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13 junho 2022

Salários aumentaram em finanças, mas não significa melhores empregados

A amostra é do setor financeiro da Suécia, mas há um aspecto curioso nas conclusões do artigo. Em primeiro lugar, os autores  mostram que ao longo do tempo o salário no setor tem aumentado. Isto poderia ser explicado pela melhoria da qualidade dos trabalhadores: melhores funcionários, maiores salários. Mas a pesquisa mostrou que isto não é verdadeiro. Eis o resumo:

Financial sector wages have increased extraordinarily over the last decades. We address two potential explanations for this increase: (1) rising demand for talent and (2) firms sharing rents with their employees. Matching administrative data of Swedish workers, which include unique measures of individual talent, with financial information on their employers, we find no evidence that talent in finance improved, neither on average nor at the top. The increase in relative finance wages is present across talent and education levels, which together can explain at most 20% of it. In contrast, rising financial sector profits that are shared with employees account for up to half of the relative wage increase. The limited labor supply response may partly be explained by the importance of early-career entry and social connections in finance. Our findings alleviate concerns about “brain drain” into finance but suggest that finance workers have captured rising rents over time.

A Suécia tem testes de inteligência para todos que servem nas forças armadas. Cruzando os dados dos testes com o fato da pessoa ir trabalhar no setor financeiro, os autores obtiveram a seguinte série histórica:
Ou seja, não há uma grande diferença no tempo. 

Rir é o melhor remédio

 

A utilidade do Excel

12 junho 2022

Ainda a novela Carillion

Fundada em 1999 e com um crescimento substancial nos anos seguintes, graças as aquisições realizadas, a Carrillion foi liquidada em 2018. A empresa talvez detenha o título de maior liquidação comercial do Reino Unido. Na época da queda era a segunda maior empresa de construção local, com presença na bolsa de valores, mais de 40 mil funcionários e vários contratos com o governo.

Os sinais que a empresa tinha problemas sérios começaram a surgir em 2015, quando o passivo da empresa estava um pouco acima de 2 bilhões de libras esterlinas, conforme registrado no balanço. A realidade, em 2018, mostrava um passivo de 7 bilhões.

Um dos motivos para o fracasso da empresa, cujo nome foi inspirado no instrumento musical, foi aceitar projetos que não eram lucrativos, onde o valor obtido era inferior ao custo da mão de obra. Mas não faltou o uso de instrumentos questionáveis, com o factoring reverso.

E para uma empresa que cresceu usando aquisições, algumas delas eram questionáveis e a expectativa de resultado não foi obtida. E neste ambiente a contabilidade da empresa prestou o serviço de divulgar um quadro incompleto do que estava ocorrendo na Carillion. Uma das aquisições, da Eaga, teve um ágio de 329 milhões de libras; mesmo diante das evidências que o ágio era irreal, os gestores da empresa, com apoio da auditoria, mantiveram o ativo, não reconhecendo a despesa de impairment. Afinal, se o reconhecimento da decisão ruim de adquirir a Eaga aparecesse, parte da remuneração dos gestores estaria comprometida.

No caso da Carillion é possível ver claramente que os profissionais contábeis da empresa não apresentaram uma conduta adequada. Mas há questionamentos também para os auditores. Após o fracasso da empresa, um deputado chegou a dizer para Peter Meehan (foto), da KPMG e responsável pela auditoria: "Eu não contrataria você para fazer uma auditoria do conteúdo da minha geladeira".

O trabalho da Big Four foi tão ruim que a empresa deve receber uma das maiores multas de todos os tempos da entidade responsável pela fiscalização da auditoria no Reino Unido. A multa deveria ser de 20 milhões de libras. Em reais, 122 milhões no câmbio de hoje. Mas a KPMG deve levar uma multa de 14,4 milhões, um valor menor devido à cooperação e admissão de culpa. O valor da multa, que corresponde a 10 vezes o valor obtido pela auditoria de 2016, mas menos de 1% da receita da empresa.

Os auditores já foram condenados por má conduta na criação de documentos falsos. O contador da KPMG, o mesmo Peter Meehan que não deve sequer auditar uma geladeira, deve ser multado em 400 mil libras ou 2,5 milhões de reais, além de uma proibição de não trabalhar na área por um período de 15 anos. Mas está lutando para reduzir a multa para 250 mil e somente 10 anos de suspensão. Outros profissionais da equipe também devem pagar multa.

Mas é importante notar que os problemas da KPMG podem extrapolar a penalidade do regulador. Há uma ação judicial de terceirizados contra a auditoria no valor de 1,3 bilhão; a empresa pode ser processada pelo governo no valor dos dividendos e remuneração pagos pela Carillion.

Fonte: informações da internet e Accounting web

11 junho 2022

Revisões de tudo

Interessante este site (via aqui).  Se você gostar de escrever críticas (boas ou não) de restaurantes, filmes, livros, lugares etc não perca tempo. Faça também suas críticas para neve, leis, laptops, carros, desertos, sapos, conversa fiada, chocolate, café

Governança no mundo atual

 Dois nomes de peso escrevem sobre a governança nos dias atuais. Eis o resumo:

In the last few years, there has been a dramatic increase in shareholder engagement on environmental and social issues. In some cases shareholders are pushing companies to take actions that may reduce market value. It is hard to understand this behavior using the dominant corporate governance paradigm based on shareholder value maximization. We explain how jurisprudence has sustained this criterion in spite of its economic weaknesses. To overcome these weaknesses we propose the criterion of shareholder welfare maximization and argue that it can better explain observed behavior. Finally, we outline how shareholder welfare maximization can be implemented in practice. (The New Corporate Governance - Oliver D. Hart & Luigi Zingales)

O texto é bem narrativo. Eis a conclusão:

Corporations are larger, more complex, and more powerful than they were in 1932 or in 1970. In a more populous world, the importance of externalities has also greatly increased. Finally, the preferences of investors have changed. Investors, especially younger ones, are more sensitive to social issues. In spite of all these changes, the view on the proper objective of a business enteprise does not seem to have adapted. In this paper, we have argued that, when externalities are important and investors are at least somewhat prosocial, shareholder welfare maximization not value maximization is the natural goal for utility‐maximizing investors. The standard defenses of SVM do not seem tenable. SWM is what shareholders want and it is implementable. We outline several ways to achieve this. Interestingly, some of these are being adopted as we write. This is an area where practice is ahead of theory. In this paper, we have tried to fill the gap.

Custo perdido no investimento corporativo

 Resumo:

Sunk costs are unrecoverable costs that should not affect decision-making. I provide evidence that firms systematically fail to ignore sunk costs and that this leads to significant investment distortions. In fixed-exchange-ratio stock mergers, aggregate market fluctuations after parties enter into a binding merger agreement induce plausibly exogenous variation in the final acquisition cost. These quasi-random cost shocks strongly predict firms’ commitment to an acquired business following deal completion, with an interquartile cost increase reducing subsequent divestiture rates by 8-9%. Consistent with an intrapersonal sunk cost channel, distortions are concentrated in f irm-years in which the acquiring CEO is still in office.


Fonte:  In Too Deep: The Effect of Sunk Costs on Corporate Investment, June 2021 R&R at The Journal of Finance




10 junho 2022

Origem da palavra Contabilidade

 é bem mais recente que pensamos:

Em resumo: a palavra “contabilidade” apareceu em português em 1786 nas “Reflexões sobre a Fiscalidade e Finanças em Portugal”, de Rodrigo de Sousa Coutinho, que apreendeu a mesma aquando da sua estadia em Turim (na altura Reino da Saboia ou Estados Sardos) e que aí forma a opinião de que a contabilidade era uma “bela ordem”. Tendo sido nomeado Secretário de Estado, introduziu a palavra na legislação e em documentos oficiais, onde aparece pelo menos 24 vezes entre 1797-1808, sempre referente à Fazenda Pública. Daí se foi alargando o seu uso e, também, o seu significado, de tal forma que veio a abranger igualmente, os negócios mercantis e se confundiu com “escrituração”. Por exemplo, em 1880, José Joaquim Rodrigues de Freitas Jr., autor de “Elementos de Escrituração Mercantil” (1880 e 1882) - livro que tem por base as suas lições na Academia Politécnica do Porto - explica que, apesar de o programa oficial dos liceus se referir a “contabilidade e escrituração”), “não apresenta a menor diferença entre as duas palavras”, com o que ele próprio concordava. O 1º livro a incorporar “contabilidade” no título é de 1842, mas o 1º a intitular-se só de “contabilidade” é o Tratado de Ricardo de Sá de 1903. (Carlos Ferraz)