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04 agosto 2022

Londres e a lavagem de dinheiro


A revista Época publicou um texto sobre a lavagem de dinheiro em Londres. O texto completo pode ser encontrado aqui, mas destaco alguns pontos:

Todos os anos, US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) é roubado das nações em desenvolvimento, e uma parcela significativa deste valor passa por Londres ou seus paraísos fiscais satélites — a "lavagem offshore".

O Banco Midland era um dos bancos da City de Londres. Era pequeno e queria crescer, mas as regras impediam que os bancos concorressem entre si em busca de clientes. Precisava de mais dinheiro.

Em 1955, o Midland teve uma ideia brilhante, mas dependia de outro banco, não muito distante, que tinha o problema oposto. O Narodny de Moscou tinha sede na City, mas era de propriedade da União Soviética. E seu cofre estava abarrotado de dólares.

"Eles temiam que os fundos fossem expropriados e confiscados se fossem colocados nos Estados Unidos, dado o crescente antagonismo da Guerra Fria. Por isso, o dinheiro acabou em Londres", explica Ogle.

Havia então um banco que tinha muito pouco dinheiro, e outro que tinha dinheiro demais... só o que faltava era encontrar uma forma de "driblar" as regulamentações.

Foi quando alguém dentro do Midland percebeu que o banco não precisaria comprar os dólares. Bastava apenas pedi-los emprestados, evitando as restrições britânicas à compra de moeda estrangeira.

Com estes dólares, o banco inglês poderia comprar libras esterlinas e emprestar em troca de juros. Já o Narodny não apenas deixaria seu dinheiro fora do alcance dos Estados Unidos, como ainda teria lucro.

Os detalhes da operação são inacreditavelmente complexos, mas sua essência era muito simples. O acordo permitiu que o Banco Narodny ganhasse dinheiro se esquivando das restrições americanas, e que o Banco Midland ganhasse dinheiro se esquivando das restrições britânicas.

(...) Se os financistas britânicos realmente quisessem ajudar seus clientes, precisariam de mais do que uma brecha legal; precisariam de lugares onde este dinheiro ficasse a salvo. Para a sorte deles, não foi preciso procurar muito para encontrá-los.

Perto de Londres, no Canal da Mancha, fica a ilha de Jersey — que, por quase mil anos, foi mais ou menos britânica: é governada pela monarquia britânica, mas não faz parte do Reino Unido; e usa a libra esterlina, mas estabelece seus próprios impostos. Esta combinação era potencialmente bastante rentável.

"Até o final da década de 1950, havia uma cláusula na constituição restringindo os pagamentos de juros, o que, de forma geral, limitava o uso da ilha como paraíso fiscal às pessoas que realmente viviam ali", afirma John Christensen, que ocupou altos cargos administrativos em Jersey e depois se tornou um ativista de destaque contra os paraísos fiscais.

Os lucros poderiam ser enormes, se a ilha se dispusesse a ser um pouco menos exigente. E foi o que aconteceu. Os políticos da ilha de Jersey eliminaram os incômodos obstáculos.

(...)Não existem muitos dados, especialmente de antes da década de 1980, sobre o que os ultrarricos de todos os tipos ocultavam nos paraísos fiscais.

Mas, de vez em quando, uma porta se abre — e é possível observar o que há por trás dela.

"Em duas ocasiões, nas décadas de 1960 e 1970, depois de grandes crises, foram revelados vínculos com o crime organizado, particularmente com a lavagem de dinheiro", conta Ogle.

"Mas são casos raros e, depois do fato, é feita uma investigação, e fica claro que isso sempre foi parte do que levou à expansão das jurisdições offshore."

"É extremamente difícil saber com precisão porque o segredo e o anonimato são o principal ativo vendido por essas jurisdições."

(...) Mas por que exatamente os britânicos são tão úteis para a lavagem de dinheiro?

"O Reino Unido é considerado, quase universalmente, uma jurisdição de baixo risco em termos de criminalidade", explica Barrow.

Se forem estabelecidas muitas empresas e muitas contas bancárias para estas empresas em diferentes jurisdições com normas flexíveis, é possível mover o dinheiro por meio delas.

E, se forem empresas britânicas, com diretores britânicos, tudo parece ser legítimo para o próximo país de destino.

"Estas empresas são criadas com facilidade", diz Barrow.

"Você pode pagar 12 libras (cerca de R$ 77) a partir de um computador em qualquer parte do mundo, dizendo que você se chama Darth Vader e mora na Lua, e criar uma empresa com estas informações."

(...)Falsificar deliberadamente as informações de uma empresa é ilegal, mas é um delito de baixo risco.

Aqueles que querem esconder seu dinheiro e movimentá-lo como quiser não enfrentaram obstáculos ao usar as estruturas corporativas do Reino Unido para ocultar sua identidade.

"Você se assustaria com a quantidade de casos na Companies House [o órgão governamental responsável pelo registro de companhias no Reino Unido], em que a empresa A é propriedade da empresa B, que é propriedade da empresa A... você pode ficar louco pesquisando isso!", exclama Barrow.

A Companies House enfrenta diariamente uma avalanche de fundações de novas empresas — e não tem poder nem recursos para verificar todas as informações fornecidas.

"Em um dia comum, cerca de 3,5 mil empresas se apresentam para registro. Cada uma fornece cerca de 15-20 pontos de dados separados. Assim, diariamente, isso representa cerca de 100 mil dados", diz Barrow.

"Como se pode monitorar tudo isso com recursos limitados e tecnologia antiquada? É impossível, e os criminosos sabem disso."(...)

50 anos de uma reportagem fundamental para pesquisa científica

 São poucas as vezes que uma reportagem pode alterar os rumos da ciências. Aconteceu há cinquenta anos com Jean Heller, da AP (foto abaixo).

A repórter recebeu de um colega uma dica sobre um experimento realizado pelo governo dos Estados Unidos desde 1932 em uma comunidade pobre do Alabama. O governo recrutava homens negros e indicaram que eles seriam tratados de doenças como anemia, fadiga e sífilis. Em troca da participação, homens receberiam exames médicos gratuitos, refeições gratuitas e seguro funerário. Mas o governo poderia fazer uma autopsia em caso de falecimento. 

Mais de 600 homens participaram (foto), mas um terço nunca receberam tratamento, mesmo existindo a penicilina desde os anos 40 para o tratamento de sífilis. O absurdo é que o experimento só parou após a publicação da reportagem, em 1972, ou décadas depois do início. 

A história ganhou diversos prêmios jornalísticos e ainda hoje tem seus efeitos. Recentemente, durante a pandemia, muitos negros recusaram a vacinação, lembrando a triste história de Tuskegee. 

Rir é o melhor remédio

 

Subida e queda

03 agosto 2022

Roupa e reunião no Zoom


Da revista Forbes:

A pesquisa da McKinsey demonstrou também que a roupa que vestimos afeta a forma como as outras pessoas nos percebem. E a surpresa é que elas também podem afetar o nosso desempenho.

Um experimento com dois grupos que usavam jalecos mostrou uma diferença de desempenho de acordo com o nome dado à peça. O primeiro grupo, em que o nome dado foi “jaleco”, teve uma performance notável. No outro grupo, em que a roupa era chamada de “avental de pintura”, não foi observado efeito algum. Os autores do experimento chamaram esse fenômeno de “cognição incorporada”. Uma tentativa recente de repetição da experiência não produziu os mesmos resultados, mas os autores concluíram que o conceito permanece válido.

É preciso tomar um certo cuidado, pois a pesquisa foi realizada por uma entidade não científica - a empresa de consultoria McKinsey - e o próprio texto afirma que a repetição não produziu os mesmos resultados. Finalmente, a pesquisa não foi validada através da publicação em um periódico científico.

Mas sabemos que a roupa é uma forma de sinalização e isto talvez possa ocorrer nas reuniões online. 

Foto: Anthony Tran

Celebridades e Emissão

Um site rastreou algumas celebridades e montou um ranking das pessoas que mais "emitiram" carbono a partir das viagens com seus jatos particulares:


Swift esclareceu que muitas viagens rastreada não tinha sua presença.

Imposto de solteiro


Entre as muitas curiosidades tributárias, recentemente encontrei sobre o imposto de solteiro (bachelor tax), que é um tributo punitivo para os homens com este estado civil. 

Historicamente o casamento foi uma parte importante das sociedades, seja por questões nacionalistas ou por ser também uma questão de raça ou uma forma de inibição do homossexualismo. No antigo Pacto de Varsóvia, o imposto era uma forma de incentivar a geração de filhos nos países comunistas. 

Talvez o caso mais interessante seja o da Argentina:

Um imposto de solteiro existia na Argentina por volta de 1900. Homens que pudessem provar que haviam pedido a uma mulher que se casasse com eles e haviam sido rejeitados estavam isentos do imposto. Isso deu origem ao fenômeno das "rejeitadoras profissionais", mulheres que por uma taxa jurariam às autoridades que um homem havia proposto a elas e elas haviam recusado.

Título e missão de um periódico

Sabemos que o nome de uma pessoa está vinculada ao sucesso ou fracasso de sua vida pessoal. Mas isto é válido para um periódico? Aparentemente sim. Julián D. Cortés explora como o nome e a missão de um periódico pode trazer informações sobre um periódico. Usando uma amostra de 1500 periódicos da área de negócios, administração e contabilidade, Cortés fez algumas descobertas interessantes. 

Em primeiro lugar, o número médio de caracteres dos títulos dos periódicos foi de 35. A missão do periódico é reveladora. Separando os periódicos em dois grupos, os 10% melhores e os 10% piores, foi encontrado para o piso inferior o seguinte:

Para os periódicos de mais prestígio, a missa lidava com outro tipo de termo:
A própria legibilidade da missão também é esclarecedora:
Os países ibero-americanos não tiveram um bom desempenho.