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23 agosto 2022

Quanto de dinheiro as pessoas precisam para serem felizes?


Eis uma pergunta difícil. Uma possível ideia apresentada neste texto:

Pesquisamos pessoas sobre esse assunto em 33 países abrangendo todos os continentes habitados, obtendo respostas de cerca de 8.000 pessoas no total. Incentivamos os participantes a se concentrarem no que significaria ter todos os seus desejos cumpridos, pedindo-lhes que imaginassem sua "vida absolutamente ideal", sem se preocupar se era realisticamente viável.

Para avaliar os desejos econômicos, pedimos às pessoas que considerassem quanto dinheiro elas queriam nesta vida ideal. (...)

Então fizemos uma questão de acaso, pedindo-lhes que escolhessem um prêmio em uma loteria hipotética. Eles foram informados de que as chances de ganhar cada loteria eram as mesmas, então a escolha deles era quanto dinheiro eles queriam em suas vidas ideais, não em qual loteria eles provavelmente ganhariam.

Os prêmios da loteria começaram em US $ 10.000 (convertidos em moedas locais, portanto, £ 8.000 para participantes do Reino Unido), com opções aumentando em um múltiplo de 10. Na época em que realizamos o estudo, o prêmio máximo de US $ 100 bilhões os tornaria a pessoa mais rica do mundo.

Provavelmente a resposta seria o valor máximo, mas não foi isto que ocorreu. Algo entre 8 a 39% dos respondentes, dependendo de cada país, fizeram esta escolha. A maioria escolheu algo equivalente a US$10 milhões ou menos. Em alguns países (Índia e Rússia), a escolha foi ainda menor, de US$1 milhão ou menos.

A escolha não foi influenciada por gênero, educação ou status, mas a idade influenciou, sendo que os mais jovens escolheram mais valores maiores. 

Descobrimos que mais pessoas escolheram a loteria de US $ 100 bilhões em países onde houve maior aceitação da desigualdade na sociedade (chamada "distância de poder") e onde havia mais foco na vida em grupo (chamada "coletivismo"). 

Esta é a famosa escala de Hofstede. 

Gráficos

 Alguns gráficos interessantes. O primeiro mostra os países com maior poder de industrialização. Em 2020 não aparece o Brasil e a China domina, mas em 1990 o nosso país estava entre os dez primeiros. 


O Compact Disc já foi a forma mais usual de ouvir música. Seu auge foi nos anos 2000. Mas o vinil tem uma vida estimada de 100 anos, versus 30 do CD. 




O streaming passou a ser a forma mais popular de assistir televisão nos EUA pela primeira vez. Netflix e YouTube dominam o mercado. 
O Booking é uma plataforma que permite de hotéis independentes possam dominar o mercado. 




22 agosto 2022

Rir é o melhor remédio


 A importância da comparabilidade. 

FRC britânico está propondo algumas mudanças na contabilidade do Reino Unido


Nos últimos anos, alguns escândalos contábeis (Thomas Cook, BHS, Carillion e Patisserie Valerie) atingiram o Reino Unido. A percepção geral era de que o regulador foi parte responsável pelos problemas, juntamente com as empresas de auditoria. Como forma de solucionar esta questão, o Reino Unido decidiu acabar com o Financial Reporting Council (FRC), a entidade de fiscalização contábil.

Estes fatos foram apresentados aqui no blog ao longo dos anos. O Reino Unido desperta um interesse especial por dois motivos. Em primeiro lugar, a contabilidade sempre foi um parâmetro para outros países, seja na qualidade de formação dos seus profissionais, o respeito que desperta na sociedade e o nível das suas pesquisas. Assim, as reformas e as críticas ao processo regulatório foram destaques. O segundo motivo é que uma potencial reforma poderia afetar o mercado de auditoria global. 

Entretanto, a crise pandêmica, entre outras razões, fizeram com que o processo de mudança fosse mais tímido do que o esperado inicialmente. Mas o fim do FRC, com a criação de uma nova entidade, parece que permaneceu; já a reforma das empresas de auditoria parece que ficou para a próxima rodada de escândalos. 

Antes de fechar as portas, o FRC apresentou algumas reformas para melhorar o processo de regulação e punir a má conduta. Isto significa alterar algumas das regras existentes e, aproveitando a brecha, fortalecer os relatórios de sustentabilidade e de governança corporativa.

Ex-CFO de Trump admite culpa fiscal


Já falamos no passado sobre Allen Weisselberg (aqui, aqui e aqui). Ele foi CFO da Organização Trump, responsável pelas finanças dos ex-presidente.  Em 2021, Weisselberg renunciou do cargo e na semana passada declarou culpado de crimes como evasão e fraude fiscal. 

Mas além da condenação, Weisselberg será testemunha no caso contra a Organização Trump, que também será julgada por fraude fiscal. E isto deve ocorrer em outubro. Como recompensa, Weisselberg terá uma redução na pena de prisão. Mas terá que pagar os impostos em atraso.

Em 2018, o presidente concedeu a Weisselberg imunidade em razão dos pagamentos realizados por Cohen para a atriz Stormy Daniels, que parece ter tido um caso com Trump. Mas a condenação agora é diferente. 

O crime agora é um esquema de evasão fiscal, onde a Organização Trump evitava pagar uma remuneração de mercado para executivos, mas oferecia uma compensação paralela, não informada, que incluía moradia, mensalidades de escolas públicas e dinheiro para as despesas pessoais. Isto reduzia a carga tributária. 

Parece a versão moderna de Al Capone. Se não for possível pegar o mafioso pelos crimes, pegue pela fraude fiscal. 

Juízes recebiam propinas para enviar crianças para prisões

Merece está na relação dos crimes hediondos. Da AP:


Dois ex-juízes da Pensilvânia que orquestraram um esquema para enviar crianças para prisões com fins lucrativos em troca de propinas foram condenados a pagar mais de US $ 200 milhões a centenas de pessoas que eles vitimaram em um dos piores escândalos judiciais da história dos EUA.

O juiz distrital dos EUA Christopher Conner concedeu US $ 106 milhões em danos compensatórios e US $ 100 milhões em danos punitivos a quase 300 pessoas em uma ação civil de longa data contra os juízes, escrevendo que os queixosos são “as trágicas vítimas humanas de um escândalo de proporções épicas."

Ciavarella, que presidiu o tribunal de menores [e um dos juízes condenados], adotou uma política de tolerância zero que garantia que um grande número de crianças seria enviado à PA Child Care e suas instalações irmãs, Western PA Child Care.

Ciavarella ordenou a detenção de crianças de 8 anos, muitas delas infratores pela primeira vez consideradas delinqüentes por pequenos furtos, passeios de barco, evasão escolar, tabagismo nas dependências da escola e outras infrações menores. O juiz muitas vezes ordenou que os jovens que ele considerara delinqüentes fossem imediatamente algemados e levados sem lhes dar a chance de defender ou até dizer adeus às famílias.

A Suprema Corte da Pensilvânia rejeitou cerca de 4.000 condenações juvenis envolvendo mais de 2.300 crianças após a descoberta do esquema.

Além da multa, os juízes foram presos. São dos dois que aparecem na fotografia acima. 

Transparência, assertividade e agenda ESG

Da Época, autoria de Carlos Pires, da KPMG

(...)

Mas, vários atores da sociedade têm se movimentado para coibir este tipo de comportamento em relação a temas tão críticos para todos. Nos últimos 20 anos, as empresas têm prestado contas aos stakeholders, principalmente por meio dos Relatórios de Sustentabilidade, que, para muitas empresas, têm caráter voluntário e não requerem a verificação independente por parte de auditores externos (exceto para as Companhias Abertas no Brasil que preparam o Relato Integrado a partir de dezembro de 2021, no qual a verificação independente passou a ser obrigatória).

Tanto a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) como o Banco Central baixaram resoluções que estarão vigentes a partir de dezembro de 2022 (dependendo do tamanho da instituição financeira de acordo com as Resoluções colocadas em vigor). As instituições financeiras passam a integrar os riscos climáticos, ambientais e físicos em suas avaliações de riscos do negócio. Isso também é um fato novo. A Resolução 59 da CVM instituiu, com vigência a partir de 2023, alterações nas ICVM 480 e 481, incluindo a divulgação de práticas ESG nos Formulários de Referência, no viés de “pratique ou explique”. Outros reguladores abriram audiências públicas para escutar do mercado quais informações os stakeholders querem ver divulgadas pelas instituições financeiras – e seus clientes – e devem estar anunciadas até o final do ano.

Em âmbito internacional, os reguladores também abriram audiências públicas sobre este tema. Nos próximos meses, devem divulgar as primeiras normas a serem requeridas na divulgação dos riscos climáticos e ambientais sobre os negócios. A audiência pública da SEC (Securities Exchange Commission dos Estados Unidos) encerrou-se em junho passado. A audiência pública das duas primeiras proposições (exposure drafts) do ISSB (International Sustainability Standard Board, criada em novembro de 2021, durante a COP 26 em Glasglow), as IFRS S1 e S2, terminou em 29 de julho último.

Ainda há muito por vir e ser regulamentado no Brasil e no mundo nos próximos anos. Entretanto, voltando às considerações iniciais, a questão principal e que precisa ser reforçada aqui é: os stakeholders deterão acesso a uma série de informações que, inclusive, poderão ser comparadas entre empresas, e que possibilitará, em uma expressão popular, separar cada vez mais “o joio do trigo”. E, poderão influenciar, dentre outros: as tendências de consumo; a atração e retenção de talentos; quem e quais serão os provedores escolhidos em cadeias de suprimento; as taxas de juros nas captações financeiras; e quais serão seus prováveis clientes (e se eles querem e estarão associados com a marca ou o produto).

Diante de tudo isso, a transparência e a assertividade nas ações propositivas e proativas, e as consequentes divulgações apropriadas em torno da agenda de ESG, serão, em um futuro não muito distante, um tema vivo e dinâmico nas agendas de todos os Conselhos de Administração e, também, da sociedade civil. Além de ser um instrumento importante para identificarmos empresas socialmente responsáveis, ambientalmente sustentáveis e administradas de maneiras apropriadas, como resultado dessas ações, poderemos ter uma sociedade e um planeta muito melhor para se viver!