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12 setembro 2022

SEC e a regulação das criptomoedas


Enquanto a regulação de criptomoedas caminha a passos largos em todo o mundo, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) demonstra uma postura ofensiva contra aqueles que não seguirem as regras.

Segundo Gary Gensler, a maioria dos criptoativos atualmente representa um valor mobiliário e, por isso, as empresas envolvidas com o setor nos EUA devem se registrar com a SEC. Caso contrário, elas enfrentarão problemas com a Justiça do país, de acordo com o presidente da SEC. Empresas como a Ripple já enfrentam processos por parte da “CVM dos EUA” por conta do mesmo motivo.

“Existem muitas plataformas que estão em operação hoje que seriam mais engajadas e, em vez disso, há um pouco de… implorar por perdão em vez de pedir permissão”, afirmou Gensler.

Atualmente, uma série de projetos de lei tramitam nos Estados Unidos para regular o setor de criptomoedas. A maioria usa a abordagem de que a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities deveria ser o órgão responsável, ao contrário da visão de Gary Gensler, da SEC.

Por isso, Gensler acredita que a aprovação de uma lei só funcionará caso “não prejudique inadvertidamente as leis de valores mobiliários subjacentes aos mercados de capitais de US$ 100 trilhões”. Em outras palavras, ele quer garantir que a SEC não perca nenhum poder no processo.

Nesta quinta-feira, em entrevista ao Financial Times, Gensler disse que qualquer legislação de regulamentação de criptomoedas deve ser feita de forma a manter a supervisão da SEC de “security tokens”, ou seja, criptoativos que se caracterizam como valores mobiliários. Para ele, estes seriam a maioria no mercado atualmente.

Além disso, o presidente da SEC acredita que ainda que as plataformas de finanças descentralizadas (DeFi) representem desafios para os órgãos reguladores, eles “seriam capazes de exercer autoridade até mesmo sobre plataformas supostamente descentralizadas”, já que, para ele, plataformas DeFi têm “um nível razoável de centralização”, citando mecanismos de governança, modelos de taxas e sistemas de incentivo.

“Com cerca de US$ 2 trilhões de valor em todo o mundo, está no nível e na natureza de que, se tiver alguma relevância daqui a cinco ou dez anos, será dentro de uma estrutura de política pública. A história apenas lhe diz que não dura muito lá fora. Finanças é sobre confiança, em última análise”, afirmou Gary Gensler.

No último mês, Gensler chegou a escrever uma carta à senadora Elizabeth Warren pedindo ao Congresso americano que fornecesse mais financiamento e desse aos reguladores “autoridade plenária para escrever regras e anexar proteções ao comércio e empréstimo de criptomoedas”.

Grifo meu. Veja a questão do poder. Fonte: Exame. Foto: Kanchanara

Mechanical Turk e o problema do p-hacking

Na postagem sobre p-hacking e o viés da publicação, onde mostramos uma pesquisa que verificou se procedimentos de registro de análise prévia poderia resolver este problema, a boa notícia é que um dos procedimentos, o PAP, pode ser uma possível resposta para a questão. Lembrando que p-hacking é a tendência a forçar um resultado que torna a pesquisa com mais chance de ser publicada ou de ser citada. E o viés da publicação é o fato de que editores e pareceristas de periódicos terem uma preferência prévia por certos resultados, afetando a decisão de aceite de um artigo. 

Em um exemplo, é mais "publicável" um estudo que afirma que um alimento pode ajudar a reduzir uma doença do que outra pesquisa que diz não existir nenhuma relação. A nossa postagem mostrou que fazendo fazendo um registro prévio das hipóteses e da forma como a questão será abordada na pesquisa pode ajudar a resolver o p-hacking e o viés da publicação. 

Três dos quatro autores do estudo que descrevemos na postagem analisaram também o Mechanical Turk. Para quem não conhece, é uma ferramenta de propriedade da Amazon que tem sido muita usada em pesquisas em diversas áreas. Sua grande vantagem é permitir que uma pesquisa seja realizada com um universo de respondentes demograficamente mais diverso, sendo possível obter grandes amostras com baixo custo. 

Analisando os estudos publicados entre 2010 e 2020, os autores constataram que a amostra dos estudos é relativamente baixa (média de 249 respondentes). Em uma das notas de rodapé da pesquisa há um caso interessante de um estudo realizado em 2013 em que cinco anos depois o líder não se lembrava de nada do experimento com 956 participantes. Isto seria um sinal de que o MTurk apresenta um baixo custo de oportunidade: se a pesquisa tivesse sido presencial, você iria lembrar de algo, já que seu custo de aplicação é elevado. 

O resultado final é que pesquisas que usam o MTurk possuem p-hacking, viés de publicação e confiança excessiva nos resultados. O próprio comportamento da comunidade de responde pode afetar o resultado. 

Eis o abstract:

Amazon Mechanical Turk is a very widely-used tool in business and economics research, but how trustworthy are results from well-published studies that use it? Analyzing the universe of hypotheses tested on the platform and published in leading journals between 2010 and 2020 we find evidence of widespread p-hacking, publication bias and over-reliance on results from plausibly under-powered studies. Even ignoring questions arising from the characteristics and behaviors of study recruits, the conduct of the research community itself erode substantially the credibility of these studies’ conclusions. The extent of the problems vary across the business, economics, management and marketing research fields (with marketing especially afflicted). The problems are not getting better over time and are much more prevalent than in a comparison set of non-online experiments. We explore correlates of increased credibility

Eis um gráfico que diz tudo sobre o MTurk:

Esta é a curva dos resultados da estatística Z. A curva deveria está em formato decrescente - caso as pesquisas não tivessem problemas. 

(Uma curiosidade: o MTurk tem este nome em homenagem da Edgar Allan Poe. Na sua época, apareceu uma máquina que jogava xadrez, um robô, representado por um turco. Poe é do século XIX, então esta máquina era um truque. O escritor relata como a "maquina" funcionava)

Cidade holandesa proíbe anúncio de carne

Será uma nova tendência? A proibição vai além da carne, mas nunca tinha visto algo parecido: 


A cidade holandesa de Haarlem, a cerca de 32 quilômetros de Amsterdã, está dando um passo controverso para combater o impacto climático da carne, proibindo anúncios que a promovam em espaços públicos. A mudança, a primeira do mundo, começaria em 2024. Outras cidades da Holanda, incluindo Amsterdã, já tinha proibido as companhias aéreas e outras empresas dependentes de combustíveis fósseis de colocarem anúncios nos ônibus, abrigos e telas da cidade.

Naturalmente, nem todo mundo está feliz com a decisão, de acordo com BBC News:

A moção elaborada por GroenLinks - um partido político verde - enfrentou oposição do setor de carnes e alguns que dizem que isso sufoca a liberdade de expressão ..

"As autoridades estão indo longe demais para dizer às pessoas o que é melhor para elas", disse um porta-voz da Organização Central para o Setor de Carne.

O partido de direita do BVNL chamou de "violação inaceitável da liberdade empresarial" e disse que "seria fatal para os criadores de porcos".

"Proibir comerciais de motivos politicamente nascidos é quase ditatorial", disse Joey Rademaker, vereador do Haarlem BVNL.

Ziggy Klazes, vereador do GroenLinks, disse à publicação holandesa Trouw, "A carne é igualmente prejudicial ao meio ambiente. Não podemos dizer às pessoas que há uma crise climática e incentivá-las a comprar produtos que fazem parte da causa."

EY separa a auditoria da consultoria

Os sócios da EY aprovaram nesta quinta-feira, 8, um plano para separar os negócios de auditoria e consultoria.


A decisão, que deve ser votada por mais de 13 mil parceiros, reformularia o setor de contabilidade da EY, e segue um verão de atrasos e divergências internas sobre as operações.

A EY pretende abrir o capital de seu braço de consultoria no final do próximo ano.

A empresa, presente em mais de 150 países e com 312 mil funcionários, faz parte das chamadas "Big Four", o grupo que reúne as quatro maiores consultorias do mundo, junto com Deloitte, KPMG e PwC.

A decisão de separar as operações teria sido aprovada por unanimidade pelos sócios.

Divisão dos negócios da EY vai permitir crescer mais rapidamente, evitando conflitos de interesse Segundo o presidente global da EY, a decisão de separar as operações teria sido tomada na base da ideia que os ramos de auditoria e consultoria podem crescer mais rapidamente à medida que negócios separados não sejam limitados por conflitos de interesse que impedem para seus consultores de trabalhar com clientes de auditoria.

Para o executivo, essa divisão das operações "vai mudar o setor", dando aos clientes “mais opções”.

A EY audita gigantes do Vale do Silício, incluindo Amazon (AMZO34) e Alphabet (GOGL34), controladora do Google. Isso limita sua capacidade de competir na área de consultores que se unem a gigantes da tecnologia para vender serviços terceirizados para empresas.

De acordo com o plano, as atividades de consultoria da EY, que têm receitas de cerca de US$ 18 bilhões, permaneceriam na estrutura de parceria existente.

Uma divisão de consultoria maior e separada seria transformada em uma empresa independente, e cerca de 15% do capital seria colocado no mercado, por um valor estimado em US$ 11 bilhões.

O plano da EY pressupõe um crescimento agressivo da receita em ambos os negócios – até 7% na auditoria e 18% na consultoria.

Fonte: Exame. Duas observações:

(1) O plano precisa ser aprovado pelos reguladores de vários países. 

(2) A nova empresa terá que enfrentar não somente três concorrentes, mas gigantes do setor de consultoria, como Accenture (divisão da Anderson em 2001), Bain, BCG e outras, conforme lembra Jim Petersen

Foto: Will Francis

Rir é o melhor remédio

 

Como funciona o coração de um cão

11 setembro 2022

Sem imposto de herança

 

Enquanto os plebeus pagam 40% de imposto de herança, os bens da rainha serão transferidos para Carlos III (ou Charles III, como querem os brasileiros) sem a taxação. Será verdade isto? 

Exemplo de professoras mulheres


Veja que interessante: professoras mulheres servem de exemplo para estudantes mulheres. Certamente temos exemplos para contar, mas uma pesquisa, usando dados do passado, constatou isto. Eis o resumo:

It is widely believed that female students benefit from being taught by female teachers, particularly when those teachers serve as counter-stereotypical role models. We study education in rural areas of the US circa 1940–a setting in which there were few professional female exemplars other than teachers–and find that female students were more successful when their primary-school teachers were disproportionately female. Impacts are lifelong: female students taught by female teachers were more likely to move up the educational ladder by completing high school and attending college, and had higher lifetime family income and increased longevity.

Via aqui. Foto: ThisisEngineering RAEng