São poucas as vezes que uma reportagem pode alterar os rumos da ciências. Aconteceu há cinquenta anos com Jean Heller, da AP (foto abaixo).
A repórter recebeu de um colega uma dica sobre um experimento realizado pelo governo dos Estados Unidos desde 1932 em uma comunidade pobre do Alabama. O governo recrutava homens negros e indicaram que eles seriam tratados de doenças como anemia, fadiga e sífilis. Em troca da participação, homens receberiam exames médicos gratuitos, refeições gratuitas e seguro funerário. Mas o governo poderia fazer uma autopsia em caso de falecimento.
Mais de 600 homens participaram (foto), mas um terço nunca receberam tratamento, mesmo existindo a penicilina desde os anos 40 para o tratamento de sífilis. O absurdo é que o experimento só parou após a publicação da reportagem, em 1972, ou décadas depois do início.
A história ganhou diversos prêmios jornalísticos e ainda hoje tem seus efeitos. Recentemente, durante a pandemia, muitos negros recusaram a vacinação, lembrando a triste história de Tuskegee.