Translate

18 março 2022

Sobre o dinheiro a receber do Banco Central

 

O anúncio que o Banco Central estaria efetuando pagamento de dinheiro esquecido pelos correntistas criou uma esperança nas pessoas em receber algum recurso. A tabela acima mostra o volume de recurso, por faixa de valor. 

Pensando em termos de finanças públicas e de análise custo-benefício da informação, faz sentido o Banco Central mobilizar um grande volume de recurso para beneficiar milhões de pessoas com alguns centavos? Pense em termos de custo de sistema, controle, pagamento e outros itens. Não seria o caso do Banco Central sentar na mesa com o TCU ou o legislativo e arrumar uma solução mais racional? 

A materialidade não deveria prevalecer? 

Wirecard


Depois de dois anos, os promotores da Alemanha acusaram o ex-CEO da Wirecard, Markus Braun, e dois outros executivos de fraude. Braun foi acusado de assinar demonstrações contábeis mesmo sabendo que não expressava a realidade da empresa. No caso, receita acima do real e saldo de caixa que a empresa não possuía.

A defesa alega que as acusações são falhas e Braun não teria conhecimento do que estava sendo feito por outros funcionários da empresas, os reais culpados. É difícil de acreditar. 

A empresa alemã destacou por ter um rápido crescimento no mercado, mas em 2020 cerca de 1,9 bilhão de euros, que deveria estar na conta corrente da empresa, "desapareceu". 

Links


Chefão da saúde pública dos EUA e sua fonte de renda - o jornalista que publicou os valores na Forbes foi depois demitido

Barcelona e o limite para contratação

Trabalharam quase de graça para um filme

PCAOB ainda conversa com a China, sobre auditoria das empresas

Rir é o melhor remédio


 Para sexta, uma frase motivacional

17 março 2022

Mapas

 Para quem gosta de mapas, aqui aparece vários deles. Os mais curiosos:

Como é o sobrenome Smith em várias línguas europeias. Ferreira em Portugal.

O caminho mais longo que é possível fazer por uma pessoa caminhando. 
Países com mais ovelhas que pessoas
O que irrita um europeu em uma frase (veja Portugal => "você fala brasileiro?")
Os países que nunca foram invadidos pelos britânicos (em tom mais claro no mapa)


Regulando Charlatões

 Resumo:

We model a market for a skill that is in short supply and high demand, where the presence of charlatans (professionals who sell a service that they do not deliver on) is an equilibrium outcome. We use this model to evaluate the standards and disclosure requirements that exist in these markets. We show that reducing the number of charlatans through regulation decreases consumer surplus. Although both standards and disclosure drive charlatans out of the market, consumers are still left worse off because of the resulting reduction in competition amongst producers. Producers, on the other hand, strictly benefit from the regulation, implying that the regulation we observe in these markets likely derives from producer interests. Using these insights, we study the factors that drive the cross-sectional variation in charlatans across professions. Professions with weak trade groups, skills in larger supply, shorter training periods and less informative signals regarding the professional’s skill, are more likely to feature charlatans.

Berk, Jonathan B. and van Binsbergen, Jules H., Regulation of Charlatans in High-Skill Professions  Journal of Finance. 2022




Pandemia e aula

 


A pandemia trouxe um desafio para o docente: como manter a vontade de continuar transmitindo um conteúdo com entusiasmo. Uma das questões problemáticas é você falar um conteúdo e não poder olhar a reação dos discentes – quase todos mantém sua câmera desligada. E assim, toda semana, ligamos nossa câmera, abrimos o arquivo, geralmente uma apresentação de powerpoint, e começamos a falar. E falamos, falamos e falamos.

Em muitos momentos, no meio de algumas frases, dúvidas surgem na nossa mente. Ou novas ideias sobre o assunto, um novo paralelo, uma nova abordagem. Mas seguimos em frente. Provavelmente os alunos não viram este breve momento de pausa, pois estão com o som desligado ou fazendo outra coisa.

Recentemente tive uma experiência interessante. Comecei fazendo um exemplo em uma aula, usando uma planilha. Logo depois, fiz outro exemplo e para a compreensão de todos os aspectos da questão, aumentei um pouco a complexidade. O problema é que não aumentei somente um pouco, pois quando percebi o exemplo estava bem mais avançado do que gostaria. Ficava me questionando quando apareceria alguém para dizer que não estava entendendo a situação. Não apareceu. Será que estavam escutando o que estava passando em sala de aula virtual?

Hoje, alguns dias depois, leio que talvez o que aconteceu comigo em sala de aula virtual tem um nome: ignorância pluralística. Bregman, em Humanidade – um livro muito atual, para ser lido, para que possamos acreditar no ser humano – relata que Dan Ariely fez um pequeno experimento com isto. Durante uma aula, Ariely apresentou uma definição aparentemente técnica de um assunto. O que os alunos não sabiam é que os termos usados na definição foram gerados em um computador, de maneira aleatória, para produzir uma linguagem difícil, mas vazia. Os alunos ouviram e não reagiram. Ninguém comentou ou perguntou.

Individualmente, os alunos de Ariely acharam sua narrativa impossível de ser acompanhada, mas, ao verem os colegas ouvirem com atenção, consideraram que o problema era deles.

O problema é que isto parece inofensivo, uma mera experiência em sala de aula, mas explica problemas sérios. Usando o exemplo de Bregman, se você perguntar a um estudante se ele gosta de beber até cair, ele dirá que não. Mas pergunte se os colegas fazem isto, talvez digam que sim. Acho que tenho um exemplo melhor: quantas vezes você passou no sinal vermelho, dirigindo um automóvel, e falou para você que “todos fazem isto”.

Voltando a minha sala de aula, a ausência de manifestação de nenhum dos colegas talvez tenha levado a uma turma calada. E que levou o professor a acreditar que sua explicação foi maravilhosa – já que ninguém teve dúvida. (No meu caso, não pensei isto; pelo contrário, pensei “ninguém estava prestando atenção, pois se tivesse questionariam meu exemplo”)

No ensino presencial há alguns sinais que um professor consegue ver nos seus alunos. Não temos isto no Teams, quando a câmera está desligada. O processo de comunicação fica prejudicado.

Foto: Rachel Moenning