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02 agosto 2022

Primeiro experimento da história


Talvez não seja o primeiro experimento, mas um dos mais antigos narrados. Do livro de Daniel, da Bíblia, no reinado de Nabucodonosor. Este rei que deu ordem ao chefe dos eunucos cuidar da alimentação dos judeus, com uma dieta e vinho:

Daniel tomou a resolução de não se contaminar com os alimentos do rei com seu vinho. Pediu ao chefe dos eunucos para dês se abster [de animais impuros e de vinho]. Este, graças a Deus, tomado de benevolência para com Daniel, atendeu-o de boa vontade, mas disse-lhe: 

"Temo que o rei, meu senhor, que estabeleceu vossa alimentação e vossa bebida, venha a notar vossas fisionomias mais abatidas do que as dos outros jovens de vossa idade, e que por vossa causa eu me exponha a uma repreensão da parte do rei". 

Mas Daniel disse ao dispenseiro a quem o chefe dos eunucos havia confiado o cuidado de Daniel, Ananias, Misael e Azarias: 

"Rogo-te, faze uma experiência de dez dias com teus servos: que só nos sejam dados legumes a comer e água a beber.  Depois então compararás nossos semblantes com os dos jovens que se alimentam com as iguarias da mesa real e farás com teus servos segundo o que terás observado". 

O dispenseiro concordou com esta proposta e os submeteu a prova durante dez dias. No final deste prazo, averiguou-se que tinham melhor aparência e estavam mais gordos do que todos os jovens que comiam das iguarias da mesa real. 

O experimento é uma técnica bastante usada na ciência. No exemplo, temos um típico experimento, onde um grupo recebe um tratamento e outro mantém com a melhor alternativa considerada então disponível. Se o resultado for favorável ao grupo submetido ao experimento, a nova técnica deve ser adotada. Há algumas nuances que consideramos no dias atuais, como a randomização da amostra. Mas isto é um pequeno detalhe da história.

O texto foi citado no excelente livro Ciência Picareta, de Ben Goldacre, na página 55. Imagem: aqui

Empresas Chinesas na bolsa dos EUA: impasse ainda persiste


O presidente da Comissão de Valores Mobiliários, a SEC, Gary Gensler, afirmou na quarta-feira passada que ainda é necessário um acordo, entre os EUA e a China, para que as empresas chinesas, com ações na bolsa dos EUA, não sejam expulsas. O acordo envolve o acesso aos documentos de trabalho da firma de auditoria. A eventual expulsão envolve 200 empresas chinesas, incluindo o grupo Alibaba

Com 20 anos de idade, completados no domingo, a lei Sarbox criou uma série de quesitos para as empresas, inclusive o acesso do fiscalizador das auditorias, o então recém-criado PCAOB. Entretanto, a China sempre travou este acesso. Em 2020 o impasse ficou pior com uma lei que poderia forçar a saída da Nasdaq e da Bolsa de Nova York, em 2024, se o PCAOB não tivesse acesso aos documentos de trabalho.

O PCAOB já inspecionou 4.300 empresas de 58 países, com revisão de mais de 15 mil auditorias.

As muitas maneiras de avaliar o meio-ambiente

 


Existem mais de 50 maneiras de valorizar o meio ambiente, mas a maioria das pesquisas e políticas se concentra em apenas alguns métodos. Isso inclui contar espécies e avaliar o custo da substituição de um serviço prestado por natureza. No entanto, avaliar a natureza em termos puramente monetários também pode ser prejudicial às pessoas e ao meio ambiente (1), de acordo com a maior avaliação mundial da avaliação ambiental.

“A formulação de políticas desconsidera amplamente as múltiplas maneiras pelas quais a natureza é importante para as pessoas”, especialmente os indígenas e as comunidades de baixa renda, diz o relatório do Painel Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas (IPBES).

Por exemplo, em propostas de barragens hidrelétricas, as necessidades das comunidades afetadas são frequentemente vistas como secundárias (2) às dos consumidores urbanos - especialmente se as comunidades precisam ser deslocadas, resultando em pessoas perdendo meios de subsistência e sendo obrigadas a mudar seu modo de vida, o relatório encontra.

A falha mundial em avaliar adequadamente a biodiversidade causou um declínio a longo prazo em uma variedade de serviços que o meio ambiente fornece, disse Anne Larigauderie, ecologista que lidera o secretariado do IPBES em Bonn, Alemanha, no lançamento do relatório em 11 de julho. "A capacidade de polinizar as culturas ou regular a água está em declínio há 50 anos", disse ela.

Há fortes evidências de que avaliar a natureza com base nos preços de mercado está contribuindo para a atual crise da biodiversidade, disse Unai Pascual, economista do Centro Basco de Mudanças Climáticas em Leioa, Espanha, no lançamento em Bonn. "Muitos outros valores são ignorados em favor do lucro e do crescimento econômico a curto prazo", acrescentou Pascual, que co-presidiu a avaliação.

Um resumo para os formuladores de políticas foi aprovado por 139 governos em 8 de julho. Espera-se que o relatório completo de avaliação seja divulgado antes da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que ocorre em Montreal, Canadá, em dezembro. Espera-se que os delegados desta reunião cheguem a acordo sobre um novo conjunto de metas e indicadores para a conservação da biodiversidade.

Estudos da natureza

Oitenta e dois pesquisadores de todo o mundo, com áreas de especialização em ciências, ciências sociais e humanas, identificaram 79.000 estudos em avaliação ambiental e descobriram que seu número vem aumentando 10% ao ano há 4 décadas. Mas poucos desses estudos são adotados pelos formuladores de políticas. Os pesquisadores selecionaram 1.163 dos estudos para uma revisão aprofundada e descobriram que apenas 5% desses casos eram recomendações adotadas pelos tomadores de decisão.

Metade dos estudos selecionados para uma revisão aprofundada utilizou indicadores biofísicos, como número de espécies ou quantidade de biomassa florestal. Outros 26% usavam indicadores monetários, como quanto custaria se a polinização precisasse ser realizada por seres humanos ou os valores que os governos pagam aos agricultores para conservar a biodiversidade em terras agrícolas.

Apenas um quinto dos estudos valorizou a biodiversidade de acordo com critérios socioculturais. Aqueles que incluíram estudos sobre a importância para as pessoas de um local sagrado e pesquisas sobre o valor que alguém atribui ao local onde cresceram. Os valores socioculturais não têm necessariamente uma quantidade numérica ou preço. O valor dos locais sagrados não precisa ser transformado em dólares, ou euros, disse o co-autor do IPBES, Sander Jacobs, ecologista do Instituto de Pesquisa da Natureza e Florestas de Bruxelas, no lançamento do relatório.

Os autores do relatório descobriram que a maioria dos estudos não considera vários valores, mesmo quando as evidências mostram que isso leva a melhores resultados para o meio ambiente. A equipe descobriu que poucos cientistas consultam ou envolvem as pessoas que vivem e trabalham em regiões de alta biodiversidade. Apenas 2% dos estudos revisados em profundidade relataram ter feito isso. E apenas 1% envolveu pessoas em todas as etapas, desde a criação de um estudo até a publicação. "O envolvimento das partes interessadas é principalmente básico, incluindo as partes interessadas como provedores de dados e informações", diz o relatório.

“Precisamos construir coalizões de cientistas de diferentes disciplinas. Mas a ciência também precisa de aliados ”, diz Pascual. “Os cientistas precisam ser humildes e convidar aqueles que representam outras maneiras de conhecer. Essa coalizão poderia fornecer uma abordagem orientada a soluções para a biodiversidade e as crises climáticas."

Fonte: Nature

(1) grifo do blog. Parece importante e contradiz o senso comum que devemos mensurar para gerenciar.

(2) aqui parece que o problema não está no método, mas na forma como é empregado. O negrito a seguir é do blog

Twitter e Musk

 O gráfico da Statista conta a história recente do processo de aquisição do Twitter por parte de Elon Musk

Desde que o principal acionista da Tesla anunciou que pretendia comprar e fechar o capital do Twitter, as ações da Tesla e do Twitter sofreram variações com as notícias. Quando o bilionário fez uma pausa na aquisição, as ações caíram. Isto foi em maio. A aprovação do processo não fez recuperar o preço. 

Sobre este assunto, recomendo fortemente o artigo de Matt Levine que tem um subtítulo bem interessante: Musk perdeu o interesse em fingir comprar o Twitter. O texto é bem longo e Levine destrói os argumentos de Musk. 

Meta longe do valor máximo

 

Eis a evolução das ações da empresa Meta (ou Facebook). De um valor de 380 por ação, em 2021, a ação chegou a 160, o mesmo valor de 2020. Em termos de valor de mercado total, a empresa viu desaparecer 650 bilhões de valor em dez meses. 

Na sexta a empresa deixou de estar entre as dez maiores por valor de mercado dos Estados Unidos:

Há várias explicações para o comportamento do mercado: redução da receita, aumento das despesas, restrição de rastreamento nos iPhones da Apple (e efeito sobre receita) e processos legais. E parece que o consumidor está cansado da empresa. 

DRE de forma visual

Como a Apple tem lucro? Eis um gráfico

E o Google:

A Microsoft
Amazon

Desonestos, seleção e persistência da corrupção


A questão da desonestidade é cara no setor público. Diversos estudos mostraram que isto também pode estar vinculado a chance de ser funcionário público. Em países como a Dinamarca, ser funcionário público é destinado as pessoas honestas. Eis a ideia:

La noción de que se pueden generar círculos viciosos o virtuosos es consistente con evidencia empírica que muestra que hay una relación inversa entre el nivel de corrupción en el sector público de un país y la integridad de quienes se interesan por la función pública. En India, donde existe la percepción de que la corrupción es un fenómeno extendido, estudiantes universitarios más deshonestos muestran mayor interés en ser funcionarios públicos (Hanna y Wang, 2017). En Dinamarca, país caracterizado por la baja percepción de corrupción, son los individuos más íntegros los que manifiestan una mayor preferencia por un empleo en el sector público (Barfort, Harmon, Hjorth y Olsen, 2019).

La idea de que las rentas de la corrupción pueden atraer a la función pública a individuos más proclives a incurrir en actos corruptos no es nueva (Besley, 2005), pero la evidencia empírica escasea por la dificultad de hacer una estimación causal de esta relación. Esta estimación requiere i) tener una medida de integridad a nivel individual y ii) contar con una variación exógena en la disponibilidad de puestos de trabajo con y sin oportunidades de extracción de rentas.

A grande questão é que o processo seletivo dever levar em consideração a luta contra a corrupção. A melhoria da contratação passa por levar em consideração o passado de honestidade de uma pessoa:

Los resultados también son relevantes para las políticas de lucha contra la corrupción, pues sugieren que i) es importante tener en cuenta los posibles efectos sobre la selección a la hora de diseñar normas e incentivos en una organización (como se advierte aquí), y ii) la mejora de las prácticas de contratación del sector público (como las analizadas aquí y aquí) debería ser un foco central de la reforma en los lugares donde se percibe que la corrupción es frecuente.