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28 fevereiro 2023

Reputação e o caso da Prevent

Durante a pandemia, surgiu uma notícia de que a operadora Prevent Senior usava remédios sem eficácia comprovada para o tratamento do Covid19, sem o consentimento do paciente. 

Agora, a justiça de São Paulo condenou a advogada Bruna Morato a uma multa de 300 mil reais por danos morais. A advogada acusou a Prevent de perseguir funcionários e chamou os diretores de criminosos. 


O juiz Gustavo Coube de Carvalho, da 5.ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, classificou as declarações como uma 'tentativa de assassinato de reputação' da empresa.

"O dano moral daí advindo é evidente, além de demonstrado pela grande repercussão, na imprensa e mídias sociais, das ofensas e acusações propaladas", diz um trecho da sentença.

A decisão afirma ainda que as acusações 'estão longe de caracterizar liberdade de expressão' e não ficaram provadas. "A ré atribuiu à empresa condutas infamantes e definidas como crime", escreveu o juiz.

Enquanto a CPI sugeriu o indiciamento de pessoas ligadas à operadora, a polícia civil isentou a operadora e, agora, a justiça pune uma das pessoas responsáveis pela acusação.

Talvez a OAB fizesse um serviço para sociedade através da cassação do registro da criminosa. Provavelmente não fará. Veja que um grande ativo de uma empresa - a reputação - foi comprometido com os comentários da imprensa e a própria repercussão que os meios deram para as declarações.  

Foto: Ilyass SEDDOUG 


23 fevereiro 2023

China versus Big Four

As autoridades chinesas instaram as empresas estatais a abandonar o uso das quatro maiores empresas internacionais de contabilidade, sinalizando preocupações contínuas sobre segurança de dados, mesmo depois que Pequim chegou a um acordo histórico para permitir inspeções de auditoria nos EUA em centenas de empresas chinesas listadas em Nova York.

O Ministério das Finanças da China está entre as entidades governamentais que deram orientação a algumas empresas estatais no mês passado, pedindo-lhes que deixassem contratos com as quatro grandes empresas de auditoria expirarem, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. Embora as subsidiárias offshore ainda possam usar auditores dos EUA, as empresas-mãe foram instadas a contratar contadores locais chineses ou de Hong Kong quando os contratos surgirem, disse uma fonte, pedindo para não ser identificada.


A China está tentando controlar a influência das empresas de auditoria global vinculadas aos EUA e garantir a segurança dos dados do país, além de reforçar o setor de contabilidade local, disseram as pessoas. Pequim vem dando a mesma sugestão às empresas apoiadas pelo Estado há anos, mas recentemente enfatizou novamente que as empresas deveriam usar outros auditores, além dos Big Four, acrescentaram as pessoas. Nenhum prazo foi estabelecido para as alterações e substituições podem ocorrer gradualmente à medida que os contratos expiram.

(...) Um risco para a China é que mudar para auditores menos conhecidos tornará mais difícil para as empresas estatais atrair capital de investidores internacionais. (...)

Vencedores e perdedores

Ficar de fora dos negócios estatais chineses seria um golpe para as empresas de contabilidade. Os quatro grandes tiveram receita combinada de 20,6 bilhões de yuans (US $ 3 bilhões) de todos os clientes chineses em 2021, segundo o Ministério das Finanças. 

Cerca de 60 empresas listadas em Hong Kong com sede chinesa - estatal e privada - mudaram de auditor desde setembro do ano passado, quando o PCAOB iniciou sua revisão histórica. Empresas menores chinesas e de Hong Kong ganharam quase 20 empregos nos Big Four, de acordo com os registros de câmbio de Hong Kong.

Notícias Da Bloomberg via aqui. Veja também aqui

Lucro versus meta de emissão na BP

 


Nas últimas semanas, a gigante do petróleo BP reduziu silenciosamente seus compromissos climáticos. A meta original, uma redução de 35-40% nas emissões até 2030 (em relação aos níveis de 2019), foi agora rebaixada para um corte mais modesto de 20-30%. A meta menos ambiciosa vem depois que a BP obteve lucros recorde de 27,7 bilhões de dólares no ano passado.

As mudanças vêm durante uma ofensiva de charme de vários anos para rebatizar a BP, com seus relatórios anuais dando uma ideia do quanto a corporação está falando sobre energia limpa. Durante a última década o uso das palavras "sustentabilidade", "emissões" e "renovável" continuou a subir, sendo mencionado um total de 637 vezes no relatório anual de 2021. Isso representa um aumento de 600% em relação aos 10 anos anteriores, embora os próprios relatórios também tenham se tornado ~30% mais longos.

As metas móveis da BP seguem um ano em que os preços dos combustíveis fósseis dispararam após a invasão russa da Ucrânia. Convencer os acionistas de que os investimentos em energia renovável produziriam retornos semelhantes a projetos de hidrocarbonetos confiáveis é presumivelmente difícil.

Um erro no processo de produção pode tornar um ativo mais valioso?

Há diversos exemplos esdrúxulos de ativo e este blog já citou alguns dos casos. Mas eis um exemplo para a coleção: um erro pode ser um ativo. 

O caso aqui relatado ocorreu com um nota de US$20 dólares, mas creio que também já ocorreu com moedas e com selos. O erro no processo de produção pode tornar um objeto mais valioso e buscado por colecionadores. A nota de vinte dólares foi recentemente vendida por quase 400 mil dólares. O caso mostra também que uma moeda ou nota pode ter um valor diferente do valor de face. 

No caso da nota, um adesivo Del Monte colorido apareceu no papel onde a nota foi impressa. O resultado foi um nota com todas as características normais, exceto o adesivo Del Monte. Esta nota ficou tão famosa que tem até um verbete na Wikipedia.

 

Um estudante universitário recebeu a nota em um caixa eletrônico. Ele preservou a nota e em 2003 fez um leilão no eBay, recebendo 10 mil dólares. Três anos depois, em novo leilão, a nota foi transferida por 25 mil dólares. Em 2020 a nota foi certificada como oriunda da Casa do Moeda dos Estados Unidos e em janeiro de 2021 um novo leilão obteve quase 400 mil dólares pela relíquia. 

22 fevereiro 2023

Cidades Sustentáveis

O Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) e a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN) lançaram o Índice de Desenvolvimento de Cidades Sustentáveis - Brasil (IDSC-BR). O índice é uma ferramenta que acompanha o progresso de todas as 5.570 cidades brasileiras nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em mais de 100 indicadores.

A solução utilizada para recolher os dados faz diversos cruzamentos e comparações, construindo um Índice ODS que classifica cidades e regiões. O índice permite analisar o nível de cumprimento da Agenda 2030 pelos municípios em geral, bem como o cumprimento de cada indicador estabelecido. Com esta solução, o Brasil tornou-se no primeiro país do mundo a monitorizar e avaliar o nível de progresso de todas as suas cidades para alcançar os ODS.

"É um instrumento estratégico para os gestores públicos, pois a análise dos resultados permite orientar a ação política municipal, além de definir referências e metas com base em indicadores de gestão, e facilitar a monitorização dos ODS a nível local", explica em comunicado Jorge Abrahão, coordenador-geral do ICS. 

Assinada por 193 países membros da ONU, incluindo o Brasil, a Agenda 2030 representa uma ambição comum para combater os grandes desafios económicos, sociais e ambientais do mundo. "Nesse contexto, há um grande desafio para as cidades", salienta Jorge Abrahão.

São Paulo lidera e o Norte é mais frágil


Uma análise geral permite perceber disparidades regionais a nível social, económico e ambiental no Brasil. Enquanto que as 10 cidades com melhor desempenho estão concentradas no estado de São Paulo, 43 das 100 piores classificadas estão no estado do Pará.


O estado de São Paulo não possui cidades nos níveis mais baixos de desenvolvimento. Apenas 5 cidades do estado estão abaixo da média nacional, sendo a pior o município de Pirapora. A cidade de São Paulo apresenta os maiores indicadores de abastecimento de água potável, com 99,3% da população coberta, e indicadores na ordem dos 79% na área da recolha seletiva. Além disso, o gasto total com saúde no município de São Paulo é de R$ 942 per capita (cerca de €181). Ainda assim, a desigualdade de rendimentos em São Paulo é pior do que em Macapá, que regista o pior indicador no índice entre todas as capitais. São Caetano do Sul apresenta a melhor evolução ESG.

A região composta pelos estados brasileiros que abrigam a Amazónia apresenta as cinco piores capitais do índice. Nenhuma cidade na composição geográfica aparece com pontuação alta ou muito alta no IDSC-BR, e apenas 16 possuem pontuação média. Todas as 100 cidades com números menores estão nas regiões Norte e Nordeste.

De acordo com o índice, Macapá é a capital com a pior classificação. Apenas 37,56% da população de Macapá recebe abastecimento de água potável, enquanto que o orçamento municipal para a saúde é de apenas R$ 329,00 per capita (€63). A percentagem de população com 15 anos ou mais analfabeta é de 6,17%, mais do dobro da meta da Agenda 2030 (3%).

A metodologia do IDSC-BR foi desenvolvida pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Fonte: aqui

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