Fabio Araujo, diretor do Banco Central do Brasil e responsável pelo projeto do Real Digital, declarou ao Valor Econômico que o BC irá criar uma blockchain própria para o Real Digital e que a inspiração para este desenvolvimento é o Ethereum.
O Ethereum é atualmente a segunda maior criptomoeda do mercado e o principal protocolo para contratos inteligentes.
Desde as primeiras declarações públicas do BC sobre o Real Digital, a instituição vem afirmando que o objetivo da moeda digital é habilitar o ecossistema de contratos inteligentes no Brasil e conectar o sistema financeiro com as finanças descentralizadas (DeFi).
Araujo destacou que para atender a esta proposta com o Real Digital o Banco Central precisa 'migrar' o atual Sistema de Pagamentos Brasileiros (SPB) para a economia digital.
O sistema atual foi criado há 20 anos e reúne as infraestruturas e participantes do mercado financeiro, mas não é compatível com o que o Banco Central chama de "dinheiro programável", portanto, não tem suporte para contratos inteligentes e blockchain.
Portanto, para habilitar todo o potencial do Real Digital, o Banco Central irá criar um Sistema de Pagamentos Digital, que será integrado com o SPB e será voltado exclusivamente para a CBDC nacional, oferecendo as mesmas garantias e integração que o SPB oferece para o sistema 'tradicional'.
“Precisamos fazer o Sistema de Pagamento Digital, que será a plataforma do real digital, e que vai ter um funcionamento integrado com o que já existe”, disse Fabio Araujo ao Valor.
Real Digital
Para tanto, no Sistema de Pagamentos Digital tudo será tokenizado, sejam ações, títulos de dívida, títulos de consórcio, e outros ativos financeiros. Estes tokens terão, em seu back-end, o Real Digital como uma espécie de 'lastro' de suas atividades.
Neste sistema os bancos e instituições integrantes do sistema do Real Digital vão tokenizar seu saldo de ativos financeiros em Real Digital, permitindo assim a emissão de stablecoins e demais tokens lastreadas neste saldo.
Neste novo sistema digital, tanto o Sistema de Transferência de Reservas (STR) como a mudança de titularidade do ativo que ocorre na B3, será feita via contratos inteligentes.
Esta blockchain do Banco Central não será desenvolvida pela instituição, mas deve ser licitada e construída por um agente externo. Segundo declarou o BC, os detalhes estão sendo definidos.
Outra novidade no sistema do Real Digital, segundo a Fenasbac (Federação das Associações de Servidores do Banco Central), é a autenticação por contexto, ou seja, a identidade do usuário será validada considerando o ambiente e outras informações sobre seu contexto de uso das aplicações. Deste modo, assistentes como a Alexa, poderão iniciar pagamentos recorrentes habilitando o conceito de internet das coisas.
Fonte: aqui. Foto: Shubham Dhage