Nunca pergunte a razão dos seus pais estarem em azul na Wikipedia - uma maneira indireta de alertar para o nepotismo (não somente em Hollywood)
28 fevereiro 2022
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Nunca pergunte a razão dos seus pais estarem em azul na Wikipedia - uma maneira indireta de alertar para o nepotismo (não somente em Hollywood)
Rir é o melhor remédio
Eu estou tentando explicar a falácia do custo perdido há uma hora. E não consigo.
Mas não posso desistir agora, pois meu esforço teria sido em vão.
27 fevereiro 2022
História da Contabilidade: assegure seu futuro
Ainda anos 40, na revista Eu Sei Tudo. A propaganda do Instituto Universal Brasileiro era:
História da Contabilidade: Balanço da Estrada de Ferro Central do Brasil
O balanço, publicado no jornal A Cruz, edição 23, do Ano de 1943, refere-se ao exercício de 1942. Ou seja, foi publicado seis meses depois do fechamento do exercício. Fiz algumas anotações
(1) O balanço traz o que seria hoje o relatório da administração. E um conteúdo era a Análise do Balanço, com destaque para análise da liquidez e variação patrimonial positiva
(2) A ordem do ativo é inversa ao que temos hoje. Começa com os investimentos em maquinários e termina valores disponíveis e realizáveis. No final, valores de compensação.
(3) O termo do lado direito é denominado de passivo e começa com o "patrimônio", que corresponde ao atual PL. Somente depois temos "responsabilidades correntes", que corresponde ao passivo.
(4) Por último, e o mais interessante, o texto de abertura afirma que "pela primeira vez no Brasil, uma grande estrada de ferro apresenta o seu balanço geral do Ativo e Passivo rigorosamente de acordo com a Padronização das Contas das Estradas de Ferro, aprovadas pelo Ministro da Viação e Obras Públicas desde 1937". Parece um feito, mas foram cinco anos para implementação. Mas tal fato foi glorificado no texto. Logo a seguir:
Evidentemente, não se deve ver nisso nenhum vislumbre de vaidade de nossa parte; apenas nos moveu o desejo de sempre superarmos a nós mesmos, de modo a jamais desmerecermos da confiança que nos teem depositado o sr. presidente Getulio Vargas e o sr. ministro da Viação, general Mendonça Lima.
Por sinal, a foto - aparentemente jovem - do ministro está no balanço.
História da Contabilidade: Economia e o reconhecimento da profissão
Tudo começou com a necessidade de um empréstimo externo:
Em 1913, o governo federal necessitava obter um segundo funding loan, mas esbarrou nas exigências dos banqueiros europeus, de exame da escrita do Tesouro para apurar as garantias que poderiam obter. Segundo Lobo e Moraes Junior (1941), no entanto, a pobreza dos registros contábeis dificultou o andamento da negociação.
Para tentar resolver o problema foi criada uma Comissão de Partidas Dobradas.
A Comissão de Partidas Dobradas funcionou até 1918. Ela contou, entre seus membros, com funcionários do Tesouro Nacional, como João Ferreira de Moraes Junior e Ernesto Le Cesne, e com dois servidores emprestados do Tesouro de São Paulo, Francisco D’Áuria [foto] e Carlos Levy Magano. Carlos Cláudio da Silva havia sido incumbido pelo ministro da Fazenda Rivadávia Corrêa de ir a São Paulo estudar os procedimentos contábeis que, desde 1906, eram executados sob a direção de Carlos de Carvalho.
Segundo Azevedo e Pigatto (2020), a experiência paulista recebia influência teórica italiana e consistia na adoção da contabilidade dual, isto é, orçamentária e patrimonial.
Uma consequência deste fato foi o fortalecimento profissional:
A modernização da contabilidade do Tesouro Nacional aproximou as trajetórias de contadores do Rio de Janeiro e de São Paulo. Eles constituíram associações de classe, ampliaram os intercâmbios entre si, editaram revistas e apresentaram demandas por profissionalização basicamente em dois sentidos: regulamentação da formação dos profissionais de contabilidade e garantias de exercício profissional. As duas mais influentes associações contábeis da época [Instituto Brasileiro de Contabilidade e Instituto Brasileiro de Contadores Fiscais] e foram constituídas no bojo desse movimento.
Eis o resumo do texto:
RESUMO: Este texto discute como a inserção de um grupo de contadores oriundos do Rio de Janeiro e de São Paulo nos serviços contábeis federais entre 1914 e 1926 representou a abertura de um canal por meio do qual se aceleraram as demandas por reconhecimento da profissão contábil. A necessidade de reformar os serviços contábeis da União descortinou-se com a negociação do segundo funding loan em 1914. Os banqueiros ingleses solicitaram informações orçamentárias e patrimoniais, a fim de avaliar as garantias que poderiam obter para respaldar um empréstimo. A pobreza dos balanços existentes conduziu à formação da Comissão das Partidas Dobradas, que congregou contadores dos Tesouros Nacional e Paulista para atualizar os serviços de contabilidade da União. Esses contadores, nos anos 1920, colaboraram para a consolidação das instituições de contabilidade pública federais e para a política fiscal do presidente Arthur Bernardes. O presente texto explora como o envolvimento dos contadores paulistas e cariocas nos serviços contábeis federais, em tarefas instrumentais à busca por equilíbrio orçamentário, permitiu-lhes uma base a partir da qual apresentaram seus pleitos pelo reconhecimento da profissão de contador. Esse é um estudo qualitativo e baseado em fontes primárias.
PROFISSÃO CONTÁBIL E PODERES PÚBLICOS:CONTABILIDADE DO SETOR PÚBLICO EPROFISSIONALIZAÇÃO (1914-1926) - Adelino Martins em Pluralidade de Temas e Aportes Teórico-Metodológicos na Pesquisa em História 2
25 fevereiro 2022
Debate importante
Vamos apresentar e debater os principais assuntos discutidos no Grupo de Pesquisas em Informações Contábeis, sobre os quais produzimos comment letters para o IASB em 2021. Informações e inscrições em Incont.fearp.usp.br
Longo caminho para ESG/DEI
James Peterson, sobre a nova entidade de regulação ISSB, indica questões que devem ser exploradas e são, realmente, relevantes:
a – os relatórios ESG e DEI (diversidade, equidade e inclusão) devem ser obrigatórios ou voluntários – bom, a rigor, nenhum relatório da Fundação IFRS é obrigatório, pois trata-se de uma entidade do terceiro setor, sem o poder de tornar compulsória um pronunciamento. Entretanto, a entidade poderia recomendar a adoção e isto ser considerado algo obrigatório por uma entidade governamental, como uma agência pública
b – Deveria haver garantia de especialista, se sim, por quem? - este é um ponto que podemos confundir “especialista” com uma profissão específica. O espectro dos relatórios são tão amplos que seria difícil restringir. Além disto, a ISSB – assim como o Iasb – não é uma entidade profissional, como o IFAC
c – Qual a melhor forma de medir a não conformidade? - bom …
d – Quem dever ser responsável e com que sanções? - imagino que se refere a qual área da empresa, mas será possível antever sanções?
Além destas, o que se qualifica como padrão? E qual a chance que existe para que os padrões sejam coerentes, comparáveis e credíveis?
Ele parece bem cético sobre o assunto...
Foto: Rouichi