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07 maio 2021

Valor Hedônico e NFT

No dia 20 de março este blog lançou a questão: NFT é um ativo?. Citamos um trecho de um jornal, no qual destacamos o seguinte:

É difícil imaginar como um arquivo, que pode ser replicado infinitas vezes, tenha o status de obra de museus, pois o que caracteriza peças do tipo é a aura de serem únicas. Muitas vezes, o que garante a originalidade dessas obras são certificados de autenticidade. 

Logo depois, uma postagem destacava um comentário de um artista que foi beneficiado por um leilão de um NFT:

Acho que as pessoas não entendem que, quando você compra, você tem o token [ou NFT]. Você pode exibir o token e mostrar que é o proprietário do token, mas não é o proprietário dos direitos autorais [da arte]”  

Isto tudo parece muito estranho. Mas encontrei um comentário de Matt Stephenson que pode ajudar a explicar a razão de existirem pessoas que pagam por NFTs. Mas antes disto, Nguyen resume um pouco a perplexidade sobre o tema:


Já escrevi anteriormente sobre como os NFTs parecem quase contra intuitivo para a era da mídia digital; a tecnologia codifica e impõe uma métrica de escassez em um arquivo digital que está em desacordo com a ideia de uma internet aberta. Essa noção abstrata de valor virtual e escassez tem confundido a maioria das pessoas enquanto buscam entender a tecnologia. Afinal, esses bens não têm valor físico tangível.
 

A explicação de Stephenson: valor hedônico. Traduzindo, hedônico corresponde a "prazer". Ou seja, valor relacionado com o prazer. Isto seria um valor pessoal. Enquanto o valor de uso está vinculado a como usar algo, o valor hedônico refere-se a "quanto eu gosto de algo, por si só".  

Quando nós pensamos em valor, sendo da área de finanças, prevalece a noção de valor obtido pelo uso de algo ou valor obtido pela troca. A noção de valor hedônico parece "irracional". 

as pessoas gostam dos colecionáveis ​​porque possuem algum tipo de elemento biográfico que indexa alguns eventos importantes do passado ou sua relação com a vida de uma pessoa na história. O fato de que essa noção está sendo aplicada no espaço digital por meio de NFTs é realmente emocionante para mim. (...)

Uma maneira de pensar sobre a escassez é que ela é um fenômeno de oferta e demanda. O que a tecnologia NFT faz é fornecer o suprimento. Não lhe dá a demanda. A escassez digital é a maneira certa de falar sobre essa tecnologia, mas é importante lembrar que a demanda tem que vir de algum lugar, certo?

Montadoras, P&D e impairment


As montadoras respondem por um quinto dos gastos mundiais de pesquisa e desenvolvimento, segundo a Bloomberg. O valor é maior do que o lucro, mas o resultado ainda é incipiente. 

Uma grande parte do investimento de capital está indo para intangíveis, como pesquisa de tecnologia de eletricidade e bateria, aquisição e proteção de patentes e propriedade intelectual futura, em oposição a ativos tangíveis como equipamentos tangíveis e propriedade - coisas que têm um valor definitivo. 

Mas os números não são adequados. Muitos valores, que são capitalizados, são posteriormente amortizados em razão do teste de impairment. 

Uma questão subjacente é a suposição de que as novas tecnologias são (ou eram) certas  para criar valor  e, por sua vez, produzir lucros e fluxos de caixa no futuro próximo. Os ambiciosos pronunciamentos corporativos também estão baseados nessa meta. A realidade é que ninguém sabe realmente quando qualquer uma dessas tecnologias atingirá a maioridade em um sentido verdadeiramente comercial .

Rir é o melhor remédio

 

Influencer x Analista

06 maio 2021

Previsibilidade dos lucros

 

Um dos argumentos de Baruch Lev e Gu, em The End of Accounting, é que os lucros contábeis estão cada vez menos preditivos. Os autores calculam os valores para uma série bastante longa, nos Estados Unidos. Acima, um cálculo adaptado para este fator para empresas brasileiras. A linha verde é o terceiro quartil, a linha azul é a mediana e a linha vermelha é o primeiro quartil. Espera que não exista uma grande variação ao longo do tempo. É possível notar uma redução entre 2003 a 2014 - com exceção do período da crise financeira. E um posterior aumento durante a nossa recessão. Mas o gráfico aponta valores anuais. Quando considera os valores em três anos eis o resultado:


A partir de 2005 há uma redução - novamente com exceção do período da crise, mas volta a aumentar a partir de 2014. Mas bem abaixo dos valores anteriores. Isto parece não fazer sentido no argumento de Lev e Gu, já que com a adoção das normas IFRS deveria aumentar. 

Nota metodológica - foi utilizada uma expressão mais simplificada da expressão de Lev e Gu uma vez que nossa série histórica não é tão grande. Para cada empresa de capital aberto foi obtida a informação do lucro líquido consolidado, corrigido, na base Economática. Os valores foram colocados em módulo. O uso do módulo pode ser um problema, percebo agora, enquanto escrevo esta postagem, para empresas que trocaram o sinal do resultado. Em cada ano foi calculada a variação anual, em relação ao ano anterior. 

Para resolver um pouco a questão do sinal, decidi calcular a variação anual somente para a empresa que apresentou lucro nos dois anos. Eis o resultado:


O ano de 2002 é o destaque. Mas parece que a previsibilidade melhorou. Ou seja, as variações anuais dos lucros são menores. Um ponto interessante é que o lucro, desde 2008, apresentava uma variação anual abaixo da inflação. Mas isto mudou em 2019 e 2020. Boas notícias. Já usando dados da mediana de três anos:


Fica nítido que os resultados das empresas de capital aberto no mercado brasileiro, entre 2007 a 2020 foi ruim. O fato de usarmos somente as empresas que tiveram lucro em dois períodos consecutivos certamente afeta o resultado acima. 

A adoção das normas internacionais de contabilidade parece não ter sido relevante para o resultado apurado. 

Separação de Bill e Melinda Gates e a Filantropia


Bill e Melinda Gates estão se divorciando após 27 anos de casamento, levantando questões sobre o destino de sua vasta fortuna. De acordo com os cálculos da Forbes, sua cisão pode render o maior acordo de divórcio registrado, superando a quebra de 35 bilhões de dólares de Jeff Bezos e MacKenzie Scott, da Amazon. Dadas as prováveis somas envolvidas, o que acontece com os amplos investimentos e obras de caridade dos Gateses será monitorado nos mais altos níveis do governo, das empresas e do setor sem fins lucrativos.

O que está em jogo: O Sr. Gates é a quarta pessoa mais rica do mundo, segundo a Forbes, com uma riqueza estimada em US$ 124 bilhões. A família é a maior proprietária de terras agrícolas nos EUA. Sua empresa de investimento pessoal, a Cascade Investment, possui grandes participações em ativos como a Four Seasons, a Canadian National Railway e a cadeia de concessionárias de automóveis da AutoNation.

Acredita-se que os Gates tenham um acordo pré-nupcial, mas seus detalhes não são conhecidos publicamente. O pedido de divórcio observa que há um contrato de separação em vigor.

Os dois têm enfrentado dificuldades de relacionamento nos últimos anos, Andrew, David Gelles e Nick Kulish relatam no The Times. O Sr. Gates deixou a diretoria da Microsoft e da Berkshire Hathaway em parte para passar mais tempo com sua família.

O que vai acontecer com a Fundação Gates? Os 50 bilhões de dólares sem fins lucrativos é uma das maiores filantropos do mundo, doando cerca de 5 bilhões de dólares por ano para causas como saúde pública global e educação infantil. Mais recentemente, a fundação foi fundamental na formação do Covax, o programa global de vacinação contra o coronavírus. Por enquanto, a fundação diz que pouco mudará na forma como é administrado no dia a dia, mas as pessoas em sua órbita se preocupam que a separação dos seus fundadores possa turvar os planos das organizações sem fins lucrativos. "Juntos eles me asseguraram de seu compromisso contínuo com a fundação que eles trabalharam tanto para construir juntos", disse o chefe executivo da fundação, Mark Suzman, aos funcionários em um e-mail.

(Dealbook, NYTimes, newsletter)

Canal de Culinária no Youtube permite prender mafioso


Uma notícia muito engraçada, que passou desapercebida. Investigadores italianos descobriram um crimonso mafioso, de 53 anos, que estava escondido na República Dominicana. E a descoberta foi inusitada. 

Marc Biart estava fugitivo há 7 anos. Ele e esposa resolveram iniciar um programa de culinária italiana e postaram vídeos no YouTube. Ele tinha o cuidado de não mostrar o rosto, mas no vídeo apareceram as suas tatuagens. Levando uma vida discreta no Caribe, Biart não se aproximava da comunidade italiana. Mas o canal do Youtube denunciou o criminoso. Foto aqui

Vacina: um ótimo negócio?

Com mais de 1,2 bilhões de doses aplicadas no mundo, a campanha de vacinação segue a todo vapor. Hoje, vamos falar sobre quão lucrativo criar imunizantes pode ser.

No início do desenvolvimento da vacina, diversas empresas especializadas começaram as pesquisas, e a Pfizer, uma farmacêutica americana, foi uma das que capitaneou o projeto.

O resultado da empreitada? Mais de US$ 3,5 bilhões em receita nos primeiros três meses deste ano. De longe, a maior fonte de receita da Pfizer no período. A empresa não divulgou os lucros, mas reiterou que a margem com a vacina gira em torno de 20%, ou seja, algo em torno de US$ 900 milhões.

Uma dicotomia… A Pfizer recebeu muitos elogios pela velocidade recorde que conseguiu desenvolver sua vacina com uma tecnologia de ponta. Por outro lado, outros consideram o lucro não tão positivo, diante da discrepância do estoque das vacinas entre países ricos e pobres.

No dia 3 de maio, no entanto, Pfizer e a BioNTech enviaram cerca de 430 milhões de doses da vacina para 91 países ao redor do mundo.

O chefe da OMS lamentou um "desequilíbrio chocante na distribuição global de vacinas”, e pediu esforços para fortalecer o Covax, programa que visa garantir que as nações mais pobres possam ter acesso aos imunizantes.

Uma atitude em prol da solução: O governo americano anunciou, ontem, apoio à suspensão da proteção de patentes para as vacinas contra a COVID-19. Uma mudança de posicionamento significativa — que vem depois que seu país já atendeu a demanda de doses — capaz acelerar a produção e a distribuição de imunizantes no mundo.

Fonte: Aqui