Translate

21 setembro 2022

Mercado global de preço de transferência

 

Um estudo acadêmico realizado por Rasmus Corlin Christensen, economista político da Copenhagen Business School, argumentou que as maiores empresas de auditoria e consultoria, Deloitte, EY, KPMG e PwC, dominam a economia global devido à sua experiência transnacional.

Uma das áreas críticas é a influência sobre os preços de transferência, que controla a tributação de diferentes subsidiárias globais e transações entre empresas.

Christensen argumenta que os quatro grandes podem controlar os 'caminhos e experiências cruciais de especialistas necessários para atores e práticas reconhecidas de preços de transferência, que fornecem poder distinto para as empresas'.

Esses poderes incluem a definição de regras comerciais para criar um mercado global de serviços de contabilidade e auditoria e o enfraquecimento de novas regulamentações tributárias globais destinadas aos clientes.

Apenas cinco empresas globais de serviços profissionais - Deloitte, EY, KPMG, PwC, escritório de advocacia Baker McKenzie e dos ex-funcionários da extinta Arthur Andersen - representam quase quatro em cada 10 (37%) anos de carreira de profissionais de preços de transferência.

(...) Embora as empresas multinacionais sejam responsáveis pelas decisões de preços de transferência, poucas empresas globais têm experiência interna em preços de transferência e contam com consultores externos. O mercado global de serviços profissionais de preços de transferência é estimado em 25 bilhões de euros (21 bilhões de libras) anualmente.

Funcionários fiscais em todo o mundo (mas especialmente aqueles de baixa renda, países de menor capacidade) expressam ceticismo generalizado sobre a abordagem agressiva dos quatro grandes ao planejamento de impostos e preços de transferência, com uma parcela significativa percebendo os quatro grandes como falta de transparência, ilegítimo no uso do poder, e uma fonte problemática de funcionários drenam das autoridades fiscais, encontrou a OCDE em um relatório recente sobre o poder dos quatro grandes.

Os participantes do estudo enfatizaram a importância de treinamentos transnacionais específicos e experiências de carreira, oferecidos pelos quatro grandes em particular. A formação profissional em preços de transferência, que geralmente não é oferecida na universidade, é dominada pelas maiores empresas.

Os Big Four costumam empregar a experiência necessária para praticar os preços de transferência com autoridade, recrutando e desenvolvendo conhecimento em contabilidade, direito e economia e alimentando conexões estreitas com atores globais no campo de preços de transferência.

Mais de dois terços (68%) dos profissionais de preços de transferência que trabalham em empresas multinacionais haviam trabalhado em uma empresa global de serviços profissionais antes de se mudar para o setor corporativo.


De acordo com Christensen, isso é frequentemente descrito como os quatro grandes exercendo poder 'infiltrando' clientes e reguladores corporativos por meio de 'portas giratórias', o que os ajuda a vender seus serviços.

Eles fornecem a orientação, cultura e treinamento que oferecem um 'passe de entrada' na prática de preços de transferência, dando acesso privilegiado a posições em outras organizações no campo.

Christensen diz: ‘Compreender o poder transnacional das empresas de serviços profissionais é importante porque tem implicações econômicas e políticas substanciais para os sistemas tributários contemporâneos. Especificamente, permite que as empresas de serviços profissionais obtenham resultados favoráveis em termos de onde e - crucialmente - quanto seus clientes corporativos pagam em impostos.

No nível macro, isso contribui para o desalinhamento dos lucros das empresas, o que, por sua vez, distorce indicadores críticos da atividade econômica.'

Christensen conduziu mais de 157 horas de pesquisa em nove preços globais de transferência e eventos fiscais, incluindo 66 entrevistas.

Para mais informações, o relatório pode ser acessado aqui.

Fonte: aqui (Tradução Vivaldi Translate)

Sobre a finanças do Rei Charles

Eis um resumo

Aos 73 anos, Carlos III se tornou a pessoa mais velha a assumir o trono. A propriedade de Charles, o Ducado da Cornualha, é administrada por um grande grupo de profissionais, que aumentaram seu valor e lucros em quase 50% na última década. Inclui um portfólio imobiliário que é aproximadamente do tamanho de Chicago. Sua propriedade vale cerca de US $ 1,4 bilhão. Em comparação, o portfólio da rainha vale US $ 949 milhões e o valor geral da Família Real é de cerca de US $ 28 bilhões, mas definitivamente há mais segredos.


Detalhes principais

No ano passado, o salário de Charles era de US $ 1,1 milhão e ele obteve US $ 28 milhões em sua propriedade.

O portfólio imobiliário, estimado em cerca de 130.000 acres, inclui o The Oval, um estádio de críquete no sul de Londres, terras agrícolas, aluguel de temporada à beira-mar e depósitos de supermercados suburbanos. A renda do aluguel é superior a um milhão de dólares por ano.

Charles estava com problemas financeiros, o The Sunday Times informou que ele recebeu 1 milhão de euros em dinheiro de um ex-primeiro-ministro do Catar, e seu nome também apareceu nos Paradise Papers.

Rir é o melhor remédio

 

Viés da confirmação e ciência

20 setembro 2022

Mude a alimentação e ajude na pegada de carbono


 O gráfico da Nature mostra que mudar a alimentação pode ajudar a emissão de carbono. De um lado o valor nutricional relativo e de outro a emissão. Enquanto a carne vermelha tem um grau elevado de emissão (beef no gráfico), alguns peixes possuem um valor nutricional acima da média, mas sendo mais amigável com o ambiente. Crustáceos capturados na natureza não são recomendados. 

Os dados não incluem as emissões após a "produção", como refrigeração e transporte. 

A questão da trapaça no xadrez: novo capítulo

Depois de sair de um torneio tradicional há algumas semanas, o atual campeão de xadrez voltou a abandonar uma partida. E contra o mesmo oponente.

Recentemente, Magnus Carlsen abandonou um torneio nos Estados Unidos, dando a entender que existiam problemas no xadrez. Tudo levava a crer que este problema tinha nome e sobrenome: Hans Niemann. No passado, Hans trapaceou em partidas de xadrez (isto é quase certo, pois ele mesmo confessou) e sua partida contra Magnus foi cercada pois algumas coincidências. A maior delas é que Hans tinha estudado a abertura que Magnus escolheu para a partida de ambos, algo estranho.

Ontem, em um torneio online, os dois voltaram a jogar e Magnus abandonou a partida após o segundo lance de Hans, de brancas. Foi um tipo de protesto? Ou Magnus está deixando claro sua posição contra Hans.

   

 No passado, a enxadrista chinesa Yifan fez um protesto deste tipo. Jogando um torneio misto, Yifan, então a melhor enxadrista feminina, sempre era emparceirada contra outra mulher. E a chinesa tinha vontade de jogar contra jogadores masculinos. Ela abandonou a partida também logo no início, para protestar contra a manipulação dos organizadores do torneio no emparceiramento dos jogadores.

O vídeo acima mostra o momento do abandono de Magnus. Eis o que disse Tyler Cowen, do Marginal Revolution (e Mestre Internacional de Xadrez):

Se um jogador fez trapaça várias vezes no xadrez on-line, devemos permitir que esse mesmo jogador participe de torneios de primeira linha? Para mim, a resposta é um óbvio não, e presumivelmente Carlsen concorda.

A questão é um relatório do site Chess.com que entregou para Niemann a comprovação que ele trapaceou. Hans teve condições de defender e até o momento não falou nada sobre isto. Continuando com Cowen:

Portanto, os elementos-chave aqui são o relatório do chess.com e qualquer possível refutação do Niemann. Estou esperando por eles. Magnus é paciente, e eu também sou paciente. O atual estado de informação imperfeita não durará para sempre.

CVM e Criptomoedas

O novo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, realizou recentemente uma reunião com o Ministério da Economia e avisou que a autarquia vai publicar um conjunto de orientações sobre o mercado de criptomoedas no Brasil ainda esta semana.

Segundo Nascimento o parecer que a CVM irá emirtir diz respeito a como as criptomoedas podem ser consideradas valores mobiliários e, portanto, isso pode redefinir o mercado de criptoativos no Basil já que desde 2017, a CVM não se pronuncia sobre o assunto e, de lá para cá, o Brasil avançou no ecossistema de tokenização de ativos tradicionais e o mercado de criptomoedas viu o florecer dos NFTs, DeFi e liquid staking.

"A CVM está atenta à questão. Há aspectos como regime informacional, previsibilidade e transparência [do segmento de criptoativos] que merecem ser explorados. O público precisa ter informações disponíveis de forma clara e objetiva", comentou Joao Pedro Nascimento.

O presidente já havia declarado que ia editar normas para definir o enquadramento de determinados criptoativos na categoria de valores mobiliários e orientações sobre o tratamento contábil de criptomoedas nos balanços patrimoniais de empresas brasileiras.

"Nos próximos dias, vamos anunciar ao mercado um parecer de orientação que vai trazer muitas novidades no sentido de reunir todas as disposições até então apresentadas pela CVM sobre a temática dos criptoativos. Na temática do cripto, para falar sobre a contabilização, vamos apresentar um enquadramento sobre quais são os criptos que são um valor mobiliário. Na sequência, um diálogo sobre o mundo da contabilidade é absolutamente fundamental. Temos conversado bastante com nossa superintendência de normas contábeis sobre isso.", afirmou.

CVM quer ser o regulador 'tech'

Desde que assumiu a presidencia da CVM em julho João Pedro Nascimento vem destacando que a autarquia quer ser o Regulador Tech.

“Quando todos discutem FinTechs, EduTech e PropTechs, a CVM tem que ser o Regulador Tech. Se estamos chegando perto dos 50 anos da Autarquia, é preciso pensar em uma ‘CVM Tech Versão 5.0’”, destacou o novo Presidente da CVM durante seu discurso de posse.

Na época, ainda se mencionar os criptoativos, mas focando em fintech e outras empresas de tecnologia na qual as exchanges de criptomodas podem ser enquadradas, Nascimento destacou que, sob sua gestão, a tecnologia será um dos pilares da autarquia.

Enquanto isso na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei que pede a regulamentação das criptomoedas no Brasil ainda aguarda aprovação do Plenário da Câmara. O projeto tramita no poder legislativo desde 2015.

Fonte: Exame

Presença de público e o efeito torcida no futebol brasileiro

Antes da pandemia, fiz uma pesquisa investigando como variáveis contábeis afetam o resultado do futebol no Brasil. Esta pesquisa, em co-autoria com a mestre Thais Crabbi, mostrou que duas variáveis são importantes para determinar o resultado de uma partida: o efeito campo e o custo do futebol.

A primeira variável refere-se ao fato de um clube estar jogando em casa ou como visitante. O fato de jogar em casa aumenta a chance de vencer a partida. Há diversas explicações para isto, o que inclui a ausência de uma viagem cansativa - que o visitante tem que fazer, o conhecimento do campo e a pressão da torcida adversária.

A segunda variável é o custo do futebol. Diz respeito a quanto cada clube gasta com o esporte. Na pesquisa foi possível perceber que quanto maior o custo, maior a chance de vitória. É uma variável que expressa o poder econômico de cada equipe. A chance de uma equipe com uma folha de pagamento de milhões ganhar um jogo é maior que uma equipe amadora.

O advento da pandemia tornou este tipo de estudo mais interessante. Durante a crise de saúde, alguns jogos tiveram que ser realizados com portões fechados. Será que a ausência do torcedor provocou alguma mudança na vantagem do efeito campo? Se não foi afetado, provavelmente o efeito campo deve-se ao fato de visitante ter uma viagem que pode ser exaustiva ou o fato do mandante conhecer o gramado. A torcida não seria o 12o. jogador, contrariando um chavão do esporte.

Uma orientanda minha de graduação, Yasmim Carvalho Alencar, complementou o levantamento dos dados para série mais recente e atualizou o artigo original. Os cálculos que ela realizou envolve uma maior complexidade do que irei apresentar aqui. 

No período de 2014 a 2021 foram disputados 3039 partidas de futebol no campeonato brasileiro. Deste total, 2440 jogos tiveram a presença do público. O restante foram partidas sem público. A análise que temos que fazer aqui é comparar se os resultados foram iguais.

O campeonato brasileiro de 2021 foi misto, com parte das partidas com público. Talvez fosse interessante, inicialmente, ficar fora da análise. Uma primeira maneira de analisar é comparar as vitórias do mandante. Com o público, 50,29% das partidas terminaram com vitória do mandante; já quando o público estava ausente, o percentual de vitória do mandante foi de 44,74%. Se não existisse o efeito campo este percentual deveria ser de 33%, já que uma partida possui três possíveis resultados: vitória, empate e derrota. Mas veja que o efeito campo existe, tanto com o público, quanto existindo a partida com portões fechados. Mas isto não é tão importante quanto a diferença o percentual de vitória do mandante, com e sem público: 50,29% versus 44,74%. A estatística nos diz que esta diferença é significativa. Em outras palavras, a ausência de público reduziu a chance do mandante ganhar sua partida.

Outra forma é comparar o número de pontos médios que o mandante obteve. Esta forma é mais adequada, já que a vitória concede três pontos ao ganhador, enquanto o empate significa um ponto somente. O peso da vitória é proporcionalmente maior. A forma para cálculo dos pontos médios obtidos pelo mandante é simples: basta multiplicar o percentual de vitórias por três e o percentual de empates por 1 e dividir o resultado por três. Um parênteses aqui: nós dividimos por três pois este é o número máximo de pontos que poderia ser obtido em uma partida.

Quando usamos esta forma, obtemos que no período com público o número de pontos obtidos pelo mandante foi de 58,89%. Já durante o ano de 2020, este percentual caiu para 54,21%. Parece, a princípio, que a diferença não é grande. Mas estatísticamente há diferença.

Até agora não olhamos o que ocorreu com o ano de 2021. Este ano foi interessante, pois estamos olhando para o mesmo campeonato, onde alguns jogos foram disputados sem público. Como está no mesmo ano, não ocorreu grandes variações no custo do futebol. O resultado confirma a importância da torcida. Quando o jogo teve público, o número médio de pontos obtido foi de 64,8% - o cálculo foi explicado dois parágrafos antes. Mas quando o jogo foi sem torcida, este percentual caiu para 49,01%. E esta diferença foi significativa.

[continua]