A Unisinos comunicou que estaria fechando diversos cursos de doutorado da entidade
Entre os 26 PPGs oferecidos pela Unisinos, foram extintos os de história, arquitetura, biologia, ciências contábeis, ciências sociais, comunicação, economia, enfermagem, engenharia mecânica, geologia, linguística aplicada e psicologia. Os alunos que já faziam esses cursos manterão as bolsas de estudos e continuarão com as atividades acadêmicas até defenderem suas teses ou dissertações. O Conselho Superior Universitário (Consun) ainda precisa ratificar os fechamentos, o que deve acontecer no final de agosto, quando o órgão deliberativo da Unisinos se reunirá.05 agosto 2022
Fim do Doutorado da Unisinos
04 agosto 2022
Valor do Coliseu
A empresa de auditoria Deloitte, através da sua filial italiana, atribuiu um valor para o Coliseu. Segundo um estudo (via aqui), divulgado no site da empresa de auditoria, o monumento icônico da cidade de Roma tem um valor de 77 bilhões de euros. Somente sua contribuição com a economia italiana é de 1,4 bilhão por ano, segundo a Deloitte.
"Parei de ler notícias"
Um artigo de opinião de Amanda Ripley para o The Washington Post: Parei de ler as notícias.
E isso chega ao cerne do problema aqui: se muitos de nós se sentirem envenenados por nossos produtos, pode haver algo errado com eles?
Mês passado, novos dados do Instituto Reuters mostrou que os Estados Unidos têm uma das maiores taxas de evasão de notícias do mundo. Cerca de 4 em cada 10 americanos às vezes ou frequentemente evitam o contato com as notícias - uma taxa mais alta do que pelo menos 30 outros países [vide gráfico a seguir]. E de forma consistente, em todos os países, as mulheres têm uma probabilidade significativamente maior de evitar notícias do que os homens. Afinal, não éramos apenas eu e meus amigos jornalistas hipócritas.
Por que as pessoas estão evitando as notícias?? É repetitivo e desanimador, geralmente de credibilidade duvidosa, e deixa as pessoas se sentindo impotentes, de acordo com a pesquisa. A evidência apóia sua decisão de recuar. Acontece que quanto mais notícias consumimos sobre eventos de vítimas em massa, como tiroteios, mais sofremos. Quanto mais notícias políticas ingerimos, mais erros nós fazemos sobre quem somos. Se o objetivo do jornalismo é informar as pessoas, onde está a evidência de que está funcionando?Então, talvez haja algo errado com as notícias. Mas o que? Muitas pessoas dizem que o problema é viés. Jornalistas dizem que o problema é o modelo de negócios: a negatividade é click. Mas comecei a pensar que ambas as teorias estão perdendo a peça mais importante do quebra-cabeça: o fator humano.
As notícias de hoje, mesmo as de alta qualidade, não foram projetadas para seres humanos. Como Krista Tippett, jornalista e apresentadora do programa de rádio e podcast "On Being", coloca: "Na verdade, não acho que estamos equipados, fisiologicamente ou mentalmente, para receber notícias e fotos catastróficas e confusas. Somos criaturas analógicas em um mundo digital."
(...) Quando destilei tudo o que eles me disseram, descobri que há três ingredientes simples que estão faltando nas notícias como a conhecemos.
Primeiro, precisamos de esperança para acordar de manhã. Pesquisadores têm encontrado essa esperança está associada a níveis mais baixos de depressão, dor crônica, insônia e câncer, entre muitas outras coisas. Desesperança, por outro lado, está ligado à ansiedade, depressão transtorno de estresse pós-traumático e ... morte.
(...) Segundo, os humanos precisam de um senso de ação. (...) sentir que você e seus companheiros humanos podem fazer algo - mesmo algo pequeno - é como convertemos a raiva em ação, frustração em invenção. (...)
Finalmente, precisamos de dignidade. Isso também não é algo em que a maioria dos repórteres pensa, na minha experiência. O que é estranho, porque é essencial para entender por que as pessoas fazem o que fazem.(...)
P.S. Depoimento pessoal: parei de assistir notícias na televisão. E tenho evitado ler algumas notícias nos jornais. E minha decisão de parar o "rir é o melhor remédio" foi postergada.
"Precisamos de mais estudos"
Eis a frase típica das conclusões de um artigo acadêmico. Faz sentido? Vamos para o Ciência Picareta, livro de Ben Goldacre:
um fato pouco conhecido é que essa frase ["há necessidade de mais pesquisas"] foi banida do British Medical Journal por muitos anos, pois não acrescenta nada; você pode dizer qual pesquisa falta ser feita, com quem, como, medindo o que e por que você deseja fazê-la, mas a afirmação superficial e aberta da necessidade de mais pesquisas é inútil e sem significado.
Foto: Janko Ferlič
Londres e a lavagem de dinheiro
A revista Época publicou um texto sobre a lavagem de dinheiro em Londres. O texto completo pode ser encontrado aqui, mas destaco alguns pontos:
Todos os anos, US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) é roubado das nações em desenvolvimento, e uma parcela significativa deste valor passa por Londres ou seus paraísos fiscais satélites — a "lavagem offshore".
O Banco Midland era um dos bancos da City de Londres. Era pequeno e queria crescer, mas as regras impediam que os bancos concorressem entre si em busca de clientes. Precisava de mais dinheiro.
Em 1955, o Midland teve uma ideia brilhante, mas dependia de outro banco, não muito distante, que tinha o problema oposto. O Narodny de Moscou tinha sede na City, mas era de propriedade da União Soviética. E seu cofre estava abarrotado de dólares.
"Eles temiam que os fundos fossem expropriados e confiscados se fossem colocados nos Estados Unidos, dado o crescente antagonismo da Guerra Fria. Por isso, o dinheiro acabou em Londres", explica Ogle.
Havia então um banco que tinha muito pouco dinheiro, e outro que tinha dinheiro demais... só o que faltava era encontrar uma forma de "driblar" as regulamentações.
Foi quando alguém dentro do Midland percebeu que o banco não precisaria comprar os dólares. Bastava apenas pedi-los emprestados, evitando as restrições britânicas à compra de moeda estrangeira.
Com estes dólares, o banco inglês poderia comprar libras esterlinas e emprestar em troca de juros. Já o Narodny não apenas deixaria seu dinheiro fora do alcance dos Estados Unidos, como ainda teria lucro.
Os detalhes da operação são inacreditavelmente complexos, mas sua essência era muito simples. O acordo permitiu que o Banco Narodny ganhasse dinheiro se esquivando das restrições americanas, e que o Banco Midland ganhasse dinheiro se esquivando das restrições britânicas.
(...) Se os financistas britânicos realmente quisessem ajudar seus clientes, precisariam de mais do que uma brecha legal; precisariam de lugares onde este dinheiro ficasse a salvo. Para a sorte deles, não foi preciso procurar muito para encontrá-los.
Perto de Londres, no Canal da Mancha, fica a ilha de Jersey — que, por quase mil anos, foi mais ou menos britânica: é governada pela monarquia britânica, mas não faz parte do Reino Unido; e usa a libra esterlina, mas estabelece seus próprios impostos. Esta combinação era potencialmente bastante rentável.
"Até o final da década de 1950, havia uma cláusula na constituição restringindo os pagamentos de juros, o que, de forma geral, limitava o uso da ilha como paraíso fiscal às pessoas que realmente viviam ali", afirma John Christensen, que ocupou altos cargos administrativos em Jersey e depois se tornou um ativista de destaque contra os paraísos fiscais.
Os lucros poderiam ser enormes, se a ilha se dispusesse a ser um pouco menos exigente. E foi o que aconteceu. Os políticos da ilha de Jersey eliminaram os incômodos obstáculos.
(...)Não existem muitos dados, especialmente de antes da década de 1980, sobre o que os ultrarricos de todos os tipos ocultavam nos paraísos fiscais.
Mas, de vez em quando, uma porta se abre — e é possível observar o que há por trás dela.
"Em duas ocasiões, nas décadas de 1960 e 1970, depois de grandes crises, foram revelados vínculos com o crime organizado, particularmente com a lavagem de dinheiro", conta Ogle.
"Mas são casos raros e, depois do fato, é feita uma investigação, e fica claro que isso sempre foi parte do que levou à expansão das jurisdições offshore."
"É extremamente difícil saber com precisão porque o segredo e o anonimato são o principal ativo vendido por essas jurisdições."
(...) Mas por que exatamente os britânicos são tão úteis para a lavagem de dinheiro?
"O Reino Unido é considerado, quase universalmente, uma jurisdição de baixo risco em termos de criminalidade", explica Barrow.
Se forem estabelecidas muitas empresas e muitas contas bancárias para estas empresas em diferentes jurisdições com normas flexíveis, é possível mover o dinheiro por meio delas.
E, se forem empresas britânicas, com diretores britânicos, tudo parece ser legítimo para o próximo país de destino.
"Estas empresas são criadas com facilidade", diz Barrow.
"Você pode pagar 12 libras (cerca de R$ 77) a partir de um computador em qualquer parte do mundo, dizendo que você se chama Darth Vader e mora na Lua, e criar uma empresa com estas informações."
(...)Falsificar deliberadamente as informações de uma empresa é ilegal, mas é um delito de baixo risco.
Aqueles que querem esconder seu dinheiro e movimentá-lo como quiser não enfrentaram obstáculos ao usar as estruturas corporativas do Reino Unido para ocultar sua identidade.
"Você se assustaria com a quantidade de casos na Companies House [o órgão governamental responsável pelo registro de companhias no Reino Unido], em que a empresa A é propriedade da empresa B, que é propriedade da empresa A... você pode ficar louco pesquisando isso!", exclama Barrow.
A Companies House enfrenta diariamente uma avalanche de fundações de novas empresas — e não tem poder nem recursos para verificar todas as informações fornecidas.
"Em um dia comum, cerca de 3,5 mil empresas se apresentam para registro. Cada uma fornece cerca de 15-20 pontos de dados separados. Assim, diariamente, isso representa cerca de 100 mil dados", diz Barrow.
"Como se pode monitorar tudo isso com recursos limitados e tecnologia antiquada? É impossível, e os criminosos sabem disso."(...)
50 anos de uma reportagem fundamental para pesquisa científica
São poucas as vezes que uma reportagem pode alterar os rumos da ciências. Aconteceu há cinquenta anos com Jean Heller, da AP (foto abaixo).
A repórter recebeu de um colega uma dica sobre um experimento realizado pelo governo dos Estados Unidos desde 1932 em uma comunidade pobre do Alabama. O governo recrutava homens negros e indicaram que eles seriam tratados de doenças como anemia, fadiga e sífilis. Em troca da participação, homens receberiam exames médicos gratuitos, refeições gratuitas e seguro funerário. Mas o governo poderia fazer uma autopsia em caso de falecimento.
Mais de 600 homens participaram (foto), mas um terço nunca receberam tratamento, mesmo existindo a penicilina desde os anos 40 para o tratamento de sífilis. O absurdo é que o experimento só parou após a publicação da reportagem, em 1972, ou décadas depois do início.
A história ganhou diversos prêmios jornalísticos e ainda hoje tem seus efeitos. Recentemente, durante a pandemia, muitos negros recusaram a vacinação, lembrando a triste história de Tuskegee.