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09 outubro 2021

Porta Giratória

Eis uma história "curiosa" narrada pelo New York Times (via aqui)


O funcionário deixa sua empresa para trabalhar no governo. Lá ele ajuda a aprovar normas de interesse do seu antigo empregador. Passado um tempo, o funcionário sai do governo, é recontratado pela sua antiga empresa, e usa seu conhecimento nos serviços prestados pela empresa.

O caso é mais escandaloso ainda: os exemplos são de profissionais tributários, funcionário de uma Big Four, que vão ocupar um cargo na área tributária do governo. Ao serem recontratados, os funcionários são promovidos; em muitos casos, ganhando o dobro do salário.

As maiores empresas de contabilidade dos EUA aperfeiçoaram um sistema de bastidores notavelmente eficaz para promover seus interesses em Washington. Seus advogados tributários assumem cargos seniores no Departamento do Tesouro, onde escrevem políticas frequentemente favoráveis aos seus ex-clientes corporativos, geralmente com a expectativa de que em breve retornarem aos seus antigos empregadores. As empresas os recebem de volta com títulos mais altos e salários mais altos, de acordo com registros públicos revisados pelo The New York Times e entrevistas com atuais e antigos funcionários do governo e da indústria.

Depois de fazer lobby pela PwC, um ex-parceiro da PwC no Departamento do Tesouro Trump ajudou a escrever regulamentos que permitiam às grandes empresas multinacionais evitar dezenas de bilhões de dólares em impostos; ele então voltou para a PwC. Um executivo sênior de outra grande empresa de contabilidade, RSM, assumiu um cargo no Tesouro, onde seu escritório expandiu uma redução de impostos de maneira procurada pelo RSM; ele então voltou para a empresa.

Foto: McGill Library

Marcas odiadas

 

Baseado nas menções negativas, o gráfico mostra as marcas mais odiadas por país. No Brasil, o primeiro lugar foi para a RedBull. Em muitos países prevaleceu marcas vinculadas com a tecnologia (Youtube, PayPal, Uber, Tesla, entre outras marcas). Em número de países a Sony (Playstation?) foi primeira colocada em dez países, seguida da Tesla (7 países), Paypal e Uber (cinco, cada).

Este tipo de pesquisa, do lado positivo, tem sido um fraco argumento defendendo a mensuração de marcas. E agora do lado negativo? Seriam estas marcas um "badwill"?

Nobel de Física e a contabilidade


Parece maluquice deste blogueiro, mas eis o que encontrei na justificativa que a Acadêmica Sueca escreveu para dar o Nobel de Física deste ano: 

Claramente, os laureados deste ano (Giorgio Parisi e a dupla Syukuro Manabe e Klaus Hasselmann) fizeram contribuições inovadoras para nossa compreensão de sistemas físicos complexos em seu sentido mais amplo, do microscópico ao global. Eles mostraram que, sem uma contabilidade adequada da desordem, do ruído e da variabilidade, o determinismo é apenas uma ilusão. De fato, o trabalho reconhecido aqui reflete em parte o comentário atribuído a Richard Feynman (Nobel de 1965), em que ele “acreditava na primazia da dúvida, não como um defeito em nossa capacidade de saber, mas como a essência do conhecimento."

[grifo do blog]

Rir é o melhor remédio

 


08 outubro 2021

Veículos Elétricos e a batalha entre empresas tradicionais e startups


A questão dos veículos elétricos é bem estratégica para as montadoras tradicionais (Ford, GM, Volks, Stellantis, BMW, Mercedes, japoneses, coreanas ...). Por este motivo, estão anunciando bilhões de dólares em investimento para criação dos modelos de carro elétrico. Somente Volks e Toyota pretendem investir 86 bilhões nos próximos cinco anos.

As montadoras tradicionais estão fazendo isto para não serem atropeladas pela Tesla e muitas outras montadoras de diversas partes do mundo. Mas a luta é desigual e favorece, a princípio, as novas montadoras. Isto parece surpreendente e a resposta está na contabilidade e finanças das empresas.

Enquanto as empresas tradicionais precisam apresentar uma demonstração de resultado com um valor positivo na última linha, as empresas do grupo da Tesla são startups. Este grupo não precisa ser lucrativo agora e podem queimar dinheiro nos próximos anos. E mesmo queimando dinheiro, haverá investidores interessados em participar da grande queima. 

Além disto, as novas empresas estão pressionando os preços dos automóveis. E forçando o investimento por parte das montadoras tradicionais. 

O principal ponto tem sido a evolução da bateria. Os carros elétricos são mais simples de serem fabricados, desde que seja solucionado a tecnologia da bateria. 

E a contabilidade? 

À medida que a concorrência no segmento EV aumenta, os lucros podem ser escassos. O volume total de vendas de veículos elétricos e veículos ICE [tradicional] combinados ficará estagnado a longo prazo, na melhor das hipóteses, um jogo de soma zero. Um VE vendido provavelmente significa um veículo ICE que não foi vendido. Para as montadoras, isso pode significar canibalizar vendas muito lucrativas de veículos ICE com veículos menos lucrativos. E é isso que eles ganham por investir centenas de bilhões de dólares nesse segmento. 

Outras questões interessantes aqui. A eletricidade tem uma grande capacidade ociosa no período noturno. As empresas de energia elétrica podem aproveitar isto para vender voltagem por um preço bem atrativo em relação a outro tipo de combustível. 

Numerosidade


A contabilidade depende dos números. É óbvio. E o desenvolvimento dos algarismos está vinculado a adoção da mensuração do patrimônio por parte do ser humano. 

Entretanto, as pessoas possuem uma grande dificuldade em usar adequadamente os números, fenônemo chamado de Innumerancy, por John Paulos. Mas associado a esta dificuldade há outro aspecto: a grande utilização dos números na nossa vida diária. Eis um relato importante: 

Brian Butterworth decidiu descobrir quantos números a pessoa média encontra em um dia. (...) Ele passou o dia como sempre, mas acompanhou a frequência com que via ou ouvia um número, fosse um símbolo, como 4 ou 5, ou uma palavra como "quatro" ou "cinco". Ele folheou o jornal, ouviu o rádio, saiu para fazer compras (tomando nota de etiquetas de preço e placas de carros) e, finalmente, sentou-se para calcular um total geral. 

“Gostaria de adivinhar?” Ele me pergunta quando falamos via Zoom algumas semanas depois. Perigo que seja bem para as centenas, mas admito que nunca pensei nisso antes. Ele diz: “Eu acho que experimentei cerca de mil números por hora. Mil números por hora são dezesseis mil números por dia, cerca de cinco ou seis milhões por ano. . . . São muitos números." 

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Fluxo de caixa deveria ser o balizador da evidenciação ambiental

Quais as informações que os reguladores devem exigir das empresas sobre a questão climática? Alguns acreditam que você deve estabelecer uma entidade que irá determinar o que fazer, como a nova entidade proposta pela Fundação IFRS para tratar do tema. Outros acreditam que as normas atuais já permitem uma boa divulgação sobre o assunto - esta era a posição de uma membro da própria IFRS antes da questão ser moda no meio empresarial. Isto deveria incluir não somente a empresa, mas também os parceiros que fazem parte da cadeia de valor? A resposta afirmativa nesta última questão pode mudar a maneira como as pessoas enxergam empresas como Google, por exemplo. 

Um conjunto de economistas fez uma proposta aparentemente objetiva: a evidenciação deveria estar restrita as questões que afetem o fluxo de caixa da empresa.  

Este grupo de cinquenta profissionais, fundado em 1993 e com sede nos Estados Unidos, entende que a entidade que regula o mercado de capitais do país, insiste que não se deve ceder à pressão para aumentar a divulgação obrigatória.  

Em discursos nos últimos meses, o presidente da SEC, Gary Gensler, disse que a SEC pode exigir que as empresas relatem tudo, desde como uma empresa gerencia o risco climático nas operações diárias até o relato de análises de cenários sobre como as mudanças climáticas podem afetar o futuro do negócio.  

Para o grupo, a empresa deve decidir o que divulgar, quando e como. Isto colocaria em segundo plano os esforços de novas normas ou relatórios ESG, a exemplo do esforço da Fundação IFRS. Existiria "centenas" de métricas possíveis para escolher e o que é relevante pode variar conforme o setor de atuação, a região e o tamanho da empresa. De certa forma, um termo fundamental nesta discussão é a materialidade.