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30 junho 2021

Importância do bom exemplo

No ano passado, o México estava abalado por alegações de corrupção contra três ex-presidentes acusados de participar de esquemas de suborno multimilionários, financiamento ilegal de campanhas e outros crimes. 

O escândalo pode ter longo alcance consequências para a política mexicana, e a publicidade pode estar mudando as normas no resto da sociedade, de acordo com a artigo no American Economic Journal: Applied Economics. 

Autor Nicolás Ajzenman examinou o impacto da corrupção política local na honestidade dos estudantes do ensino médio no México. Usando uma técnica estatística chamada diferença nas diferenças, Ajzenman examinou a auditoria relatórios de municípios entre 2006 e 2013 e taxas de trapaça detectada por software em exames padronizados obrigatórios. 

A Figura 3 do artigo do autor mostra que a trapaça nos testes aumentou significativamente após revelações de corrupção por autoridades locais.


O ponto mais à esquerda representa os municípios do quartil inferior de gastos governamentais não autorizados (menos corruptos), e o ponto mais à direita representa aqueles no quartil superior (mais corrupto). As barras verticais são intervalos de confiança de 95%. 

Em níveis mais baixos de corrupção, há um efeito positivo, mas insignificante, nas taxas de trapaça nas escolas. Esse efeito aumenta à medida que a corrupção se torna mais saliente e é significativa no quartil mais alto da corrupção. 

 No geral, os alunos do ensino médio tinham 10% mais chances de trapacear nos testes padronizados após revelações de comportamento corrupto por parte das autoridades locais. O trabalho de Ajzenman é uma evidência de que os líderes políticos são exemplos para seus cidadãos e ajudam a moldar os padrões éticos das sociedades que governam.

Fonte: aqui

Prejuízo da Ford no Brasil


A notícia da Reuters é um pouco antiga, mas vale o comentário:

Até a decisão de desistir de produzir no Brasil, a Ford havia queimado R$ 39,5 bilhões, a maior parte em prejuízos acumulados, mas também com algumas injeções de dinheiro, de acordo com documentos arquivados na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp). 

Some-se a isso os US$ 4,1 bilhões (R$ 21,7
bilhões) que a Ford vai desembolsar para se livrar de seus compromissos no país, e o preço da operação brasileira sobe para R$ 61 bilhões. Quase todas as perdas e injeções de dinheiro ocorreram nos últimos oito anos, quando a empresa teve prejuízo de mais de R$ 10.000 em cada carro que vendeu, indicam cálculos da Reuters com base em registros e dados de vendas.
 

Podemos entender que o jornalista da Reuters fez o seguinte: 

61 bilhões = Soma dos Prejuízos Acumulados + "Injeções de dinheiro" + Custo Futuro para fechar a operação brasileira

(Tenho aqui dúvida se o jornalista não somou os prejuízos acumulados de cada período. Aí o erro seria bem grave). Considerando que injeção de dinheiro é aumento de capital, isto não é bem "queimar dinheiro". 

Dormência Psíquica

Eu li o texto abaixo sob a forma de quadrinhos. Se você achar interessante, pode ir para página onde estão as ilustrações. Fiz uma tradução nem sempre literal, mas acho que o espírito está dentro do que o autor queria transmitir. Não pude deixar de associar com a estatística que todo dia o Jornal Nacional apresenta, com o número de mortos. Aquilo não funciona. Qual a razão? O texto explica. 

Toda semana eu verifico as últimas mortes do COVID-19 para a NPR. Depois de um tempo, não senti nenhuma tristeza pelos números. Eu me senti entorpecido. Eu queria entender o porquê - e como superar essa dormência.  

O mês de março passado foi uma época assustadora. Os casos e mortes da Covid-19 estavam aumentando rapidamente. Eu estava preocupado com meus avós na China, que não tinham deixado sua casa em semanas.  

Então eu obtido um trabalho: atualizar os dados de Covid-19 para o NPR.  

Cada semana eu tinha que verificar os últimos números de mortes do Covid19 nos Estados Unidos e no resto do mundo. Os números estavam aumentando e aumentando. Depois de algum tempo, os números de mortos não me afetavam emocionalmente.  

 



 

Quando eu vi que o número de mortos nos Estados Unidos ultrapassou os 500 mil em fevereiro e no mundo todo estava acima de 2 milhões, eu me senti entorpecido.  

E não era o único que tinha dificuldade de evocar emoções com um tragédia de grande tamanho. Este é um fenônemo chamado dormência psíquica (psychic numbing).  

Para aprender mais, eu falei com Paul Slovic, um pesquisador de psicologia da Universidade de Oregon, que estuda esse fenônemo.  

Eu aprendi que nosso cérebro tipicamente processa situações através de sentimentos instintivos, não lógica.  

Então nós não sentimos necessariamente duas vezes pior quando duas pessoas morrem versus uma pessoa. E como o número de mortes era maior, a dormência geralmente cresce também. Estatística igual a 500 mil mortes é tão grande e incompreensível que não gera qualquer emoção.  

Essa dormência pode impedir de notar quão séria é a situação e então não motiva a fazer ações que podem fazer a diferença.  

Então, como contornar essa dormência psíquica?  

De acordo com Slovic, nós precisamos estar atento ao fenônemo e como este funciona. Então, quando nós escutamos nova informação, nós precisamos de dar um tempo e pensar cuidadosamente sobre o que significa, em lugar de automaticamente sentir uma dormência.  

E precisamos prestar atenção para estórias de pessoas - que é uma maneira de conectar emocionalmente com a questão.  

A guerra da Síria é um bom exemplo. De 2011 a 2015, cerca de um quarto de um milhão de pessoas morreram. Mas não existia um interesse internacional.  

Então um pequeno garoto cuja família estava fugindo da Síria afogou. A fogo do pequeno corpo na praia tornou viral. Doações para caridade cresceram, mas poucos meses depois da foto publicada, as doações diminuíram. Imagens e narrativas individuais podem chocar e sair da dormênia, dando uma pequena janela para agir.  

Desde minha conversa com Slovic, eu me tornei mais consciente sobre como interagir com as notícias.  

Um passo limitar a quantidade. Em lugar de passar pelo Twitter e afogar com notícias ruins, eu subscrevo newsletters. Tendo menos conteúdo para ler me dá mais energia mental para digerir as últimas notícias.  

Como Slovic sugeriu, eu tento ler estórias sobre a influência nas pessoas. E quero saber como elas vivem e suas expectativas.  

Então eu olho para meios realísticos que eu possa ajudar dentro da minha janela de oportunidade, como fazer uma doação. E eu tento fazer tanto quanto possível. Eu sei que quanto mais eu espero, menos motivação eu terei.  

Por mais que tente, eu não tenho conseguido seguir estes passos o tempo todo. Tem sido um ano cansativo, com múltiplas crises.  

E por vezes tudo parece tão desesperador. Há tantas pessoas que foram despedidas durante a pandemia. Qual a diferença de mandar $20 para um desempregado?  

Mas isto importa.  

É igual vestir máscara; se no final da pandemia eu evitei de transmitir Covid para uma pessoa não é suficiente? Eu penso que eu tento fazer isso nesse texto - dizendo que um gesto pequeno é suficiente. Para lhe dizer que, se se sentir entorpecido, não estará sozinho. É uma reação normal e humana a tanta perda.  

Mas eu espero que agora você tenha melhor entendido como lidar melhor com esse sentimento.

[E a Contabilidade? Nós divulgamos números e isto muitas vezes impede que o usuário possa enxergar o sentimento. Válido para uma entidade do terceiro setor, mas também para uma empresa] 

Links

A psicologia secreta de certas marcas: cores dos tênis


Estamos sabotando nosso planeta: explicação da psicologia

O melhor modelo preditivo para Covid é o conjunto de modelos - sabedoria das multidões prevalecendo? 

Obra de Arte no Balanço


Uma obra de arte é sempre um problema para o contador. Sua mensuração é bastante subjetiva e questionável. Eis um caso interessante:

Um investidor da empresa MYP, de Cingapura, questionou sobre um item de "outros ativos". Depois do questionamento, a empresa reconheceu tratar-se da obra Monkey Train (Blue) (foto), de Jeff Koons. A obra, de 2007, foi reclassificada na contabilidade da empresa como "instalações e equipamentos". Esta reclassificação ocorreu em meados de 2020. 

No caso da MYP, a empresa estava bastante endividada e não paga dividendos desde 2015. Fazia sentido comprar uma obra de arte? Mais, a empresa não tinha experiência em investir em arte. O valor do ativo sofreu um aumento no seu "valor justo" graças a uma avaliação independente de um especialista em arte. O valor da obra é relativamente pequeno em relação ao ativo da empresa, menos de 1%: algo em torno de 5 milhões de dólares. 

Este não foi o único caso de uma empresa comprando obra de arte. Em  2016 o cassino Wynn Macau comprou Tulips, uma escultura de Koons, por $34 milhões. A obra foi adquirida para ser exibida no cassino da empresa. Há outros exemplos: a Champion Technology Holdings comprara 1,1 bilhão de pedras preciosas, o que correspondia a mais de 90% do ativo da empresa. Em 2016 as pedras foram novamente avaliadas e uma amortização de quase todo seu valor foi realizada. 

rir é o melhor remédio



(Observação: meme apareceu no jogo Suíça e França. O torcedor da Suíça está desesperado, pois seu time está perdendo, na parte de cima. Embaixo, a Suíça empatou o jogo e venceu nos pênaltis e o mesmo torcedor está eufórico)