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14 dezembro 2022

Ainda FTX

Nesta terça-feira, 13, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) acusou formalmente Sam Bankman-Fried, da FTX, por fraude contra investidores. O ex-CEO da FTX protagoniza um dos maiores colapsos do mercado de criptomoedas desde o último mês, quando sua corretora, então segunda maior do mundo, foi à falência em menos de uma semana, revelando uma série de polêmicas e má gestão.

“A Comissão de Valores Mobiliários acusou hoje Samuel Bankman-Fried de orquestrar um esquema para fraudar investidores de capital na FTX Trading Ltd. (FTX), a plataforma de negociação de criptomoedas da qual ele era CEO e cofundador. As investigações sobre outras violações da lei de valores mobiliários e outras entidades e pessoas relacionadas à suposta má conduta estão em andamento”, diz um documento publicado pela instituição.

Na acusação, a “CVM dos Estados Unidos” diz que “o réu ocultou seu desvio dos fundos dos clientes da FTX para a Alameda Research enquanto levantava mais de US$ 1,8 bilhão de investidores”.

Para a SEC, o colapso da FTX foi o resultado de “uma fraude de anos” orquestrada por Sam Bankman-Fried, o fundador da companhia. A responsabilidade fica com o ex-bilionário após este apresentar garantias falsas aos investidores, tanto da empresa quanto de sua plataforma de criptomoedas.

A FTX ganhou espaço rapidamente no mercado cripto. Fundada em 2019, a corretora de criptomoedas se tornou a segunda maior do mundo, fechando parcerias com celebridades, incluindo a modelo brasileira Gisele Bündchen.

No entanto, tudo acabou quando dados sobre o balanço da Alameda Research, empresa do grupo, despertaram temor e uma onda de saques na plataforma, que logo apresentou insolvência. Apesar das tentativas de Sam Bankman-Fried para acalmar os ânimos de investidores, a FTX não conseguiu honrar com os saques e deixou uma série deles em um prejuízo bilionário ao declarar falência e entrar em recuperação judicial.

Ao acusar Sam Bankman-Fried de ter violado as disposições antifraude da lei de negociação de valores mobiliários dos EUA de 1933 e 1934, a SEC afirma que o ex-CEO foi responsável pelas decisões de misturar o dinheiro de clientes com o dinheiro da companhia e de outras empresas relacionadas, como a Alameda Research.

Além dos problemas que culminaram na falência, a comissão também acusa Bankman-Fried de fraude ao mentir para investidores sobre os riscos e investimentos da FTX em segurança.

“Alegamos que Sam Bankman-Fried construiu um castelo de cartas com base na fraude, enquanto dizia aos investidores que era um dos edifícios mais seguros em cripto”, disse o presidente da SEC, Gary Gensler.

"A suposta fraude cometida pelo Sr. Bankman-Fried é um alerta para as plataformas criptográficas de que elas precisam estar em conformidade com nossas leis. A conformidade protege tanto aqueles que investem e aqueles que investem em plataformas criptográficas com salvaguardas testadas pelo tempo, protegendo adequadamente os fundos dos clientes e separando linhas de negócios conflitantes. Também esclarece a conduta da plataforma de negociação para investidores por meio de divulgação e reguladores por meio de autoridade de exame. Para as plataformas que não cumprem nossas leis de valores mobiliários, a Divisão de Execução da SEC é pronto para agir”, acrescentou Gensler.

Além da má gestão do dinheiro de clientes dentro do grupo FTX, que investia no cultivo de alface, remédios para emagrecer e loções falsificadas, os fundos também teriam sido usados para doações políticas e compras de imóveis luxuosos.

Sam Bankman-Fried foi um dos maiores doadores políticos do Partido Democrata nos Estados Unidos e residia em uma mansão nas Bahamas onde supostamente vivia um relacionamento poliamoroso com outros dez executivos da empresa.

O cofundador da FTX foi preso na última segunda-feira, 12, nas Bahamas, onde residia. A prisão foi executada após um pedido formal do Ministério Público dos EUA para o Distrito Sul de Nova York. Os promotores do Distrito Sul de Nova York acusaram Bankman-Fried de fraude eletrônica, conspiração de fraude eletrônica, fraude e conspiração de fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro.


“Em ações paralelas, a Procuradoria dos EUA para o Distrito Sul de Nova York e a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC) anunciaram hoje acusações contra Bankman-Fried. A SEC agradece a assistência do Ministério Público dos EUA para o Distrito Sul de Nova York, do FBI e da CFTC”, conclui um documento publicado pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.

Além de Bankman-Fried, outras personalidades curiosas estão envolvidas no caso, como Caroline Ellison e Sam Trabucco, que atuaram como co-CEOs da Alameda Research. Com o estouro do caso e a falência da empresa, Ellison chamou a atenção por declarações polêmicas de racismo, machismo e ódio contra minorias nas redes sociais.

Já Trabucco havia declarado publicamente em outras ocasiões, o uso de estratégias de pôquer e outros jogos de cartas nos negócios da Alameda Research. Nenhum dos dois foi preso, até o momento.

“Bankman-Fried permaneceu como o tomador de decisão final na Alameda, mesmo depois que Ellison e Trabucco se tornaram co-CEOs em outubro de 2021 ou por volta dela. registros e bancos de dados”, justificou o documento publicado pela SEC nesta terça-feira, 13.

Fonte: Exame. Foto: Mariia Shalabaieva

Twitter falindo?

Muita coisa acontecendo no Twitter e parece indicar uma falência. Eis um trecho do NYT sobre a situação da empresa (via aqui):

Para reduzir custos, o Twitter não pagou aluguel por sua sede em São Francisco ou por qualquer um de seus escritórios globais por semanas, disseram três pessoas próximas à empresa. O Twitter também se recusou a pagar uma fatura de US $ 197.725 por voos charter privados feitos na semana da aquisição de Musk, de acordo com uma cópia de uma ação movida no Tribunal Distrital de New Hampshire e obtida pelo The New York Times.

Os líderes do Twitter também discutiram as consequências da negação de indenizações a milhares de pessoas que foram despedidas desde a mudança de direção, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto. E o Sr. Musk ameaçou os empregados com processos judiciais se falassem com os meios de comunicação social e "agissem de forma contrária aos interesses da empresa", de acordo com um e-mail interno enviado na sexta-feira passada.

Os movimentos agressivos sinalizam que o Sr. Musk continua a cortar nas despesas e está a dobrar-se ou a quebrar os acordos anteriores do Twitter para deixar a sua marca. Seu reinado é caracterizado pelo caos, uma série de demissões e mais demissões, reversões das suspensões anteriores da plataforma e regras e decisões caprichosas que têm afastados os anunciantes.

Rir é o melhor remédio

Árvore de Natal segundo vários estilos.
 

História bem antiga

Os historiadores sabem que os primeiros registros da humanidade geralmente tinham referência a contabilidade e sexo. Já postamos aqui que provavelmente o primeiro nome conhecido da história é de um contador. 

Um artigo publicado agora por pesquisadores da Universidade de Istambul, referente a um arte esculpida em uma parede, mostra o que talvez seja a cena narrativa mais antiga conhecida. O registro não é contábil e descreve uma cena com cinco figuras, provavelmente esculpida no nono milênio antes de Cristo. Este registro foi encontrado em 2021 na Turquia. 

Embora exemplos mais antigos de arte narrativa tenham sido identificados - entre eles, as pinturas rupestres de quase 17.000 anos em Lascaux e um painel de cavernas de aproximadamente 44.000 anos na ilha indonésia de Sulawesi -, estes são os primeiros conhecidos a mostrar uma narrativa em andamento.

Via aqui e aqui

13 dezembro 2022

IA descobre piscinas e aumenta a arrecadação tributária francesa

A autoridade tributária francesa usou o software de IA para detectar piscinas não declaradas em todo o país, gerando um extra de impostos para milhares de proprietários.


O sistema, desenvolvido pelo Google e Capgemini, pode identificar piscinas em imagens aéreas e cruzá-los com bancos de dados de registro de terras. Lançado como um experimento há um ano em nove departamentos franceses, descobriu 20.356 piscinas, informou o escritório de impostos. Agora será estendido em todo o país.

Na França, modificações na propriedade, incluindo a adição de piscinas, devem ser declaradas à administração fiscal dentro de 90 dias após a conclusão. Como os impostos sobre a propriedade são baseados no valor do aluguel da propriedade, as melhorias geralmente significam um aumento de impostos. Segundo o governo francês, uma piscina típica de 30 metros quadrados seria tributada em cerca de 200 euros extras por ano.

A administração tributária agora está usando o sistema para detectar anexos, extensões e varandas não declarados. "Estamos visando particularmente extensões de casas como varandas, mas precisamos ter certeza de que o software pode encontrar edifícios com uma pegada grande e não o canil ou o teatro infantil", disse Antoine Magnant, vice-diretor geral de finanças públicas Le Parisien jornal.

Fonte: aqui

Futuro da Profissão - 2

 A sustentabilidade atravessa todos os vectores da sociedade e irá assumir cada vez mais importância no futuro. Hugo Ribeiro, contabilista certificado, CEO da HVR Business Consulting, antecipa o caminho ao Jornal Económico: “Vamos assistir a consumidores que vão ter escolhas cada vez mais conscientes dos impactos dos seus consumos, no entanto, não será de todo linear criar modelos de ‘report’ para um tecido empresarial português caracterizado por microempresas muitas delas que correspondem em muitos casos à criação do próprio emprego”.

A criação deste tipo de obrigações a determinadas áreas não terá “o impacto que se pretende”. Mais. “Será para este tipo de negócio apenas algo burocrático e sem enquadramento”. Em concreto, “na área da Contabilidade apesar de ser o tema do passado congresso ainda está num processo embrionário”, adianta Hugo Ribeiro.

A transição para uma economia mais sustentável, que parece ter-se tornado irreversível nesta segunda década do século XXI, significa que os critérios ambientais, sociais e de governança, conhecidos por ESG, serão fundamentais na gestão das empresas e organizações do futuro. Neste contexto, olhamos para o sector da Contabilidade. Como estão os contabilistas a endereçar o desafio da sustentabilidade? São necessárias novas competências? Que papel desempenha a academia neste processo?

No ISCAL – Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, Ana Isabel Dias, diretora da licenciatura em Contabilidade e Administração, e Pedro Pinheiro, presidente do Instituto, sinalizam que os ESG, tópicos de Environmental, Social and Governance, no original em inglês, e a sustentabilidade são hoje um dos principais desafios em diversas áreas de atuação e a Contabilidade não é exceção.

“Os contabilistas, face a este desafio, têm respondido como habitualmente o fazem, ou seja, preparando-se para enfrentar uma abordagem diferente daquela que tradicionalmente enfrentam. O relato da informação de natureza não financeira e a garantia da fiabilidade desta, implica que os contabilistas adquiram um novo conjunto de competências que os possa preparar convenientemente para esta alteração de paradigma”, afirmam.

Explicam depois que “a problemática da recolha da informação de natureza não financeira, o seu tratamento e o adequado relato dessa mesma informação, de modo a suprir as necessidades dos diferentes stakeholders” faz com os contabilistas necessitem, em muitos casos, de efetuar um esforço adicional para responder de forma afirmativa ao desafio. Assim, segundo os professores do ISCAL, o foco dos contabilistas está na formação, instrumento que pode ajudar a “desenvolver as competências necessárias para endereçar o relato ESG com os mais elevados padrões de qualidade e deste modo contribuir, no âmbito das suas competências, para o desígnio do desenvolvimento sustentável”.

A perspetiva da Católica Porto Business School

Paulo Alves, professor associado da Católica Porto Business School e diretor do MSc Finance, diz ao Jornal Económico que a formação de contabilistas, que é “muito focada na excelência ao nível do conhecimento contabilístico”, carece de “uma profunda adaptação para fazer face às novas exigências” de um ambiente de negócios fortemente marcado pela agenda da sustentabilidade.

“A criação de valor por parte do profissional de Contabilidade será cada vez mais ancorada na sua capacidade de acompanhar a entidade num complexo ecossistema com exigências crescentes ao nível da informação necessária”, explica.

No geral, este cenário torna “urgente e imperativa”, a inclusão de disciplinas que desenvolvam competências nas áreas da estratégia, risco e sustentabilidade, e a interligação destas à contabilidade, ao relato de informação não financeira e às finanças empresariais.

Paulo Alves chama a atenção para o facto da formação na área da sustentabilidade não ser específica a um ramo do conhecimento. O que se trata é de formação que permita o “desenvolvimento de profissionais capazes de fazer a diferença para uma sociedade mais sustentável”. Nesse sentido, adianta, a sustentabilidade é uma matéria core na estratégia da Católica Porto Business School e no seu propósito de “formar profissionais de excelência”.

Este compromisso, acrescenta, traduz-se “na preocupação da Escola em acompanhar os mais recentes desenvolvimentos na área e incluí-los nos cursos”. Ao que refere, a inclusão das matérias relacionadas com a sustentabilidade atravessa toda a oferta formativa, desde uma abordagem mais disseminada na licenciatura, a uma formação específica ao nível da formação pós-graduada.

Exemplos? O Mestrado em Finanças inclui uma disciplina exclusivamente focada em Sustainable Finance. Na formação para executivos está atualmente em fase de candidaturas a primeira edição do curso Innovation for Sustainable & Regenerative Business. Finalmente, e em parceria com a WU – Vienna University of Economics and Business, uma das mais reputadas business schools do mundo, a CPBS organiza a Porto Sustainable Business Summer School que permite uma experiência internacional distinta.



A perspetiva do ISCAL

Ana Isabel Dias, docente e Pedro Pinheiro, presidente do ISCAL, dizem ao JE que da parte dos alunos ou futuros alunos, há não só interesse, mas entusiasmo para aumentar o nível de conhecimento neste assunto. “As novas gerações, tendencialmente mais despertas para problemáticas relacionadas com as alterações climáticas, muito devido ao foco colocado pelo ensino obrigatório nesta temática, estão mais do que predispostas para abarcar estas aprendizagens”.

A matriz de competências do International Federation of Accountants (IFAC) para a qualificação de um profissional – uma pirâmide de três níveis (fundamental, intermédio e avançado) – baseia os resultados da aprendizagem em compreender o problema, providenciar a solução e aconselhar e relatar, sempre a par de um comportamento ético expectável.

“Assim — explicam Ana Isabel Dias e Pedro Pinheiro — as competências a desenvolver para os tópicos de ESG serão baseadas nesta mesma linha de ensino-aprendizagem que permita desenvolver competências na análise de questões complexas, e por vezes, até controversas, relativamente a aspetos que se revestem de elevado nível de abstração, o que conduz a uma maior dificuldade na garantia da fiabilidade do processo de relato”. Todavia, acrescentam, as pressões dos vários stakeholders para “um relato mais transparente”, conjugada com “a necessidade do mundo empresarial de dar a conhecer os seus modelos de negócios”, conduziu “a práticas de relato que abrangem os tópicos relacionados com o ESG” e, atualmente, a que fossem “alvo de regulação”.


formação para contabilistas

O ISCAL é herdeiro da Aula do Comércio, criada por Marquês de Pombal em 1759. A sua oferta abrange Contabilidade, Fiscalidade e Auditoria. No primeiro ciclo existe a licenciatura em Contabilidade e Administração e no segundo ciclo o mestrados em Contabilidade, em Fiscalidade e em Auditoria. Nos cursos não conferentes de grau, destacam-se a especialização em Contabilidade, Fiscalidade e Planeamento no Setor Segurador, em parceria com a Associação Portuguesa de Seguradores, e a Pós-Graduação em Contabilidade e Gestão Pública, em parceria com o ISCSP-UL.

Pedro Pinheiro adianta ao JE que o ISCAL se prepara para reforçar no próximo ano a oferta formativa não conferente de grau, própria e em parceria, relacionada com a problemática da sustentabilidade e do relato integrado.

Já nas licenciaturas e mestrados, o caminho passa pela atualização das unidades curriculares, incorporando os tópicos de ESG, enquanto parte de conteúdos relacionados com o relato empresarial e com a ética profissional.

O objetivo destas alterações é que os diplomados ganhem um conjunto de competências para que possam também eles responder de forma afirmativa aos desafios futuros.

Fonte: Jornal Economico. Foto: Maximalfocus

Futuro da profissão - 1

Na última JE Talks do Jornal Económico, sobre a profissão dos contabilistas certificados, Vítor Pinho, CEO da Cloudware, disse que os contabilistas assumem muitas vezes responsabilidades que vão além daquilo que é o seu trabalho, com o propósito de canalizar o melhor auxílio possível ao empresário. Ainda assim, refere, os profissionais passam por dificuldades crescentes.

Com o trabalho a ser desempenhado, cada vez mais, de forma remota, na sequência da pandemia, “os contabilistas têm dificuldades na vivência com os vários sistemas do Estado, na relação com a dificuldade de reporte na produtividade que têm”, quando existem tarefas que obrigam a registar, diariamente, milhares de documentos.


De facto, as tecnologias transportam a profissão do contabilista para uma realidade muito distinta das funções quê se desempenhavam há poucos anos. Vítor Pinho recorda que, com “a possibilidade de [os contabilistas] trabalharem em ambientes colaborativos online”, os documentos chegam aos escritórios de contabilidade pela via digital, o que permite acelerar os processos e gastar menos (ou não gastar de todo) folhas de papel.

O responsável reconhece que esta transição significa uma “redução de custos” para as empresas e garante que a mudança passa essencialmente por “uma questão de mentalidade”. Neste contexto, “há um conjunto de hábitos enraizados na forma de fazer contabilidade que faz com que os contabilistas estejam muito presos ao registo manual” das transações. Algo que, atualmente, tendo à sua disposição “um sistema moderno, não é necessário fazer”, garante, antes de perspetivar aquilo que o futuro pode trazer para o sector da contabilidade.

“Diria que, em breve, o contabilista vai ser um verificador de transações automáticas, feitas por um robô”, sem deixar de existir a necessidade de trabalho da parte de um colaborador, que vai, essa sim, gerar valor acrescentado para o cliente. O contabilista terá que “pegar nessa informação e criar valor na informação que o empresário realmente quer como apoio ao seu negócio.” Porém, o CEO da Cloudware refere que “os contabilistas passam horas a verificar transações bancárias”, ainda que a tecnologia já o permita fazer de forma automática, ao “associar, dentro do sistema de contabilidade, qualquer conta bancária da empresa.” Algo que vai impulsionar a possibilidade de um trabalho colaborativo, permitindo ao empresário consultar o que é necessário para o seu trabalho “sem sair do seu ambiente, que é o seu sistema de gestão”.

Trata-se de “uma mudança de paradigma de trabalho que vai mudar muito as profissões e vai mudar a forma como o contabilista prepara informação para a empresa”, reitera. Ainda assim, para que tal se concretize, é necessário que os contabilistas se adaptem aos seus clientes de forma mais perspicaz. Visto que grande parte dos colaboradores do tecido empresarial não têm competências ao nível do vocabulário usado pelos profissionais da contabilidade, há que dar passos no sentido de “aproximar a linguagem do contabilista da linguagem e dos indicadores que a empresa vê como relevantes no seu negócio. É um caminho longo a percorrer”, avisa.

Por outro lado, Ana Louro, partner da Moneris, diz que é “urgente” que a contabilidade se torne uma profissão “mais sexy, mais atrativa”, num contexto pautado pela fuga de profissionais. “Está a haver uma debandada da profissão e por isso temos de atrair de talento.” Para tal, será fulcral potenciar a importância da tecnologia com que se trabalha no sector. Nesta medida, a plataforma colaborativa utilizada pela Moneris, exemplifica, “permite-nos estar em Lisboa e fazer trabalho para outros escritórios no Porto ou no sul do país”. A profissão de contabilista, garante, “tem de evoluir para uma área de consultoria, temos de desmaterializar todo este papel, mas precisamos da ajuda da máquina do Estado para tornar isto muito mais acessível à modernização. A responsável diz ainda que têm de existir mudanças ao nível da educação e formação de futuros profissionais do sector.


“Quem forma os contabilistas tem de olhar para a sua estrutura de ensino”, sublinha, antes de referir que conta com o auxílio da Ordem dos Contabilistas Certificados para desempenhar um papel neste âmbito.

“No caso da Moneris, temos apostado em novos talentos, novos recursos. Temos trabalhado junto das universidades para trazer essas pessoas para dentro da nossa empresa, para nos ajudar neste desafio da transformação digital”, destaca, lembrando que os recém-formados trazem consigo, por norma, uma maior capacidade para aprenderem sobre “novas metodologias, novos processos de trabalho e novos softwares.”

Ainda assim, Ana Louro reforça também a importância de os clientes se adaptarem às mais recentes tecnologias e, deste modo, “facilitarem o trabalho de quem lhes quer facilitar a vida”, no que diz respeito à disponibilização de informação para apoiar na tomada de decisão e no apoio à gestão.

Fonte: Jornal Econômico Foto: Werner Du plessis