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07 março 2022

Padrões para área ambiental


O braço da Comunidade Europeia, o EFRAG, está trabalhando em documentos para a área ambiental. Há um grupo, denominado PTF-ESRS que já divulgou sete documentos sobre a sustentabilidade. Os documentos não corresponde a uma consulta pública, que será feita posteriormente. É somente no sentido de dar transparência ao processo. Está previsto para o meio do ano o encaminhamento das minutos dos padrões de relatórios de sustentabilidade à Comunidade Europeia.

Os documentos e sua denominação estão a seguir:

ESRS P1 Sustainability Statements

ESRS S1 Own Workforce General Standard

ESRS S4 Other work-related rights

ESRS S5 Workers in the Value Chain

ESRS S6 Affected Communities

ESRS S7 Consumers and End-users

ESRS E4 Biodiversity and Ecosystems standard

Foto JJ Ying

Frase

Se as Big 4 puderem deixar a Rússia, poderão deixar Cayman, as Ilhas Virgens, Jersey, Ilha de Man, Bermudas e outros locais também. Quando sabemos que esses lugares existem para fornecer opacidade, antes de tudo, por que eles não estão fazendo isso??

(Richard Murphy)

Adicionalmente, o mesmo é válido para outras empresas. 

Foto: David Tyemnyák

Contabilidade de um acordo pré-nupcial

 

A vida de celebridade pode ser interessante como exemplo em sala de aula ou até mesmo pois temos, em alguns casos, exemplos de aplicação de conhecimento contábil. Tracy Coen, uma contadora especializada em fraudes, traz o exemplo recente do acordo pré-nupcial entre Kim Kardashian e Kanye West. Fiz diversas adaptações no texto para mostrar o ponto de vista anterior.

Em 2013, a celebridade Kim Kardashian e o músico Kanye West passaram a viver juntos. Logo após terem um filho, ambos fizeram um acordo pré-nupcial. Este tipo de acordo é comum quando há um grande fluxo de dinheiro envolvendo o casal. É relevante para um eventual divórcio, pois facilita a separação econômica do casal, e quando existe uma grande diferença na renda entre o casal, estabelece os direitos de cada uma das partes.

Neste sentido, o acordo pré-nupcial funciona como o princípio da "entidade". Na empresa - especialmente de menor porte - é muito comum a confusão entre as contas da empresa e as contas do dono. A entidade incentiva a separação entre os dois, facilitando medir o real sucesso da empresa. Não é somente por isto que defendemos a entidade, mas certamente é um bom motivo.

Voltando ao caso de Kardashian e Kanye, em casos de "artistas", a renda pode variar muito ao longo do tempo. E o padrão de riqueza também. Em termos contábeis, os "ativos" dos envolvidos podem ser diferentes, da mesma forma que as "receitas". Isto faz com que o acordo pré-nupcial precise indicar tanto os ativos, as dívidas (o passivo) e as receitas de cada parte. Em 2014, o casal informou que a receita seria de 9,1 milhões de dólares e 8,4 milhões, em 2011 e 2012, para Kim, e 1,9 milhão e 4,6 milhões, na mesma ordem, para Kanye. Ou seja, Kim gerava mais receita que Kanye. Além disto, Kim tinha uma casa de 9 milhões - seu principal ativo tangível, e Kanye um condomínio em Nova York.

Sabendo a posição financeira de cada uma das partes era necessário estabelecer as regras de convivência financeira do casal. O acordo pré-nupcial estabelece isto e inclui o que acontece com os ativos que tinham antes do acordo e o que irá acontecer com os recursos após o acordo. Neste caso, Kim e Kanye manteriam os ativos anteriores separados. Kanye ajudaria na reforma da casa de Kim, mas seria reembolsado. Finalmente, o acordo também pode indicar a responsabilidade de cada um nas despesas com os filhos do casamento, a exemplo do que ocorreu com Kelly Clarkson . No caso de Kelly, pode até ajudar - quem sabe - em um eventual despejo de uma das partes.

 Ambos têm advogados de divórcio conhecidos por representar celebridades da lista A em seus divórcios. Suspeito que mais informações financeiras sejam divulgadas, já que Kanye faz o possível para arrastar esse divórcio.

Rir é o melhor remédio

Dois cartoons  mostrando que a opinião pública é favorável a Ucrânia e como outros conflitos não estão sendo cobertos pela mídia.



06 março 2022

Frase


Sobre a decisão de empresas ocidentais de sair da Rússia, após a invasão da Ucrânia, Tim Culpan, da Bloomberg (via aqui), pergunta "o que elas estavam fazendo lá?". 

"While that sounds like an appropriate response to Moscow’s brutality, it also smells of opportunism...

...it’s hard not to wonder whether companies were taking a principled stand only once it was no longer feasible to do business in the country"

"So if we want to measure business executives’ true character, watch what they do in authoritarian countries during times of peace and abundant revenue. We need not wait for the violence to start and the money flow to stop."

Londres e a lavagem de dinheiro russa

 


Após o fim da União Soviética, diversos milionários russos começaram a chegar em Londres. O governo britânico apoiou esta invasão, mas agora - com a guerra Rússia e Ucrânia - o movimento tornou-se destaque na imprensa. Eis um texto do Jornal Econômico sobre o assunto:

‘Londongrad’. Assim ficou apelidada Londres, a capital do Reino Unido, pelos milionários russos que começaram a chegar ao país nos anos 90 após o fim da União Soviética. O mercado imobiliário foi o escolhido para investirem as suas fortunas sem qualquer tipo de escrutínio por parte dos governos britânicos.

No entanto, a invasão da Rússia à Ucrânia e as consequentes sanções do Reino Unido a milionários russos estão a levar os oligarcas a quererem desfazer-se das suas propriedades, mesmo que por valores mais baixos do que aqueles pelas quais foram adquiridas.

“As pessoas estão a oferecer um valor 30% abaixo das taxas de mercado. Recebemos uma dúzia de e-mails e cerca de 40 chamadas de potenciais compradores a procurarem vendedores que queiram vender as suas propriedades depressa”, refere à “Bloomberg”, Gary Hersham, fundador da Beauchamp Estates, uma empresa ligada ao imobiliário de luxo em Londres.

A mudança de paradigma surgiu quando o governo de Boris Johnson decidiu publicar um decreto que obriga a divulgar quem são os donos das propriedades de luxo em Londres. De resto, o parlamento britânico, nomeadamente a oposição de Boris Johnson desde há muito que questionava a forma como os russos utilizavam a sua ‘riqueza duvidosa’ para investir não só no sector imobiliário, mas também nas doações que alguns milionários russos terão feito ao partido de Boris Johnson.

Com esta nova lei é possível criar um registo de propriedade para quem vive fora do Reino Unido, evitando assim que possam esconder-se atrás de empresas fictícias em paraísos fiscais. Uma regra que será aplicada não só aos milionários russos, mas a investidores de todas as nacionalidades, desde a Ásia ao Médio Oriente, algo que poderá impactar as vendas de casas de forma considerável.

“Mudanças como o registo de beneficiários efetivos afetarão o apelo do mercado residencial de primeira linha para uma determinada categoria de compradores que preferem permanecer anónimos”, afirma Giovanni Gregoratti, ex-chefe do Citigroup e atual chefe da IQON Capital.

Por sua vez, Trevor Abrahmsohn, fundador da corretora de imóveis Glentree, revela a “Bloomberg” que fez vários negócios com russos vindos de Moscovo, de tal modo que o ex-presidente Mikhail Gorbachev foi o convidado de honra na sua festa de 35 anos na Bishops Avenue, em Londres, apelidada como a ‘avenida dos bilionários’.

Entre 2010 e agosto do ano passado, houve um aumento de 1.200% no número de habitações do Reino Unido, cujo o registo de propriedade pertence a cidadãos da Rússia, sendo que 2.327 alunos russos estavam em escolas particulares britânicas em 2021.

No entanto, a anexação da Crimeia em 2014, por parte de Vladimir Putin, acabou abrandar o investimento russo no Reino Unido, abrindo espaço para os investidores asiáticos, mas que acabou por não ser suficiente para impulsionar o mercado imobiliário de luxo que teme agora uma nova repressão.

Isto porque além da Crimeia, também o chanceler do Tesouro, George Osborne, aumentou os impostos sobre as casas de luxo em 2014. Desde então que o Reino Unido aplicou medidas mais restritivas para residentes, cujo domicílio fiscal se encontra fora do país, entre as quais novos impostos sobre casas em nomes de empresas, a rejeição de um programa de vistos gold destinado a atrair os mais ricos e o reforço das investigações sobre possíveis lavagens de dinheiro por parte de advogados, agentes imobiliários e bancos.

Apesar de Trevor Abrahmsohn considerar que “Londres já não é uma lavandaria mundial”, os ativistas anticorrupção discordam pelo facto de considerarem que as novas medidas de Boris Johnson não são suficientes para impedir que Londres seja usada para ‘limpar riquezas duvidosas’.

A Transparência Internacional, uma organização anticorrupção, com sede em Berlim, estima que 1,8 mil milhões de euros foram gastos em propriedades em Londres, que terão sido compradas por cidadãos russos acusados ​​de corrupção e com ligações ao Kremlin desde 2016.

Esta organização diz ter encontrado várias lacunas no projeto de legislação para o registo no estrangeiro, como por exemplo um período de implementação de 18 meses que permite a algumas empresas afirmarem que não têm um beneficiário efetivo.

Face a isso, o governo britânico propôs uma multa de diária de 605 euros para qualquer empresa proprietária de imóveis no estrangeiro que não divulgue o seu beneficiário final.

Este valor equivale a cerca de 31 mil euros por ano, ou 0,000178% do património líquido de 23,6 mil milhões de euros do milionário russo Alisher Usmanov, que esta semana viu o clube de futebol inglês Everton, suspender o patrocínio com três das suas empresas. Alisher Usmanov comprou uma mansão em Londres por 58 milhões de euros em 2008.

“É muito fácil contornar estas situações. É preciso saber quem são os contabilistas, os banqueiros, os advogados, os consultores financeiros e os agentes imobiliários destas empresas, registá-las e torná-las sujeitas a multas também”, salienta Richard Murphy, professor de contabilidade da Universidade de Sheffield.

O caso que mais marcou a última semana foi o do milionário russo Roman Abramovich, dono do Chelsea e que apesar de não estar na lista de sanções do governo britânico está não só a vender as suas propriedades, como o próprio clube a troco de 3,6 mil milhões de euros.