Translate

14 dezembro 2022

Quando a escolha de um software contábil diz muito sobre a empresa

Na confusão da empresa FTX, o gestor de falência e novo CEO da empresa, John J. Ray III, mostrou que a escolha de um software contábil pode dizer muito sobre a qualidade da contabilidade de uma empresa. Em um depoimento para o legislativo, um dialogo interessante aconteceu:

"Eles [a gestão anterior da empresa] usavam QuickBooks"

"QuickBooks?" um congressista questionou, querendo mais informação. 

"QuickBooks é uma ferramenta legal, mas não para uma empresa multibiolinária" disse Ray. 

O BusinessInsider, citado acima, lembra uma cena do Breaking Bad onde este ponto fica mais claro. Atenção, spoiler. A empresa de Ted Beneke estava sendo auditada pela receita e Skyler White é chamada para tentar resolver o assunto. Em uma reunião com o fiscal da receita, Skyler chega e faz o papel de "funcionária idiota". Quando o auditor fiscal pergunta sobre a contabilidade da empresa, Skyler diz:

Quando eu colocava as coisas no Quicken nada piscava em vermelho. Isto significa que estava tudo ok, certo?

O fiscal, espantado, diz:

Quicken? Você usa Quicken para fazer a contabilidade de uma empresa deste tamanho? 

Isto convenceu o fiscal de que o problema da contabilidade da empresa de Beneke não era fraude, mas uma contadora incompetente. 

Acima, a cena, com Ted, Skyler e o fiscal, da direita para esquerda

Ainda FTX - 3

Um ponto interessante sobre a prisão de SBF relacionado com o caso FTX que não foi citado nas postagens anteriores: a solicitação de prisão é somente para uma única pessoa. Embora a empresa seja constituída de várias pessoas que participaram ativamente da fraude, o processo visa somente o ex-garoto legal Sam BanKman. 

É bom lembrar que a fraude envolveu transferência de fundo para uma empresa administrada por Caroline Ellison, colega de trabalho de Sam e talvez sua namorada. Há uma semana Caroline apareceu em Nova York e procurou um escritório de advocacia. 

E, ao contrário de Sam, Caroline estava em silêncio há tempos. Tudo leva a crer que ela fez um acordo de cooperação. 

Ainda FTX - 2

A Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities dos EUA (CFTC, na sigla em inglês) reconheceu novamente que o ether, associado ao blockchain Ethereum, é uma commodity. O movimento ocorreu em meio à reabertura de discussões sobre em que categoria de ativo a criptomoeda se enquadraria após uma atualização no seu mecanismo de consenso.

A posição da agência reguladora foi divulgada como parte do processo que ela está movendo contra Sam Bankman-Fried, fundador e ex-CEO da corretora falida de criptoativos FTX. Ele foi acusado pela CFTC de fraude, uma acusação que se soma às da Comissão de Valores Mobiliários do país (SEC, na sigla em inglês).

Ao explicar o arcabouço legal que dá margem para o órgão processe Bankman-Fried, a CFTC destacou que "dissuadir e impedir manipulações de preços ou quaisquer outras perturbações à integridade do mercado" em relação a ativos que sejam considerados commodities.

"Um ativo digital é qualquer coisa que pode ser armazenada e transmitida eletronicamente e tem propriedade associada ou direitos de uso. Os ativos digitais incluem moedas virtuais, como bitcoin, ether e tether (USDT), que são representações digitais de valor que funcionam como meios de troca, unidades de conta e/ou reservas de valor", explicou a CTFC.

Em seguida, a agência reguladora diz que "certos ativos digitais são 'commodities', incluindo bitcoin, ether, tether (USDT) e outros". A CFTC ressaltou que há indícios que as ações de Bankman-Fried e da FTX afetaram as cotações dessas commodities digitais, abrindo margem para a atuação do órgão.

Enquanto o reconhecimento do bitcoin como commodity não é uma novidade, as citações aos outros dois criptoativos chamaram a atenção do mercado.

O motivo é que o próprio chefe da CFTC, Rostin Behnam, havia sinalizado há algumas semanas que apenas o bitcoin poderia ser classificado como commodity. Nesse caso, o ether e demais criptomoedas entrariam em outras categorias, em especial a de valores mobiliários, com regulamentações específicas que não são bem-vistas por entusiastas do setor.

Anteriormente, a CTFC já havia sinalizado que o ether também seria uma commodity ao autorizar o lançamento de fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) ligados à criptomoeda. O risco de uma mudança nesse entendimento começou a ser levantado após o "The Merge", uma atualização que mudou o mecanismo de consenso da Ethereum da prova de trabalho (proof-of-work) para a prova de participação (proof-of-stake).

Como parte da mudança, o novo processo de validação de transações no blockchain, que leva à emissão de ether como recompensa, passou a exigir o depósito de certos valores da criptomoeda por validadores, prática chamada de staking.

A exigência fez com que o presidente da SEC, Gary Gensler, afirmasse que o ether poderia passar a se enquadrar na definição de um valor mobiliário e ficar sob a supervisão da autarquia, já que os investidores estariam "antecipando lucros com base nos esforços de outros".


Gensler disse ainda que a oferta por intermediários de serviços de staking para clientes interessados "parece muito semelhante - com algumas mudanças de rotulagem - aos empréstimos".

A definição da categoria em que o ether e outras criptomoedas se encaixam é importante pois é a partir dela que será definido qual regulador poderá supervisionar determinados ativos uma vez que projetos de lei sejam aprovados. Um dos mais avançados sobre o tema nos EUA estabelecia que a CFTC ficaria responsável por ativos digitais considerados commodities.

Diferente da CFTC, a SEC não trouxe nenhuma novidade na classificação de criptomoedas como valores mobiliários no processo aberto contra Bankman-Fried. Atualmente, a autarquia enfrenta uma briga judicial com a Ripple sobre o enquadramento do XRP nessa categoria, o que a empresa nega

Fonte: aqui. Foto Mariia Shalabaieva

Negrito do blog para destacar que o assunto parece muito mais uma briga de poder entre reguladores. 

Ainda FTX

Nesta terça-feira, 13, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) acusou formalmente Sam Bankman-Fried, da FTX, por fraude contra investidores. O ex-CEO da FTX protagoniza um dos maiores colapsos do mercado de criptomoedas desde o último mês, quando sua corretora, então segunda maior do mundo, foi à falência em menos de uma semana, revelando uma série de polêmicas e má gestão.

“A Comissão de Valores Mobiliários acusou hoje Samuel Bankman-Fried de orquestrar um esquema para fraudar investidores de capital na FTX Trading Ltd. (FTX), a plataforma de negociação de criptomoedas da qual ele era CEO e cofundador. As investigações sobre outras violações da lei de valores mobiliários e outras entidades e pessoas relacionadas à suposta má conduta estão em andamento”, diz um documento publicado pela instituição.

Na acusação, a “CVM dos Estados Unidos” diz que “o réu ocultou seu desvio dos fundos dos clientes da FTX para a Alameda Research enquanto levantava mais de US$ 1,8 bilhão de investidores”.

Para a SEC, o colapso da FTX foi o resultado de “uma fraude de anos” orquestrada por Sam Bankman-Fried, o fundador da companhia. A responsabilidade fica com o ex-bilionário após este apresentar garantias falsas aos investidores, tanto da empresa quanto de sua plataforma de criptomoedas.

A FTX ganhou espaço rapidamente no mercado cripto. Fundada em 2019, a corretora de criptomoedas se tornou a segunda maior do mundo, fechando parcerias com celebridades, incluindo a modelo brasileira Gisele Bündchen.

No entanto, tudo acabou quando dados sobre o balanço da Alameda Research, empresa do grupo, despertaram temor e uma onda de saques na plataforma, que logo apresentou insolvência. Apesar das tentativas de Sam Bankman-Fried para acalmar os ânimos de investidores, a FTX não conseguiu honrar com os saques e deixou uma série deles em um prejuízo bilionário ao declarar falência e entrar em recuperação judicial.

Ao acusar Sam Bankman-Fried de ter violado as disposições antifraude da lei de negociação de valores mobiliários dos EUA de 1933 e 1934, a SEC afirma que o ex-CEO foi responsável pelas decisões de misturar o dinheiro de clientes com o dinheiro da companhia e de outras empresas relacionadas, como a Alameda Research.

Além dos problemas que culminaram na falência, a comissão também acusa Bankman-Fried de fraude ao mentir para investidores sobre os riscos e investimentos da FTX em segurança.

“Alegamos que Sam Bankman-Fried construiu um castelo de cartas com base na fraude, enquanto dizia aos investidores que era um dos edifícios mais seguros em cripto”, disse o presidente da SEC, Gary Gensler.

"A suposta fraude cometida pelo Sr. Bankman-Fried é um alerta para as plataformas criptográficas de que elas precisam estar em conformidade com nossas leis. A conformidade protege tanto aqueles que investem e aqueles que investem em plataformas criptográficas com salvaguardas testadas pelo tempo, protegendo adequadamente os fundos dos clientes e separando linhas de negócios conflitantes. Também esclarece a conduta da plataforma de negociação para investidores por meio de divulgação e reguladores por meio de autoridade de exame. Para as plataformas que não cumprem nossas leis de valores mobiliários, a Divisão de Execução da SEC é pronto para agir”, acrescentou Gensler.

Além da má gestão do dinheiro de clientes dentro do grupo FTX, que investia no cultivo de alface, remédios para emagrecer e loções falsificadas, os fundos também teriam sido usados para doações políticas e compras de imóveis luxuosos.

Sam Bankman-Fried foi um dos maiores doadores políticos do Partido Democrata nos Estados Unidos e residia em uma mansão nas Bahamas onde supostamente vivia um relacionamento poliamoroso com outros dez executivos da empresa.

O cofundador da FTX foi preso na última segunda-feira, 12, nas Bahamas, onde residia. A prisão foi executada após um pedido formal do Ministério Público dos EUA para o Distrito Sul de Nova York. Os promotores do Distrito Sul de Nova York acusaram Bankman-Fried de fraude eletrônica, conspiração de fraude eletrônica, fraude e conspiração de fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro.


“Em ações paralelas, a Procuradoria dos EUA para o Distrito Sul de Nova York e a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC) anunciaram hoje acusações contra Bankman-Fried. A SEC agradece a assistência do Ministério Público dos EUA para o Distrito Sul de Nova York, do FBI e da CFTC”, conclui um documento publicado pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.

Além de Bankman-Fried, outras personalidades curiosas estão envolvidas no caso, como Caroline Ellison e Sam Trabucco, que atuaram como co-CEOs da Alameda Research. Com o estouro do caso e a falência da empresa, Ellison chamou a atenção por declarações polêmicas de racismo, machismo e ódio contra minorias nas redes sociais.

Já Trabucco havia declarado publicamente em outras ocasiões, o uso de estratégias de pôquer e outros jogos de cartas nos negócios da Alameda Research. Nenhum dos dois foi preso, até o momento.

“Bankman-Fried permaneceu como o tomador de decisão final na Alameda, mesmo depois que Ellison e Trabucco se tornaram co-CEOs em outubro de 2021 ou por volta dela. registros e bancos de dados”, justificou o documento publicado pela SEC nesta terça-feira, 13.

Fonte: Exame. Foto: Mariia Shalabaieva

Twitter falindo?

Muita coisa acontecendo no Twitter e parece indicar uma falência. Eis um trecho do NYT sobre a situação da empresa (via aqui):

Para reduzir custos, o Twitter não pagou aluguel por sua sede em São Francisco ou por qualquer um de seus escritórios globais por semanas, disseram três pessoas próximas à empresa. O Twitter também se recusou a pagar uma fatura de US $ 197.725 por voos charter privados feitos na semana da aquisição de Musk, de acordo com uma cópia de uma ação movida no Tribunal Distrital de New Hampshire e obtida pelo The New York Times.

Os líderes do Twitter também discutiram as consequências da negação de indenizações a milhares de pessoas que foram despedidas desde a mudança de direção, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto. E o Sr. Musk ameaçou os empregados com processos judiciais se falassem com os meios de comunicação social e "agissem de forma contrária aos interesses da empresa", de acordo com um e-mail interno enviado na sexta-feira passada.

Os movimentos agressivos sinalizam que o Sr. Musk continua a cortar nas despesas e está a dobrar-se ou a quebrar os acordos anteriores do Twitter para deixar a sua marca. Seu reinado é caracterizado pelo caos, uma série de demissões e mais demissões, reversões das suspensões anteriores da plataforma e regras e decisões caprichosas que têm afastados os anunciantes.

Rir é o melhor remédio

Árvore de Natal segundo vários estilos.