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06 abril 2022

China recua e problema da auditoria pode ser resolvido


Os reguladores dos Estados Unidos ameaçaram excluir as empresas chinesas de negociar ações caso a auditoria não esteja de acordo com as regras que inclui uma maior fiscalização do trabalho por parte do PCAOB. Eis uma notícia que pode alterar este cenário:

A China vai emendar as suas leis de sigilo de auditoria, visando impedir que cerca de 270 empresas chinesas sejam excluídas do mercado de capitais dos Estados Unidos, numa concessão significativa à pressão exercida por Washington.

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês), que regula os mercados financeiros do país, disse este fim de semana que vai mudar as leis de confidencialidade que impedem as empresas chinesas listadas no exterior de fornecer informações financeiras confidenciais a reguladores estrangeiros.

Isto vai facilitar a “cooperação regulatória transfronteiriça, incluindo inspeções conjuntas (…) para proteger os investidores globais”, segundo a CSRC.

O país asiático proibia reguladores estrangeiros de inspecionar a contabilidade das empresas locais, citando preocupações com a segurança nacional.

A CSRC disse que as regras existentes, que foram atualizadas pela última vez em 2009, estão desatualizadas.

A decisão visa impedir que empresas chinesas cotadas na Bolsa de Nova Iorque sejam excluídas em 2024.

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) disse, no mês passado, que as empresas da China tinham três anos para fornecer documentos de auditoria detalhados, o que levou a uma forte queda das suas ações.

Existem cerca de 270 empresas chinesas listadas nos EUA, com uma capitalização de mercado combinada equivalente a mais de 2 biliões de euros.

O índice Nasdaq Golden Dragon China, que reúne ações dos principais grupos chineses, perdeu cerca de metade do seu valor no ano passado.

A decisão de Pequim poderá levar à criação de uma estrutura para os reguladores dos EUA obterem acesso aos arquivos de auditoria das empresas.

A proposta, que foi colocada em consulta pública até 17 de abril, elimina a exigência de que a inspeção da contabilidade das empresas chinesas cotadas no exterior seja conduzida principalmente por reguladores chineses.

Pequim está a tentar recuperar a confiança dos investidores, depois de uma campanha regulatória lançada pelo Governo chinês ter atingido as principais empresas privadas do país, incluindo Alibaba, Didi, Evergrande ou Meituan, abalando os mercados financeiros globais.

A CSRC disse que o seu presidente, Yi Huiman, e o presidente da SEC, Gary Gensler, realizaram três reuniões, desde agosto passado, sobre “cooperação de supervisão de auditoria” e que houve um “progresso positivo”.

Gensler disse, na semana passada, que apenas o cumprimento total das regras de inspeção de auditoria dos Estados Unidos permitiria que as empresas chinesas continuassem cotadas na praça financeira de Nova Iorque.

Nos últimos anos, os empresários do setor privado da China, que estão em grande parte excluídos do sistema financeiro estatal chinês, acederam a milhares de milhões de dólares no exterior.

A relação entre os EUA e a China deteriorou-se rapidamente, nos últimos anos, principalmente devido a disputas no comércio, tecnologia, Direitos Humanos ou o estatuto de Taiwan e Hong Kong.

Fundação IFRS divulga seu relatório anual

 A Fundação IFRS divulgou seu relatório anual de 2021. Com um resultado negativo, conforme sua demonstração do resultado:

O ano de 2021 mostrou que a Fundação recebeu menos contribuições e suas receitas foram menores. Entretanto, as despesas operacionais foram superiores, parte resultante da troca de gestão - explico a seguir, assim como a entidade teve um reconhecimento de imposto diferido que não se repetiu em 2021. 

O prejuízo é muito pequeno e a entidade ainda tem uma posição financeira invejável: o ativo circulante é mais da metade do ativo, sendo que 15 milhões são caixa e equivalentes de curto prazo; e mais de 80% da estrutura de capital é próprio. 

Sobre o impacto da troca de gestão no resultado há um fato curioso. Hans Hoogervorst, o ex-chairman recebeu 618 mil libras em 2021, mesmo tendo o mandato encerrado na metade do ano. O atual chefão, Andreas Barckow, recebeu outros 518 mil. É importante que a Fundação divulgou os salários dos principais membros:
É importante notar que são pessoas com elevada qualificação e dedicação exclusiva à Fundação. 

Noto que a Fundação precisa fazer um esforço maior para ser mais inclusiva. Das 12 figuras de destaque do Board, quatro são mulheres. E não há informação sobre a etnia, mas as fotografias dizem um pouco sobre isto:
(Como a Fundação não está trabalhando em nada sobre a questão "S" (de Social) - embora tenha um grande esforço no sentido do "E" (de Ambiente em inglês) - pode ser que seja cobrado no futuro em um esforço nesta direção)


Tributação e Inovação


A tributação elevada parece afetar a inovação de uma região. Diante de uma elevada tributação, os inventores mudam de local. Aqui uma versão resumida e o resumo abaixo:

Using an almost century-long dataset, we find that higher taxes negatively affect inventive activity and that inventors are geographically mobile in response to changes in tax incentives. As such, tax policy can exert a powerful effect on both the level and location of innovation. This has several important policy implications. It means, for example, that changes in the relative generosity of state-level tax incentives could shift the national distribution of innovation. It also means that general tax policy has to be set with an eye on its effects on innovation and that policy makers may need to consider providing other amenities to attract innovation.

Orçamento por competência


Sobre a dificuldade de adoção da competência orçamentária no setor público, eis o resumo do segundo lugar do XI Prêmio SOF:

Aspecto cerne do processo de convergência da contabilidade pública brasileira às Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS – acrônimo em inglês) residiu na adoção do regime de competência para registro das operações contábeis. Contudo, países de origem anglo-saxônica têm avançado, também, para adotar o referido regime para questões orçamentárias, o que se convencionou denominar orçamento por competência. Reconhecido o regime de competência como o método que melhor reflete o desempenho econômico no resultado do exercício, os relatos dos países que o adotaram em matéria orçamentária apontam inúmeras dificuldades (aumento da complexidade, pouco apoio parlamentar etc.), conquanto destaquem inúmeras vantagens (melhora da accountability, reconhecimento dos custos envolvidos etc.). Neste sentido, o presente estudo objetivou avaliar se há viabilidade técnica para adoção do orçamento por competência também no Brasil, tendo em vista que o país iniciou seu processo de convergência internacional e adotou a chamada contabilidade patrimonial. A metodologia foi considerada de ordem qualitativa, exploratória e bibliográfica. Para realização da pesquisa, adotou-se comparar as experiências dos países de vanguarda do assunto, tendo por base análise de conteúdo do material coletado (documentos oficiais, sites de pesquisa, artigos etc.). Para facilitar os exames, as experiências foram catalogadas em termos das seguintes variáveis: comprometimento político (CP), capital humano (CH), sustentabilidade a longo prazo (SLP) e política macroeconômica (PM). A amostra foi configurada a partir do número de jurisdições internacionais com maior número de estudos sobre o assunto nos últimos 20 anos (8 países; 32 estudos internacionais), resultando em 5 países: 2 do continente americano (Estados Unidos e Canadá), 1 da Europa e 2 da Oceania (Austrália e Nova Zelândia), sendo este último, reconhecidamente como de 2 vanguarda na temática. Os resultados evidenciaram que os países pesquisados enfrentaram dificuldades e apuraram resultados ambientais e técnicos semelhantes durante este processo, sobretudo, no que tocante ao ambiente político como agente moroso (desvantagem) e uma maior transparência e accountability pública (vantagem). Em comparação ao Brasil, as condições para adoção da nova modelagem se mostraram pouco satisfatórias ante aos exames dos atributos analisados (comprometimento político, capital humano, sustentabilidade a longo prazo e política macroeconômica). Ademais, observou-se como principal contribuição do estudo, a identificação dos aspectos que podem ou não contribuir à implementação do orçamento por competência (variáveis CP, CH, SLP, PM), assim como a posição na qual se encontra o Brasil frente a eles. No que concerne às limitações, destaca-se a pouca difusão das experiências por parte dos próprios países envolvidos na pesquisa.

Foto: Towfiqu barbhuiya

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 Erros nos dados inflou o número de negócios estrangeiros na B3

Aumentou o número de pessoas procurando telefones idiotas

Sobre a proposta de Biden em tributar grandes fortunas

Mulheres são mais infelizes que os homens: paradoxo da felicidade feminina

A guerra de fontes: o que é válido para Wikipedia (Jovem Pan e Brasil 247 não estão na lista)

05 abril 2022

Rir é o melhor remédio

 

Desejo para um estrela cadente: regras menos prolixas

Futebol mais previsível

 

Um trabalho usando mais de 87 mil jogos, 26 anos de competição europeia, entre 1993 a 2019, concluiu algo que provavelmente o amante do futebol já sabia: o esporte está se tornando mais previsível.

Entre os esportes existentes, o futebol era um daqueles onde o “favorito” não significava necessariamente o ganhador de uma disputa. Isto estava no livro O Nome do Jogo que resenhamos no passado.

Entretanto, parece que nos últimos anos algo mudou. Eliminando os jogos empatados – não concordo com esta decisão – os autores verificaram que os jogos de dez anos atrás eram mais disputados, com uma grande vantagem para o tipo da casa.

Agora, a vantagem do campo diminuiu, sendo que o time mais forte tem uma maior chance de vencer, seja no seu estádio ou do adversário. Mas os autores alertam que isto não ocorreu, ainda, com o futebol feminino.

Veja, anteriormente, no blog, sobre este artigo. Eu e Thais Crabbi fizemos uma pesquisa para o Brasil sobre o tema, que apresentamos no Congresso da UnB. Basicamente a proxy de despesa de salário é um bom preditor da vitória; ou seja, no campeonato brasileiro, os vencedores possuem um folha salarial maior que os perdedores. Isto já tinha sido evidenciado lá fora e agora é uma realidade no nosso país.