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17 dezembro 2022

Auditoria de criptomoedas em crise

Logo depois dos problemas com a FTX, a Mazars, uma empresa de contabilidade, que também faz auditoria, retirou o serviço de provas de reservas. Uma empresa de auditoria tem como ativo sua reputação. A pergunta relevante: será que Mazars não estava segura do serviço que prestava? Eis a reportagem:

A corretora de criptomoedas Binance, a maior do setor, teve a auditoria de suas provas de reserva (proof-of-reserves, em inglês) removidas do site da Mazars alguns dias após a empresa realizar a comprovação de liquidez.

O site oficial da Mazars mostra que a companhia descontinuou totalmente o Mazars Veritas, uma seção dedicada a auditorias de exchanges. A plataforma foi desenvolvida para trazer “confiança e transparência ao setor de ativos digitais”, usando a ferramenta Silver Sixpence Merkle Tree Generating para complementar os relatórios PoR.

Em 16 de dezembro, a Bloomberg também relatou que a Mazars interrompeu a prestação de serviços PoR para empresas de criptomoedas. Algumas outras empresas de auditoria, como a Armanino, responsável pela auditoria da FTX, também pararam de trabalhar com exchanges como a OKX e a Gate.io.

A Mazars ficou mais conhecida por ser a firma de contabilidade que presta serviços para a empresa do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. A companhia de auditoria foi nomeada como a auditora oficial da prova de reservas da Binance no final de novembro.

Várias corretoras de criptomoedas rivais, incluindo a KuCoin e a Crypto.com, seguiram o exemplo da Binance e contrataram a Mazars para auditar suas provas de reservas.

O CEO da Binance, Changpeng Zhao, reagiu rapidamente à notícia pelo Twitter, repostando a publicação de um usuário: “Fazer uma declaração sobre porque uma empresa de auditoria decidiu parar de trabalhar com criptomoedas? Pergunte a eles".

CZ, como o CEO é conhecido, também usou o Twitter para sugerir que as redes blockchain são transparentes por padrão, afirmando que “blockchains são registros públicos e permanentes. É um livro-razão auditável".

A Mazars havia confirmado em 7 de dezembro que a Binance possuía 575.742 bitcoins em suas reservas, no valor de cerca de US$ 9,7 bilhões. Entretanto, o relatório também foi removido do site da auditora.

Alguns especialistas em finanças viram imediatamente algumas bandeiras vermelhas no relatório auditado da Binance. Um ex-membro do Conselho de Normas de Contabilidade Financeira dos EUA argumentou que o relatório divulgado carecia de dados sobre a qualidade dos controles internos da empresa e sobre a forma que os sistemas da corretora de criptomoedas liquidam ativos para cobrir empréstimos de margem.

Em nota à EXAME, a Binance disse que "a Mazars informou que fará uma pausa temporária em seu trabalho com todos os seus clientes cripto em âmbito global, entre eles Crypto.com, KuCoin, e Binance. Infelizmente, isto significa que não poderemos trabalhar com a Mazars por enquanto".

"Nossos usuários querem saber que seus fundos estão seguros e que nosso negócio é financeiramente robusto. Sobre esse aspecto, a estrutura de capital da Binance é livre de dívidas e, na última semana, a Binance passou por um teste de estresse que dá à comunidade conforto extraordinário de que seus fundos estão seguros. Apesar do grande número de saques entre 12 e 14 de dezembro, somando US$ 6 bilhões em saques líquidos nesses três dias, fomos capazes de executá-los sem problemas", observou a corretora de criptoativos.

A empresa disse ainda que está empanhada em ser "ainda mais transparente", e está " analisando a melhor forma de fornecer essas informações nos próximos meses". "Foi a falha da FTX em garantir que os ativos da exchange fossem maiores do que seus passivos com clientes que causou sua falência. Então, é natural as pessoas quererem se certificar de várias maneiras de que isso não acontecerá novamente".

Plano para o fim de semana

 

Do excelente Tom Gauld, via aqui, este seria um fim de semana muito bom. Faz tempo que não consigo isto. 

Rir é o melhor remédio

Importância da comparação: só ultrapasse se você conseguir fazer mais rápido que o touro
 

16 dezembro 2022

Fasb avança na contabilidade de ativos criptográficos

O Fasb, em reunião na quarta, dia 14 de dezembro de 2022, decidiu avançar na questão de contabilidade e evidenciação de ativos criptográficos. A decisão é pela apresentação e divulgação dos ativos nas demonstrações financeiras. Isto inclui apresentar, no mínimo, a quantidade agregada de ativos criptográficos (dentro do escopo deste projeto) separadamente de outros ativos intangíveis que são mensurados usando outras bases de mensuração, assim como ganhos e perdas em ativos criptográficos (dentro do escopo deste projeto) no lucro líquido e apresentar esses ganhos e perdas separadamente dos efeitos da demonstração de resultados de outros ativos intangíveis, tais como amortizações ou depreciações. 


Em termos da DFC, os ativos seriam considerados como "retribuição não pecuniária durante o curso normal dos negócios que são convertidos quase imediatamente em dinheiro". Esta decisão é válida para empresas de capital aberto, de capital fechado e sem fins lucrativos. 

A divulgação inclui, para cada propriedade criptográfica significativa, o nome do ativo criptográfico, o valor justo, as unidades detidas e a base de custo.

Foto: Dahiana Waszaj

Agenda ESG no Brasil evoluiu

O aumento das discussões ambientais, as preocupações com o impacto das mudanças climáticas em diversos setores e as crescentes tensões por conflitos e problemas na cadeia produtiva acendem um alerta sobre a importância dos temas ESG para a continuidade das empresas. É possível constatar que o mercado está atento, e os reguladores e normatizadores acompanham essa necessidade de informações e a crescente importância da atuação das empresas em temas ESG para a criação de valor.

As conclusões fazem parte da pesquisa recém-lançada ESG no Ibovespa, iniciativa da PwC Brasil em parceria com o Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, que analisa as publicações de relatórios de cunho ambiental, social e de governança das empresas de capital aberto. A pesquisa traz um mapa de como as empresas têm divulgado informações de sustentabilidade aos seus acionistas, consumidores, mercado e stakeholders em geral.

O modo como essas informações são divulgadas, quais as metas e métricas utilizadas e os temas e informações mais recorrentes são objetos de análise desta segunda edição do relatório ESG no Ibovespa. A pesquisa pretende acompanhar a evolução das divulgações de sustentabilidade e contribuir com a discussão e o aprimoramento da comunicação e transparência de relatórios relacionados a temas socioambientais.

No Brasil, já existem algumas iniciativas regulatórias sobre a divulgação de certas informações ESG por parte dos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central. Apesar de ainda não existir um padrão único para reporte das informações ESG, a partir de 2023, as empresas listadas em bolsa de valores devem divulgar uma série de informações exigidas pela autarquia através do Formulário de Referência. Relatórios de sustentabilidade específicos, exceto se incorporados em Relatos Integrados – uma opção da administração –, não são obrigatórios e não necessitam ser assegurados.

Mesmo sem a obrigatoriedade de divulgação, o número das companhias que apresentaram relatórios de sustentabilidade aumentou de 67 para 72, o equivalente a 81% da amostra da pesquisa, que compreende empresas cujas ações compunham o Ibovespa de maio a agosto de 2022. Ponto muito relevante é o avanço na asseguração dos relatórios de sustentabilidade por auditorias independentes: o crescimento é de 40% (de 30% dos relatórios assegurados por auditor em 2020 para 42% em 2021).

Tal avanço reflete as demandas do mercado por informações comparáveis, transparentes e confiáveis: em uma pesquisa global envolvendo investidores conduzida pela PwC em 2021, 79% afirmaram que confiam mais nas informações ESG que foram submetidas à asseguração por parte independente.

Vale destacar que, em apoio ao processo de asseguração independente, o Ibracon e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) divulgaram, respectivamente, o Comunicado Técnico 03/2022 e a Norma Brasileira de Contabilidade CTO nº 7, que trazem orientações aos auditores independentes sobre os requerimentos da norma da CVM, as exigências éticas aplicáveis, incluindo a independência, e quais os procedimentos que devem ser adotados para emissão de relatório de asseguração sobre as informações contidas nos relatos integrados relacionados à sustentabilidade e responsabilidade social.



O Ibracon também conta com Grupos de Trabalho especializados em temáticas Ambientais e de Diversidade, Sustentabilidade e ESG para dialogar com reguladores no Brasil, entidades internacionais e difundir as melhores práticas sobre estes temas na atuação da auditoria independente. Além disso, participou da criação do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), órgão que espelhará o Comitê Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês).

Criado em junho de 2022, o CBPS tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre padrões de divulgação de sustentabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pelas entidades reguladoras brasileiras, levando sempre em conta a adoção dos padrões internacionais editados pelo ISSB.

A incorporação de melhores práticas e atitudes que respeitem critérios socioambientais é urgente: os impactos das mudanças climáticas, caso nada seja feito, serão catastróficos para a humanidade, além de crises sociais e conflitos que já vivenciamos. Mas é inegável que, no Brasil, estamos acompanhando os movimentos internacionais e avançando no tema ESG.

Por isso, o Ibracon reitera seu apoio ao necessário trabalho para que os preparadores de relatórios corporativos e respectivos auditores independentes sejam agentes de mudanças para um mundo mais equânime e sustentável, uma das bandeiras da auditoria independente no Brasil.

Por Valdir Coscodai, presidente do Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, e Mauricio Colombari, sócio da PwC Brasil - Agenda ESG no Ibovespa: Pesquisa constata importante avanço na publicação de relatórios - Exame

Criptomoeda e qualidade do sistema bancário

O Vietnã usa criptografia porque tem bancos ruins. 69% dos vietnamitas não tem acesso bancário, o segundo mais alto do mundo. Há uma história do governo forçando os bancos a fazer empréstimos terríveis e depois os bancos em colapso; talvez isso tenha destruído a confiança do público? De qualquer forma, entre falência e remessas (por exemplo, de vietnamitas-americanos), o Vietnã lidera o mundo em uso de criptografia.

A Ucrânia sempre esteve entre os principais países de criptografia: em 2021, o NYT o chamou "A capital criptográfica do mundo". Mais uma vez, isso deve muito ao seu terrível sistema bancário. O NYT descreve seus bancos como "tão escleróticos que enviar ou receber pequenas quantias de dinheiro de outro país exige uma quantidade exasperante de papelada". E se você depositar mais de US $ 100.000 em um banco ucraniano, "a chance de recuperá-lo é muito pequena". Quando a Rússia invadiu o país, o governo ucraniano apostou na criptografia como uma maneira de ocidentais amigas enviarem doações para apoiar o esforço de guerra - US $ 70 milhões em março. Foi tão útil que, durante o primeiro mês da guerra, entre esquivar-se das bombas de artilharia russa, o presidente Zelenskyy encontrou tempo de aprovar uma lei para legalizar a criptografia e fortalecer sua estrutura regulatória.

A economia da Venezuela esteve em colapso em câmera lenta na última década. A inflação está atualmente nos três dígitos (lembre-se, as pessoas pensaram que os democratas perderiam as eleições intermediárias por causa de uma taxa de inflação nos EUA de 8%). Se o seu país tiver uma taxa de inflação de três dígitos, você pode preferir usar uma moeda alternativa, que o governo autoritário da Venezuela tenta impedir que as pessoas façam. A criptomoeda fornece uma alternativa difícil de proibir, sendo usada entre traficantes venezuelanos e pequenos empresários.


Índice de adoção da criptomoeda. Fonte do texto acima aqui

Como o Facebook afetou a saúde mental dos universitários americanos

O compartilhar de adultos americanos que usam alguma forma de mídia social aumentaram de 5% em 2005 para 79% em 2019. Ao mesmo tempo, a quantidade de horas gastas on-line também aumentou rapidamente, especialmente para os jovens.

No entanto, as plataformas de mídia social podem ter um preço alto, de acordo com um artigo no American Economic Review. Luca Braghieri, Ro'ee Levy, e Alexey Makarin examinaram o impacto do Facebook na saúde mental de estudantes universitários dos EUA e encontrou efeitos negativos significativos.

O Facebook foi criado em 2004. Mas antes de ser disponibilizado ao público em geral em 2006, foi lentamente introduzido nas faculdades dos EUA, com alguns campi obtendo acesso antes de outros.

Esse lançamento escalonado permitiu aos autores estimar o efeito real do Facebook nos indicadores de saúde mental entre os estudantes universitários. A Figura 1 do artigo resume seus principais resultados. 


O gráfico mostra os efeitos, em desvios padrão, na depressão, outros problemas de saúde mental e no uso de serviços de depressão, revelando que a maioria das dimensões da saúde mental no conjunto de dados foi afetada negativamente pela introdução do Facebook. Por exemplo, estudantes em campi universitários com o Facebook relataram sentir-se sem esperança no ano anterior, quase 0,1 desvios padrão com mais frequência do que estudantes em campi universitários sem o Facebook.

Os autores também mostram que quanto mais os alunos foram expostos ao Facebook, pior foram seus indicadores de saúde mental. No geral, as descobertas são consistentes com a suposição popular de que a mídia social é parcialmente responsável pelo recente deterioração na saúde mental dos adolescentes.

Fonte: aqui