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04 março 2023

03 março 2023

Contador, ética contábil e evasão fiscal: IESBA propõe uma importante e questionável guinada no código de ética

Inicialmente a notícia:

O Conselho Internacional de Padrões de Ética para Contadores divulgou uma proposta para revisar seu código de ética para tratar de preocupações sobre contadores que ajudam as empresas a evitar o pagamento de impostos.

O exposure draft, divulgado sexta-feira pela IESBA, responde a reclamações de evasão fiscal generalizada por empresas multinacionais e revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos no Pandora Papers e o Paradise Papers do envolvimento de importantes escritórios de contabilidade e advocacia e bancos na facilitação de tais estratégias tributárias.

As propostas da IESBA, afiliada à Federação Internacional de Contadores, visam fortalecer as expectativas éticas para os contadores que trabalham em empresas e na prática pública ao realizar atividades de planejamento tributário para seus empregadores ou fornecer serviços de planejamento tributário aos clientes.


"A profissão contábil desempenha um papel confiável na facilitação da operação eficiente e eficaz do sistema tributário de uma jurisdição e na sua criação de um pilar do sistema econômico", disse a presidente da IESBA, Gabriela Figueiredo Dias, em comunicado divulgado na sexta-feira. "No entanto, é crucial que haja grades éticas claras e robustas quando contadores profissionais auxiliam o planejamento tributário de suas organizações e clientes empregando para salvaguardar o interesse público. Essas propostas oportunas também foram projetadas para fornecer aos contadores profissionais orientações práticas para enfrentar os desafios éticos nessa área complexa."

A estrutura ética proposta explicaria os tipos de ameaças ao cumprimento dos princípios éticos fundamentais do código de ética contábil que podem ser criados quando contadores profissionais estão envolvidos no planejamento tributário. Estabeleceria um princípio claro de que os contadores profissionais deveriam recomendar ou aconselhar sobre um acordo de planejamento tributário somente se determinassem que há uma base credível nas leis e regulamentos para ele.

Isto parece uma importante e questionável guinada no código de ética. Há aqui uma mudança de foco, onde o profissional, contratado por uma entidade, deve defender o interesse do Estado. Isto é muito inovador. Se nos primórdios o profissional fazia a contabilidade para o dono, a mudança proposta submeteria o profissional ao fisco. Faz sentido? 

Será que as entidades que regulam a profissão irão aceitar? É, o inferno está cheio de pessoas bem intencionadas. 

Curiosidade: Gabriela Figueiredo Dias é portuguesa

Foto: Luca Bravo

Modularidade, Lego e Salvar o Planeta

A modularidade tem várias vantagens. A primeira é que os componentes individuais podem ser fabricados em escala, o que reduz rapidamente os custos. Na década de 1930, um engenheiro aeronáutico americano chamado TP Wright fez um estudo cuidadoso das fábricas de aviões. Ele concluiu que quanto mais frequentemente um modelo específico de avião era montado, mais rápido e barato o próximo avião se tornava. Os trabalhadores aprenderam as melhores maneiras de trabalhar e ferramentas especiais seriam desenvolvidas para ajudar em tarefas específicas. Wright descobriu que o segundo avião seria tipicamente 15% mais barato que o primeiro. O quarto seria 15% mais barato que o segundo e o oitavo avião 15% mais barato novamente. Sempre que a produção acumulada dobrava, os custos unitários caíam 15%. Wright chamou esse fenômeno de "curva de aprendizagem".


Pesquisadores posteriores descobriram curvas de aprendizado em mais de 50 produtos, de transistores a cerveja. Às vezes, a curva de aprendizado é superficial e às vezes é acentuada, mas sempre parece estar lá. E como os projetos modulares usam repetidamente os mesmos planos e estruturas, eles aproveitam a eficiência da curva de aprendizado. (...)

Por sua natureza, os projetos de construção modular são mais propensos a continuar, mesmo quando há um problema com um elemento da estrutura. Isto ajuda a explicar porque, no banco de dados da Flyvbjerg [um especialista em megaprojetos fracassados], os projetos modulares são praticamente imunes aos mais dramáticos "cisnes negros", que são sempre um risco para outros grandes projetos.

Da coluna de Tim Harford. Foto: Xavi Cabrera

Harford entende que a aplicação da modularidade pode ajudar a energia solar e talvez a energia nuclear, reduzindo os custos deste tipo de energia. Isto pode facilitar a mudança da estrutura energética mundial. Por isto, o salvar o planeta do título. 

E a contabilidade? A questão da curva de aprendizagem é ensinada em custos, sendo fundamental para certas áreas. 

Processos contra gigantes da mídia crescem

 

Nos últimos anos tem-se observado um aumento substancial na depressão entre os jovens. O gráfico acima mostra a evolução da doença, entre 2004 a 2021 nos Estados Unidos. Começa a consolidar uma crença que as empresas de mídia sociais - Meta, Google entre outras - seriam responsáveis pela mudança no quadro de saúde de pessoas entre 12 a 17 anos. 

Há algumas pistas neste sentido. A primeira é que o tempo gasto pelos jovens com redes sociais digitais é substancial. E os jovens que passam mais tempo na mídia social são mais propensos a terem casos de depressão. O gráfico abaixo mostra esta relação e parece nítido que quanto maior o tempo dispendido em uma mídia social, maior a chance de ter depressão. 

A segunda pista é que os algoritmos são construídos para tentar aumentar ao máximo o tempo consumido on-line, mesmo que isto seja prejudicial para o usuário. O processo de recomendação de novos conteúdos induzem aos conteúdos que podem agradar ao usuário, não necessariamente a um tipo de conteúdo de qualidade. 

A terceira pista refere-se ao aumento de processos judiciais contra as empresas. O texto da Context, aonde retirei os gráficos acima, escutou alguns dos litigiantes e suas histórias. Alguns casos recentes mostram que a própria justiça não acredita na isenção das mídias sociais. O artigo de Avi Ascher-Shapiro apresenta algumas vitórias parciais que já aconteceram nos Estados Unidos. O Snap foi condenado pela morte de dois garotos que usavam um filtro que encorajava a condução imprudente. O Google está sendo processado por um vídeo no Youtube que induzia o apoio ao Estado Islâmico. 

Alguns advogados acreditam que estão diante de um caso parecido ao da indústria do cigarro e ao da produção de amianto. Mas este assunto é controverso. 

E a contabilidade? Em termos contábeis, havendo a chance da empresa ser processada e perder, a contabilidade deve olhar isto como um passivo. Para as empresas contábeis que consideram que a vida digital é só bônus, este seria o lado do ônus. Todo cuidado é pouco na exposição dos temas na mídia social. 

Rir é o melhor remédio

 

Gostei muito deste cartoon. Poderia ser também no automóvel. 

02 março 2023

Gráficos

 

Netflix responde por 15% do tráfego mundial da internet. Logo a seguir, Youtube, com 12%

Turismo contribuiu com 1/4 da economia da Islândia, Grécia e Croácia 

O declínio de um programa de televisão: The Simpsons e as notas no IMDb (verde, notas melhores; e vermelho, notas piores)