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14 novembro 2022

Saúde mental, mídia social e gênero

 Eis o resumo:

Teenage mental health has been a source of growing concern over the past decade, with recent whistleblower testimony pointing to the mental health risks of spending time on social media platforms, especially for girls. This paper investigates the extent to which social media are harmful for teenagers, leveraging rich administrative data from the Canadian province of British Columbia and quasi-experimental variation related to the rollout of wireless internet there. I show neighbourhoods covered by high-speed wireless internet have significantly higher social media use, based on Google search volumes. In the main analysis, I link federally-collected broadband data with 20 years of student records that provide detailed information about individual student health. I then estimate a triple-difference model using this novel data linkage, comparing teen girls to teen boys in terms of school-reported mental health diagnoses, before and after major social media launches, and across neighbourhoods with and without access to high-speed wireless internet. Estimates suggest high-speed wireless internet significantly increased teen girls' mental health diagnoses -- by 90\% -- relative to teen boys over the period when visual social media became dominant among teenagers. I find similar effects across all subgroups, indicating they are not driven by differences in confounding characteristics. When applying the same strategy, I find null effects for placebo health conditions -- ones for which there is no clear channel for social media to operate. The evidence points to adverse effects of visual social media, in light of large gender gaps in visual social media use and documented risks. In turn, the analysis calls attention to policy interventions that could mitigate the harm to young people due to their online activities.

O gráfico a seguir mostra 2010 em destaque, que foi o último ano sem a influência da mídia social. 


Via aqui


Fotografias

 

Fotografia premiada em um concurso na Itália. Gostei também desta:



Twitter, Eli Lilly e como uma notícia falsa representou 30 bi em valor de mercado

A Eli Lilly é uma grande empresa farmacêutica. Como tal, envolvida em polêmica. Uma delas é o preço do remédio para diabetes. Entre 2012 e 2016, o preço pago anual para uma pessoa com o tipo 1 da doença nos Estados Unidos dobrou, de 2900 para 5700 dólares. 

No final de semana, a empresa esteve envolvida em uma fake news interessante:

Uma mensagem anônima, de uma pessoa que seria da empresa, afirmou que o preço da insulina seria zero. A empresa perdeu 30 bilhões de dólares de valor de mercado. Como a pessoa gastou 8 dólares para criar uma notícia falsa, seria o melhor uso de 8 dólares da história da humanidade. 
Eis outra mensagem interessante, agora do ex-candidato à presidência, Sanders:
Parte do problema teve sua origem no Twitter. Musk lançou um serviço de mensagem verificada. Isto juntou com a possibilidade de alterar o nome da tela no Twitter fez com que surgisse contas falsas de políticas, celebridades e corporações, como da Eli Lilly. 


Europa aprova normas de sustentabilidade

 


Todas las grandes empresas de la UE deberán divulgar datos sobre el impacto de sus actividades en las personas y el planeta y cualquier riesgo de sostenibilidad al que estén expuestas: introduce requisitos de información más detallados sobre el impacto de las empresas en el medio ambiente, los derechos humanos y las normas sociales, sobre la base de criterios comunes en consonancia con los objetivos climáticos de la UE. La Comisión adoptará el primer conjunto de normas a más tardar en junio de 2023.

Para garantizar que las empresas proporcionen información confiable, estarán sujetas a auditorías y certificaciones independientes. Los informes financieros y de sostenibilidad estarán en pie de igualdad y los inversores tendrán datos comparables y fiables. También habrá que garantizar el acceso digital a la información sobre sostenibilidad.

Mais: aqui. Foto: Mika Baumeister

Sinais que algo estava errado com a FTX

Da Forbes, sobre os sinais da FTX, que as pessoas não deram o devido valor:

À medida que a autópsia do império criptográfico de Sam Bankman-Fried começa, vale dizer que havia bandeiras vermelhas em todo o lugar. Era uma história de sucesso quase boa demais para resistir. Em pouco mais de três anos, a FTX passou do nada para uma empresa de US$ 32 bilhões. Agora voltou a ser nada, após o pedido de recuperação judicial na sexta-feira (11)..

(...) Em uma aparição em abril de 2022 no podcast Odd Lots da Bloomberg, Bankman-Fried explicou como o valor poderia ser criado do nada usando tokens. Embora sua explicação tenha deixado os anfitriões “atordoados” – palavra deles – o que ele descreveu foi um processo estranhamente semelhante ao que agora suspeitamos que a FTX e a Alameda estavam envolvidas. O preço do token da FTX estaria sendo sustentado pela Alameda, e a Alameda estaria usando o token como garantia para financiar suas próprias atividades de negociação.

Você não precisa de um MBA para saber que alavancagem – pegar dinheiro emprestado para negociar – pode ser mortal. Embora possa amplificar os ganhos, também pode levar a perdas devastadoras.

No entanto, Bankman-Fried era um proponente de tal negociação. Na Conferência Bitcoin 2021, ele rebateu os avisos de que a estratégia de negociação era inadequada para criptomoedas. “Você pode assumir a posição de que a alavancagem é ruim”, disse ele . “Pode-se acreditar nisso, mas eu não acredito.”(...) À medida que o FTX crescia em destaque, poucas questões foram levantadas sobre como ele cresceu tanto e tão rápido. Mas Bankman-Fried estava fazendo mais do que moldar sua imagem na mídia. Ele estava se juntando a isso. Em junho, o New York Times informou que ele estava apoiando a Semafor, uma startup de mídia fundada por ex-alunos do Times e da Bloomberg .



Ele também abriu sua vida para o maior nome do jornalismo financeiro. Michael Lewis, o autor de “The Big Short”, estaria seguindo Sam para seu próximo livro.

O relacionamento acolhedor que Bankman-Fried e FTX cultivaram com os jornalistas pode ter evitado um escrutínio mais minucioso. Brett Harrison, presidente da exchange de criptomoedas da FTX nos EUA, deixou a empresa no final de setembro sem dar um motivo. O movimento levantou sobrancelhas, mas os jornalistas viram sua relutância em falar como motivação para gravar um vídeo de dança improvisado com ele, em vez de um ímpeto para se aprofundar no que o estimulou a ir embora. Pelo menos um repórter (de outro portal de notícias) descartou a ideia de se aprofundar na FTX e na Alameda porque tinham um relacionamento amigável com o fundador.

Os funcionários do governo não ficaram menos encantados com os prodígios da FTX. Seja por causa de sua generosidade – Bankman-Fried doou quase US$ 40 milhões para candidatos durante o último ciclo eleitoral de meio de mandato – ou porque a FTX tinha uma porta giratória para reguladores que desejam entrar na indústria, o barão das criptomoedas tinha o ouvido de Washington.

Ele testemunhou várias vezes no Congresso no ano passado sobre assuntos como regulamentação dos mercados de criptomoedas, e os registros mostram que ele se encontrou pessoalmente com o presidente da SEC,, Gary Gensler.

Durante uma de suas aparições no Capitólio, Sam Bankman-Fried elogiou a transparência oferecida aos reguladores por exchanges como a FTX. O comentário contrasta fortemente com seus tweets na quinta-feira (10), nos quais ele culpou os problemas da empresa por “má rotulagem interna de contas relacionadas a bancos” que o levaram a calcular mal quanta alavancagem os usuários de FTX estavam empregando.

No entanto, nem todos compraram a história de sucesso da FTX.

Queda do rei

Durante meses, Marc Cohodes, o perene vendedor a descoberto com um detector de besteira em funcionamento, soou o alarme. “Na minha opinião, nada foi adicionado”, disse Cohodes à Forbes. “Acho que Bankman-Fried fará com que Bernie Madoff se pareça com Jesus Cristo.”

Depois, há a Orthogonal Credit, anteriormente credora da Alameda Research. Na quinta-feira, a Orthogonal twittou que cortou seu relacionamento com a Alameda no início deste ano.

“Durante nossa due diligence da Alameda no início deste ano, a equipe identificou uma série de pontos fracos importantes: a) qualidade de ativos em declínio; b) política de capital pouco clara; c) práticas operacionais e de negócios menos robustas; e d) uma estrutura corporativa cada vez mais bizantina”, dizia o tweet. “Consideramos essas principais fraquezas e tomamos a decisão comercial de romper nosso relacionamento de empréstimos institucionais.”

(...)

Foto: aboodi vesakaran, unsplash

Teste de Impairment oportunista

Na edição da Revista de Contabilidade e Finanças, uma pesquisa de Géssica Capellesso e Jorge Katsumi Niyama:

O objetivo deste artigo foi examinar a tempestividade da perda por redução ao valor recuperável do goodwill percebida pelo mercado de capitais brasileiro. Apesar de muito estudada internacionalmente, a tempestividade do impairment do goodwill ainda não foi empiricamente investigada no Brasil, visto que estudos anteriores focam nas determinantes dessa perda, em sua divulgação ou no comportamento do gestor. Essa questão é relevante principalmente pelo contexto de normatização do International Accounting Standards Board (IASB), que tem discutido possibilidades de alteração no tratamento do goodwill. Também é importante para investidores, já que a falta de tempestividade afeta a utilidade da informação contábil para esses usuários. O estudo fornece indícios de que a discricionariedade do teste de impairment é usada de modo oportunista, alterando o momento do reconhecimento da perda no goodwill. Isso demonstra a necessidade de um esforço conjunto entre agentes de monitoramento e órgãos normatizadores para direcionar o uso da discricionariedade, além de mudanças no comportamento dos gestores. Também indica que a atual regra de contabilização do impairment falha em fornecer informações tempestivas, na medida em que fornece um efeito de proteção contra perdas. Foram utilizadas empresas não financeiras listadas na B3 S.A. - Brasil, Bolsa, Balcão que tinham goodwill reconhecido no período 2010-2020. A análise considerou duas variáveis dependentes, aplicando uma regressão logística para explicar o reconhecimento ou não do impairment no goodwill e um modelo tobit para predizer seu valor. Para exame da tempestividade, utilizou-se o retorno anual contemporâneo e defasado das ações. Os achados sugerem que a perda por impairment do goodwill não é reconhecida oportunamente e que os gestores atrasam seu registro em pelo menos um a dois anos, com indícios mais fortes para o reconhecimento tardio em dois anos. Também, o valor da perda pode ser influenciado por retornos ocorridos até três anos antes de seu registro.

Eis o resultado da regressão:


13 novembro 2022

Herança digital é ativo? Pode ser mensurado?

O texto a seguir trata da questão da herança digital. O assunto interessa para a contabilidade, pois há uma discussão se trata efetivamente de um ativo ou não. Isto talvez não seja difícil, já que pode ser sim um ativo. Mas e a mensuração? Em um processo de herança, a herança digital precisa ser mensurada, para eventualmente ser repartida entre os herdeiros. Dependendo do tipo de herança, medir seu valor pode ser fácil. 

A divisão dos bens de uma pessoa que faleceu é muitas vezes um momento de tensão em muitas famílias, em especial quando existe um patrimônio valioso a ser dividido entre os herdeiros. Se isso já é uma dor de cabeça quando a divisão envolve só imóveis e investimentos, o problema fica ainda mais delicado quando o que está em jogo são os ativos digitais. Nessa lista estão desde criptoativos, contas em redes sociais e até senhas de e-mail. Como a discussão ainda é muito nova, o Judiciário brasileiro ainda está longe de um consenso sobre o tema.

O assunto, que está movimentando os escritórios de advocacia pelo País, ganhou força em meio à discussão relativa ao espólio da cantora Marília Mendonça, que morreu há um ano em um acidente aéreo. No seu inventário estaria, por exemplo, um perfil do Instagram com mais de 40 milhões de seguidores, além de sua conta no YouTube, com centenas de milhões de visualizações, além dos direitos autorias das músicas da cantora. A ação corre sob sigilo de Justiça.



Sócia da SFCB advogados, Veridiana Fraga confirma o crescimento de questionamentos de clientes. Segundo ela, o caso de Marília Mendonça está sendo acompanhado com atenção. “Temos recebido consultas há cerca de um ano sobre herança digital, se faz parte do direito de sucessão ou não”, conta a especialista.

Um dos pontos que vem sendo analisado pela Justiça é a questão de privacidade da pessoa falecida – já que e-mail ou celular podem conter informações privadas de anos da vida da pessoa em questão. No entanto, a coisa muda de figura quando o histórico dessa pessoa em plataformas digitais tem um valor monetário claro, como é o caso da cantora sertaneja.

Segundo Fraga, as pessoas devem ficar atentas aos termos de uso das plataformas, já que as mesmas possuem a opção de extinguir a conta em caso de morte. “Isso ajudará o trabalho do Judiciário, que ainda não está maduro nessa questão”, explica. A especialista afirma que definir um valor para uma conta em rede social é difícil. Uma das alternativas seria a venda de contas para empresas que compram contas com milhares de seguidores – isto, é claro, se o herdeiro ganhar o direito sobre esse ativo.

Para Nathalie Fragoso, sócia do escritório VMCA, é preciso que as famílias estejam atentas ao que diz a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “A lei de proteção aos dados se refere aos dados de pessoas naturais, conceito que abriga os vivos e se encerra com a morte”, explica. Especialistas lembram que a vida digital de uma pessoa pode não apenas conter informações sensíveis sobre a pessoas falecida, mas também para terceiros próximos a ela.

Segundo a advogada Ana Frazão, sócia da Ana Frazão Advogados e professora da faculdade de Direito da Universidade de Brasília, é necessário separar conteúdo de patrimônio. Tudo o que se encaixar no primeiro caso, segundo ela, não deveria virar herança. “Tudo que envolve dados pessoais e sensíveis não deveria, em princípio, ser suscetível à sucessão”, explica. No caso de algo que é notoriamente comercial, o entendimento que deve prevalecer, na sua opinião, é de que se trata de mais um bem passível de entrar no inventário.

Em se tratando de uma rede social de alguém famoso, como a de Marília Mendonça, a especialista faz sentido a conta passar aos herdeiros, até porque a mesma poderá ser utilizada para memória da artista entre seus fãs. Na falta de consenso, porém, o Judiciário tem analisado os processos caso a caso.

Para ativos cujo valor econômico é notório e reconhecido, tal como criptomoedas ou uma NFT, é natural que eles estejam dentro da gama de bens da sucessão. Frazão diz que, no caso de contas de redes sociais, a conta não é tão fácil. Por isso, uma das saídas possa ser a elaboração de um inventário digital prévio, em caso de pessoas que monetizem seus dados em redes sociais, por exemplo.

Milhas ficam de fora

Mesmo que o tema avance, ainda há muitas incertezas – e muitas vezes as decisões da Justiça não são a favor dos “candidatos” a herdeiros. Uma decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por exemplo, entendeu que as milhas de programas de fidelidade não podem ser consideradas dentro do acervo hereditário – pois são consideradas um item “personalíssimo”.

A leitura do STJ foi de que as milhas são um benefício e, por isso, não possuem uma natureza patrimonial. Para Ana Frazão, a decisão reforça a falta de consenso sobre o caso. Para ela, esse entendimento pode ser questionado.

Foto: Roman Kraft

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