Choi publicou um artigo no NBER onde fazia uma análise dos livros mais populares na área de finanças pessoais. Choi comparou os conselhos dos autores com as recomendações da teoria. Há algumas diferenças interessantes. Um exemplo, a teoria aconselha que uma pessoa deve tentar quitar as dívidas com elevado custo em primeiro lugar. Isto faz sentido, já que a teoria olha a taxa de juros das dívidas. Mas os gurus de finanças pessoais indicam que você deveria começar com as dívidas de pequeno montante, deixando de lado a taxa de juros. O sentido é que ao quitar pequenas dívidas, a pessoa começa a criar um hábito saudável de tentar resolver sua vida financeira. O conselho dos gurus é mais no sentido comportamental. 

Quem está certo: a teoria ou os gurus? Depende, segundo Tim Harford


Às vezes, os livros populares estão simplesmente errados. Por exemplo, uma afirmação comum é que quanto mais tempo você mantém ações, mais seguras elas se tornam. Não é verdade. As ações oferecem mais riscos e mais recompensas, independentemente de você as manter por semanas ou décadas. 

Em outro trecho do artigo de Harfor:

o conselho econômico padrão é que devemos facilitar o consumo ao longo de nosso ciclo de vida, acumulando dívidas enquanto jovens, acumulando economias na próspera meia-idade e gastando essa riqueza na aposentadoria. Tudo bem, mas a idéia de um "ciclo de vida" carece de imaginação sobre todas as coisas que podem acontecer na vida. As pessoas morrem jovens, passam por divórcios caros, deixam empregos bem remunerados para seguir suas paixões, herdam quantias arrumadas de tias ricas, ganham promoções inesperadas ou sofrem de problemas de saúde crônicos.

Não é que esses sejam resultados inimagináveis - eu apenas os imaginei -, mas que a vida é tão incerta que a idéia de alocar o consumo de maneira ideal ao longo de várias décadas começa a parecer muito estranha. O conselho financeiro bem usado de economizar 15% de sua renda, não importa o que aconteça, pode ser ineficiente, mas tem uma certa robustez.

O trabalho de Choi é bem interessante. Mas creio que supor que exista "uma" teoria talvez seja otimismo demais. 

Foto: Jannes Jacobs

09 março 2023

Crise de publicação

Sobre a crise de publicação:

Em cinco anos consecutivos, 2018-2019-2020-2021-2022, John Ioannidis possui 89-81-82-74-46 publicações indexadas PubMed. Isso seria um total de 372 ou 74 por ano (não auditei esse total manualmente). Nas primeiras oito semanas de 2023, o Dr. Ioannidis teve 17 publicações indexadas no PubMed até 27 de fevereiro.  Este será um ano verdadeiramente marcante para ele, se essa tendência persistir.


A título de comparação, Francis Crick [do DNA] publicou menos de 55 artigos (alguns na lista são duplicados) iniciando uma carreira com mais de 40 anos de idade em 1952, quando ele tinha 36 anos.  E encontrei uma reimpressão do artigo da Nature que resultou no Prêmio Nobel, no American Journal of Psychiatry (2003) como parte do 50o. aniversário do artigo que deu início a moderna biologia molecular (including mRNA vaccines)!  

Nota adicionaal: Recebo e-mail, desta vez da Nature intitulado "Hiperautoria", que significa a ciência da "grande equipe" (2 de março de 2023, p. 175-177). Peter Higgs postulou o bóson homônimo em 1964.  Sozinho. A confirmação experimental exigiu 2.932 autores.  Uma medição precisa subsequente da massa do bóson de Higgs exigiu 5.154 “coautores”. Um artigo de 9 páginas sobre o efeito da vacinação SARS-CoV-2 nos resultados pós-cirúrgicos incluiu 15.025 “coautores” em um consórcio. 

Fraude ou blefe?

A empresa Ozy atua na área de mídia e entretenimento desde 2013. Seu principal executivo é Carlos Watson. Ao longo da sua história, a Ozy chegou a estabelecer parcerias com o The  New York Times e Wireless, com Oprah Winfrey, BBC e History Channel. 

Em setembro de 2021, o antigo parceiro, o New York Times, anunciou que a empresa tinha feito algumas ações que aparentavam fraude. Uma delas é que o COO da empresa, Samir Rao, se fez passar por um executivo do YouTube em uma teleconferência com o Goldman Sachs. A empresa queria obter um investimento de 40 milhões e foi desmascarada quando o Goldman entrou em contato com o YouTube e confirmou que nenhum executivo da empresa estava participando da teleconferência.  


Aparentemente o Conselho de Administração da Ozy exigiu a demissão de Rao. A CNBC consultou Sharon Osbourne se ela seria investidora da empresa, conforme uma declaração do CEO da empresa em 2019. Sharon negou e informou ter recebido ações da empresa como parte de um acordo legal. 

O fechamento da empresa e a investigação de fraude aconteceram logo após. Rao, o falso executivo do YouTube, se declarou culpado; Watson, o principal executivo, foi preso e disse que era inocente. 

Mas a acusação inclui mentiras sobre o desempenho da empresa e fabricação de documentos. Na newsletter DealBook do NYTimes, uma questão interessante: 

ao nomear uma listagem de investidores no negócio - quando nem todos estivessem aportado dinheiro na empresa - o executivo estava sendo antiético. Mas esta prática é mais comum do que pensamos: quantas vezes um corretor imobiliário exagera nas pessoas que compraram um imóvel semelhante? ou quantas vezes uma empresa destaca que há um grande interesse por um produto? No mundo dos negócios isto chama-se blefe. 

Enquanto a fraude é condenável, o blefe é defensável. Mas qual a fronteira entre ambos? 

Foto: aqui

06 março 2023

Vantagens da moeda corrente

Em um texto sobre o uso de moeda corrente na Suíça, uma relação de três vantagens da moeda corrente:


Primeiro, o dinheiro torna o gerenciamento do seu dinheiro claro e simples. É mais fácil manter uma compreensão firme de seus gastos com notas e moedas. Você só precisa abrir sua carteira para ver se pode pagar despesas adicionais. É por uma boa razão que os pais geralmente dão dinheiro aos filhos em dinheiro. Por outro lado, quando você mantém um cartão de plástico em um terminal de pagamento, tudo o que vê é um valor que será debitado da sua conta em algum momento no futuro.

Segundo, graças à sua simplicidade de uso, o dinheiro permite que todos participem da economia na vida social. Você não precisa de uma conta ou telefone celular para pagar com moedas e notas, nem precisa de uma afinidade com a tecnologia digital.

Terceiro, ao pagar em dinheiro, você não precisa fornecer detalhes pessoais, como seu nome ou número do cartão. Com pagamentos eletrônicos, no entanto, são armazenadas informações sobre as pessoas que efetuam o pagamento e seu comportamento de pagamento.

A notícia é que pode existir um plebiscito para obrigar o governo a garantir as moedas e notas em quantidade suficiente e que qualquer tentativa de substituir o franco suíço por outra moeda só pode ser feito por referendo. Isto inclui moeda digital. 

Balanço Global

Assim como um balanço corporativo pode fornecer informações sobre a saúde financeira de uma empresa, um balanço global (GBS), contabilizando os ativos e passivos de governos, empresas, famílias e instituições financeiras, pode fazer o mesmo para economia mundial.

Este é o início do artigo publicado por Andrew Sheng, indicando a existência de um balanço global. Bom, na prática, o GBS não é tão global assim, já que combina dados de dez países, representando 60% do PIB. O GBS é calculado pela McKinsey Global Institute. 


O comparativo do GBS é realizado em termos de outra medida, no caso o PIB. O gráfico abaixo mostra que atualmente a China tem a maior parcela do balanço global, uma posição que já foi do Japão, nos anos 80. 

Sobre o fato do comparativo ser o PIB é natural que exista uma medida de "fluxo" - que seria esta medida econômica de produção. Neste caso, se o GBS corresponde ao Balanço, o PIB seria a DRE. O texto informa que os ativos correspondem a 18,1 vezes o PIB. Seria a medida inversa ao giro do ativo, que corresponderia dizer que os ativos mundiais provocariam uma geração de riqueza de 5%.

(Tenho dúvidas se isto tudo faz sentido. Seria necessário mais leitura sobre o tema)